Caoa Chery Tiggo 3X chega com a inédita combinação de motor 1.0 turbo e câmbio CVT

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Quinto integrante da família de SUVs da montadora é uma evolução do Tiggo 2, mas traz novas tecnologias. Tiggo 3X chega nas versões Plus e Pro

Por Hairton Ponciano Voz
Especial para o Autos Segredos

Não poderia haver melhor prova de fogo. No pé de uma longa subida íngreme que leva ao topo da serra da Cantareira, na zona norte da cidade de São Paulo, o Tiggo 3X está prestes a revelar se a inédita combinação de motor 1.0 (turbo) e câmbio automático CVT funciona adequadamente e dá conta do recado. A dúvida deve-se ao fato de que esse tipo de transmissão costuma deixar o carro um pouco lento nas respostas, sintoma que se revela com mais clareza em motores de baixa cilindrada. Pois o novo integrante da família de SUVs da Caoa Chery não desapontou. Após uma leve titubeada na saída, o Tiggo 3X disparou morro acima com determinação, praticamente ignorando o forte aclive. O modelo chega em duas versões. A Plus custa R$ 94.990, enquanto a Pro sai por R$ 99.990. Assim, ele fica entre a versão mais cara do Tiggo 2 (R$ 91.190) e o 5X, que tem versão única, TXS, por R$ 121.990.

Preços do Tiggo 3X

Os preços citados acima são especiais de lançamento e válidos por tempo indeterminado. Os valores oficiais sugeridos pelo fabricante após a ação de lançamento será de R$ 100.990 para a versão Plus e R$ 104.990 para opção Pro.

O novo SUV é uma evolução do Tiggo 2, que por sua vez é sucessor do hatch Celer. Embora a plataforma seja a mesma, ele traz novidades tanto na parte visível (por dentro e por fora) como no lado oculto, caso de motor e transmissão. O modelo foi lançado em outubro na China e está sendo produzido em Jacareí (SP), na mesma fábrica de onde também sai o Tiggo 2, e que deve continuar em linha. Os outros SUVs (5X, 7 e 8) são feitos em Anápolis (GO). A frente é totalmente nova, incluindo grade, faróis, para-choque e capô. Na parte invisível, a maior novidade é o motor 1.0 turbo de três cilindros (102 cv com etanol e 98 cv com gasolina), além do câmbio CVT, que apesar da relação continuamente variável simula nove marchas.

Começando pela parte visível, o que mais chama atenção é a ampla grade. Ela adianta o estilo que deverá ser seguido pelos demais membros da família Tiggo, nas futuras reestilizações. Além de volumosa, na versão Pro ela é decorada com pontos cromados, que causam belo efeito visual. Na Plus não há esse efeito tridimensional. Afora a grade, o Tiggo 3X ostenta faróis no estilo da Fiat Toro: luzes diurnas (de LEDs) estreitas na altura do capô (de série nas duas versões) e faróis no para-choque. Na versão de topo eles são de LEDs.

Se na dianteira Tiggo 2 e 3X são bem diferentes, quando vistos de lado e de traseira é preciso prestar atenção nos detalhes para saber qual é qual. A maior diferença na lateral é que o novo SUV tem menos plásticos na parte inferior das portas, embora mantenha as molduras escuras nas caixas de roda. As rodas de liga leve de 16″ também são novas, e têm desenho específico, dependendo da versão. A Pro recebeu ainda um friso cromado na base dos vidros laterais (preto na Plus), com o nome do carro na coluna traseira. Atrás, uma das poucas novidades é o friso preto brilhante unindo as lanternas, de LEDs. Além disso, o para-choque também é novo, e traz duas saídas de escape falsas.

Quadro de instrumentos é digital

Por dentro, o Tiggo 3X chama atenção principalmente no painel. A central multimídia tem tela tátil de 9″ compatível com Apple CarPlay e Android Auto. E o quadro de instrumentos digital é colorido e tem 7″ no Tiggo 3X Pro. No Plus, a tela é de 3,5″.

