Veja modelos icônicos do país que está no centro das atenções – e das tensões – do mundo no momento
Por Fernando Miragaya
Os carros russos sempre foram distantes da nossa realidade. Mas a presença da Lada, com seus modelos robustos e datados na década de 1990, nos colocou a par do mundo automotivo do gigante país transcontinental – para o bem e para o mal. Hoje, o mercado de veículos da nação que protagoniza a Guerra na Ucrânia evoluiu bastante.
Mesmo assim, a paisagem das ruas russas ainda mescla veículos icônicos, alguns que remetem ao passado soviético, com modelos de luxo e automóveis conhecidos de nós, brasileiros. Nesta lista com 11 carros russos emblemáticos, vamos relembrar modelos da Lada – que domina a lista – e outros da época da União Soviética, com best sellers do mercado local.
Хорошее чтение!!!
Lada 4×4 – Niva
Primeiro automóvel a ser importado para o Brasil após a reabertura do mercado em 1990, o robusto jipe soviético ainda é produzido pela AvtoVaz, montadora controlada pela Renault. Chamado atualmente apenas de 4×4 – o nome Niva foi adquirido pela General Motors, como você verá a seguir -, o utilitário continua como um dos carros russos mais famosos de todos os tempos.
Lançado em 1977, o jipão rústico preserva até hoje boa parte de suas características originais. Por aqui, foi vendido de 1991 a 1997 na maior parte do tempo com motor 1.6 de 73 cv de potência, com direito à versão Pantanal. Nos últimos anos de atuação no país, a Lada ainda trouxe o Niva com motor 1.7.
O estilo quadradão e a lataria grossa para aguentar o inverno siberiano fazem do carro russo um símbolo de robustez para os amantes do fora-de-estrada raiz. A mecânica reforça isso. O Lada Niva tem tração integral permanente e reduzida, ângulo de entrada de 38º, ângulo de saída de 32º e 21,7 cm de vão livre do solo.
Lada Laika
Conhecido como Riva em outros mercados, o Laika – homenagem à raça do primeiro ser vivo a orbitar a terra na nave espacial soviética Sputnik 2 – foi um dos carros russos que a Lada trouxe para cá nos anos 1990. O desenho quadradão e o jeito de modelo da década de 1970 logo motivou piadas, algumas até justas, já que a base do automóvel era o Fiat 124, cuja produção havia se encerrado em 1974.
De qualquer forma, para um carro da Rússia (e da Lada), o sedã compacto vendeu bem no Brasil – a variante station wagon, que mais parecia uma Fiat Panorama desengonçada, teve desempenho comercial bem mais discreto. Tinha suspensão bastante dura, acabamento simples e motor 1.6 que trabalhava com câmbio manual de cinco marchas. O sedã foi produzido até 2012.
Lada Samara
O hatch chegou ao Brasil na esteira das operações da Lada com um ar mais requintado. De fato, era um projeto mais moderno, Foi lançado em 1984 como VAZ-2108 pela então soviética AvtoVAZ para ser um carro russo para exportação. O desenho também era menos datado que os dos camaradas Niva e Laika.
Por aqui, o Samara foi vendido com motor transversal carburado com derivações 1.3 de 65 cv e 1.5 de 72 cv. Começou até com bons números, mas falhas na “tropicalização” do motor e dos componentes fizeram com que tivesse vida curta. Deixou de ser um dos carros russos importados pela Lada em 1995.
Lada Granta
O Lada Granta é um dos carros mais populares e baratos da Rússia. Por isso mesmo, disputa a liderança de emplacamentos no país com o Kia Rio, outro fenômeno de vendas no país. Sucessor do Laika e do Samara, foi lançado em 2012 e hoje tem variantes hatch, sedã e station wagon.
Com 4,26 metros de comprimento e 2,47 m de entre-eixos, o carro é baseado no Kalina e usa motores a gasolina 1.6 de oito e 16 válvulas. No design, lembra o falecido Symbol. Nem surpreende, já que, como dito, a AvtoVAZ tem a Renault como uma das principais acionistas.
Carros russos: Zil
A União Soviética teve sua limusine entre as décadas de 1950 e 60. Foi o Zil-111, um gigantesco sedã de luxo que teve duas gerações e deixou de ser produzido em 1967. Um detalhe é que o carro russo entrou para o Guinness Book – o Livro dos Recordes – como o maior automóvel de passageiros do mundo.
