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Como fazer o motor durar mais

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Confira pequenos hábitos saudáveis para o coração do seu carro não precisar de uma ponte de safena

Por Fernando Miragaya

Você já deve estar cansado de ler e ouvir que o carro precisa de cuidados como o nosso corpo. Mas a gente não cansa de reforçar a importância de preservar o coração do seu veículo. E nem precisa fazer sacrifícios. Hábitos ao volante e manutenção correta e preventiva vão fazer o motor durar mais sem riscos de você levar aquela facada na carteira.

Reunimos dicas simples ao dirigir no dia a dia que vão preservar o conjunto mecânico. E também observações sobre ao que ficar atento nas revisões periódicas com seu automóvel, seja 0 km, seminovo ou usado. Veja como fazer o motor durar mais – e o seu carro também.

‘Amaciar’ o motor

Tudo bem, esse que vos escreve é do tempo em que era preciso “amaciar” o motor ao tirá-lo de uma concessionária ou após uma retífica. O termo é antigo, só que a prática ainda vale nos dias de hoje. Não amaciar propriamente dito, contudo ter mais cautela nos primeiros quilômetros ao rodar com o veículo.

O que isso significa? Ler atentamente o Manual do Proprietário e pegar um pouco leve no acelerador depois de comprar o carro novo. É preciso evitar acelerações muito bruscas, não esgoelar o motor em giros muito altos e nem atingir velocidades excessivamente altas para prolongar a vida útil do propulsor.

Isso porque componentes como engrenagens, mancais e eixos em um conjunto zero bala ainda têm certas “rugosidades” em suas partes metálicas, que acabam gerando um atrito maior nos primeiros quilômetros. Ao elevar muito a rotação nesta fase, esse atrito pode até arranhar as superfícies. Ou seja, as peças precisam de rodagem para ficarem, digamos, na forma ideal de funcionamento para as quais foram projetadas.

Chevrolet Onix RS 2021
Tenha mais cautela ao rodar com o veículo nos primeiros quilômetros | Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Como isso varia de carro para carro, de conjunto mecânico para conjunto mecânico, as informações estão lá no manual. A boa notícia é que na época do escriba aqui, eram necessários 5 mil km para o “amaciamento”. Hoje, em média, os fabricantes pedem 1.000 ou 1.500 km, nos quais o motorista deve evitar velocidades acima de 120 km/h ou 130 km/h, e não passar das 3.000 ou 3.500 rpm.

“Amaciar é um termo mecânico antigo, mas é necessário ter mais cautela nos primeiros quilômetros. O motorista deve ler o manual e seguir à risca as orientações de não ultrapassar as rotações informadas”, adverte o engenheiro mecânico Renato Passos, especialista em manutenção automotiva.

Ao ligar o carro

Carro já amaciado ou bem rodado também merece parcimônia assim que você vira a chave – ou aperta o botão start dos veículos mais moderninhos – para fazer o motor durar mais. Principalmente em regiões frias, o ideal é esperar entre 15 e 30 segundos após acionar o conjunto mecânico.

Essa espera é importante para que o lubrificante que circula no propulsor tenha tempo para atingir todas as partes internas – inclusive as mais altas. Se não der para esperar, evite acelerações muito fortes nos primeiros minutos após sair com o carro.

“Não sendo região muito fria, nem precisaria esperar para sair, desde que o condutor seja cauteloso nas acelerações até o motor atingir a temperatura de trabalho. Lembrando que óleo e motor demoram tempos diferentes para alcançar essa temperatura ideal”, explica Passos.

Como fazer motor durar mais
Em regiões mais frias, ideal é esperar 30 segundos para acionar o conjunto mecânico | Foto | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

Para quem mora em regiões serranas ou de clima mais frio, principalmente de manhã, o melhor é dar aquele tempinho com o motor ligado antes de engatar a primeira marcha.

“Os motores mais modernos lidam com lubrificantes muito finos e com tolerâncias menores, então esse cuidado deve ser majorado um pouco. Vale a pena deixar o carro funcionando, principalmente para assegurar a circulação do óleo por todos os pontos onde é necessário, para que a carga térmica seja a mais equânime possível”, completa o engenheiro mecânico.

