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Blindagem veicular: quais as desvantagens a longo prazo para o carro

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A insegurança e o aumento da violência tornam a busca por carros blindados mais alta, mas ela pode jogar contra a vida útil do automóvel

Quando pensamos em segurança nos grandes centros urbanos, a blindagem automotiva figura entre as principais medidas que podem ser tomadas para evitar que atitudes violentas sejam danosas à vida a bordo e ao patrimônio. O reforço estrutural em um automóvel garante proteção contra diferentes tipos de armas de fogo, conferindo muitas vezes uma utilização mais tranquila desse meio de transporte, mas, em contrapartida, pode afetar diretamente na usabilidade, durabilidade e dirigibilidade de um veículo.

No Brasil, para se ter um carro blindado, é necessário solicitar uma autorização ao Exército, para que com o documento de liberação uma empresa blindadora possa iniciar a aplicação das camadas de reforço no automóvel. Para realizar o processo a fim de obter os níveis de segurança desejados, o carro é totalmente desmontado e diversas camadas de materiais balísticos são adicionadas por todo o veículo, como aços especiais, mantas resistentes e vidros capazes de barrar uma perfuração de projétil, que podem ter diferentes espessuras.

Em nosso país, atualmente, são autorizados quatro tipos de blindagem para veículos civis. São elas o Nível I, que garante a proteção contra munições .22 e .38, o II-A e II que protegem contra disparos de pistola 9 mm e revólver .357 Magnum e o III-A, normalmente o mais aplicado, que resiste a submetralhadoras 9 mm e revólveres .44 Magnum.

São poucas as montadoras que oferecem blindagem de fábrica, como a Volvo já fez, por alterar por completo a dinâmica estrutural do seu produto, originalmente projetado para suportar um peso consideravelmente inferior ao resultante após o processo.

Apesar de já ter evoluído nos últimos anos, a blindagem ainda eleva bastante o peso total de um carro. Por esse motivo, muitos dos que contam com essa proteção ocupam um segmento com maior força motriz à disposição, geralmente os de maior valor aquisitivo. Marcas nessa faixa de atuação, então, costumam oferecer parceiros e/ou divisões para cuidar da blindagem de seus modelos e em poucos casos continuam oferecendo garantia.

Desgastes e sobrepeso

Mesmo nos segmentos mais buscado para a aplicação da blindagem, que são os de luxo, os efeitos negativos na parte mecânica dos veículos são inevitáveis. Além do excesso de massa afetar diretamente no desempenho e consumo de qualquer que seja o modelo, a maioria dos componentes internos sofrem desgastes prematuros quando comparado com um veículo original de fábrica.

O peso elevado exige muito mais esforço do mecanismo de suspensão, por exemplo, além do sistema de freios, direção e câmbio, para citar os mais importantes. Isso implica diretamente no aumento da periodicidade de manutenção em todos os elementos mecânicos do carro.

A aplicação dos materiais também eleva o centro de gravidade, afetando o comportamento do carro em curvas e exigindo maior atenção ao guiar. Para Marco Colosio, especialista em materiais e membro da Comissão Técnica de Materiais da SAE Brasil, outro ponto importante são as regiões de solda após a remontagem do veículo, que podem sofrer corrosão e apresentar, com o tempo, problemas de infiltração. Ele também destaca os vidros, que com o tempo e exposição ao sol podem sofrer delaminação, e os ruídos oriundos das camadas extras adicionadas nas portas.

Para evitar que esses problemas se agravem e garantir que a proteção contra balas siga efetiva, é necessário realizar periodicamente as manutenções de um carro blindado previstas pela empresa responsável pela aplicação, que podem variar de intervalo de acordo com o procedimento realizado, o modelo em questão e outras variantes.

Desvalorização

Apesar de não ser a maior preocupação de quem investe na blindagem, todos os apontamentos feitos anteriormente colaboram para a maior desvalorização, em médio ou longo prazo, desses veículos no mercado. O consultor de mercado Milad Kalume, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil, afirma que a desvalorização dos blindados é ainda maior em casos onde um veículo com baixa potência no motor tem o sobrepeso dos componentes em sua estrutura, pois terão o fator consumo e desempenho ainda mais agravados.

Milad ressalta ainda que realizar o procedimento de blindagem em locais não recomendados pelas montadoras, como acontece na maioria dos casos, também pode agravar esse problema, completando que “a homologação da empresa realizadora da blindagem pode ser determinante para uma maior desvalorização desses veículos.” Além disso, o investimento necessário para realizar as manutenções pode dificultar a revenda, sobretudo em casos onde os reforços foram aplicados há tempo o suficiente para que os componentes de segurança necessitem de uma manutenção mais cautelosa.

Vale lembrar que apesar de algumas empresas realizarem o serviço de “desblindagem”, o procedimento é considerado inseguro e pode afetar diretamente a integridade do veículo, antes já adaptado com modificações definitivas para resistência. Apesar de ser uma tendência crescente, visto os níveis de violência que aumentam nas grandes metrópoles, os veículos blindados deverão permanecer na prateleira dos que não vendem fácil, exceto em casos específicos como grandes sedans e SUVs luxuosos já de alto valor aquisitivo.

Foto | Volvo/Divulgação

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