Capacidade volumétrica clássica do mercado brasileiro desde os anos 1980, motores 1600 ainda são comuns no segmento de compactos

Quem viveu os anos 1980 e 1990 só esperava passar pela rua para dar aquela virada de 180 graus no pescoço para conferir a parte de trás. Se você pensou em hábitos machistas, sinto decepcionar. A olhadela era para conferir qual motor aquele carro que transitava pela via trazia na tampa do porta-malas.

Isso era quase uma cultura automotiva brasileira. Os números em alto relevo na traseira do veículo pareciam uma espécie de pirâmide social sobre rodas. Quanto maior os dígitos, maior era o status. Lembra? Tinha 1.6, 1.8, 2.0… 

Algo meio popularizado pela Chevrolet no Chevette e no Monza. E seguido pelas outras marcas, apesar de ninguém conseguir bater o Opalão de seis cilindros e a ostentação de sua capacidade volumétrica com seu indefectível 4.1 estampado.

Porém, o popular era o 1.6 (antes da avalanche de 1.0 na esteira dos benefícios do IPI). Na década de 1980, três das quatro grandes tiveram seus 1600: General Motors com o Chevette e o Chevy 500, Volkswagen com a família BX (Gol, Parati, Voyage e Saveiro) e Ford com o Corcel II, Del Rey e Escort.

Nos anos 1990 os 1.6 acabam por se tornar um status evidenciado na traseira. Com a invasão dos motores “mil”, a “litragem” maior era até uma estratégia de marketing para se distinguir em meio aos chamados “carros populares”.

Veio a era do downsizing e com ela a busca por motores mais compactos. Os 1.6 perderam espaço gradativamente para os 1.0, 1.3 e 1.4, muitos deles de três-cilindros, outros turbinados. Só que eles estão longe de serem espécies em extinção. 

Hoje pelo menos nove marcas mantêm essa capacidade volumétrica em suas linhas no mercado brasileiro, com mais de 20 modelos diferentes com opções de motores 1600. E concentrados no segmento de compactos.

Se você é fã dessa litragem e acha que é o melhor “meio termo” entre os 1.0 e os 2.0, leia este guia com os carros 1.6 mais baratos do mercado brasileiro até R$ 80 mil. Selecionamos apenas a versão mais em conta de cada modelo e só de automóveis de passeio – picapes ficaram de fora.

1 – Volkswagen Fox: R$ 58.770

Versão mais barata: Connect

Motor: EA111

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 8

Comando: simples

Variação: não

Potência: 104/101 cv a 5.250 rpm

Torque: 15,6/15,4 kgfm a 2.500 rpm

O veterano Fox já vai para 20 anos de mercado com um custo/benefício atraente. O modelo oferece espaço razoável, nível de equipamentos interessante para um modelo abaixo de R$ 60 mil e o conhecido motor EA111 para ser o carro 1.6 mais barato do país.

Você vai esbarrar com esse propulsor lançado nos anos 1990 pela Volkswagen – como alternativa ao CHT da Ford após o fim da Autolatina – em outros diversos modelos desta lista. É um projeto datado, mas que atrai pelo custo de manutenção, força em baixos giros e por trabalhar com a (talvez) caixa manual de cinco marchas com engates mais justos, precisos e legais do pedaço.

2 – Nissan V-Drive: R$ 66.490

Versão mais barata: 1.6 MT

Motor: HR16DE

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: admissão e escape

Potência: 111 cv a 5.600 rpm

Torque: 15,1 kgfm a 4.000 rpm

O velho Versa persiste no mercado com outro nome e os também conhecidos motores 1.6. Essa linha de propulsores, contudo, começou a ser produzida mais recentemente em Resende (RJ), a partir de 2013, justamente para equipar as gerações anteriores de March e Versa também feitas por lá.

O 1.6 16V tem comando duplo variável e oferece desempenho interessante especialmente para a cidade. Se destaca pelo baixo nível de vibração e o custo de revisões do V-Drive é um dos mais baixos do segmento de compactos.

3 – Volkswagen Gol: R$ 66.860

Versão mais barata: 1.6

Motor: EA111

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 8

Comando: simples

Variação: não

Potência: 104/101 cv a 5.250 rpm

Torque: 15,6/15,4 kgfm a 2.500 rpm

O hatch que foi o carro mais vendido do país por quase 30 anos fecha o pódio dos carros 1.6 mais baratos do Brasil. O compacto carrega este motor EA111 desde a década de 1990 e esta terceira geração do Gol usa a mesma plataforma do Fox (uma versão simplificada da arquitetura do primeiro Polo brasileiro).

4 – Hyundai HB20: R$ 72.290

Versão mais barata: Vision 1.6

Motor: Gamma

Capacidade: 1.591 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: admissão e escape

Potência: 130/123 cv a 6.000 rpm

Torque: 16,5/16,0 kgfm a 4.500 rpm

A segunda geração do compacto produzido em Piracicaba (SP) teve a potência do seu 1.6 aumentada de 128/122 para 130/123 cv. O propulsor garante um desempenho bastante esperto ao HB20, especialmente em velocidades médias. 

