InícioMatérias especiaisCasamento às cegas: os carros dos quais você não imagina o que...

Casamento às cegas: os carros dos quais você não imagina o que esperar

- publicidade -
- publicidade -

Veículos prometem tecnologia, robustez e conforto, mas muitas vezes escondem defeitos crônicos que comprometem o relacionamento 

Por Fernando Miragaya

Quem curte reality-show já deve ter visto ao menos algum episódio de “Casamento às Cegas”. Considerado um “experimento”, consiste em homens e mulheres que se conhecem e conversam sem se verem. Quando você vai comprar um carro usado, é quase isso: você não tem ideia exata do que está do outro lado.

No programa, disponível na Netflix e que está em sua terceira temporada brasileira, os participantes trocam ideias em uma sala dividida por uma tela. Homens e mulheres podem conversar uma ou várias vezes entre si para se conhecerem melhor, mas sem nem saberem a cor do cabelo do outro. E ficam assim até que alguém peça uma pessoa em casamento. 

E assim como tem casamento para a vida toda, tem carro que é para a vida toda. Só que isso não é necessariamente bom. O automóvel usado que você comprou pode ser uma fonte de dor de cabeça, e resultar em um relacionamento abusivo difícil de repassar.

Aqui, temos um Casamento às Cegas meio invertido. Se no programa, a ideia central é que as pessoas se apaixonem pelo que o outro é e não pela sua beleza física, no universo automotivo muita gente se empolga pela cara, mas não sabe o que reserva o coração daquele carro usado.

Vamos trazer agora 10 tipos de veículos que podem ser um Casamento às Cegas. Te trazer a felicidade eterna e prazer, ou fazer você se arrepender depois de casar e conviver com o automóvel no dia a dia.

Importante ressaltar que muitos destes carros também sofreram com relacionamentos tóxicos anteriores. Donos relaxados, que não fazem a manutenção adequada e recorrem a gambiarras e economias porcas transformam seus automóveis em verdadeiras bombas.

Ford Supercharger

A Ford foi a primeira montadora a fazer um carro com compressor mecânico no Brasil. O 1.0 Supercharger equipou versões do Fiesta (2002) e do primeiro EcoSport (2003), modelos do Projeto Amazon, no início do século. 

Verdade que os 95 cv são bem mais dispostos que o motor sem sobrealimentação. E não deixavam nada a desejar ao 1.6 Zetec Rocam das versões mais caras, com 98 cv. Só que o conjunto requer manutenção cuidadosa, o que foi negligenciado por muitos donos do hatch, do sedã e do SUV.

Um exemplo clássico: o fluido de lubrificação do compressor tinha prazo de troca, mas poucos proprietários sabiam disso. Isso resultou em perda de desempenho e em vários casos de defeitos graves no compressor. Problemas precoces nos tuchos e nas velas também eram rotineiros nos Supercharger.

Além disso, o motor era o mais beberrão entre as outras opções das linhas compactas – especialmente no EcoSport, com seu jeito quadradinho e pouco aerodinâmico, além de mais pesado. Foram tantos os problemas e queixas que a Ford tirou o Supercharger de cena em 2006, menos de quatro anos depois de sua estreia.

Effa M100

A Effa foi praticamente a primeira marca chinesa a desembarcar no Brasil e contribuiu muito para os estereótipos que perduraram para cima dos carros. Chamado de Ideal lá fora, foi vendido aqui como M100 a partir de 2008 por pressão da Fiat (que tinha o Idea), mas era melhor nem ter vindo.

Esse não é só um casamento às cegas, como de alto risco. Com qualidade de construção ruim, o monovolume compacto reflete isso na péssima dinâmica e na flagrante fragilidade no rodar. O acabamento é tosco. 

Outra dica que o Effa M100 é um casamento ruim: em 2009, a revista “Quatro Rodas”, pela primeira vez em toda a sua história, interrompeu os testes da seção “Longa Duração” com o carro após quase 42 mil km rodados. Fora os inúmeros problemas e defeitos, o veículo foi classificado como “inseguro” para os funcionários da publicação.

Land Rover Discovery 4

Carro de marca premium usado já é um casamento às cegas, pois você não sabe se o empolgado primeiro dono fez as revisões corretinhas do veículo ou fugiu dos valores altos. Ainda mais quando se fala dos jipões da Land Rover, em particular o Discovery 4.

O utilitário esportivo tem fama de veículo que dá dor de cabeça. Lançado por aqui em 2010, são frequentes as queixas do motor V6, que falha ou mesmo funde com pouco mais de 100 mil km rodados, e de concessionárias pedindo mais de R$ 50 mil por um conjunto novo. O sistema de tração também tem fama de manutenção cara e complicada.