O curioso é que o desenho do velocímetro (do lado esquerdo) e conta-giros (direito) lembram parênteses, e envolvem as demais informações, que aparecem no centro – ou entre parênteses. É o caso do computador de bordo e dados como pressão e temperatura dos pneus. Essa última informação, de acordo com o gerente de marketing da empresa, Henrique Sampaio, serve para denunciar até uma possível roda desalinhada, que faria o pneu se aquecer mais que o normal (devido ao maior atrito com o solo). Apesar do interior de aparência moderna, o SUV oferece apenas uma porta USB, localizada na frente. Quem vai atrás não tem como carregar o celular, por exemplo, o que é uma falha numa época em que só se fala em conectividade.

O ar-condicionado tem ajustes manuais, e o porta-objetos à frente da alavanca de câmbio é emborrachado. Dessa forma, o celular deixado ali não fica balançando em curvas, por exemplo. O sistema de som apresentou muita variação de sinal nas rádios, que aumentava e diminuía frequentemente.

Após uma hora ao volante, o visor exibe uma xícara de café, sugerindo pausa para descanso. Porém, ao contrário de sistemas que monitoram o comportamento do motorista para detectar sinais de cansaço (como poucos movimentos, que podem sinalizar desatenção), no modelo da Caoa Chery trata-se apenas de um timer, programado para ser acionado a cada hora.

Torque do motor agrada

Depois de vencer o forte aclive da serra da Cantareira, o SUV compacto foi serpenteando a estrada sinuosa e revelando mais características. As respostas do conjunto motor-câmbio continuaram satisfatórias, revelando que o trabalho de dois anos de desenvolvimento do modelo surtiu efeito.

Obviamente, não se pode esperar desempenho muito vibrante, mas há uma clara evolução em relação ao Tiggo 2. Embora o novo 1.0 turbo seja menos potente que o 1.5 aspirado de quatro cilindros do Tiggo 2 (que rende 115 cv), o torque é o que importa em retomadas de velocidade. E nisso o Tiggo 3x se destaca. Enquanto o 1.5 gera 14,9 mkgf a 2.700 rpm, o 1.0 turbo fornece 17,1 mkgf a 2.000 rpm (16,8 mkgf com gasolina). São 15% a mais na faixa de 2.500 rpm e 28% a 2.000 rpm, de acordo com a Caoa Chery. Ainda segundo a fabricante, enquanto o Tiggo 3X alcança 172 km/h, o Tiggo 2 atinge 167 km/h. A aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 14,2 segundos, não é um número muito empolgante, mas no uso normal a dupla motor-câmbio faz sua parte com certa desenvoltura.

Os 102 cv, a propósito, ficam abaixo de propulsores com a mesma cilindrada da Volkswagen (128 cv), Chevrolet (116 cv) e Hyundai (120 cv). O motor de 12 válvulas, duplo comando variável e injeção indireta é importado da China, assim como a caixa CVT. Enquanto no Tiggo 2 o 1.5 é apoiado sobre coxins, o 1.0 do Tiggo 3X fica “pendurado”, com coxins fixados na linha de centro do propulsor. De acordo com a empresa, a mudança proporcionou redução de vibrações.

O desenvolvimento para torná-lo bicombustível foi feito no Brasil. Um dos destaques é o aquecimento do etanol para a partida a frio, feita nos bicos injetores, e não na flauta (técnica mais comum). Segundo a Caoa Chery, essa tecnologia resulta em menor gasto de energia elétrica.

As médias de consumo de combustível não são muito atraentes, principalmente na estrada, e especialmente levando-se em conta que se trata de um motor novo. De acordo com a empresa, com etanol o Tiggo 3X faz média de 7,8 km/l na cidade e 8,5 km/l na estrada. Com gasolina, a média sobe respectivamente para 11,2 km/l e 12,2 km/l.

O modelo oferece dois modos de condução, eco e esporte. A comutação é feita por meio de um botão que fica um pouco escondido, no canto inferior esquerdo do painel. Isso exige que o motorista desvie a atenção do caminho ou vá tateando até encontrá-lo. Mas nesse caso há o risco de desativar o controle de estabilidade, que fica ao lado. Resumindo, e aqui vai nossa contribuição sem fins lucrativos à Caoa Chery: o ideal é movê-lo para algum outro ponto de maior visibilidade no painel.

De qualquer forma, é muito trabalho para pouco resultado, porque na prática o desempenho não muda de forma considerável. A maior alteração é que a opção alterna também a cor do painel de instrumentos, que vai do calmo azul (modo econômico) para um escandaloso vermelho (esportivo). Isso significa que a mudança é mais visível do que sensível no pedal. Não há borboletas para trocas manuais no volante. Mas a alavanca no console oferece simulação de nove marchas.

