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Os melhores carros dos anos 1970

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A década que viveu a ressaca do “sonho acabou” trouxe carros emblemáticos e inesquecíveis até hoje

Por Fernando Miragaya

Os anos 1970 começaram com um gosto meio amargo, mas trouxeram também carros que até hoje são venerados. Na ressaca do fim dos Beatles e na fase mais obscura da história brasileira, a década considerada do individualismo foi de efervescência cultural. E de altas movimentações na nossa indústria automotiva.

Separamos 10 carros entre os melhores dos anos 1970 em uma série onde traremos sempre modelos de destaque nos recortes das décadas. Não são obrigatoriamente os de maior sucesso, mas veículos que foram emblemáticos e até hoje são lembrados em qualquer conversa de bar. 

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Importante frisar que adotamos uma licença poética para considerar a década de 1970 a 1979.

Chevrolet Chevette

Os anos 1970 realmente experimentaram carros melhores e até revolucionários para o mercado brasileiro. Um deles foi o Chevette. Lançado em abril de 1973, o então sedã compacto se valia de uma plataforma recentemente apresentada na Europa, da quarta geração do Opel Kadett – que, curiosamente, foi lançada meses depois.

Com tração traseira, motor 1.4 de 68 cv, bocal do tanque de combustível na coluna C e um dos câmbios de engates mais suaves do planeta, o Chevrolet Chevette teve também variante quatro portas e hatch. Mas as melhores versões do carro nos anos 1970 foram as esportivas GP e GP II. 

Em 1978 passou pela sua primeira reestilização, com uma dianteira mais bicuda. Antes de a década terminar, a GM ainda lançou uma inusitada série limitada Jeans para o Chevette. O modelo trazia revestimento dos bancos e painéis das portas com revestimento do mesmo tecido usado nas famosas calças.

Volkswagen Brasília

No mesmo ano de lançamento do Chevette houve outro carro que é considerado um dos melhores dos anos 1970. Não usava uma base nova, já que a Brasília (esse hatch a gente pode chamar pelo feminino) foi desenvolvida sobre o robusto chassi do Fusca. Só que a missão da engenharia da Volks era fazer um automóvel muito mais espaçoso.

Com 4 metros de comprimento, design com traços retos, linha de cintura baixa e uma ampla área envidraçada, o carro chamava a atenção pelo espaço interno superior aos dos compactos da época. 

O motor também era herança do que já se tinha por aqui: 1.6 arrefecido a ar de 65 cv trazido do VW 1600 ( Zé do Caixão), que um ano depois ganhou a famigerada dupla carburação e passou a gerar 65 cv. 

A Brasília logo caiu no gosto de famílias mais numerosas. Até ganhou uma configuração quatro portas em 1977 – mais para atender às exportações para Portugal e países da África do que para o mercado interno. Tanto que, aqui, só taxistas mesmos adotaram o modelo para valer.

Ford Maverick

O Maverick até pode não ser considerado um dos melhores carros dos anos 1970, mas com certeza é um dos mais legais. Verdade que o automóvel foi um fracasso de vendas na época, teve a produção encerrada antes da virada da década, mas hoje é item de colecionador e valorizado.

A culpa pelo Maverick ter patinado no mercado foi da própria Ford. A fabricante precisava de um rival para o Opala, mas já começou mal pela escolha do carro, que contrariou as pesquisas e clínicas de mercado da época. 

Isso mesmo. Nas pesquisas, a marca mostrou a consumidores o Maverick norte-americano, o inglês Cortina e o alemão Taunus (este apontado como o preferido pela maioria). Em nome dos custos baixos, a Ford ignorou solenemente as clínicas e resolveu ir no Maveco mesmo, e dane-se os outros – podia ter economizado na pesquisa…

Só que o lançamento do Maverick também teve outro pecado. Apresentado no segundo semestre de 1973, o modelo começou com o obsoleto motor seis cilindros do Jeep Willys dos anos 1930 e com câmbio do Aero Willys. Zero a 100 km/h em 20 segundos, nada bom quem queria brigar com o Opala, que já naquela época ostentava o 4.1 seis canecos.

Pelo menos, os melhores carros da linha Maverick ainda estavam reservados para os anos 1970. A Ford acertou em cheio ao lançar a versão GT com um poderoso 5.0 vê-oitão de 125 cv. E ainda deu tempo da variante Quadrijet, com carburador de corpo quádruplo e potência de 185 cv. 

Mas a década foi cruel com carros esportivos, de motores grandes e beberrões. Foram duas crises do petróleo que obrigaram a Ford a lançar versões mais mansas do Maveco, com motor quatro cilindros e comando simples no cabeçote. Em 1979, o Maverick deixou de ser produzido, com menos de 100 mil unidades entregues em seis anos.

