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[Nostalgia] Relembre emblemáticos sedãs dos anos 1980

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A saudosa década teve carros icônicos que são lembrados até hoje com carinho

Por Fernando Miragaya

Tem quem ainda rotule os anos 80 como a “década perdida”. Soa até como recalque. Foi um período de muitas mudanças e novidades em diversas esferas. No Brasil, particularmente, tivemos a redemocratização do país, a ascensão do BRock e ainda por cima uma leva de carros emblemáticos em nosso mercado – que ainda não se valia da reabertura das importações.

Tivemos , em especial, sedãs nos anos 80 bastante marcantes. Foi a década de estreia de best sellers nacionais, como Chevrolet Monza e Volkswagen Santana. Sem falar de modelos que reforçaram o segmento de três-volumes compactos, como a segunda geração do Chevette, e as estreias do Volkswagen Voyage e e Ford Escort – que era um sedã, digamos “fatorial”.

Chevrolet Monza

O Monza talvez seja um dos grandes sedãs dos anos 80. Baseado no Opel Ascona, estreou por aqui como hatch em 1982, mas já no ano seguinte adotou a carroceria três-volumes e tornou-se um dos grandes sucessos da época. A ponto de ser o automóvel mais emplacado do país por três anos seguidos.

Surpreendente porque o Monza não era do segmento de entrada do mercado, mas sim o Chevette. A proposta de sedã mais sofisticado ficava evidente na lista de equipamentos, com direito a direção hidráulica, trio elétrico, ar-condicionado e ajustes do volante de série em muitas versões. 

O acabamento interno e a configuração quatro portas – o duas portas veio quatro meses depois – também reforçaram tal proposta. Neste posicionamento, o Monza Classic virou a referência de sofisticação dentro da gama do sedã. 

O modelo da GM começou sua vida na década de 80 com os motores Família II: 1.6 de 72 cv e 1.8, de 86 cv – 96 cv na opção movida a etanol lançada em 1984. Em 1987, adotou o 2.0 com 110 cv. Ainda detém o título de primeiro carro nacional a oferecer injeção eletrônica, na série EF500, em referência a Emerson Fittipaldi. Porém, como era uma edição especial, o posto de primeiro automóvel de produção no país a ter o sistema é do VW Gol GTI.

De 1982 a 1990 o Monza teve quase 572 mil unidades vendidas no Brasil. Em 1991, passou por uma profunda remodelação, quando recebeu o apelido de Tubarão. Ainda ficou em produção até 1996 quando a chegada da linha Astra e de outros concorrentes mais modernos definiram seu adeus. Ao todo, foram mais de 850 mil carros emplacados.

Volkswagen Voyage

Em 1981, o Projeto BX que marcaria a história da Volkswagen no Brasil com o Gol, ganhou sua derivação sedã – um ano após a estreia do Gol. Logo o Voyage fez as honras da nova família de compactos da marca alemã, com boas vendas e um opositor à altura para o Chevrolet Chevette.

Um dos emblemáticos sedãs dos anos 80, o Voyage começou sua trajetória com motor 1.5 do Fusca e câmbio manual de quatro marchas. Padeceu do mesmo mal do Gol no início, com desempenho ruim – que rendeu ao hatch o apelido de “Chaleira”. Em 1982, recebe motor 1.6 – mas só três anos depois é que iria estrear o propulsor AP.

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O ano de 1983 trouxe a configuração quatro portas, câmbio de cinco marchas (que era opcional) e a famosa série especial Los Angeles, em alusão aos Jogos Olímpicos de 1984. Mas foi a partir de 1986 que o Voyage marcou seu nome entre os grandes sedãs dos anos 80.

Reestilizado, passou a ter uma versão topo de linha Sport com motor 1.8. Depois, virou peça de propaganda da Volks. O Voyage começou a ser exportado para os Estados Unidos e Canadá, onde recebia o nome de Fox, 2 mil modificações em relação ao modelo vendido no Brasil e injeção eletrônica. Foram mais de 200 mil unidades enviadas para fora durante seis anos.

