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Carros que saíram de linha rapidamente

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Depois da despedida oficial do VW up!, relembre modelos produzidos no Mercosul que duraram pouco tempo

Por Fernando Miragaya

O Big Brother Brasil está aí e, gostemos ou não, é um sucesso. O reality show enlatado exibido aqui pela TV Globo já tem mais de 20 anos e continua a produzir aqueles famosos efêmeros. E a gente adora criticar essas “subcelebridades” né? Mas esquecemos que no setor automotivo o que não falta é história de produção temporária. 

O Volkswagen up!, contudo, veio despertar nossa faceta mais ácida para relembrar de carros que foram produzidos por pouco tempo. Tudo bem que, tecnicamente, o subcompacto foi fabricado por sete anos, mas os dois últimos serviram apenas para não ser eliminado no “paredão” do mercado automotivo.

Assim como o up!, teve muito carro que foi produzido por menos tempo aqui no Brasil e no Mercosul – e bota “menos nisso”, com casos de modelos que não vingaram três anos na linha de montagem

E tais celebridades passageiras não são exclusividade de modelos que foram um fracasso em vendas. Tem carro que teve bom número de emplacamentos, inclusive, que durou pouco. Seja por questões de posicionamento do modelo ou mesmo estratégia da marca. 

Fizemos uma lista com 21 carros que saíram de linha rapidamente e tiveram uma produção muito curta em nosso mercado. Importante ressaltar que, entre os critérios, consideramos apenas automóveis produzidos no Mercosul com menos de seis anos de vida de fabricação e não levamos em consideração os fabricantes considerados de luxo, como Mercedes-Benz e Audi.

Fiat Tipo

Produção: ✮1995 ✟1997 – Betim (MG)

O modelo é o exemplo clássico de como até mesmo um carro pode ir do céu ao inferno em pouquíssimo tempo. Na década de 1990, o mercado brasileiro vivia a descoberta das importações e a Fiat resolveu investir, pela primeira vez, em um hatch médio: o Tipo. 

O carro lançado na Europa em 1988 chegou aqui em 1993 e logo fez um estrondoso sucesso. Com custo/benefício atraente, opção de quatro portas, bom espaço interno, acabamento caprichado e a “chancela” de importado, chegou a ser o carro de passeio mais vendido do país por alguns meses.

Aí veio a produção nacional e tudo desandou para o carro. Em 1995 o Tipo era substituído na Europa pela dupla Brava/Bravo (que obviamente figura aqui nessa lista também). Mas o carro vendia tão bem que a marca italiana resolveu produzi-lo em Betim (MG). Entre as bossas, foi o primeiro carro nacional a oferecer airbag para o motorista. 

As virtudes foram logo manchadas pelos casos de incêndio envolvendo o hatch. O problema era ocasionado por vazamentos na mangueira do fluido da direção hidráulica dos modelos com motor 1.6. O líquido caía sobre o coletor de escape que, quando muito quente, ocasionava os incêndios.

A questão é que a Fiat demorou a reconhecer o defeito. Com quase 100 casos de incêndio, surgiu até uma associação de vítimas do problema que envolvia o Tipo. Detalhe é que os donos só foram indenizados recentemente, em 2019, quase 23 anos depois.

Demorou quase 12 vezes mais que o tempo em que o Tipo foi fabricado no Brasil. Com a má fama e dois recalls nas costas, o hatch médio teve a produção encerrada em 1997.

Tempra, Tempra SW e Tipo
Foto | Fiat/Divulgação

Volkswagen Golf VII

Produção: ✮2016 ✟2019 – São José dos Pinhais (PR)

O Golf é um dos carros mais vendidos do mundo, mas viveu momentos bem distintos por aqui. A quarta geração do hatch médio foi fabricada em São José dos Pinhais (PR) por mais de 15 anos, às custas de uma remodelação controversa – apelidada de Golf 4,5.

Com um hiato de duas gerações, em 2016 o modelo voltou a ser produzido na mesma unidade no Paraná, agora na sétima versão – depois de ser importado da Alemanha e do México por cerca de três anos. Uma conjuntura de fatores, porém, fez o Golf ser um dos carros que saíram de linha rapidamente.