Suspensão privilegia maciez

Nas curvas, fica evidente que a opção foi pelo conforto. A suspensão macia faz com que a carroceria se incline um pouco à medida que o Tiggo 3X vai contornando os caminhos da serra. Em frenagens a frente abaixa um pouco. Como o modelo é relativamente estreito, o apoio de porta fica praticamente colado ao cotovelo do motorista. Assim, não há muito espaço para abrir os braços sem bater na porta. No banco traseiro, passageiros com até 1,80 metro irão encontrar espaço para pernas e cabeça. O porta-malas acomoda 420 litros. A direção elétrica não é muito comunicativa e tem uma relação indireta. Significa que é preciso esterçar um pouco mais para as manobras. A coluna é ajustável apenas em altura. O pedal de freio também não tem muita progressividade. No início do curso ele passa a impressão de que ainda não está atuando. A ação de frenagem mesmo vem quando o pé está mais no fundo. Em outras palavras, não se pode esperar do Tiggo 3X a mesma sensação de carro “na mão” oferecida em irmãos maiores como Tiggo 5X e 7. De qualquer forma, o modelo deve agradar quem busca conforto. Os pneus são largos de perfil baixo (205/55 R16).

Visto de lado, o novo SUV compacto parece bem alto, o que de certa forma explica a sensação de balanço da carroceria, e também os bons ângulos de entrada e saída. De acordo com a Caoa Chery, o Tiggo 3X tem ângulo de entrada de 20,4º e de saída de 31º. As demais medidas são as mesmas do Tiggo 2: 4,2 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,57 m de altura e 2,55 m de comprimento. A altura em relação ao solo é de 15,7 cm, medida no câmbio.

Controle de descida é destaque na categoria

Se agrada na subida, o Tiggo 3X reserva também uma boa surpresa nos declives. O SUV compacto vem com controle de descida, que facilita transpor ribanceiras (principalmente quando escorregadias) sem que o motorista precise frear (e correr o risco de perder o controle da direção). Para isso, basta acionar um botão no console que o carro faz o resto. Outro bom recurso do veículo está no controle de tração. O Tiggo 3X recebeu o sistema 9.3 da Bosch, mais atual, e o mesmo empregado no Tiggo 8. De acordo com a Caoa Chery, ele emprega sensores de pressão digitais, tem motor mais rápido e é 34 vezes mais preciso. O sistema de freios conta com discos nas quatro rodas. Por outro lado, há apenas dois airbags frontais, obrigatórios.

Lista de itens de série é ampla

De série, as duas versões vêm com central multimídia de 9″, sensor de pressão e temperatura dos pneus, controlador automático de velocidade, assistente de descida, auxiliar de partida em rampa, alerta de frenagem de emergência, vidros elétricos nas quatro portas com comando “um toque”, sensores de obstáculo traseiro, luzes diurnas de LEDs, rodas de liga aro 16″, sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis, ajuste de altura dos faróis, etc.

O Tiggo 3X Pro traz adicionalmente o quadro de instrumentos virtual de 7″ colorido, faróis de LEDs, bancos com imitação de couro, chave presencial, rebatimento elétrico de retrovisores, comando de climatização a distância, moldura cromada nas janelas, câmera traseira com guias de direção e iluminação de boas-vindas projetada no chão, quando se abre a porta.

Tiggo 3X e o “X” da questão

Dos cinco integrantes da família Tiggo, apenas dois – o 3 e o 5 – têm o complemento “X” no nome. De acordo com o gerente de marketing da Caoa Chery, Henrique Sampaio, a letra é acrescida para marcar a evolução de algum modelo. Assim, o 3X representa a evolução do 2, enquanto o 5X marca o estágio seguinte do Tiggo 4 (que não veio para o Brasil).

A montadora estima que o Tiggo 3X deverá ter vendas na faixa de 900 unidades por mês, já a partir de junho. Caso a previsão se confirme, o novo SUV irá disputar com o Tiggo 5X a posição de mais vendido da família. O atual líder teve 3.417 unidades emplacadas até abril, média de 854 carros por mês.

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