Fiat 147

Os anos 1970 testemunharam o nascimento da Fiat aqui e um dos melhores carros daqueles tempos. Lançado em setembro de 1976, o 147 foi o primeiro carro produzido pela montadora italiana no Brasil e também trouxe conceitos inovadores para a concorrida década automotiva.

Inspirado no 127 europeu, era outro hatch com melhor espaço interno que os compactos de então – em especial, que seu principal rival, o Fusca. Muito devido ao projeto, já que o hatch usava motor 1.050 de 55 cv posicionado transversalmente e tinha linhas mais quadradinhas.

Foi o primeiro carro fabricado no Brasil com para-brisa laminado e coluna de direção retrátil. Ainda na década, experimentou motor 1.3 de 72 cv na versão esportiva Rallye e foi o primeiro automóvel homologado com motor a etanol, de 63 cv, que até hoje é lembrado como Cachacinha.

Dodge Polara

Outro caso de carro emblemático dos anos 1970, mas que pagou pelos erros da fabricante. Em 1973 (“ô” ano para ter novidade no setor) o Grupo Chrysler, que havia chegado com a Dodge em 1967 após comprar a Simca, precisava de um carro de volume para justificar suas operações por aqui e concorrer com Ford Corcel e Volkswagen TL.

O projeto do Dodge 1800 foi feito a toque de caixa. Inspirado no inglês Hilmann Avenger, o sedã foi lançado aqui na configuração duas portas e com motor 1.8 (por isso o nome) de 75 cv, e logo ficou conhecido como Dodginho. Apesar do diminutivo, tinha porta-malas e espaço interno melhores que a maioria dos compactos.

Mas o desempenho do carro era fraco e perdia feio para os modelos da Ford e da Volks. Para piorar, a celeridade em seu desenvolvimento teria sido culpada pelos defeitos crônicos que o Dodginho apresentava no sistema de carburação, na transmissão, nos freios e na direção. Não tardou muito para o modelo ganhar o apelido maldoso de “1.800 problemas”.

Em 1974, o carro ganhou a versão SE, com design esportivo evidenciado por faixas laterais, rodas exclusivas, molduras nos vidros e detalhes em preto fosco. Mas a grande mudança ocorreu mesmo em 1976.

Naquele ano, a Chrysler se comprometeu publicamente a melhorar o 1800, que mudou de nome para Polara. Além disso, a montadora estadunidense lançou um programa de garantia total, até então inédito na indústria. 

As mexidas mecânicas se concentraram no motor, que teve a potência aumentada para 85 cv, recebeu novos cabeçotes e teve o diâmetro das válvulas de escape aumentado. A fabricante também fez ajustes na suspensão e nos freios, e os casos de defeitos diminuíram. 

A década ainda viu o Polara passar por um face-lift, com a adoção de faróis retangulares, em 1978. Mas antes da chegada dos anos 1980, a Chrysler do Brasil foi comprada pela Volkswagen, que descontinuou o Dodginho dois anos depois.

Alfa Romeo 2300

O primeiro modelo com a marca Alfa Romeo feito fora da Itália foi esse sedã requintado, que se tornou um dos melhores e mais cobiçados carros dos anos 1970. O 2300 nasceu em 1974, mas seu projeto passou por várias transições. 

Isso porque, em 1968, a FNM (Fábrica Nacional de Motores), que fabricava caminhões e um sedã (o JK) da italiana em Xerém (RJ) – mas com outras marcas e nomes -, foi comprada pela própria Alfa. Quatro anos depois, a mesma Alfa foi adquirida pela Fiat.

Depois disso tudo, o 2300 surgiu para brigar no segmento de sedãs de luxo, com Dodge Dart e Ford Galaxie. O design, como sempre nos carros da Alfa Romeo, era o principal destaque, enquanto o acabamento era dotado de madeira no painel, ban­cos e revestimentos laterais de couro.

O teto de couro branco perfurado e o volante com imitação de madeira ainda davam um toque especial. O espaço interno era outro trunfo, sem falar no porta-malas com volume para 435 litros.

A ideia era que o sedã viesse com opções de quatro-cilindros em linha e V6, mas o motor maior foi abortado pela Crise do Petróleo. O 2.3 gerava 140 cv e 21 kgfm, tinha comando duplo de válvulas e trabalhava com o manual de cinco mar­chas com alavanca na coluna de direção.

O carro foi sendo melhorado ao longo dos anos 1970. Dois anos após o lançamento, ganhou versão de entrada – chamada 2300B -, maçanetas embutidas e o motor passou a oferecer 141 cv. Em 1977, foi a vez do Ti4, com carburador de corpo duplo e 149 cv. 

