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Nostalgia: V8 galopante

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Lançado na década de 1960, o Ford Mustang tornou-se um ícone da indústria automobilística norte-americana e um dos esportivos mais famosos do século XX

Alexandre Carneiro Soares (*)
Especial para o Autos Segredos

Como você classificaria um carro com mais de 4,6 metros de comprimento? No Brasil, tal medida sempre caracterizou veículos grandes e luxuosos. Mas nos Estados Unidos dos anos de 1960, quando os sedans familiares ultrapassavam a marca dos seis metros, o Mustang, com seus 4,61 metros, foi chamado de compacto. Por lá, o modelo conseguiu unir duas características aparentemente inconciliáveis: preço acessível e esportividade.

O lançamento ocorreu em abril de 1964, no Salão do Automóvel de Nova York, quando estrearam as carrocerias cupê e conversível. O sucesso foi imediato: o público adorou o Mustang, e logo no primeiro dia de vendas, 22 mil unidades foram encomendadas. Em outobro de 1964, era lançada mais uma opção de carroceria: a fastback. Ao fim do primeiro ano de produção nada menos que 418 mil exemplares haviam saído da fábrica. O nome tinha origem em uma raça de cavalos criada naquele país. O emblema do carro remetia ao mesmo tema: um cavalo galopando em direção ao oeste enfeitava a grade dianteira.

Por dentro, o Mustang era confortável, mas não oferecia muitos luxos (para os padrões do mercado norte-americano). A ideia era não aumentar o preço para o consumidor. Os bancos dianteiros individuais eram confortáveis, enquanto na traseira o espaço era apenas razoável. O painel não escondia sua confecção em plástico, enquanto o belo volante esportivo de três raios roubava a cena.

FORÇA BRUTA Era possível optar entre quatro motores, dois seis cilindros em linha e dois V8. O mais vigoroso tinha 4.727 litros, e em sua configuração básica, rendia 210 cavalos de potência bruta. Mas quando era equipado com carburador de corpo quádruplo e taxa de compressão mais elevada (opcionais), a potência bruta saltava para 271 cavalos. Esse motor era conhecido como 289, número traduz sua capacidade volumétrica em polegadas cúbicas (no Brasil e na maioria dos países do mundo, a medida é feita em centímetros cúbicos, ou em outras palavras, em litros).

A variedade de câmbios também era grande, com duas opções manuais, de três ou quatro velocidades, e uma automática, de três velocidades. Grande parte dos componentes era compartilhada com o Ford Falcon, um veículo do mesmo porte do Mustang, mas de apelo menos esportivo e mais popular.

Nos anos seguintes, o esportivo da Ford manteve o elevado volume de vendas. Em 1966, mais de um milhão de unidades já haviam deixado as fábricas. A maioria dos proprietários optava pelo motor V8. Apesar de mais caras, as versões mais potentes venderam cerca de duas vezes mais que as equipadas com motor seis cilindros. No que diz respeito à carroceria, a supremacia era do cupê, com aproximadamente 75% do mercado. O conversível e o fastback ficavam, meio a meio, com o restante.

AMADURECENDO Em 1967, o Mustang passaria pelas primeiras modificações estéticas. O capô foi fornido de duas saídas de ar e agrade recebia novos elementos. Na traseira, a lataria ficava mais côncava, as lanternas eram divididas em três componentes verticais (no modelo anterior, as luzes também eram agrupadas em filetes, mas em uma única peça), e o conjunto óptico ficava maior. Para abrigá-lo, a tampa do porta-malas ganhava dois recortes nas extremidades. Nas laterais, os vincos das portas e pára-lamas estavam mais pronunciados. No interior, havia um novo volante e novos revestimentos, e o painel de instrumentos também sofria mudanças. O comprimento aumentou em seis centímetros.

Embaixo do capô, mais novidades: os motores de seis cilindros ficavam mais potentes e o topo de linha passava a ser o enorme V8 390, com 6.390 litros e 315 cavalos. A suspensão passava por melhorias e tornava o veículo mais estável. Em 1968, era introduzido um novo propulsor, o V8 302, com 4.942 litros e 220 cavalos com carburador de corpo duplo ou 233 cavalos com carburador quádruplo. Esse motor é bem conhecido pelos brasileiros, pois na década de 1970, foi importado pela Ford para equipar a versão esportiva do Maverick nacional.

Já em 1969, mais modificações eram aplicadas ao modelo. Grade e molduras dos faróis ganhavam contornos mais inclinados, e o capô ficava mais “bicudo”. O emblema com o cavalo galopando saiu do centro da dianteira e foi para a esquerda. As alterações aumentavam a sensação de que o carro tinha “cara de mau”. O fastback ganhava uma pequena janela na coluna traseira e entradas de ar nos pára-lamas posteriores. O esportivo permaneceria sem alterações até ser totalmente redesenhado nos anos de 1970.