Primeiramente, uma crise econômica começou a se desenhar no país um ano antes, e afetou diretamente as vendas de veículos. Para complicar, os SUVs começaram a roubar espaço de vários segmentos, e o de hatches médios foi o que primeiro (e mais) sentiu o golpe.

O Golf VII deixou de ser produzido no Brasil logo após a apresentação global da oitava geração do modelo. A despedida do carro veio em forma de um lote limitado de versões híbridas GTE, só que importadas da Alemanha.

Golf VII
Foto | Volkswagen/ Divulgação


Carros que saíram de linha: Chevrolet Agile

Produção: ✮2009 ✟2014 – Rosario, Argentina

No fim dos anos 2000 a General Motors precisava dar uma renovada na sua linha sem gastar muito. O Corsa de segunda geração não emplacou e Celta e Classic usavam desenho datado e plataforma antiga. A Chevrolet resolveu lançar um produto, só que mais uma vez pecou nesses dois aspectos.

O fabricante pegou essa mesma arquitetura do Corsa de primeira geração (de 1994) e desenvolveu um novo hatch altinho para brigar com Volkswagen Fox e Renault Sandero. Plataforma antiga, vamos lá, mas havia esperança de que o carro-conceito GPix (mostrado no Salão de São Paulo de 2006, fosse ser a base.

A emenda saiu pior que o soneto. O Agile começou a ser produzido em Rosario, na Argentina, com um estilo bem mais abrutalhado e pouco harmonioso que o do conceito em questão. 

O motor era sempre o 1.4 da Família I da GM – também do primeiro Corsa. A posição de dirigir não era das melhores e o comportamento dinâmico era atrapalhado pela carroceria elevada. O hatch ainda estreou o malfadado câmbio automatizado Easytronic – que fez muito taxista fazer a conversão para uma caixa manual.

Curiosamente, nada disso impactou nas vendas do modelo. O Agile superou as 200 mil unidades em cinco anos de vida e figurou sempre entre os primeiros do ranking de mais emplacados. Só que, em 2012, surgiu um tal de Onix, que em pouco tempo se tornaria o automóvel mais comercializado do país.

Não havia mais espaço para o Agile a partir daí. O carro parou de ser fabricado em setembro de 2014, mas deixou como herança (para muitos, maldita) a segunda geração da Montana – que, na verdade, usa arquitetura mais velha que a da primeira picape, feita sobre o Corsa II.

Foto | Marlos Ney Vidal/ Autos Segredos

Ford Maverick

Produção: ✮1973 ✟1979 – São Bernardo do Campo (SP)

Não se deixe enganar pelo sucesso que o Maverick faz hoje no segmento de usados. O hoje cobiçado e valorizado modelo da Ford foi considerado um fracasso durante seus seis anos de produção no Brasil. Muito por culpa da Ford.

Até porque o Maverick foi eliminado no paredão antes mesmo de ser lançado por aqui. É que no início da década de 1970 a marca fez clínicas de mercado com potenciais compradores para definir um modelo com condições de brigar com o Chevrolet Opala. 

Expôs para os consumidores três modelos: o Maverick, o Taunus (projeto alemão) e o Cortina (projeto britânico da marca). O vencedor desse BBB particular foi o Taunus. Porém, era um carro com custo de produção bem mais elevado à época.

Ou seja: a Ford investiu em clínicas, mas ignorou solenemente o resultado das mesmas. Em nome dos custos, começou a produzir o Maverick em 1973. De cara começaram os problemas que atrapalharam a trajetória do carro em vida. Vamos combinar que querer competir com o Opala com menos espaço interno e motor seis cilindros do Jeep Willys dos anos 1930 não foi das estratégias mais certeiras.

Tinha ainda aquele câmbio de quatro marchas herdado do Aero Willys e logo começaram as piadas: “Anda como quatro cilindros e bebe como um oito cilindros”. Pelo menos a Ford se redimiu com as opções GT com o 5.0 V8 de 135 cv e Quadrijet, com carburador de corpo quádruplo e potência de 185 cv.

Só que o Maverick ainda padeceu em duas crises do petróleo, que fizeram os motorzões perderem espaço. Mesmo com o lançamento do 2.3 quatro cilindros a partir de 1975, o modelo jamais fez frente ao rival da Chevrolet – para cada Ford emplacado, a GM vendia cinco Opalas.