Em 1978, mais mudanças no motor, que passou a ser feito em Betim (MG). O 2.3 teve a taxa de compressão elevada e a potência saltou para 163 cv. O Alfa 2300 deixaria de ser produzido em 1986, mas até lá se manteve como referência de luxo e um dos melhores carros dos anos 1970 no Brasil.

Chevrolet Opala SS

Primeiro carro de passeio produzido pela GM no Brasil, o Opalão já fazia a cabeça de muita gente desde o seu lançamento, em 1968. Mas o melhor do sedã grande da Chevrolet estava por vir. Logo no despertar dos anos 1970, surgiu um dos melhores carros daqueles tempos, e um dos automóveis mais emblemáticos da indústria automotiva nacional.

O ano era 1970, o Brasil ganhava o Tri no México e aqui o público ganhava o Opala SS. A variante esportiva do modelo logo chamava a atenção pelas faixas laterais na carroceria e as cores vivas do portfólio: amarelo e vermelho, que se juntavam ao prata e branco.

Coube ao Opala SS estrear outro ícone da indústria: o saudoso motor 4.1 seis caveiras. Com 140 cv de potência, garantia o 0 a 100 km/h para o sedã em 12 segundos. Na mecânica, tração traseira, freios a disco e barra estabilizadora. O câmbio de três marchas, que ficava na direção, deu lugar à transmissão de quatro no console central.

A coisa melhorou em 1971. O Opala SS passou a ser vendido também na carroceria cupê de duas portas. Mas o carrão foi mais um atingido em cheio pelas Crises do Petróleo, e teve de se render a uma opção com o motor 2.5 de quatro cilindros e 98 cv. Mesmo assim, continuou um veículo emblemático.

Volkswagen SP2

Outro carro que deixou saudades e é considerado um ícone entre os melhores dos anos 1970. O SP2 foi lançado em 1972 juntamente com o SP1, mas durou mais tempo que o irmão por razões que falam ao coração.

O SP2 era equipado com o então novo 1.7 resfriado a ar de 75 cv, enquanto o SP1 usava o manjado motor 1600 de 65 cv. O curioso é que o cupê, apesar da aparência esportiva, não esbanjava tanto arrojo no desempenho assim. Precisava de 14,2 segundos para cumprir o 0 a 100 km/h.

O grande barato estava no design do SP2, atual até para os dias de hoje. Baseado no VW 412 (Type 4) europeu, tinha perfil baixo, capô longo e caimento acentuado das colunas de trás. Lá na traseira, ainda ostentava tomadas de ar funcionais

Vendeu pouco mais de 10 mil unidades até 1975 – o SP1 só teve 88 unidades produzidas. Mesmo assim, foi um dos melhores e mais famosos carros dos anos 1970.

Ford Corcel II

O primeiro Corcel foi um dos melhores e mais vendidos carros dos anos 1970. Em 1977, porém, o principal sedã da Ford no mercado brasileiro passou por uma remodelação profunda e deu origem ao Corcel II. 

Maior e com aparência mais requintada, o carro foi um sucesso logo de cara. Com apenas 10 meses de mercado, teve mais de 100 mil unidades emplacadas. Isso mesmo com o motor 1.4 estrangulado, com 72 cv (contra os 85 cv do primeiro Corcel) e em um modelo mais pesado.

Mesmo assim, o Corcel II atravessou a década como um sucesso. Encerrou as vendas só lá para 1986, com 650 mil unidades comercializadas em menos de uma década – totalizando 1,3 milhão das duas fases do modelo.

Volkswagen Passat

Os anos 1970 começaram quentes com os melhores carros sendo lançados já na primeira metade da década. Sem falar nos outros oriundos dos anos 1960. Mesmo com a estreia da Brasília, a Volkswagen percebeu que ia perder espaço se continuasse só usando a base do Fusca para seus projetos.

A marca alemã, então, resolveu recorrer à plataforma B1 da Audi, da recém-adquirida Auto Union, comprada em 1964. Esta base servia ao sedã Audi 80, mas para o Brasil a montadora acertou em cheio ao desenvolver um notchback – com traseira comprida e vidro traseiro inclinado e integrado à tampa do porta-malas.

Assim nasceu, em 1974, o Passat, um dos melhores e mais importantes carros da história da Volks nos anos 1970 e 1980. Foi um dos primeiros VW do Brasil com tração dianteira e estreou com motor 1.5 de quatro cilindros e câmbio manual de quatro marchas – também oriundos do Audi 80.

Em 1976, ganhou uma memorável versão esportiva TS com motor 1.6 de 80 cv. Ainda teve séries limitadas Surf e 4M ao longo dos anos 1970 e se despediu da década com uma reestilização e a adoção de lentes retangulares no lugar dos faróis circulares e as novas variantes a etanol. Nos anos 1980, manteve o sucesso.

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