Enquanto mercado retraiu 26,6%, alguns modelos tiveram quedas de mais de 60%, no comparativo com 2019; veja quais carros mais sofreram em vendas no ano passado

Por Marcelo Jabulas

A pandemia do Covid-19 tem sido devastadora em todo o mundo. E os efeitos do coronavírus tem castigado não só humanos, mas também diferentes setores da economia, como a indústria de automóveis. Alguns modelos foram duramente impactados pelo fechamento dos mercados e viram seus volumes despencaram em 2020.

Catalogamos 10 automóveis que viram suas vendas despencar muito além dos 26,6% anotados pelo setor. São modelos de grande volume e que sofreram quedas significativas no ano passado, comparado com os números registrados em 2019.

Dessa forma, vamos deixar de lado o Citroën C3, que teve retração de 66,1%. O hatch francês, que já foi dado como morto e esqueceu de cair, despencou de modestos 2.857 licenciamentos em 2019 para irrisórios 967 carros emplacados em 2020. Então, vamos aos modelos com desempenho acima dos quatro dígitos.

Renault Captur

O modelo que mais sofreu com a pandemia foi o Renault Captur. O SUV francês viu seu volume de vendas encolher 62% em 2020, no comparativo com 2019. No ano passado, foram licenciadas apenas 10.870 unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Para se ter uma ideia, em 2019 foram 28.660 emplacamentos.

Além dos efeitos na economia e também no fechamento do comércio. O Captur teve seu projeto de reestilização e motor turbo atrasado. E num ano em o Duster ganhou nova geração e estrearam Nivus e o novo Tracker. Ficou difícil optar pelo caro e pouco atrativo francês.

Toyota Etios

O Etios não tem tido vida fácil. Em 2019, ele vendeu somente 18.963 unidades. Um volume modesto para um compacto de entrada. Já em 2020 suas vendas encolheram 54%. Foram apenas 8.699 unidades licenciadas, segundo a Fenabrave. Um desempenho digno de Citroën C3, mas com a diferença de levar o lastro da marca japonesa.

O que pesa contra o Etios, além de seu estilo desagradável, é o fato de que o carro vem sendo cotado para sair de linha. Além disso, a Toyota enxugou sua linha em 2020, o que deixou o carrinho mais caro. Trata-se de um carro que é procurado por um perfil de consumidor que depende muito do crédito para poder efetivar a compra. E com as demissões e suspensões de contrato, ficou difícil para esse consumidor se aventurar num carro novo.

Renault Sandero

Novamente a Renault sentiu os efeitos do coronavírus. O Sandero viu suas vendas encolherem 47,7% em 2020. Em 2019 o hatch acumulou 50.303 unidades emplacadas, segundo o boletim da Fenabrave. Já no ano passado, o compacto franco-romeno terminou o ano com 26.344 licenciamentos. Um dos piores desempenhos de sua carreira.

O Sandero sofre o mesmo problema do Etios. Trata-se de um modelo que compõe as prateleiras mais baixas do mercado e atende a consumidores que dependem de aprovações de financiamento. Assim como o japonês, é um modelo que há muito ultrapassou a barreira dos R$ 50 mil iniciais.

Honda Fit

Dizem que o cliente Honda é fiel. Mas convenhamos que em 2020 não houve amor à marca para fazer com que consumidor comprasse o Fit. O monovolume também teve queda expressiva, com retração de 47,5% de seu volume. De acordo com a Fenabrave, o Fit anotou 12.833 licenciamentos no ano passado. Quase metade dos 24.457 de 2019.

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Ao contrário de Sandero e Etios, que brigam no pelotão de acesso, o Fit orbita numa faixa de preço em que se posicionam SUVs de entrada, assim como as opções mais recheadas de hatches e compactos. E sem novidades, o Fit viu seu fiel consumidor ciscar no terreiro dos vizinhos, que hoje se seduzem muito mais por um jipinho como Tracker e o aventureiro Nivus, do que por um monovolume.

Chevrolet Onix

Até mesmo a realiza sentiu a pancada da pandemia. Nenhum outro carro perdeu tanto quanto o Onix. Se a nova geração do hatch, combinada com a antiga carroceria, fechou o ano como líder com respeitáveis 135.351 unidades, seu volume é quase a metade do que o hatch anotou em 2019, quando acumulou 241.214 carros emplacados. Uma queda de 44%, percentualmente não é a mais forte, mas números totais foi uma catastrofe.