Em 1979 a produção chegou ao fim, após seis anos e 100 mil unidades. Muito abaixo das pretensões da Ford à época. Curiosamente, hoje um Maverick em bom estado e original pode valer até R$ 200 mil.

Maverick
Foto | Ford/Divulgação

Carros que saíram de linha: Renault Symbol

Produção: ✮2009 ✟2013 – Córdoba, Argentina

O Clio Sedan ficou meio perdido com a chegada da linha Logan. Afinal, o três-volumes fruto de um projeto da romena Dacia (subsidiária da Renault), a despeito do seu visual datado e quadradão, era bem mais espaçoso.

Para tentar reposicionar o portfólio, a montadora francesa aliviou o Clio hatch em equipamentos e o colocou como modelo de entrada da marca no Brasil. Já o sedã foi convertido em Symbol para ficar acima do Logan – e também resolver a ociosidade da fábrica de Santa Isabel.

Em 2009, a Renault passou a produzir na unidade argentina o sedã que tinha pretensões de brigar com os chamados compactos premium. Para baratear o projeto, pegou a arquitetura deste Clio brasileiro de segunda geração, manteve as portas e fez uma grande remodelação na frente e na traseira.

Além de mais equipamentos e com acabamento um pouco melhor que o Logan, só usava motor 1.6 16V Hi-Flex de 115/110 cv. Já de início patinou nas vendas. Foram 8.396 emplacamentos no primeiro ano cheio. Ficava muito atrás de seus pretensos rivais, Honda City, Peugeot 207 Passion e VW Polo Sedan, os três primeiros colocados da categoria na época.

As razões eram óbvias. O Symbol era bem mais apertado que esses rivais, enquanto o Logan, com entre-eixos de médio, brigava com os sedãs de entrada. A Renault ainda tentou dar uma animada nas vendas com o 1.6 8V Hi-Torque de 95/92 cv em opções mais baratas.

Não surtiu efeito. Em seu último ano de produção, 2013, o Symbol teve apenas pouco mais de 6.500 unidades entregues.

Foto | Divulgação

Ford Focus 3

Produção: ✮2013 ✟2019 – General Pacheco, Argentina

O Focus foi outro que sentiu fortemente o golpe da avalanche de SUVs. Mas, justiça seja feita, ficou pelo caminho devido à estratégia global da Ford, que resolveu abdicar de hatches e sedãs em prol de utilitários esportivos, picapes e elétricos. 

Tanto que a terceira geração do modelo saiu de linha na Argentina quase que simultaneamente com o modelo em outras partes do mundo. Só que esta fase do hatch e do sedã médios também não lembrou nem de perto o desempenho comercial dos seus antecessores.

Apesar de manter o bom acerto de suspensão tradicional da gama, e incluir o bom motor Duratec com injeção direta e até 178 cv, o Focus III ganhou um comportamento mais “Corollizado” – admitido até por fontes da marca. Ainda penou com queixas de clientes em relação ao câmbio de dupla embreagem PowerShift.

Curiosamente, na reta final de vida, o três-volumes vendeu mais que o hatch. Só que juntos não somaram nem 8 mil unidades em seu derradeiro ano cheio. Em 2018, foram 4.200 unidades do sedã e 3 mil do hatch. No ano seguinte, entrou para o rol de carros que deixaram de ser produzidos rapidamente.

Ford Focus Fastback
Foto | Ford/Divulgação

Carros que saíram de linha: Peugeot Hoggar

Produção: ✮2010 ✟2013 – Porto Real (RJ)

Não tem jeito: em toda a lista de grandes micos automotivos você vai se deparar com esta aventura da marca francesa no segmento de picapes compactas. Se formos comparar com o mundo das subcelebridades, é como se fosse aquele participante do BBB que foi o primeiro eliminado na primeira edição do programa.

Curiosamente, a Hoggar até durou muito. Com nome de buggy-conceito dos anos 2000 e desenho que dividia opiniões, o projeto original da picape já não ajudava. O modelo usava como base o 207 brasileiro, a alternativa de baixo custo que a Peugeot adotou no Brasil ao usar a casca do 207 europeu em cima da arquitetura do velho 206.