Contribui para isso o bom acerto do câmbio manual de seis marchas, com a sexta bastante longa e fazendo um ótimo overdrive. O 1.6 16V da Hyundai é importado da Coreia do Sul.

5 – Volkswagen Voyage R$ 74.130

Versão mais barata: 1.6

Motor: EA111

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 8

Comando: simples

Variação: não

Potência: 104/101 cv a 5.250 rpm

Torque: 15,6/15,4 kgfm a 2.500 rpm

Olha ele aí outra vez! Eu avisei que o veterano quatro-cilindros ia aparecer bastante nas primeiras posições dos carros 1.6 mais baratos. Assim como no Gol, o EA111 equipa a versão intermediária do Voyage. Mas as opções topo de linha automáticas – no hatch e no sedã – recebem o 16V MSI que você verá nesta lista mais adiante.

6 – Peugeot 208: R$ 74.990

Versão mais barata: Like

Motor: EC5

Capacidade: 1.587 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: na admissão

Potência: 118/115 cv a 5.750 rpm

Torque: 15,5/15,4 kgfm a 4.000 rpm

O 208 mudou de geração, ficou muito (muito mesmo) bonito, passou a ser importado da Argentina e manteve o motor da família EC5. O propulsor multiválvulas é produzido em Porto Real (RJ) desde 2009, quando passou a equipar as linhas 207 e Citroën C3. 

Este 1.6 16V persistiu na linha por causa dos custos. Apesar de muito mais econômico, o 1.2 Puretech que chegou a equipar as gamas compactas das marcas francesas no Brasil, era importado da China.

7 – Renault Logan: R$ 75.690

Versão mais barata: Zen

Motor: H4M

Capacidade: 1.597 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: na admissão

Potência: 118/115 cv a 5.500 rpm

Torque: 16 kgfm a 4.000 rpm

Como o Sandero “civil” não tem mais versão com motor 1600, coube ao Logan ser o primeiro representante da Renault entre os carros 1.6 mais baratos do país. O propulsor faz parte da nova família de motores SCe da marca francesa, encontrada também no Duster, no Stepway e no Captur.

8 – Hyundai HB20S: R$ 77.090

Versão mais barata: Vision 1.6

Motor: Gamma

Capacidade: 1.591 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: admissão e escape

Potência: 130/123 cv a 6.000 rpm

Torque: 16,5/16,0 kgfm a 4.500 rpm

O sedã compacto usa o mesmo motor Gamma do seu irmão hatch. No três-volumes, o 1.6 16V se mostra igualmente voluntarioso e tem opções de transmissão manual ou automática, sempre com seis marchas. 

9 – Volkswagen Polo: R$ 77.120

Versão mais barata: 1.6 MSI

Motor: EA211

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: na admissão

Potência: 117/110 cv a 5.750 rpm

Torque: 16,5/15,8 kgfm a 4.000 rpm

O hatch compacto chegou em nova geração em 2018 com bom acerto dinâmico e três opções de motores aspirados e turbo, entre eles o EA211. O 1.6 tem rodar mais suave e confortável que o 111, recebe comando duplo e é eficiente. Pode trabalhar com os câmbios manual ou automático de seis velocidades.

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10 – Nissan Versa: R$ 77.990

Versão mais barata: Sense

Motor: HR16DE

Capacidade: 1.598 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: admissão e escape

Potência: 114/111 cv a 5.600 rpm

Torque: 15,5 kgfm a 4.000 rpm

Outro que mudou de geração, mas manteve o motor. O Versa é importado do México, e equipado com o mesmo propulsor do V-Drive, só que produzido no país latino-americano. Nesta configuração, o 1.6 rende mais com etanol (114 cv) e ganhou alguns décimos de quilos no torque.

11 – Renault Stepway: R$ 79.905

Versão mais barata: Zen

Motor: H4M

Capacidade: 1.597 cm³

Número de válvulas: 16

Comando: duplo

Variação: na admissão

Potência: 118/115 cv a 5.500 rpm

Torque: 16 kgfm a 4.000 rpm

Desde a remodelação de 2019 que o Sandero aventureiro ganhou identidade própria e é tratado como outro carro – pelo menos para a Renault. Porém, ele usa o mesmíssimo SCe 16V de até 118 cv para fechar nossa lista de carros 1.6 mais baratos. Os hatches “normais” da gama compacta ficaram só com o 1.0 tricilíndrico.

Bônus: carros 1.6 mais baratos de R$ 80 mil a R$ 100 mil

• Volkswagen Virtus MSI: R$ 83.120
• Hyundai Creta Attitude: R$ 83.790
• Kia Rio: R$ 84.990
• Renault Duster Zen: R$ 85.090
• Renault Oroch: R$ 88.390
• Nissan Kicks Sense: R$ 90.390
• JAC T40 CVT: R$ 95.990
• Citroën C4 Cactus Live AT: R$ 96.490
• Peugeot 2008: R$ 98.990

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