O grande problema do Onix foi que a GM tinha acabado de virar sua geração. Se o mercado tivesse seguido na normalidade, ela poderia poderia projetar volumes mais expressivos. O probelma é que o mercado fechou, a economia encolheu e ela precisava pagar a conta da nova geração.

A solução foi reajustar valores. O Onix encareceu assustadoramente. Em novembro de 2019, com a versão doi volumes chegou ao mercado, o carrinho partia de R$ 48,5 mil. Hoje a opção mais barata tem preço inicial de R$ 68.190. E até mesmo o Joy, que divide com a nova geração a contagem de licenciamentos, ficou mais caro. Hoje, o veterano parte de R$ 58.290.

Volkswagen Polo

Outro que também perdeu mercado por conta da “remarcadora” foi o Polo. O hatch alemão encolheu 42% em 2020. foram 41.863 unidades, contra 72.057 emplacamentos em 2019, de acordo com a Fenabrave.

O Polo sempre foi um carro caro e encareceu ainda mais em 2020. No entanto, outro fator que pode ter contribuído para o menor volume foi a chegada do Nivus. O aventureiro que é um Polo bacanudo e que registrou 16.278 unidades de julho a dezembro.

Outro “fogo amigo” do hatch foi o T-Cross, com seus 60.119 emplacamentos. Aquela história, se vai pagar caro, que seja pelo modelo que tá na crista da onda.

Renault Kwid

Olha a Renault outra vez. Depois de ver as vendas do Captur e Sandero liderando o ranking de queda (em pontos percentuais), o pequenino Kwid, que é o principal produto da marca viu as 85.117 unidades de 2019 se transformarem em 49.475 licenciamentos em 2020.

As razões são basicamente as mesmas de Etios e Sandero, a falta de crédito. O Kwid é um carro que figura na base do mercado. E quando não é consumidor que tem pouco poder de compra pra levá-lo para casa é o frotista que aposta nele como opção menos salgada para botar seu time na rua. Com o mercado estacionado, o empresariado ficou sem caixa para renovar frota.

Ford Ka

O Ka disputou com o HB20 a vice-liderança em 2019. foram 104.331 unidades emplacadas, de acordo com a Fenabrave. Este ano, suas vendas despencaram 35,3% e o pequeno baiano fechou o ano com 67.491 licenciamentos.

Um dos fatores que impactou nas vendas do Ka foi a decisão da Ford em cortar a oferta no modelo de venda direta. Em coletiva com a imprensa, no final do ano, executivos deixaram claro que o modelo reduzia a rentabilidade. Assim, a marca preferiu abrir mão do volume do que da margem unitária.

Nissan Kicks

Quem diria! O Nissan Kicks que surfava numa onda ascendente até 2019, também viu seus números despencarem em 2020. O SUV japonês fechou o ano com 36.433 unidades, uma retração de 35% sobre os 56.060 emplacamentos de 2019.

O Kicks como todos os modelos oferecidos no Brasil também ficou mais caro. A Nissan aplicou a mesma lógica de aumentar os preços para compensar as perdas numéricas. Outro fator que também contribuiu para um volume de quase 20 mil carros a menos foi a chegada de novos rivais no concorrido segmento SUV, com as estreias de Tracker, Nivus e Duster.

Honda HR-V

O HR-V já andava tropeçando na tabela de emplacamentos antes mesmo de ser atropelado pela pandemia e é um dos carros que sofreram em vendas no ano passado. Em 2019, o SUV da Honda, que já tinha sido líder na categoria em 2015 e 2016, acumulou 49.488 unidades. Em 2020, foram 32.511, um retrocesso de 34,5%, conforme os números da Fenabrave.

Assim, o HR-V fechou o ano na sétima posição entre os SUVs. O grande vilão do HR-V é seu preço elevado. O jipinho nipônico não sai por menos de R$ 106 mil e pode chegar perto dos R$ 150 mil, onde orbitam modelos de porte médio. Não há emblema que convença, quando o boleto não cabe no orçamento.

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