A matriz despejou dinheiro aqui para fazer a picape com motor 1.6 16V e uma das maiores caçambas da categoria até então. Porém isso não foi suficiente para encarar marcas tradicionais em um segmento onde pós-venda, rede de concessionárias e manutenção barata contam muito.

Para se ter uma ideia, a estimativa da marca francesa era de vender 1.200 unidades por mês da Hoggar no Brasil. Não chegou nem perto disso. Em pouco mais de três anos de existência, foram apenas 11 mil emplacamentos, quase o que a líder Strada vendia em um único mês.

Foto | Peugeot/Divulgação

Chevrolet Omega

Produção: ✮1992 ✟1998 – São Caetano do Sul (SP)

Bons tempos em que o Brasil produzia até sedã grande. Isso mesmo, a primeira geração do Omega foi fabricada aqui por seis anos na década que marcou a retomada das importações de automóveis. Chegou como substituto natural do Opala e a pecha de ser um projeto global.

Na época, foi o maior e mais luxuoso veículo de passeio produzido no Brasil. Começou com os motores 2.0 (do Monza) e 3.0 V6, esse trazido da Alemanha e que levantava críticas quanto ao pouco torque que oferecia em baixas rotações. 

Três anos depois, para alegria dos órfãos do Opala, adotou o 4.1 seis cilindros em linha do seu “antecessor”. Junto com ele, veio o 2.2 que o Vectra e a S10 usariam em breve. Em 1998, porém, um Omega australiano em nova geração e mais moderno já batia à porta.

Não tinha mais sentido continuar a produção, ainda mais que o sedã era um carro caro de fabricar. Mesmo assim, em seis anos, foram mais de 93 mil unidades, nada mal para um modelo que beirava os segmentos de luxo.

Nesse meio tempo, o Omega ainda deu uma cria station-wagon, que hoje ou é carro futuramente colecionável, ou veículo antigo de funerária. A Suprema, porém, teve produção ainda mais curta, de 1993 a 1996, quando vendeu pouco mais de 12 mil unidades.

Chevrolet Omega
Foto | Chevrolet/divulgação

Carros que saíram de linha: Citroën C3 Picasso

Produção: ✮2011 ✟2015 – Porto Real (RJ)

Mesmo com os sinais claros de que os SUVs urbanos passariam a ditar o mercado brasileiro, a Citroën insistiu com uma minivan. No ano de 2011, a marca francesa lançou por aqui o C3 Picasso, curiosamente a versão civil do C3 Aircross – o mesmo carro só que com porte aventureiro para tentar fazer frente ao EcoSport, apresentado um ano antes.

O monovolume, obviamente, atraía pelo bom espaço interno. Porém, era um carro pesado, tinha mais de 1.300 kg, e para o motor 1.6 16V de 113/110 cv, que já estava longe de ser o suprassumo da economia, isso implicou em alto consumo de combustível. Com o 1.5 8V de 93/89 cv o negócio ficou pior.

A esperança de repetir o sucesso do sobrenome e da tradição com minivans (a Xsara Picasso produzida na mesma unidade fluminense teve dias de glória nos anos 2000) se desintegrou nas vendas. No último ano cheio de vendas, a C3 Picasso teve só 3.688 unidades entregues.

Com os monovolume em franca decadência, em 2015 a Citroën fez uma reformulação na linha, aposentou a variante civil e manteve apenas o Aircross (agora sem o C3 na frente). O aventureiro até fez uma graça no início desse face-lift, depois sucumbiu nas vendas, apesar de ter durado mais: deixou de ser feito no começo de 2020.

Foto | Citroën/Divulgação

Fiat Palio 2

Produção: ✮2011 ✟2017 – Betim (MG)

A segunda geração do hatch ficou bem longe de repetir o sucesso da primeira – até porque a Fiat manteve o velho Palio convivendo com o novo sob a alcunha de Fire. A soma dos dois, inclusive, era o que ajudava a manter o compacto entre os mais vendidos do pais. Em 2012, no primeiro ano completo, foram 106 mil unidades e um sexto lugar.

