Tem mais modelos que marcaram a primeira década do terceiro milênio no Brasil
Por Fernando Miragaya
O amigo leitor do Autos Segredos deve ter ficado ressabiado. Afinal, a primeira fornada dos melhores carros dos anos 2000 teve 10 modelos importantes da década, mas que deixaram outros veículos emblemáticos de fora.
O período foi tão efervescente de lançamentos que precisamos fazer a segunda parte dos melhores carros dos anos 2000. Lembrando sempre que consideramos a década de 2000 a 2009 e destacamos apenas automóveis de passeio fabricados no Brasil e no Mercosul – não entram importados nem picapes médias.
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Renault Mégane Grand Tour
Em 2006, a Renault voltou de cabeça ao segmento de sedãs médios com a nova geração do Mégane para encarar a dupla Toyota Corolla e Honda Civic. Mas quem teve melhores dias foi sua derivação station-wagon. Com sobrenome Grand Tour, foi lançada em 2006, no mesmo ano e com as mesmas opções de motor 1.6 16V e 2.0 16V.
Produzida em São José dos Pinhais (PR), era uma das poucas opções do segmento e durou mais que o sedã, que se despediu em 2010. A Mégane Grand Tour, por sua vez, focou no custo/benefício. Na década seguinte, a perua média foi vendida apenas com motor 1.6 e com forte apelo para vendas diretas e para taxistas, até sair de linha, em 2013.
Honda New Civic
Em 2006, a Honda deu aquela ousada bacana no seu automóvel mais famoso e emblemático. O New Civic – a oitava geração global do modelo – chegou com design que fugia dos padrões da categoria de sedãs médios, dinâmica mais apurada e cabine ousada, com direito a quadro de instrumentos em dois níveis.
Foi, sem dúvida, um dos melhores carros dos anos 2000. E o que teve muito mais sorte no duelo com o Toyota Corolla. Esse New Civic foi líder de vendas do segmento por dois anos seguidos e chegou a ser o oitavo carro de passeio mais vendido do país em 2008. Usou motor 1.8 de 140 cv com opções de câmbio manual ou automático de cinco marchas.
Foi essa leva do sedã que originou um dos melhores carros dos anos 2000 e também o automóvel de passeio mais potente feito no Brasil: o Civic Si, com o girador motor 2.0 de 192 cv e caixa manual de seis marchas. Porém, com uma controvérsia, já que o VW Golf GTi da época tinha mais potência, mas só quando abastecido com gasolina de alta octanagem.
Volkswagen Fox
O Fox foi mais uma das muitas apostas da Volks para substituir o Gol. Não o fez, mas teve papel de destaque entre os melhores carros dos anos 2000. Para começar, seu conceito de compacto com teto elevado inaugurou um segmento de hatches altinhos que depois foi seguido por GM (Agile) e Renault (Sandero).
O carro usou versão simplificada da plataforma PQ24, mesma do Polo naqueles tempos, e ficou posicionado acima do Gol. Projeto brasileiro que a filial teve de peitar e bancar junto à matriz, foi lançado em outubro de 2003, com 1,54m de altura, vão livre do solo superior e motores EA111 1.0 e 1.6.
No primeiro ano cheio de vendas, em 2024, emplacou 54 mil carros. No ano seguinte, 94 mil unidades e o VW Fox e o posto de quinto automóvel de passeio mais vendido do Brasil. Chegou a ser exportado para a Europa para ocupar a lacuna deixada pelo Lupo e foi enviado também para o México.
Em 2006, deu uma cria, a perua VW SpaceFox, feita na Argentina. Nos anos 2000, o hatch ainda aderiu à onda aventureira, com o CrossFox (2005) e antes da virada foi reestilizado (2009). O compacto ainda atravessou mais uma década de boas vendas e custo/benefício agressivo. Só deixou de ser produzido recentemente, em 2019
Citroën Xsara Picasso
Nos começo dos anos 2000, a minivan média foi o primeiro modelo a ser feito pela Citroën na recém-inaugurada fábrica da PSA em Porto Real (RJ) e um dos melhores carros daquele período. Com design ousado (como não poderia deixar de ser em uma referência ao célebre artista espanhol), a Xsara Picasso estreou em maio de 2001.
A estratégia era aproveitar a ascensão das minivans ao posto de carro familiar e chamar Renault Scénic e Chevrolet Zafira (lançada um mês antes) para a briga. Com motor 2.0 16V de 118 cv, a Xsara Picasso se destacou pelo conforto a bordo e no rodar e pelo acabamento interno.
Durante a década de 2000, teve séries especiais e o motor 2.0 passou a gerar 138 cv. Em 2006, o monovolume passou a ser vendido também em versões mais baratas, com motor 1.6 16V já flex, de 113/110 cv. Em 2007, ainda passou por um discreto face-lift.
Chevrolet Meriva
Os anos 2000 foram marcados por bons carros e também pelas melhores minivans. E a General Motors contribuiu muito para o sucesso da categoria. Um ano depois de lançar a Zafira, em 2002 a Chevrolet passou a produzir em São Caetano do Sul (SP) a Meriva, monovolume compacto que a Opel havia apresentado um pouco antes na Europa.
O modelo tinha um conceito revolucionário. Seu formato de bolha resulta em um espaço interno sensacional e surpreendentes 7 lugares. Além disso, a GM equipou o carro com o conceito multiplex, com um rebatimento de bancos que deixava o assoalho plano a partir dos assentos traseiros até a área dos bancos.