Com a chegada da segunda geração do Gol – conhecida como Bolinha -, a Volks decidiu encerrar a produção do sedã, em 1995, deixando um segmento inteiro para a General Motors se fartar por décadas. Ao todo, foram  mais de 850 mil unidades do Voyage em quase 15 anos de história.

Ford Del Rey

O fim dos anos 1970 e início dos 80 no Brasil foi marcado ainda pelo fracasso do “Milagre Econômico” da ditadura militar e pela segunda Crise do Petróleo. Neste contexto, a Ford decidiu lançar um sedã para ser o topo dee sua gama no país no lugar do pouco eficiente Galaxie. Nascia o Del Rey.

O sedã se destacava pelas linhas bem geométricas e aparentava ser maior do que realmente era. O destaque era, sem dúvida, o acabamento interno primoroso, com materiais que inspiravam um grau de sofisticação elevado, peças bem encaixadas e um design sóbrio – com direito ao inesquecível relógio digital no teto.

Só que a plataforma do Del Rey jogava contra. O modelo usava a mesma base de outro sedã dos anos 80, o Corcel II. Para-lamas, portas e colunas centrais eram compartilhadas entre entre os dois modelos, além do motor 1.6 e da arquitetura originária da década de 1960.

Ou seja, o Del Rey devia em espaço interno e desempenho na categoria na qual estava posicionado. Por esta razão, o modelo da Ford foi um sedã dos anos 80 ofuscado por concorrentes como Chevrolet Monza e Volkswagen Santana. Com a Autolatina, até ostentou o motor 1.8 AP em 1989, mas já era tarde. Com a abertura das importacões, ficou ainda mais obsoleto e saiu de linha em 1991

Volkswagen Santana 

Em abril de 1984 a Volkswagen apresentou o que foi o seu sedã fabricado no país mais luxuoso. O Santana estreou com porte robusto e grande, jeitão de carro de patrão, variantes com duas ou quatro portas e com o motor 1.8 de carburação dupla (ainda não era o AP).

Esse propulsor tinha opções a gasolina de 85 cv e a álcool, com 92 cv de potência e trabalhava com o câmbio manual de cinco marchas. Mas não demorou muito para o Santana adotar o “apezão” de 90 cv e 94 cv. Em outubro daquele mesmo ano de 1984 o sedã já andava de propulsor novo.

A plataforma era moderna para os padrões da época. O Santana nada mais era que a nova geração do Passat europeu lançada em 1981 e que tinha como base uma plataforma da Audi do fim dos anos 1970. Desta forma, duas gerações do Passat conviveram nos anos 80, uma  vez que o “fastback” da década anterior continuava em produção no país.

O Santana foi reestilizado em 1987 e passou a ser vendido em quatro versões de acabamento, com uma nova opção de entrada mais simples e com câmbio de quatro marchas, enquanto o motor AP recebeu bielas mais longas e pistões mais baixos. Mesmo assim, para fazer frente ao Monza, no ano seguinte surgiu o Santana 2000, com propulsor AP 2.0 e até 112 cv.

O ápice do Santana se deu já nos últimos anos da primeira geração. Em 1990, era lançada a versão Executive, com motor 2.0 com injeção eletrônica do Gol GTI e 125 cv de potência e amortecedores pressurizados a gás. Além detalhes estéticos e rodas de liga-leve exclusivos, recebia revestimento interno de couro cinza, quadro de instrumentos com grafismos vermelhos, bancos Recaro e carpete com a inscrição EX.

Fiat Oggi 

No início dos anos 80 a Fiat tentou dar uma requintada em sua linha baseada no 147. A alternativa foi o Oggi, o primeiro sedã da marca no Brasil. O modelo debutou em 1983 já com a frente da reestilização do hatch compacto, que passou a adotar o sobrenome Spazio na ocasião.

Os principais argumentos do Oggi estavam no espaço para bagagens e no conjunto mecânico. Com capacidade para 440 litros, era dono de um dos maiores porta-malas na categoria. Ao mesmo tempo, o motor 1.3 de 62 cv era equipado com carburador cut-off, que deixava de jogar combustível toda a vez que o motorista tirava o pé do acelerador. 

