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Ao Volante: Renault Duster Oroch é picape que prioriza os passageiros

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Espaço interno é o maior destaque do modelo, uma vez que a capacidade de carga é semelhante à das concorrentes compactas; versão Dynamique 1.6 16V, avaliada, é bem-equipada e tem desempenho aceitável

teste_renault_duster_oroch_31Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

A Oroch chegou ao mercado com um público-alvo muito bem definido: aquele que deseja uma picape com espaço para levar toda a família, mas não tem condições de ir muito além da barreira dos R$ 70 mil. Até a chegada dela, esse tipo de comprador tinha basicamente duas opções: uma caminhonete compacta nova, com banco traseiro limitado (esse mal acomete tanto a Fiat Strada quanto a Volkwagen Saveiro, as únicas compactas que têm essa opção de carroceria)  ou uma de maior porte, mas de segunda mão, o que implica em custos de operação maiores, tanto àqueles que vêm junto com qualquer caminhonete grande (seguro e peças mais caras) quanto à maior necessidade de manutenção, normalmente vinculada a veículos com maior quilometragem. Agora, a Renault tem um produto com porte entre os dois segmentos citados, mas com preço mais perto do primeiro, para conquistar esses consumidores.

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teste_renault_duster_oroch_28Espaço para quem viaja atrás, de fato, é uma das virtudes mais evidentes da Oroch. O resultado é muito parecido com o do Duster, modelo no qual a picape é baseada: as acomodações são amplas para dois passageiros, com vãos mais que suficientes para as pernas e as cabeças até de pessoas de estatura mais elevada, e ainda razoáveis para três, sem aperto excessivo para os ombros. Outro ponto positivo é a presença de encostos de cabeça e de cintos de três pontos para todos. Ali, a única desvantagem em relação ao SUV é a inclinação mais vertical do encosto para as costas, que tende a gerar algum cansaço. Na frente, motorista e acompanhante também gozam de ótima área útil.

As semelhanças entre a Oroch e o Duster não acontecem por acaso.Os dois compartilham não só a plataforma e a estrutura do tipo monobloco, mas também muitas peças de estamparia: só a partir das portas traseiras é que surgem diferenças entre eles. Uma dessas diferenças é o tamanho, pois a picape é maior em todos os sentidos. A distância entre eixos cresceu 16 cm, chegando a 2,83 m, ao passo que o comprimento aumentou 36 cm, chegando a 4,693 m. Por dentro, os pontos em comum dos dois utilitários da Renault são ainda mais evidentes. Painel e forrações são exatamente os mesmos, e, portanto, o padrão de acabamento não muda entre ambos, com predominância de plásticos duros. A montagem, todavia, é boa, com encaixes bem-arrematados e sem rebarbas, e a adoção de apliques cromados e em preto brilhante ajudam a quebrar a monotonia visual. Pena que há parafusos aparentes nas maçanetas internas e no console central, denotando simplicidade.

teste_renault_duster_oroch_22CARA DE DUSTER, INTERIOR TAMBÉM

Como as mudanças surgem, basicamente, em decorrência da criação da caçamba, não é de se espantar que os dois modelos guardem tantas semelhanças. A posição de dirigir da Oroch, por exemplo, é idêntica à do Duster, com as mesmas qualidades, como os bancos que apoiam bem o corpo (o do condutor tem regulagem de altura), o volante de boa empunhadura e os instrumentos de fácil visualização (com luzes indicadoras de troca de marcha), e também os mesmos defeitos, entre os quais a coluna de direção ajustável apenas em altura (e não em profundidade), a inexistência de termômetro do fluido de arrefecimento no painel e algumas falhas de ergonomia (comando dos retrovisores elétricos de difícil acesso, abaixo da alavanca do freio de mão, teclas dos vidros elétricos parcialmente obstruídos pelos puxadores das portas e botão Eco distante das mãos, à frente da alavanca de câmbio). Para a frente e para os lados, a visibilidade da picape é tão boa quanto a do SUV. Para trás, todavia, houve redução significativa do campo visual do motorista. Felizmente, há retrovisores bem-dimensionados e sensores de ré; porém, diante desse inconveniente e do comprimento avantajado, bem que a Renault poderia oferecer também uma câmera de ré. No mais, os faróis biparabólicos iluminam bem, e os limpadores varrem boa área.