DECLÍNIO O cavalo da Ford teve várias gerações ao longo dos anos e continua sendo produzido até os dias de hoje. Entretanto, nenhum dos substitutos alcançou o sucesso de público e crítica do primeiro modelo. Um novo Mustang foi apresentado em 1971. Ele até mantinha o espírito esportivo, com motores potentes e bom desempenho, mas havia crescido demais, atingindo 4,75 metros de comprimento. Grande e pesado, teve suas características de dirigibilidade alteradas. O novo desenho, mais retilíneo, também não parecia estar à altura do antecessor. Nos anos seguintes, a crise do petróleo e as novas leis de emissões de poluentes adotadas nos Estados Unidos fariam a situação piorar ainda mais, tornando os motores cada vez menos potentes.

O Mustang II foi lançado já em 1974. Focado na economia de combustível, estava bem menor e chegou a receber um propulsor de quatro cilindros e 2.300 litros nas versões básicas, novamente compartilhado com o Maverick nacional. A proposta esportiva havia ficado para trás. Em 1979, outra reformulação completa. A carroceria recebia linhas angulosas, antecipando o estilo dos automóveis da década de 1980. O motor de quatro cilindros foi mantido nos modelos de entrada.

A esportividade só começaria a ser resgatada na geração apresentada em 1993. O estilo, se não era inovador, era muito agradável, e as versões de entrada agora eram equipadas com um propulsor V6. Os mais caros recebiam um V8. Esse modelo chegou ao Brasil via importação independente, nos primórdios do Plano Real. Em 1999, outra reformulação. O design estava mais agressivo, mas mantinha muito do estilo do modelo anterior.

Em 2005, era revelada a última geração do esportivo. As linhas, inspiradas no primeiro Mustang, fariam com que o carro fosse o mais bem sucedido desde o modelo original. O prestígio perdido ao longo das décadas estava de volta. Os motores também evoluíram: o consumidor podia escolher entre um V6 4.0 de 204 cavalos ou um V8 4.6 de 304 cavalos. A linha 2010 passou por uma leve mudança de estilo, com modificações nos conjuntos ópticos dianteiros e traseiros. Mas a maior novidade foi lançada no último Salão de Detroit, para equipar o Mustang 2011: um novo motor V8 5.0 com 412 cavalos de potência.

ESPECIAIS O Mustang sempre teve versões de alto desempenho, em geral limitadas pelo número reduzido de exemplares e pelo preço bem mais alto. A primeira foi a Shelby 350, que surgiu em 1965. O motor 289, modificado, passava a render 305 cavalos. Em 1967, era introduzido o Shelby 500, que atingia 355 cavalos, graças a um impressionante motor V8 428 de 7.051 litros. Em 1968, os Mustangs Cobra Jet e Super Cobra Jet desenvolviam, respectivamente, 335 e 360 cavalos. A versão Mach I, lançada em 1969, tinha o capô pintado em preto fosco e oferecia três opções de propulsores V8. Ainda em 1969, estreavam o Boss 302 e o Boss 429, com 290 e 375 cavalos, respectivamente. O último levava ao esportivo um propulsor de 7.030 litros.

As gerações posteriores também tiveram versões esportivas. Nos anos de 1980 houve a SVO, dotada de um quatro cilindros turbo. Na década de 1990, a performance ficou a cargo do Mustang SVT, e no século XXI, foi a vez do Cobra R, ambos dotados de motores V8. No último mês de agosto, a Ford apresentou uma nova safra do carismático Mustang Boss, equipado com o recente propulsor 5.0, mas com a potência ampliada para 440 cavalos.

BEM NA FOTO Nas imagens, vê-se um Mustang conversível de 1968. O veículo está impecável e preserva todas as suas características originais. O proprietário é morador de Belo Horizonte, e as imagens foram feitas na Praça Israel Pinheiro, chamada popularmente de “Praça do Papa” e localizada na região centro-sul da cidade.

FICHA TÉCNICA
Ford Mustang 1968

Motor: Dianteiro, longitudinal, 8 cilindros em “V”, 2 válvulas por cilindro, gasolina, 4,737 cm³, potência máxima (bruta) de 271 cv a 6.000 rpm e torque máximo (bruto) de 43,1 kgfm a 4.200 rpm
Transmissão: Câmbio automático de três velocidades ou manual de três ou quatro velocidades, tração traseira
Direção: Setor e rosca sem-fim, hidráulica
Freios: Disco na dianteira e tambor na traseira
Pneus: 205/70 R 14
Carroceria: Conversível, duas portas, 4 passageiros
Dimensões (metros): Comprimento 4,663; largura 1,801; altura 1,31; entre-eixos 2,74
Peso: 1.282 kg
Capacidades (litros): tanque de combustível: N/D; porta-malas: N/D

(*)  O autor do texto é arquiteto e jornalista

Fotos Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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