Entenda como o dispositivo de segurança hoje é parte fundamental dos controles de estabilidade e tração dos carros

Por Fernando Miragaya

O ABS não é mais o mesmo. E isso é muito bom. Lançado nos carros nos anos 1980, o dispositivo hoje cumpre um papel fundamental para a segurança veicular que vai bem além de apenas evitar o travamento das rodas em frenagens bruscas. O equipamento é um item que compõe os controles de estabilidade (ESC) e tração dos automóveis.

Sigla para Antilock Braking System, o ABS começou a ser aplicado nos carros de luxo e topos de linha na década de 1980, mas ganhou maior atenção a partir da segunda metade da década de 1990. Especialmente após o fatídico teste do alce do primeiro Mercedes-Benz Classe A.

Obrigatório por lei em todos os veículos comercializados no Brasil desde 2014, o ABS há muito tempo passou a por suas manguinhas de fora além dos sistema de freios. Ao se valer da eletrônica cada vez mais embarcada nos automóveis, o sistema acompanhou a evolução e agora atua diretamente nos controles dinâmicos do veículo, e pode até agir de forma oposta para o qual foi projetado há mais de quatro décadas.

“Antes, o ABS só retirava a pressão da roda. Hoje, com base em informações da ECU sobre tudo que está acontecendo no veículo, ele é uma função importante dentro do controle de estabilidade”, diz Fabrício Menezes, gerente de Desenvolvimento de Freio Eletrônico da Continental, um dos principais fabricantes de ABS e ESC do mundo.

Desta forma, o ABS passou a não só retirar a pressão exercida sobre os freios em uma parada brusca – para evitar que as rodas travem e o motorista perca o controle do carro -, como também a… exercer pressão para que o condutor também não perca o controle do carro em uma curva, por exemplo.

“O ABS atuava na parte hidráulica e motor do freio, basicamente. Com a eletrônica, foi-se agregando funções ao sistema. A partir do momento em que o sistema entendeu melhor o que está acontecendo com a roda do carro, o dispositivo começou a controlar o escorregamento das rodas, gerando pressão no sistema em conjunto com o controle de tração”, explica Menezes.

E o equipamento entende vários aspectos e funções do carro para agir. A cada seis milissegundos, faz uma leitura do esterçamento do volante, força do motor, acelerações lateral e longitudinal, entre outros, para dosar a força em cada roda e manter o veículo no prumo. 

“Qualquer coisa fora disso, o sistema vai entender que o carro está instável e vai atuar em cada roda, com base no volante e aceleração. Pode atuar na roda de fora, ou na de dentro, frear ou gerar um torque, conforme a situação”, ressalta o engenheiro da Continental.

Novas funções

O avanço tecnológico do sistema antitravamento dos freios também resultou em outras aplicações. Você já deve ter lido por aí que alguns carros oferecem “ABS off-road”. E não trata-se só de “marquetagem”. A tecnologia permitiu um funcionamento do equipamento para estas condições.

No fora de estrada, a capacidade de aderência dos pneus geralmente é pior, seja lama, terra, cascalho, pedra gelo ou neve. Nessas situações o ABS vive uma espécie de contradição, já que precisa permitir um travamento das rodas para que haja um pouco mais de distância na parada do veículo.

“Parece um contrassenso, mas é bom lembrar que o principal objetivo do ABS não é a distância de parada, e sim o controle do carro de acordo com as condições de dirigibilidade. No off-road, ele permite um travamento sob controle e um escorregamento maior naquele determinado momento”, pondera Menezes.

E a tecnologia não vai parar por aí. A Continental já faz testes com uma espécie de ABS prévio em conjunto com o ESC. O dispositivo monitora as diversas funções que falamos, mas também o GPS do veículo. Conforme a velocidade e aceleração do carro antes de uma curva, o sistema pode já atuar nos freios para evitar uma derrapagem ou perda de controle.

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“O equipamento entende que tem uma curva a 40 quilômetros por hora à frente, mas o veículo está a 80 quilômetros por hora, por exemplo. Ele já entende que nesta velocidade o carro perderá o controle e faz uma desaceleração automática mais condizente com a curva”, adianta o executivo da Continental.

O ABS requer manutenção especial?

Com tanta tecnologia embarcada, essa é uma das questões a respeito do equipamento. Mas basta fazer a manutenção preventiva e periódica do sistema de frenagem que não precisa se preocupar com a revisão do sistema antibloqueio.

Por esta razão, troque o fluido do freio, de acordo com as recomendações de fábrica, que constam no manual do proprietário, para evitar que uma eventual oxidação comprometa o dispositivo. E, claro, substitua as pastilhas e revise o sistema de frenagem a cada 10 mil km. “O ABS tem a mesma vida útil do conjunto de freio”, diz Fabricio Menezes.

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