teste_renault_duster_oroch_14Se, por um lado, a Oroch se destaca em espaço para os ocupantes – chega a levar vantagem até mesmo sobre algumas picapes maiores nesse quesito –, em volume de carga ela está no mesmo patamar das concorrentes compactas. A caçamba comporta 683 litros, praticamente o mesmo de uma Strada Cabine Dupla (680 litros) e não muito além de uma Saveiro Cabine Dupla (580 litros). Assim, se a ideia for transportar grandes objetos, como motocicletas ou jet-skis, é necessário adquirir um extensor de caçamba, que já foi desenvolvido pela Renault, mas é vendido à parte, como acessório, nas concessionárias. O modelo da Renault tampouco leva grande vantagem na capacidade de transportar peso. A capacidade é para até 650 kg, exatamente a mesma da concorrente da Fiat e, novamente, pouco mais que a da Volkswagen (que leva 607 kg).

NA LEVADA DO 1.6 16V

Nada mais natural que dois veículos que compartilham tantos componentes tenham em comum também a parte mecânica. A Oroch avaliada pelo Autos Segredos estava equipada com o motor menos potente da linha, o 1.6 16V de origem Renault herdado do Duster. Já bem conhecido pelo mercado, ele tem bloco confeccionado em ferro fundido, cabeçote em alumínio e duplo comando de válvulas no cabeçote, sem qualquer tecnologia de variação, movimentado por correia dentada. No primeiro semestre deste ano, porém, esse propulsor passou por uma remapeamento, para aplainar a curva de torque, cujos valores máximos são de 15,9 kgfm com etanol e de 15,1 kgfm com gasolina, sempre a 3.750 rpm. Pena que a atualização não envolveu o sistema de partida a frio, que mantém o incômodo tanquinho auxiliar. Já a potência máxima é de 115 cv com o primeiro combustível e de 110 cv com o segundo, a 5.750 rpm. Assim como no SUV, esse propulsor é associado unicamente a um câmbio manual de cinco marchas.

teste_renault_duster_oroch_1O desempenho da Oroch é muito semelhante ao do Duster. Isso, até certo ponto, é esperado, devido ao compartilhamento da mecânica. Mas há um detalhe que poderia ter feito a diferença: o peso. A picape tem 1.292 kg, exatos 90 kg a mais que o SUV. Na prática, todavia, a caminhonete não mostrou desvantagem evidente em performance. Rodando sem carga, o resultado é satisfatório. Graças à elasticidade do propulsor, o modelo consegue entregar alguma agilidade no trânsito urbano. Na estrada, ele acompanha bem o fluxo, desde que o motorista trabalhe a alavanca de marchas para deixar o propulsor girando mais alto em subidas e ultrapassagens. Durante a avaliação, foi impossível experimentar a Oroch com carga máxima. Porém, ela enfrentou um trecho rodoviário com cinco pessoas a bordo e ar-condicionado ligado; nessa situação, a piora no rendimento, apesar de perceptível, não chegou a ser crítica.

CARGA MULTIBRAÇO

A dirigibilidade inclui ainda boa estabilidade, que permite manter o embalo em trechos sinuosos, sem ter de reduzir demais antes de curvas. É claro que a altura elevada da carroceria faz com que o equilíbrio não seja tão bom quanto o de um hatch ou de um sedã, mas o resultado pode ser considerado acima da média dentro da proposta. Aliás, todo o acerto da suspensão se mostrou bem-resolvido, pois, além de estável, o veículo também é relativamente confortável em pisos desnivelados. Como ocorre em toda picape, a maior carga nas molas e nos amortecedores posicionados sob a caçamba torna o eixo traseiro menos capaz de filtrar as imperfeições do solo que o dianteiro, porém, ainda assim, a absorção dos impactos do piso é muito boa para um veículo de carga. Essa característica, aliada à altura livre em relação ao solo de 20,6 cm e aos bons ângulos de ataque e de saída, de 26° e de 19,9°, respectivamente, faz com que a Oroch encare estradas de terra e vias malconservadas com muita desenvoltura (desde que não haja trechos radicais, pois, ao menos por enquanto, toda a linha tem tração dianteira). Mérito do conjunto suspensivo traseiro, que é independente do tipo multibraço, com molas helicoidais (o dianteiro segue a tradicional arquitetura McPherson). Em tese, um sistema com feixes de molas é mais apropriado para suportar peso, sob a condição de prejudicar o comportamento dinâmico, mas há no mercado exemplos de utilitários bem-sucedidos comercialmente que não adotaram essa solução. Todavia, só o tempo dirá se a caminhonete da Renault irá figurar entre eles ou não.