Pé suave

Quer fazer o motor durar mais? Esqueça aquela mania de achar que está em um autódromo e que é a encarnação do James Hunt a cada saída de semáforo ou retomada que não exija tanta força. As acelerações bruscas causam uma sobrecarga desnecessária a todo o sistema de propulsão.

Segundo Renato Passos, é como se você fosse correr 100 metros rasos sem aquecer ou alongar corretamente. Isso porque ao pisar fundo no pedal da direita de forma forte e repentina você causa uma variação da mistura ar+combustível muito rápida e intensa em um espaço de tempo curto.

O giro sobe rápido e o motor tem que se virar para dar conta dessa demanda. Com o tempo, essa prática pode resultar em folgas nas peças internas e fazer com que o propulsor perca em eficiência e rendimento.

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Pisar fundo repentinamente no pedal da direita causa sobrecarga desnecessária ao sistema de propulsão | Foto | Fiat/Divulgação

“Não existe o motor termicamente perfeito, isso é utopia. Se você gera mais potência do nada, gera mais calor em intervalo de tempo curto. E quando gera calor em uma liga metálica nesta rapidez, causa deformação. Não é uma deformação permanente, mas é ruim, pois aumenta folgas e desgastes por combustão inadequada, gerando ainda mais resíduo por causa de uma queima ar-combustível ineficaz”, explica Passos.

Quando o motor é turbinado, esse mau hábito causa mais estragos e sobrecarrega justamente o turbocompressor.

“De uma hora para outra há uma demanda maior de potência e isso mexe na mistura. Por sua vez, o óleo não está na temperatura ideal, aquece muito rápido e precisa de ar. Isso sobrecarrega o sistema de mancais do conjunto rotativo”, alerta o especialista em manutenção automotiva, lembrando, ainda, das particularidades dos turbodiesel:

“Nos motores a diesel, onde a mistura ar-combustível é ainda mais sensível, essa aceleração brusca cria muita poluição, carbonização e emissão elevada de poluentes”.

Óleo correto faz o motor durar mais

Usar o lubrificante indicado pelo fabricante e respeitar os intervalos é um dos grandes aliados para fazer o motor durar mais. Lembre-se que o conjunto é composto por vários componentes metálicos, e é o óleo que vai garantir a lubrificação correta entre estas peças, evitar atritos e fazer o conjunto trabalhar na temperatura ideal de funcionamento.

Por isso, é importante respeitar as recomendações do fluido indicado pela montadora no Manual do Proprietário, especialmente a viscosidade. O índice segue o grau SAE e diz respeito principalmente à capacidade de fluidez do óleo para proteger os componentes de acordo com a temperatura do propulsor.

LEIA TAMBÉM: ÓLEO DE MOTOR – GUIA RÁPIDO DE LUBRIFICAÇÃO AUTOMOTIVA

O lubrificante cria um filme para evitar o atrito entre os itens metálicos, o que evita e minimiza desgastes de vários componentes, como biela, parede do cilindro e mancais.

Óleo motor durar mais
Use o lubrificante indicado pelo fabricante e respeite os intervalos para fazer o motor durar mais | Foto | Fiat/Divulgação

“O óleo tem que ter a viscosidade correta. Viscosidade abaixo do recomendado pode gerar desgaste acelerado no motor, permitindo um contato metálico que não deveria existir. A viscosidade maior pode forçar a vedação do motor. Sem contar que, quando tem de vencer um fluido com maior viscosidade, mais denso, o motor gera mais calor e perde potência”, explica Renato Passos.

A natureza do óleo (mineral, semi-sintético ou sintético) também deve ser observada. Pode-se até usar um sintético em um motor recomendado para usar mineral ou semi-sintético. Mas nunca o contrário. Na dúvida, siga o que orienta o fabricante no Manual do Proprietário.

“Cada lubrificante tem um pacote de aditivos antioxidantes, de limpeza, antiespumantes para atender àquele motor, que foi projetado em torno destas especificações. É sempre importante utilizar um óleo homologado pelo fabricante. É a certeza de que o motor vai funcionar conforme o desenvolvimento do fabricante e a tendência de dor de cabeça é muito menor”, sugere o engenheiro.

É preciso respeitar também religiosamente os intervalos de troca recomendados, geralmente a cada 10.000 km. Se você roda muito por estradas de terra, realiza trajetos muito curtos diariamente ou seu motor já está bem rodado, vale considerar substituições em prazos menores, de 5 mil a 8 mil km, por exemplo. E não esqueça de, a cada troca, colocar um filtro de óleo novo.