O problema é que no início da década passada a gama de compactos da marca italiana por aqui estava bem pulverizada. Não bastasse o novo Palio, tinha o Fire, a segunda geração do Uno (lançada em 2010), Mille e Punto. A chegada de rivais como Chevrolet Onix e Hyundai HB20 deixou a vida do modelo ainda mais difícil.

Mesmo assim, em meio à derrocada do Volkswagen Gol com a chegada do up!, ao ainda amadurecimento dos rivais da GM e da Hyundai e ao fim da linha Mille, o Palio até conseguiu ser o mais emplacado de 2014 – bom lembrar que a versão Fire respondia por cerca de metade das vendas. 

Depois disso as vendas caíram. A chegada do Mobi voltou a dividir atenções com o Palio. Ao mesmo tempo, a Fiat preparava o Argo para substituir de uma vez o hatch juntamente com Punto e Bravo. Em 2017, o carro deixou de ser produzido no Brasil.

Foto | Fiat/Divulgação

Carros que saíram de linha: Renault Mégane 

Produção: ✮2006 ✟2010 – São José dos Pinhais (PR)

A segunda geração do sedã médio da marca francesa ganhou cidadania brasileira em 2006. E além da plataforma em sintonia com a Europa, chegou cheia de modernidades, como chave para dar partida por cartão que era introduzido em um escaninho no painel, freio de estacionamento no estilo manche e direção com assistência elétrica.

O modelo estreou com versões com motor 1.6 e 2.0, esse com opções de câmbio manual de seis marchas ou automático de quatro velocidades. Chamava a atenção pelo conforto no rodar e pelo bom espaço a bordo. Mas, então, por que foi um dos carros que saíram de linha rapidamente?

Bem, primeiro pela estratégia e momento de lançamento. O Mégane foi lançado oficialmente em março de 2006, quando todo o mercado já sabia que no mês seguinte seria apresentada a nova geração do rival da Honda, aquele New Civic todo moderninho.

As campanhas publicitárias do Mégane também não ajudavam. E as bossas da chave cartão não convenceram o cliente desta categoria, mais afeito à racionalidade e reputação da dupla Civic e Corolla. 

Curiosamente faltou ao sedã o custo/benefício que a Grand Tour, a perua derivada do Mégane, teve. Tanto que a station sobreviveu até meados de 2012 produzida no Paraná à base de poucas versões e apenas com o motor 1.6. Fez a cabeça de muitos taxistas na época, inclusive.

Foto | Renault/Divulgação

Volkswagen Apollo/Logus/Pointer

Produção: ✮1990 ✟1996 (o trio) – São Bernardo do Campo (SP)

É quase como a oferta de pá, peito e acém, que parecem o mesmo pedaço de carne. No caso do trio, são o mesmo automóvel, sob a mesma marca, só que com carrocerias diferentes e que estão estre os carros que saíram de linha em um piscar de olhos. E se mostraram grandes equívocos.

O Apollo foi o primeiro exemplar da Volkswagen na era Autolatina, a holding entre a alemã e a Ford que durou entre 1987 e 1996 e fez com que projetos e motores fossem compartilhados entre as duas gigantes automotivas. Na prática, a americana cuidava dos compactos e a parceira, dos médios.

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Nesta lógica, o Apollo usava a plataforma comum da quinta geração do Escort e nada mais era que um Verona, só que com símbolo da VW e motor AP 1.8. E, assim como os demais companheiros dessa plataforma, durou bem pouco: dois anos, de 1990 a 92, quando foi substituído pelo Logus.

Pois bem, o sucessor pelo menos chegou com desenho próprio, sem irmãos gêmeos dentro da holding. O sedã foi projetado pela Volks em parceria com o estúdio Ghia. Contudo, era a mesma arquitetura Ford e vinha com motores 1.6 CHT do Escort. 

Sobreviveu só até 1996, quando sucumbiu junto com o fim da Autolatina. Pelo menos, teve uma série especial inesquecível, a Wolfsburg Edition, com motor 2.0 de 113 cv e 17,3 kgfm de torque que hoje é desejada no mercado de usados.

Nesse meio tempo, essa base ainda serviu ao talvez mais divertido desse trio: o Pointer. Lançado no fim de 2014, o hatch tinha a missão de emprestar uma cara mais jovem à linha Volkswagen – para brigar com o Fiat Tipo. E realmente era estiloso.