teste_renault_duster_oroch_9O câmbio, por sua vez, apresenta engates macios, mas o curso muito longo da alavanca prejudica a precisão. O escalonamento das marchas é curto – trata-se de outra artimanha para melhorar as respostas da picape –, tanto que, a 120 km/h, o tacômetro registra elevados 3.700 rpm em quinta. Já a direção, que tem assistência hidráulica, é firme em alta velocidade, mas um tanto pesada em manobras. Os freios utilizam discos apenas no eixo dianteiro. Atrás, apesar da significativa massa corporal da picape, há tambores. Verdade seja dita, não há sustos durante as frenagens: a Oroch para em espaços razoáveis, sem desvios de trajetória, e a modularidade do pedal é boa. Mas os resultados poderiam ser melhores com um sistema mais caprichado.

Em consumo de combustível, a Oroch obteve marcas condizentes com seu porte e sua mecânica. Abastecida com gasolina, ela cravou 9,1 km/l em circuito urbano e 12 km/l em trechos rodoviários. As aferições foram realizadas sem a ativação do botão Eco; caso tovesse sido acionado, ele limitaria a potência e o torque do motor e reduziria a capacidade do ar-condicionado. Vale lembrar que vários fatores influenciam a eficiência energética dos veículos, como as condições do tráfego, as características das vias e a tocada do condutor.

teste_renault_duster_oroch_10PREÇO DE PICAPE COMPACTA

A versão Dynamique 1.6 16V, avaliada, tem preço sugerido em R$ 66.790. O pacote de itens de série é bem completo: inclui ar-condicionado manual, vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque e sistema antiesmagamento, travas elétricas com acionamento a distância e ativação automática quando o veículo atinge 6 km/h, retrovisores elétricos, computador de bordo, controlador de velocidade, alarme, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 16″  e sistema multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque, entrada USB e conexão bluetooth, além de freios ABS e airbags frontais, que são obrigatórios por lei. O único item opcional é o revestimento em couro dos bancos, que acrescenta R$ 1.700.

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A avaliação não deixa dúvida: a Renault tem um bom produto para brigar no segmento de picapes. Além de ser única capaz de combinar o espaço interno dos modelos grandes com a capacidade de carga e o preço dos compactos, ela traz vantagens como a boa dirigibilidade e oferta consistente de equipamentos. O único ponto a se considerar é a motorização: o 1.6 16V até dá conta do recado, mas o mais forte 2.0 16V, acoplado a um câmbio manual de seis marchas, acrescenta apenas R$ 4.000 ao valor final da versão Dynamique. O Autos Segredos ainda não teve a oportunidade de experimentar a Oroch 2.0 – algo que deverá ocorrer em breve – mas, a julgar pelo comportamento do Duster, que é bem parecido, ela deve ser muito mais divertida de guiar.

 

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho (acelerações e retomadas) 7 7
Consumo (cidade e estrada) 7 6
Estabilidade 7 7
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 7 8
Espaço interno 9 9
Caçamba (espaço) 6 6
Acabamento 7 8
Itens de segurança (de série e opcionais) 7 7
Itens de conveniência (de série e opcionais) 8 8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 7
Relação custo/benefício 7 7

FICHA TÉCNICA

»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, com diâmetro de 79,5 mm e curso de 80,5 mm, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.598 cm³ de cilindrada, 110 cv (g)/115 cv (e) de potência máxima a 5.750, 15,1 kgfm (g)/ 15,9 mkgf (e) de torque máximo a 3.750 rpm

»TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

»ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
14,3 segundos com gasolina e 13,2 segundos com etanol

»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
160 km/h com gasolina e 164 km/h com etanol

»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica variável

»FREIOS
Discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

»SUSPENSÃO
Dianteira: independente do tipo McPherson; traseira: independente do tipo multilink

»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve aro 16, pneus 215/65 R16

»DIMENSÕES 
Comprimento, 4,693 m; largura, 1,821 m; altura, 1,695 m; distância entre-eixos, 2,829 m; altura em relação ao solo, 206 mm, peso, 1.292 quilos

»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 50 litros; caçamba: 683 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 650 quilos

teste_renault_duster_oroch_19Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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