Combustível

A qualidade do combustível também é fundamental para fazer o motor durar mais. Por isso, observe sempre o comportamento do seu carro após abastecer em determinado posto. Se começou a falhar nas acelerações ou apresentar engasgos, ou mesmo notou aumento significativo do consumo médio, caia fora.

De preferência, tenha três ou quatro postos de confiança. Você também pode consultar o site da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para saber se o estabelecimento já foi autuado por irregularidades, ou ainda exigir o teste do combustível previsto por lei, que deve ser feito na hora e na presença do consumidor.

Gasolina adulterada com solventes e etanol com água acima do permitido pela legislação danificam o motor. Essas adulterações aumentam o desgaste das peças e o acúmulo de impurezas, além de provocarem deformações em partes metálicas e gerarem maior consumo e maior emissão de poluentes.

ENTENDA: O QUE MUDOU NA GASOLINA BRASILEIRA

Ao mesmo tempo, dê preferência à gasolina aditivada, que vem com dispersantes e detergentes que ajudam a manter o conjunto limpo.

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Gasolina adulterada com solventes pode comprometer o motor | Foto | Divulgação

“Aditivos ajudam na descarbonização e limpeza em uma faixa de todo o sistema de alimentação do motor. É igual a tirar um bico injetor e limpar, tirar válvula e lixar? Não, mas ajuda”, pondera Renato Passos.

Outra dica é, a cada seis meses, completar um tanque com a gasolina de alta octanagem.

“É bom porque leva o motor para uma faixa de funcionamento térmico e um mapa de injeção distintos. Como tenho tantas características diferentes no motor, essa mudança faz bem. É como se o motor estivesse comendo o espinafre do Popeye”, brinca o engenheiro.

E não se espante se, inicialmente, o carro estranhar o novo combustível. “É comum, após por gasolina premium, o motor apresentar falhas nos primeiros momentos. É como se ele uncionasse como um espectorante”, compara.

Mudança de hábito para o motor durar mais

Se você é daqueles que faz todos os dias trajetos curtos, vai e volta do trabalho e não roda mais do que 15 km diariamente, tente, pelo menos uma vez por mês, dar uma “esticada”. Leve o carro para uma estrada ou via expressa e dirija por uma hora em bons períodos a velocidade de cruzeiro.

É que motor que anda pouco todo dia fica mais sobrecarregado mesmo. Pois passa a maior parte do tempo trabalhando fora das condições ideais de temperatura.

Versa
Foto | Nissan/Divulgação

Para os turbinados

Quem tem carro com motor turbo deve tentar fazer valer a “regra dos 15 segundos”. A cada uma hora rodando ou a cada 100 km percorridos sem interrupção, pare o carro e deixe -o ligado em ponto morto por 15 segundos. Vale o mesmo antes de desligar o carro ao chegar em seu destino.

“Esse é o tempo para que o conjunto rotativo do turbocompressor vença a inércia e termine tendo óleo para lubrificação, sem gerar desgaste prematuro do turbo e contaminação elevada do lubrificante”, orienta o engenheiro mecânico.

Manutenção preventiva para o motor durar mais

Aqui vai aquela analogia com a nossa saúde. Ter uma vida saudável e se submeter a exames com frequência evita surpresas. Realizar a manutenção preventiva vai fazer o motor durar mais, inevitavelmente. No caso dos carros 0 km, obedecer as revisões periódicas conforme a recomendação do fabricante asseguram a garantia.

Para os seminovos, usados ou modelos que já passaram da garantia, vale manter os intervalos de manutenção a cada 10 mil km. Além de estar atentos a trocas periódicas de óleos, fluidos e filtros, e estar com os bicos injetores do motor e velas sempre regulados. Seja amigo do mecânico regularmente, e não só na hora da emergência.

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“A manutenção é exatamente fazer o correto, o que preza pela boa saúde do motor, conforme o desenvolvimento e os anos de pesquisa de fabricantes de motores, de veículos e de autopeças. Muito se fala em motores antigos, que duravam mais, mas estes pediam intervalos de manutenção bem mais curtos. Hoje vemos motores rodando com 500 mil quilômetros sem necessidade de qualquer intervenção, e sem dar dor de cabeça”, afirma Renato Passos.

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