Sempre com quatro portas, ainda teve uma variante esportiva com a sigla mágica dentro da marca alemã: GTI. Nesta configuração, o Pointer usava motor 2.0 de 116 cv e trazia ar, direção hidráulica, trio e bancos esportivos. Contudo o hatch durou menos ainda que os irmãos, nem dois anos.

Volkswagen Pointer GTI
Foto | Volkswagen/Divulgação

Nissan Xterra

Produção: ✮2003 ✟2008 – São José dos Pinhais (PR)

Talvez pouca gente se lembre, mas a Nissan chegou a produzir um utilitário esportivo no Complexo Industrial Ayrton Senna, no Paraná, onde a Renault produz seus carros – as duas marcas fazem parte de uma aliança global. Era o Xterra, um SUV derivado da primeira geração da Frontier a figurar por aqui – a décima global, duas anteriores à atual.

Foi mais um dos carros que saíram de linha em menos de seis anos. Feito sobre longarinas, o Xterra estreou em 2003 com motor turbodiesel  2.8 MWM de 132 cv e tração 4×4 com reduzida – a potência chegaria a 140 cv anos depois.

Apesar de ser derivada da picape, o Xterra oferecia mais conforto no rodar do que seus rivais à época, como Chevrolet Blazer e Mitsubishi Pajero Sport. As metas ousadas da Nissan previam vendas na casa das 2.400 unidades mensais. Não chegou nem perto. Nos cinco anos de produção, vendeu pouco mais de 8 mil modelos.

Foto | Nissan/Divulgação
Foto | Nissan/Divulgação

Fiat Oggi

Produção: ✮1983 ✟1985 – Betim (MG)

Conhecida pelo 147, a Fiat resolveu dar uma requintada em sua gama com o Oggi. Fruto da mesma plataforma, o primeiro sedã da marca no Brasil foi lançado em 1983, já com a frente da reestilização do hatch – que passou a adotar o sobrenome Spazio.

O Oggi começou vendido apenas em uma versão CS, sempre com motor 1.3 de 62 cv, que ganhou carburador cut-off, que deixava de jogar combustível toda a vez que o motorista tirava o pé do acelerador. Um dos destaques do automóvel estava no porta-malas com capacidade para 440 litros. 

No ano seguinte ao lançamento, a estratégia de agregar sofisticação continuou. O sedã estreou a série especial Pierre Balmain, o conhecido designer francês que fazia sucesso no mundo da moda.

Mas o sedã quadradinho durou apenas dois anos e fo um dos carros que saíram de linha em 1985 para dar lugar à nova família baseada no Uno, que apareceu por aqui em 1984. O Prêmio substituiu o Oggi, que teve cerca de 20 mil unidades comercializadas em sua existência. 

Carros que saíram de linha
Foto | Fiat/Divulgação

Dodge Dakota

Produção: ✮1998 ✟2001 – Campo Largo (PR)

Aqui um caso de picape que fez um tremendo sucesso e, mesmo assim, figura entre os carros que saíram de linha em pouco tempo. Com proposta bem mais robusta do que o segmento de médias oferecia naqueles tempos (as primeiras gerações de S10, Ranger e L200), a Dakota caiu nas graças do brasileiro.

Em uma época em que emissões e consumo de combustível não estavam entre as prioridades, a Dakota – de segunda geração – usava uma linha de motores a gasolina da família Magnum, com opções de quatro cilindros, V6 e V8. Depois ainda teve turbodiesel da gama V Motori.

O Grupo Chrysler, dono da Dodge, também estava empolgado com o mercado brasileiro. O Jeep Grand Cherokee era objeto de desejo entre jogadores de futebol e pagodeiros famosos e a decisão de produzir a Dakota fazia parte de um pacote de investimentos que incluía a nova fábrica de motores Tritec, também no Paraná, em parceria com a BMW, a partir de 2001 – que depois seria comprada pela Fiat para produção dos 1.6 e 1.8 E.torQ.

Coincidentemente, naquele mesmo 2001 a Dakota deixou de ser produzida. Outra coincidência é que no ano de começo da produção paranaense, 1998, surgiu a DaimlerChrysler, uma joint-venture onde a dona da Mercedes abocanhou 80% da americana.