Justiça seja feita, a Fiat se esforçou para colar no carro uma aura de requinte. O Oggi teve até série especial Pierre Balmain, em homenagem ao famoso estilista francês. Porém , foi um dos sedãs dos anos 80 que fracassaram e duraram pouco. Vendeu 20 mil unidades e sobreviveu apenas dois anos  para dar lugar ao Prêmio.

Chevrolet Chevette

A segunda fase do Chevette também merece destaque entre os sedãs dos anos 80. Inicialmente lançado em 1973, o modelo mudou exatos 10 anos depois, com estilo que remetia ao Monza lançado um anos antes Capô abaulado, faróis retangulares, grade única e inclinada resultaram no apelido de Tubarão. 

A base continuava a mesma do Opel Kadett europeu de quarta geração, assim como a tração traseira e a transmissão com câmbio de engates extremamente macios. Porém, passou a usar motor 1.6 a álcool e teve até variante com caixa automática de três velocidades, importada da Austrália.

O Chevette foi um dos sedãs dos anos 80 a ter séries especiais inusitadas. A mais famosa é a Jeans, com bancos forrados de brim e porta-revistas em forma de bolsos de calças. Nesta fase, também teve variantes hatch, além da station-wagon Marajó e da picape Chevy 500. 

A chegada de modelos mais modernos importados nos anos 1990 também decretariam a morte do carro. Até chegou a ter uma controversa versão Junior com motor 1.0 para se valer dos benefícios fiscais da época, mas despediu-se em 1993 para dar lugar ao Corsa, depois de mais de 1,2 milhão de unidades comercializadas.

Ford Escort

A primeira geração do Escort vendida aqui não chega a ser um sedã dos anos 80, mas vamos abrir uma exceção, né? Até porque, lançado em 1983, o notchback foi primeiro projeto global da Ford fabricado no Brasil e sonho de consumo dos jovens e da classe média em geral. 

O Escort entregava linhas arrojadas e tinha como garoto-propaganda um jovem Ayrton Senna, então campeão da Fórmula Ford disputada na Europa. O modelo era equipado com motores 1.3 de 56 cv e 1.6, de 65 cv, ambos da família CHT.

Além de tudo, o modelo teve uma das versões mais icônicas entre os carros e sedãs dos anos 80. Quem não se lembra do Escort XR3? A variante esportiva trazia spoiler, apliques na carroceria, rodas de liga leve, teto solar, bancos esportivos e até uma opção conversível, montada pela Karmann Ghia, em São Bernardo do Campo (SP).

No fim de vida desta primeira geração, o Escort ainda foi agraciado com o motor 1.8 AP da Volks já dentro da fase Autolatina. Em 1992, deu lugar a uma segunda geração, mas o velho notchback continuou à venda por alguns anos como Hobby e com motor 1.0 para se valer dos tributos menores para carros até “mil cilindradas”. 

Fiat Prêmio

Derivado do então revolucionário Uno, o Prêmio chegou em 1985 para substituir o Oggi e ser o sedã de entrada da marca italiana no país. O modelo se valia da mesma boa solução de espaço interno do hatch com a vantagem de ter um porta-malas bem mais generoso, com 530 litros de capacidade.

A suspensão tinha acerto mais macio que o Uno, especialmente para conferir um comportamento mais confortável e poder lidar com a carga extra no porta-malas. Mas esse sedã dos anos 80 também teve alguns pioneirismos. Por exemplo, foi o primeiro carro nacional a oferecer computador de bordo como item opcional. 

Inicialmente, o Prêmio foi comercializado apenas com duas portas e motores 1.3 e caixa de quatro velocidades – com opção de câmbio manual de cinco marchas – e 1.5 Sevel, de origem argentina, que rendia 71 cv. A configuração quatro portas foi lançada em 1987, enquanto o motor importado passou a ser 1.6 no fim da década.

O carro não chegou a ser um sucesso estrondoso como sedã dos anos 80, mas segurou as pontas e trilhou bem o caminho para a Fiat ter mais sorte com os sucessores. O Siena, que substituiu o Prêmio em 1997 e que veio no embalo do Palio, provou isso.

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