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Saiba quais sao os vilões do consumo de combustível

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Peso, pneu murcho, modo de dirigir, falta de manutenção… Veja o que faz o seu carro beber mais combustível

Por Fernando Miragaya

Com a gasolina na estratosfera, cada gota tem de ser preservada. E isso é plenamente possível, mesmo que você rode muito por dia e pegue engarrafamentos com frequência. Autos Segredos conversou com Erwin Franieck, mentor de Engenharia Avançada da SAE Brasil, para decifrar os vilões do consumo de combustível.

São vários fatores que influenciam e podem fazer o automóvel beber mais. Desde o projeto em si (aerodinâmica, peso, motor etc) até os hábitos ao volante.

Jeito de dirigir

Esse é considerado o principal fato que pode fazer seu carro consumir mais… ou menos. Se pegarmos o mesmo modelo de automóvel, com o mesmíssimo motor, câmbio e tração, e colocarmos duas pessoas com perfis de motorista bem distintos, a diferença na eficiência do veículo chega a ser 30% maior, ou pior.

Isso mesmo. Imagine uma moça que dirige com calma, executa acelerações graduais, desacelerações corretas, passagem de marchas no tempo certo e atinge uma média de 13 km/l com seu Onix turbo 0 km na cidade. Esse mesmo carro, com um jovem que se acha aprendiz de Lewis Hamilton e tem uma postura mais agressiva ao volante, vai anotar média de 12,7 km/l.

A hipotética condutora teria uma autonomia de 577 km com um tanque cheio do compacto da Chevrolet. Já o motorista hipotético, quase 559 km. Parece pouco, mas para quem roda 12 mil km no ano, essa diferença pode ser o valor de uma peça ou de uma manutenção específica.

“O principal vilão do consumo é não entender que o nosso jeito de dirigir é o grande diferencial”, resume o engenheiro automotivo Erwin Franieck.

Acelerações

Pé pesado no acelerador sempre foi sinônimo de consumo a mais. Acelerar demais vai fazer corpo de borboleta abrir mais o que fará mais ar entrar na câmara e exigir mais combustível, não tem jeito. A dica é manter uma aceleração gradual e não usar mais do que 10% ou 20% do pedal. Ou seja, “pisar sempre na maciota”.

Nessa pegada, uma boa é aproveitar o momento da “rolagem”. É quando o carro está “no embalo”, você mantém o pé bem leve no pedal da direita só para manter o movimento com o mínimo de gasto de combustível.

Outra dica é manter o motor dentro de uma faixa de rotações. Em 80% dos motores dos carros, o ideal é ficar com o ponteiro do conta-giros entre 2.000 e 2.500 rpm. Nos câmbios automáticos, ao se acelerar com parcimônia, a própria marcha engatada trabalha dentro da faixa correta.

“Quando se tem câmbio automático ou CVT, o conjunto automaticamente trabalha na região de melhor consumo específico do motor. Via de regra, acima dessa rotação mínima, há perda de carga de ar. Abaixo, há perda de compressão e uma pior mistura. Por isso é importante sempre manter a aceleração o mais constante possível”, ensina Franieck.

Mudança de marchas

No caso dos carros com câmbio manual, e dentro desta lógica da faixa de giros, fique atento às marchas. Ou seja, faça as mudanças de preferência dentro deste intervalo de rotações. Também existem muitos modelos com indicador de trocas, que informa o momento ideal para reduzir ou aumentar as marchas.

Pneu

É física, não tem jeito. Se você rodar com pneu vazio ou abaixo da pressão recomendada, a borracha sofrerá mais resistência à rolagem, o motor fará mais força e será injetado mais combustível para isso. Lembre-se que 20% do consumo de um carro é gasto para o veículo vencer essa resistência à borracha.

Por esta razão, calibre os pneus uma vez por semana, logo após sair de casa ou do trabalho – para as borrachas ainda estarem frias. Não esqueça de encher o estepe. Siga as pressões indicadas pelo fabricante que estão no Manual do Proprietário, ou em partes do veículo – como tampa do reservatório de combustível, porta-luvas ou dobradiça das portas.