Como a junção dos fabricantes visava sinergia, a Dakota era um ponto fora da curva em termos de redução de custos. Mesmo com a venda de 40 mil unidades em um ano, a Dakota chegou ao fim precocemente marcando a segunda saída da marca do mercado brasileiro em menos de duas décadas – em 1981, a Volkswagen encerrou a linha Dodge Polara dois anos após adquirir a Chrysler do Brasil.

Dodge Dakota Carros que saíram de linha
Foto | Dodge/Divulgação

Ford Fiesta VI

Produção: ✮2013 ✟2019 – São Bernardo do Campo (SP)

Juntamente com o EcoSport, o Fiesta foi um dos carros que, dizem, salvou a Ford no Brasil – por pouco tempo, já que recentemente a marca encerrou de vez as atividades industriais por aqui. Enfim, era o Projeto Amazon, de onde nasceram o hatch e o sedã compactos, além do pioneiro SUV urbano.

Em 2011, porém, uma sexta geração do Fiesta já tinha sido lançada e a Ford começou a importar o hatch para cá do México. Dois anos depois, o fabricante resolveu iniciar a produção do hatch – o sedã continuou importado -, desta vez no ABC paulista (o modelo anterior era feito na Bahia).

Nesta nova fase, o compacto era melhor acabado e trazia a nova família de motores 1.0 e 1.6 16V Sigma. Teve um vai e volta de versão, até variante esportiva Sport e uma divertida opção com motor 1.0 turbo romeno de 125 cv muito mal explorada pela marca estadunidense.

O surgimento do Ka em uma nova geração e não mais como um subcompacto, e sim como um compacto, começou a respingar nas vendas do Fiesta. Afinal, os dois usavam a mesma plataforma, tinham o mesmo entre-eixos, porém o Fiesta era mais caro. 

Para os consumidores da categoria logo acima, dos tais compactos premium, o Fiesta também não se justificava. Cobrava o mesmo que VW Polo e Honda Fit, mas oferecia bem menos espaço. Em junho de 2019, a Ford encerrou a produção do Fiesta e o fim das atividades da fábrica de São Bernardo.

Ford New Fiesta Carros que saíram de linha
Foto | Ford/Divulgação

Citroën C4 hatch 

Produção: ✮2009 ✟2014 – El Palomar, Argentina

No fim da primeira década do milênio, a Citroën estava toda empolgada no Brasil. O C3 e o Xsara Picasso ainda vendiam bem e o C4 Pallas chegou com vontade em um segmento disputado como o de médios. Depois de trazer a versão esportiva VTR, em 2009 o fabricante francês começou a produção do hatch (em modelos “normais”) na Argentina.

O carro trouxe o design sempre ousado e o acabamento impecável peculiares à marca. Mantinha o volante todo diferentão do sedã, com miolo e comandos satélites fixos. Os motores eram o 1.6 e o 2.0.

O hatch médio não teve vida fácil. Entre os rivais, Volkswagen Golf, Ford Focus, Chevrolet Vectra GT e Astra, Peugeot 307, Nissan Tiida, entre outros.

Foram apenas 47 mil unidades em cinco anos de produção na Argentina, sem nenhuma mudança significativa e com muitas séries limitadas. Como o segmento já minguava no país, quando a nova geração do C4 surgiu, a Citroën optou por fazer apenas o sedã na Argentina, então chamado de Lounge.

Carros que saíram de linha
Foto | Citroën/Divulgação

Fiat Brava

Produção: ✮1999 ✟2003 – Betim (MG)

Depois da ascensão e queda do Tipo no Brasil, a Fiat precisava de um hatch médio, segmento cujas vendas engordavam as margens das montadoras. A solução para a marca italiana veio na forma de outro projeto global, o Brava.

A produção na fábrica mineira começou em 1999. O carro tinha um desenho bastante ousado, em especial pelas lanternas traseiras em seções horizontais que remetiam a uma nave espacial. 

Só que o Brava começou com um grande vacilo. Lançado em setembro daquele ano, o modelo debutou aqui com o mesmo motor 1.6 16V do Palio só que… com 7 cv a menos de potência (99 cv). A Fiat pelo menos não ficou muito tempo nisso e três meses depois aumentou a cavalaria para os 106 originais.

