As transmissões que dispensam o pedal de embreagem se popularizam. E você ainda vai ter um carro assim

Por Fernando Miragaya

Tão certo quanto o especial do Roberto Carlos no fim do ano é a certeza de que o brasileiro vai ter um carro com câmbio automático. Mas apesar de esse tipo de transmissão já representar metade das vendas de veículos no país (em alguns segmentos, como os de SUVs compactos e de sedãs médios, essa participação supera 90%), muita gente ainda olha torto para a transmissão que dispensa o pedal de embreagem.

Além de achar que a manutenção é muito mais cara, muitas pessoas têm certo medo de dirigir automóveis assim. Receio especialmente de fazer algo errado, que possa comprometer o desempenho do veículo, o consumo de combustível e até afetar a segurança veicular.

Mas não há o que temer. Reunimos dicas de como dirigir carro com câmbio automático para você desfrutar do conforto proporcionado pelo equipamento. E não tenha dúvida: uma vez que você dirigir um destes, dificilmente voltará a ter outro com caixa manual.

Sem medo

A primeira regra de como dirigir um carro com câmbio automático é simples: esqueça sua perna esquerda. Isso porque quem está acostumado com transmissão manual vai no instinto de pisar no pedal da embreagem para mudar de marcha ou na hora de parar o automóvel. Para evitar pisar com o pé esquerdo sem querer no freio – o que geralmente gera uma frenagem brusca, que pode até provocar acidentes, devido à falta de hábito e sensibilidade em usar este lado do corpo – seguem algumas sugestões.

Por isso, a principal dica é forçar o pé “da embreagem” a ficar parado em algum lugar. Uma alternativa é articular bem o joelho e encostar a perna esquerda junto à borda do assento do banco, o mais distante possível dos pedais. A outra é deixar o pé pousado na parte “vazia” do assoalho onde ficaria o pedal da embreagem, ou nos descansas-pés que os carros automáticos geralmente têm neste local.

Para ligar

Lembre-se que, por motivos de segurança, os modelos com caixa automática só dão a partida com o freio acionado. Ou seja, se você virar a chave – ou apertar o botão start – sem fazer isso, o motor simplesmente não liga. Então, pise no pedal de frenagem para poder fazer o propulsor trabalhar.

Na ordem certa

Faça as mudanças na alavanca de forma suave. Os sistemas de transmissão automática geralmente têm um botão na manopla que deve ser acionado para fazer as trocas de posições, que, em geral, são elas: “D” (“drive” – dirigir), “P” (“park” – estacionar), “R” (“reverse”  marcha-a-ré) e “N” (“neutral” – neutro ou ponto morto). 

Depois de engatar o câmbio, baixe ou destrave o freio de estacionamento e então acelere. Na hora de estacionar, faça o movimento contrário. Pare o carro, acione o freio de mão e só aí coloque o carro em “P”. Isso é válido para não sobrecarregar o conjunto, pois ao colocar em “park” com o carro solto, todo o peso desse pequeno deslocamento vai incidir sobre a caixa.

Carro com câmbio automático: Em movimento

Os câmbios automáticos costumam dispor de sistemas de segurança que evitam mudanças na posição da alavanca com o carro em movimento ou em velocidades maiores. Assim, evita-se que você engate erradamente o “R” com o veículo andando, por exemplo. Mesmo assim, evite mexer na manopla do câmbio com o carro em deslocamento.

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Isso vale principalmente na hora de estacionar. Antes desfazer a baliza, espere o carro parar totalmente antes de tirar a alavanca do “D” para o “R”. Isso evita trancos desnecessários e desgaste prematuro do sistema.

Quando usar o “L”?

Muitos câmbios automáticos ainda oferecem opções como “L” (“low” – baixa) ou numerações decrescentes “3”, “2” e “1”. Elas servem como freio-motor e seguram mais as marchas e os giros. São recomendadas especialmente para descidas de serra, para aliviar o pedal do freio a cada curva e evitar o superaquecimento das pastilhas.