A Meriva usou motores 1.8 de oito e 16 válvulas, que virou flex e ainda teve a potência aumentada para 118/114 cv em 2005. Experimentou também o câmbio automatizado Easytronic, que fez muita gente recorrer a oficinas especializadas para fazer a conversão para uma transmissão manual.
Antes do fim dos anos 2000, ainda estreou configurações de entrada com motor. Em 2012, a Meriva teve sua produção encerrada logo após a Zafira, para desespero dos taxistas. Pergunte a algum motorista da praça se ele não trocaria sua Spin por uma Chevrolet Meriva usada se pudesse?
Fiat Stilo Schumacher
O Stilo foi um daqueles automóveis bons, mais sofisticados e caros, que a Fiat não sabia – nem conseguia vender bem. Até aí, tudo bem. Mas em 2004 a marca italiana fez uma edição especial do hatch médio que é um dos melhores carros dos anos 2000 (e de todos os tempos): o Stilo Schumacher.
Série limitada a 500 unidades, o carro que homenageou o heptacampeão de Fórmula 1, Michael Schumacher, é um capítulo à parte daqueles tempos. Foi vendido com motor 1.8 16V de 122 cv, bancos de couro, teto panorâmico Sky Window, rodas aros 17” e uma sensacional cor amarelo Interlagos. Teve mais uma fornada em 2006.
Audi A3
No fim do Século 20 o Brasil passou a ter um Audi para chamar de seu, contudo, foi nos anos 2000 que o carro se destacou como um dos melhores do seu tempo. O Audi A3, cuja produção em São José dos Pinhais (PR) tinha começado em 1999, foi símbolo de status e de esportividade mais “acessível”.
Feito sobre a plataforma do VW Golf IV, o hatch médio obviamente entregava mais requinte, além das quatro argolas. Marcou também uma das melhores fases da Audi no país, capitaneada na década anterior por Ayrton Senna.
Na primeira metade da década de 2000, a linha do Audi A3 teve os melhores carros, com três opções de motor. Além do 1.6 e 1.8 aspirados, a gama ainda era vendida com o 1.8 turbo de 20 válvulas e 180 cv com opções de caixa manual ou automática.
Ford EcoSport
Não tem como falar dos melhores carros dos anos 2000 sem citar o primeiro Ford EcoSport. Talvez, a melhor aposta da Ford do Brasil em toda a sua história, o modelo inaugurou o segmento de SUVs genuinamente urbano. Se hoje o mundo só quer saber de crossover, deve ao Eco.
Foi outro projeto bancado por uma filial brasileira. Em fevereiro de 2003, o EcoSport foi apresentado com motores 1.0, 1.0 Supercharger, 1.6 e 2.0 e preços 80% menores que o SUV mais barato da época, o Mitsubishi Pajero TR4. Produzido em Camaçari (BA) dentro do Projeto Amazon, o Ford nada mais era que um Fiesta alto.
Mas isso pouco importou. O EcoSport foi um sucesso arrebatador. Foi o mais vendido da categoria de SUVs durante toda a década e ainda experimentou toda a sorte de versões: teve variante com tração integral e também com câmbio automático. E também estreou uma de suas versões mais famosas, a Freestyle.
Chevrolet Montana
Você já leu que o Corsa de segunda geração foi um dos melhores carros dos anos 2000. Só que o hatch ainda originou outro modelo muito bacana, a Montana. A picapinha foi apresentada em 2003 para substituir a então Corsa Pick-up, oriunda da primeira fornada do compacto da Opel, de 1994.
A primeira Montana, além de linda, chamava a atenção pelo alto nível de dirigibilidade e uma pegada levemente mais divertida que rivais como Strada e Saveiro. Começou com motores 1.8, que em 2005 tiveram a potência elevada para 114/112 cv. Em 2007 surgiram as opções com o propulsor 1.4.
Naquele mesmo ano a picape ainda originou uma esquisita versão fechada, chamada Combo. Pena que em 2010 estragaram a linha Montana com uma segunda geração controversa e baseada no Agile, que era feito sobre a arquitetura do primeiro Corsa. Foi a fase chamada de Monstrana, salva pelo projeto lançado agora, em 2023, de uma picape médio-compacta bem melhor resolvida.
Peugeot 307
Nos anos 2000 a Peugeot se destacou por fazer os melhores designs para seus carros. Foi assim com o 206 e foi assim com o 307. Animada com as boas vendas que o 306 registrou na década de 1990, a marca francesa passou a importar o hatch médio sucessor em 2002, da França, com linhas arrojadas e espaço interno maior.
Logo começou a produção local. Em 2004, o 307 passou a ser fabricado na Argentina e foi melhor posicionado no mercado brasileiro. Além do motor 2.0 16V, tinha as versões com o 1.6 16V, que virou flex em 2006. O modelo ainda originou um sedã que tinha desenho traseiro esquitivo e vendeu pouco.
O hatch, por sua vez, contabiliza quase 80 mil unidades vendidas no Brasil em 10 anos. Parece pouco, mas lembre-se que atuava em uma categoria que tinha rivais como VW Golf,Ford Focus, Audi A3, Fiat Stilo, Chevrolet Astra e Hyundai i30.
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