A linha teve até uma versão esportiva bastante divertida, a HGT com motor 1.8 de 132 cv. Mas o Brava não vingou nem cinco verões. Foi mais um eliminado no paredão dos hatches médios, sem qualquer reestilização, em setembro de 2003.

Uma curiosidade é que no Salão de São Paulo de 1998, a Fiat mostrou o Brava e o… Bravo, a então configuração duas portas da linha, que seria importada no ano seguinte. A data de lançamento estava até agendada para março de 1999, mas a alta do dólar fez a marca desistir de trazer o carro.

Brava HGT Carros que saíram de linha
Foto | Fiat/Divulgação

Carros que saíram de linha: Chery Celer

Produção: ✮2015 ✟2019 – Jacareí (SP)

Antes de o Grupo CAOA salvar a marca chinesa, a Chery fez das suas. Com um histórico de modelos problemáticos como QQ, Face e S18, a empresa ergueu uma fábrica em Jacareí (SP) para produzir a linha compacta Celer, nas variantes hatch e sedã – que já eram vendidos importados da China.

A produção teve início em fevereiro de 2015 com frente reestilizada do modelo e motor 1.5 flex de até 108 cv. Apesar de ser superior aos modelos anteriores da marca, o Celer pecava pelo acabamento ruim, mecânica pouco confiável e rede de concessionárias muito pequena. 

Nos curtos quatro anos de produção, a fábrica ainda enfrentou duas paralisações por excesso de estoque. O motor 1.5 teve até potência elevada para até 113 cv, mas a linha vendia muito pouco. Para se ter ideia, em 2016, as duas carrocerias não venderam mais que 1.400 unidades no acumulado do ano. 

A Caoa assumiu as rédeas da Chery e começou a transformar seus produtos e investir pesado na linha de SUVs Tiggo. Obviamente, o Celer e o QQ, (produzido na mesma unidade por menos tempo ainda) não tinham mais espaço e foram mais um dos carros que saíram de linha em tempo recorde.

Carros que saíram de linha
Foto | Chery/Divulgação

Volkswagen 1600

Produção: ✮1968 ✟1971 – São Bernardo do Campo (SP)

Esse é mais conhecido pelo apelido de Zé do Caixão, referência ao formato da carroceria do VW, que lembrava um carro fúnebre – e, para muitos, remetia também ao personagem imortalizado por José Mojica Marins. Infelizmente, a morte chegou realmente rápida para o sedã.

O 1600 foi lançado em 1968 e também chamado de Fusca quatro portas. Porém, modelos deste tipo, na época, eram vistos como carros de taxista pelo mercado, que tinha predileção pelas duas portas. Mesmo assim, foi um dos carros que saíram de linha apesar de vender bem.

Projeto 100% da VW brasileira e com motor 1.6 refrigerado a ar de 60 cv, o Zé do Caixão teve 38 mil unidades produzidas em três anos de vida. Isso mesmo com a linha de montagem interrompida depois de um incêndio na fábrica da Volks de Anchieta, no fim de 1970.

Volkswagen 1600 Carros que saíram de linha
Foto | Volkswagen/Divulgação

Carros que saíram de linha: Chevrolet Vectra GT

Produção: ✮2007 ✟2011 – São Caetano do Sul (SP)

Na segunda metade dos anos 2000, a General Motors já produzia e vendia por aqui o Astra nas versões hatch e sedã, além de uma nova geração do Vectra, mas cuja base era a mesma – e era chamado de Astrão. Mesmo assim, o fabricante resolveu criar uma versão hatch para o Vectra…

Daí nasceu o Vectra GT em 2007, que não era uma coisa nem outra. O modelo era a nova geração do Astra (uma à frente do brasileiro) que já existia na Europa. E de GT não tinha nem sopro. O motor era o mesmo manjado 2.0 da Família II da GM, que depois teve potência elevada para 140/133 cv.

O modelo chegou a passar por um facelift. E quem não lembra da variante com apelo visual mais esportivo, chamada GT-X? Tinha até uma cor alaranjada de lançamento restrita a carros de test drive de concessionárias. Mas em 2011 o Vectra GT nos deixou com pouca história para contar.

Carros que saíram de linha
Foto | GM/Divulgação

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