Quando usar o “S”?

A opção “S” (“sport” – ou esportiva) nos câmbios convencionais não vai deixar o carro mais potente, porém muda as respostas da transmissão e inegavelmente deixa o carro automático mais esperto. O modo faz o motor trabalhar em giros mais altos (geralmente uns 500 rpm a mais) e esticar as marchas a cada mudança.

Quando o usar as trocas sequenciais?

As mudanças manuais sequenciais prometem uma interação melhor com o veículo e são uma das dicas mais importantes de como dirigir carro com câmbio automático. Afinal, neste modo de condução, o motorista consegue ter um domínio maior sobre a marcha a ser utilizada para aquela situação – apesar de muitos veículos fazerem a mudança automaticamente se o sistema perceber que o carro está com uma marcha não adequada por muito tempo.

Geralmente é preciso colocar o câmbio na posição “M” (“manual”) – em alguns modelos, a função é acionada ao se deslocar a manopla para a direita ou esquerda. As marchas, então, podem ser reduzidas ou aumentadas pela alavanca (para a frente ou para trás) ou em aletas atrás do volantes (paddle-shift), ou ainda em pequenas teclas no próprio pomo da alavanca, normalmente em movimentos sinalizados pelos símbolos de “-” ou “+”. 

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O uso das trocas sequenciais é mais indicado novamente para trechos de serra e também em ultrapassagens. Nas subidas, procure usar uma marcha mais reduzida, para que o motor tenha torque necessário na faixa de rotações correta para encarar o aclive. Na descida, a indicação é utilizar também uma marcha menor para fazer aquele freio-motor – uma dica é usar a marcha que seria utilizada para subir aquele mesmo trecho, por exemplo.

Carro com câmbio automático: Ultrapassagens

Aqui vale apelar para as trocas sequenciais também ou se valer do famoso kickdown. Precisa passar aquele veículo lento à sua frente na estrada? Ponha a alavanca para a opção sequencial, reduza uma marcha e acelere. Isso é bom porque muitos câmbios automáticos podem apresentar delays ou mesmo demorar a reduzir a marcha e a segurar o giro para obter mais força na retomada.

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Outra opção é pisar fundo no acelerador. Desta forma você faz o chamado kickdown. Ao enterrar o pé, a central eletrônica do automóvel entende que o motorista precisa de uma aceleração mais forte. Assim, reduzirá uma ou duas marchas mais agilmente e, depois, esticará as próximas trocas até o condutor aliviar o pedal da direita.

Deixo o carro em “N” no engarrafamento?

Não precisa colocar em neutro a cada parada no semáforo ou no engarrafamento. Isso não vai representar economia de combustível significativa e ainda vai gerar desgaste nos componentes da transmissão. E nos modelos mais modernos, quando o carro fica parado por mais de três ou quatro segundos, as válvulas do conversor de torque são abertas – é como se o carro ficasse em ponto morto automaticamente.

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Carro com câmbio automático: Vícios

Assim como outros sistemas do veículo, o câmbio automático requer alguns cuidados para evitar um desgaste prematuro. Além de evitar mudar as posições com o carro em movimento e abusar da força ao manusear a manopla, evite ficar com a mão pousada o tempo todo em cima da alavanca da transmissão. Assim como nos câmbios manuais, isso força componentes do sistema e compromete a vida útil da caixa.

Carro com câmbio automático: Manutenção

Para os carros 0 km, a checagem do câmbio geralmente faz parte dos planos de revisões obrigatórias. Porém, passada a garantia, o recomendável é fazer a manutenção a cada 10.000 km. Lembre-se que alguns modelos pedem a troca do fluido da transmissão. Consulte o tipo de óleo e os intervalos de troca no Manual do Proprietário e siga à risca as recomendações do fabricante. E se o fluido estiver baixo, peça ao mecânico de sua confiança para verificar um eventual vazamento no sistema.