A cada duas libras abaixo do recomendado pela montadora, o carro pode gastar 0,33% a mais. “Além disso, pneu que roda vazio vai durar menos. Mais o gasto combustível, o cliente conseguiria trocar os pneus todo ano”, pondera o executivo da SAE Brasil.

Se o seu carro não tem os chamados pneus verdes, vale considerar usá-los em uma futura troca. Essas peças prometem 40% a menos de resistência à rolagem, e até 8% de economia de combustível e 5% de emissão de CO2.

Você também pode conferir se o pneu gasta menos combustível na etiqueta do Inmetro. O Programa Brasileiro de Etiquetagem de Pneus indica algumas informações em relação ao equipamento, como o nível de resistência ao rolamento. Os com classificação “A” são os melhores nesse quesito.

Peso

Segundo as montadoras, só o peso em ordem de marcha de um veículo pode corresponder a 25% do consumo de combustível. Por isso, as marcas continuam sua busca incessante por materiais mais leves e que reduzem a massa do automóvel.

Teoricamente, o carro com o mesmo motor, câmbio e tração, só que mais pesado, vai ter um consumo pior. O peso maior geralmente se dá por mais equipamentos. E essa informação você pode pesquisar nas reportagens do Autos Segredos ou nos próprios sites das montadoras.

Agora, o quanto você carrega dentro do carro também influencia. Se você é daqueles que dá carona fácil e vive com o carro com cinco ocupantes, obviamente seu carango vai beber mais. O mesmo vale para quem vive com o carro carregado de coisas no porta-malas.

Ah, é essencial você ter ideia da carga útil do seu automóvel. Sim, saber qual o peso a mais que o veículo pode transportar. Se no Manual do Proprietário a capacidade de carga é de 400 kg, é preciso levar em consideração não só as bagagens que você coloca no porta-malas, como também o peso de cada passageiro e motorista.


“Carro com excesso de peso vai sacrificar o motor. O óleo lubrificante aquece mais, pede mais trocas com a câmara de combustão. Além do consumo momentaneamente maior, com o passar do tempo há ainda o desgaste maior do conjunto”, alerta Erwin Franieck.

Por falar em lubrificante…

O óleo é parte fundamental nesse processo de fazer com que o carro não consuma tanto combustível. O lubrificante e o filtro devem ser trocados a cada 10.000 km (ou de acordo com o Manual do Proprietário) – e a cada 7 mil, 8 mil km em veículos com mais de cinco anos de uso. E é preciso seguir as recomendações do fabricante.

Lubrificante de viscosidade ou especificações nas quais aquele motor foi projetado vai fazer com que o motor trabalhe na temperatura errada, o que vai exigir mais combustível. Além disso, o atrito entre os componentes metálicos tende a aumentar, comprometendo o funcionamento e durabilidade do conjunto, o que também implicará na eficiência energética.

Manutenção

Assim como o óleo, a manutenção periódica e preventiva vai garantir que seu carro tenha um consumo correto. Faça revisões no seu veículo a cada 10 mil km e, no caso dos carros zero, de acordo com o plano de visitas previstos pelo fabricante.

Consumo de combustível: Câmbio automático

As caixas automáticas por conversor de torque ainda implicam em maior consumo, mas nem se comparam às que existiam nos anos 1980 e 1990. Hoje um câmbio desse tipo pode consumir, em média, só de 2% a 3% a mais que seu par manual. Porém, em algumas transmissões, especialmente as automatizadas de dupla embreagem, a diferença já é mínima (quando nenhuma).

Até porque hoje as caixas automáticas hoje têm mais marchas. Geralmente de seis, mas existem câmbios de oito, nove e até 10 velocidades.