Automatizados de embreagem simples

Dualogic (depois GSR), I-Motion, Easytronic, Easy’R… Não importa o nome, fuja de carros com tais câmbios automatizados. Chegaram com apelo de serem mais baratos que os automáticos convencionais, mas o funcionamento ruim, a falta de grip e o excesso de trancos e engasgos desgraçou a vida de tais versões.

Também são comuns casos de caixa travando em uma determinada marcha. Apesar de na prática ser um câmbio manual só que sem pedal de embreagem – cujo acionamento é feito por um robozinho -, a transmissão foi motivo de queixas e idas excessivas às concessionárias. Desagradou tanto que teve muita gente que converteu o automatizado para câmbio normal, acredite.

Volkswagen DSG

Esse câmbio automatizado de dupla embreagem é mil vezes mais sofisticado e oferece um desempenho exemplar. Mas um carro da Volkswagen com DSG pode tanto resultar em um casamento às cegas feliz, como virar litígio.

A transmissão se aperfeiçoou, obviamente, mas tem um histórico de problemas crônicos. Um deles diz respeito ao vazamento de fluido da caixa, que provoca falhas em seu funcionamento ou mesmo travamento total do câmbio. E a manutenção de um DSG pode virar uma pensão alimentícia. 

Ford Powershift

Outra caixa de dupla embreagem, mas essa problemática desde sua origem. Os Ford Powershift prometiam um casamento bem mais harmonioso que os câmbios automatizados de embreagem simples, mas se revelou uma decepção já no altar.

Casos de superaquecimento fizeram muitas transmissões travarem. Pior, a própria rede de concessionárias Ford não conseguia resolver o problema. A montadora teve de fazer um recall, mas os carros dotados do câmbio Powershift tiveram a reputação arranhada e são desvalorizados no mercado de usados.

Chery QQ

Uma segunda ofensiva chinesa com apelo no preço chegou em 2011 e hoje é um casamento às cegas e sem futuro. O subcompacto padece do mesmo mal do Effa M100 já citado: qualidade geral ruim.

Além do motor 1.1 de 68 cv fraco e da falta de estabilidade, o carro tem acabamento pobre. Sobraram queixas sobre freios defeituosos, suspensão com desgaste precoce e até pedais empenados. Nem de longe lembra a marca que foi incorporada pela Caoa em 2016 e hoje faz até SUV híbrido. 

Qualquer Lifan ou Geely

Isso aí é quase como casar com um encosto eterno, um espírito obsessor. As duas marcas tiveram passagem meteórica pelo Brasil e não deixaram saudades, apenas carros ruins para servirem à (quem sabe) reciclagem no ferro-velho.

A Geely chegou em 2014 e não ficou nem dois anos no mercado. Trouxe o sedã EC-7 e o subcompacto GC2, aquele que lembra um urso panda. Se somar os dois carros chineses, são menos de 700 unidades vendidas até 2014.

Os poucos aventureiros casaram às cegas e devem estar juntos com seu karma até hoje. Para piorar, a rede de concessionárias era mínima e hoje encontrar peças para algum dos dois modelos só recorrendo ao Shopee.

A Lifan não foi muito diferente. Surgiu no Brasil em 2013 com aposta no custo/benefício de modelos como o SUV X60 e o hatch 320, cópia descarada do Mini Cooper. Pós-venda tímido e ruim já deixavam claro que seria um casamento às cegas.

Ainda trouxe outros modelos (os sedãs 530 e 620 e o utilitário maior X80. além do caminhãozinho Foison), “fez fábrica” de CKD no Uruguai, mas de pouco adiantou. Em 2020, entrou em processo de falência e a unidade no país vizinho foi fechada. Os poucos donos foram abandonados no altar.

Carros esportivos como Punto T-Jet, Sandero RS e Golf GTi

São carros ruins? Nunca. O problema é o primeiro casamento desta turma. Não é raro o dono de um esportivo mais “acessível” querer incrementar o carro. Aí que mora o perigo. Pode rolar aquele chip para aumentar a potência, rebaixamento da suspensão e outras práticas pouco ortodoxas.

E quando vem a conta da revisão, o sujeito quer economizar no óleo lubrificante, em fluidos, parte elétrica, nas velas de ignição e ainda abusa e outras peças não originais.  Na hora de você casar com o carro esportivo usado é que a conta vai chegar.

Você conhece o canal do Autos Segredos no YouTube?

Garagem VW: De Fusca a Fox – veja os carros do acervo da marca:

Fique por dentro das novidades.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

- publicidade -
- publicidade -

ARTIGOS RELACIONADOS

- publicidade -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

SEGREDOS

- publicidade -