Também, pudera, presta atenção nesses números do Zil: 6,19 metros de comprimento – mais de um Fiat Mobi “e meio” -, 3,74 metros de entre-eixos – maior que um Renault Kwid -, 2,04 m de largura e 1,63 m de altura. Para mover as mais de 2,8 toneladas, o motor era um 6.0 V8 de 200 cv.
Gazelle
A Gaz (Fábrica de Automóveis Górki) é uma das mais famosas marcas de carros da Rússia e hoje é especializada em veículos comerciais leves. A montadora produz ônibus e uma gama composta de furgões, vans, microônibus e chassi-cabine conhecida como Gazelle. Entre os motores, opções a gasolina 2.7 de 106 cv e 3.0 de 122 cv, além de versão a diesel com 149 cv e uma variante bicombustível com GLP de 104 cv.
Carros russos: Gaz-21 Volga
O Volga foi um dos carros russos mais famosos de todos os tempos. Lançado em 1955, o sedã foi sinônimo de inovação tecnológica na época. Tinha opção de câmbio automático, amplo espaço interno, design inspirado nos modelos “ianques” do período e para-brisa inteiriço. Foi o carro preferido dos funcionários do alto escalão da União Soviética e também virou lenda por ser usado por muitos agentes da KGB. Depois, tornou-se o queridinho dos taxistas no país.
Também foi o presente que o astronauta soviético Iuri Gagárin ganhou após ser o primeiro homem a fazer uma viagem espacial, em 1961. E adivinhem quem também é fã do carro? Vladimir Putin, isso mesmo. Em 2005, a propósito, o presidente russo levou o então presidente dos Estados Unidos George W. Bush para dar uma volta no sedã.
Com uma segunda geração em 1967, o Volga foi produzido até 2010. Entre os motores neste mais de meio século de vida, um 2.4 quatro-cilindros e um 5.5 V8.
Moskvitch 412
Outro famoso carro da Rússia dos tempos da União Soviética é este sedã com proposta familiar. Ele foi produzido pela MZMA – atual AZLK – entre 1967 e 1975. Tinha 4,15 metros de comprimento, 2,40 m de entre-eixos e no desenho lembrava vagamente um Trabant, o automóvel símbolo da República Democrática da Alemanha, a Alemanha Oriental.
Durante o tempo em que foi fabricado, teve derivações station wagon, van (para transporte de carga) e até picape. O motor era um 1.5 de quatro cilindros.
Carros russos: Chevrolet Niva
O Niva agora é da General Motors. Pois é, a Chevrolet adquiriu os direitos de uso do nome do jipe famoso da Lada em 2002 e tratou de lançar seu próprio Niva. A plataforma, porém, é a mesma do utilitário clássico russo dos anos 70, enquanto o design foi claramente inspirado no Tracker de primeira geração – que era basicamente um Suzuki Vitara.
O Chevrolet Niva foi reestilizado uma vez e atualmente é comercializado na Rússia em uma rede separada da Chevrolet.
EXCLUSIVO: NISSAN SENTRA RETORNARÁ AO BRASIL
Ravon R4
Esse é o nome do carro que conhecemos por aqui como Chevrolet Cobalt. Apesar de ser de a marca ser do Uzbequistão,o R4 foi um carro desenvolvido com foco no mercado russo. Importante explicar que a Ravon nasceu de uma parceria entre a estatal uzbeque Uz ArteSanato e a General Motors (via Daewoo), e que hoje integra o grupo UzAuto Motors.
Por aqui, o Cobalt deu adeus em 2020. Na Rússia ele foi lançado em 2016. Por lá, o Ravon R4 é equipado com motor 1.5 a gasolina de 106 cv. A transmissão pode ser manual de cinco marchas ou automática de seis velocidades.
Carros russos: Aurus Senat
O Mercedes russo começou a ser idealizado em 2013 mas só foi apresentado em meados de 2021. Baseado no Aurus Senat L700, a limusine usada como carro oficial de Vladimir Putin, o sedã de luxo foi criado justamente para substituir a frota de modelos da marca premium alemã usados por funcionários e autoridades pelo alto escalão do Kremlin.
É um dos carros russos mais caros da história, e custa acima do equivalente a R$ 1,2 milhão. A produção fica a cargo da Sollers, empresa privada que fabricava carros da Ford, como Fiesta, Focus e EcoSport. O desenho propositalmente remete ao Rolls-Royce Phantom e o motor é um 4.4 V8 da Porsche.
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