“Com mais marchas, por mais que você mude a situação de aceleração do carro, o câmbio tenta jogar para o motor aquela rotação ideal entre 2 mil e 2.500 rotações. Ou seja, trabalha o tempo todo na melhor situação de eficiência do motor”, explica o engenheiro.

Apliques na carroceria

Carros com muitos aparatos estéticos podem consumir mais também. Essa regra serve para as versões aventureiras de alguns modelos*. Olhe o exemplo abaixo de consumo entre os mesmos modelos, com mesmo motor e câmbio, em versões diferentes. A fonte é o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do qual falaremos mais adiante.

Modelo                                               Etanol             Gasolina

                                                           U         R         U         R

Hyundai HB20 Vision 1.6 AT             7,8       9,8       11,5     13,3

Hyundai HB20X 1.6 AT                     7,7       9,2       10,9     12,9

Fiat Argo Drive 1.3 MT                      8,9       10,4     12,5     14,7

Fiat Argo Trekking 1.3 MT                8,5       9,6       12,1     13,5

Acessórios não originais também são prejudiciais ao consumo. Algumas peças, como para-choques de impulsão, molduras de para-lamas, pneus de dimensões diferentes ou bagageiros de teto, não foram homologadas nem projetadas pelo fabricante para aquele veículo e podem interferir na aerodinâmica e fazerem o carro beber mais.

Por falar em aerodinâmica, fique ligado naqueles baús que se coloca no teto do veículo. Só use mesmo se você precisar de mais espaço para transportar bagagens ou outros objetos, porque aquela bolha em cima do carro provoca uma mudança no fluxo de ar que atravessa o veículo e vai influenciar no consumo. E fique atento ao peso que você exerce sobre o veículo também.

E o ar-condicionado? É um dos vilões do consumo de combustível?

O equipamento demanda bastante energia e, obviamente, impacta o consumo. Mas os fabricantes também vêm buscando meios para que o item, de extrema importância para o conforto e até segurança, influencie cada vez menos no gasto de combustível, seja com compressores variáveis ou sistemas elétricos mais eficientes.

No dia a dia com o ar, algumas dicas são importantes. Se você gosta de se sentir um urso polar dentro da cabine, lembre-se que quanto menor a temperatura do sistema de climatização, mais o compressor trabalha e mais combustível o carro pede.

Se o ar do seu veículo for automático, opte sempre por este modo, que será o mais econômico possível. “Ele deixa o sistema se autogerenciar, é o climatizador ideal no que diz respeito a gasto de energia”, diz Erwin Franieck.

Consumo de combustível: Motores

Motores antigos e sem manutenção obviamente vão gastar mais. Por esta razão, a indústria busca cada vez mais propulsores compactos e leves, com menos componentes e com recursos que contribuem para uma melhor eficiência energética. Turbo, injeção direta (mesmo em aspirados) e comando variável de válvulas são sistemas que contribuem para um consumo menor.

Dados de consumo de combustível: Etiquetagem

Todos os carros vendidos no país trazem no para-brisa a etiqueta com dados de consumo. Os testes são feitos de forma padronizada pelo Inmetro para o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, que traz as médias de consumo dos veículos com etanol e gasolina (ou diesel), no ciclo urbano e rodoviário.

A partir destes números, o programa classifica os carros com notas que vão de “E” (pior) à “A” (melhor), de acordo com a eficiência energética. Estas notas são dadas dentro da categoria de cada carro e também há uma segunda nota, dentro de um comparativo geral.

Obviamente, não são todos os motoristas que conseguirão as médias exatas que o programa obtém. Como dito, a maneira como a pessoa dirige pode fazer com que ele consuma 30% a mais.

Além disso, o uso do veículo (se em cidade com muitas ladeiras, regiões serranas ou com muito tráfego diariamente) também influencia. Então, pode ser que o seu carro tenha médias inferiores ao do PBEV, mas também é bem possível que registre médias melhores.

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* Números são referentes aos modelos 21/22

Conteúdo originalmente publicado em abril de 2021

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