Strada comenta sua rotina de quatro dias com a equipe do Autos Segredos pelas belas e cativantes paisagens da Estrada Real

Por Renato Passos
Especial para o Autos Segredos

Oi, tudo bem? Talvez vocês estejam cansados daqueles dois malucos que estão há dias comigo pela Estrada Real no interior de Minas Gerais, não é?  Por isso, decidi eu mesmo falar um pouco mais sobre mim, sobre a viagem do dia de hoje e por aí vai. Ah, e esqueci-me de me identificar: sou a Nova Strada 2021.

VEJA TAMBÉM:

Você conhecia minha antecessora, de mesmo nome que o meu. Mas fique tranquila que sou inteiramente nova nessa versão topo de linha, a Volcano. Hoje acordei em Santa Bárbara e os rapazes me levaram para Catas Altas, ali pertinho.

Andando no cascalho ao lado de uma ferrovia, pude exibir duas inovações que carrego frente àquela que se foi: controle de tração e estabilidade faz parte de mim a partir de agora. Afinal, mesmo com coração italiano, sou brasileira e atendo às novas normativas do mercado de cá.

Ainda nesse trecho, demonstrei boa resistência à torção de carroceria em valas diversas, bem como o bom desempenho em estradas de serra com muitos caminhões lentos e ultrapassagens rápidas. Falando nisso, vocês acreditam que já sou alvo de Fake News e notícias caluniosas? Pois é, tem gente achando que sou um Mobi com caçamba.

Mas isso é intriga da oposição, quem vê cara não vê coração: apenas carrego a aparência, mas sou um projeto novo envolvendo partes diversas de modelos existentes com partes exclusivas. Ah, e eu tenho aços de alta resistência (HSS) e resistência ultra-alta (UHSS) que fazem de mim essa beldade que aparento ser.

Se isso faz de mim a beldade que aparento ser, chamando atenção de tudo e de todos na rua (psiu, em vermelho eu viro um escândalo!), devo pensar também em acidentes: passei em Bento Rodrigues e vi todo aquele desastre, que horror! Logo, devo também pensar no LatinNCAP que logo vem aí. Nessa versão, airbags laterais auxiliavam a manter o nível de proteção para motorista e passageiro.

Mas antes de chegar a Bento Rodrigues, passei por Santa Rita Durão e até banho de rio eu tomei! Saí-me bem no solo pedregoso, ajudada pelo bom vão livre e pelos pneus escolhidos. Mas antes que me chamem de perfeitinha, não sou a melhor nos engates de marcha-a-ré. Digo isso porque algo em mim não está de acordo e teima em arranhar nas manobras mesmo com a embreagem inteiramente acionada.

Dizem que isso é chato em mim, bem como os engates das marchas poderiam estar mais perto do condutor. Espero que quem me produz veja isso, tá? A propósito, sou bacana demais para não ganhar um câmbio automático e assim aumentar ainda mais meu fã-clube. Faz os olhos brilharem assim como meus faróis em Full-LED, lindos e extremamente eficientes.

Depois de Bento Rodrigues, fomos para Camargos e Mariana, onde subi o Pico da Cartuxa para exibir ainda mais meu olhar e presença marcante. E aí vou deixar meu sangue italiano falar mais alto do que o lado pacífico do mineiro e falar sobre desempenho. Sim, quem me fez encurtou o câmbio para que eu seja ainda mais valente em aclives e retomadas.

Mas mesmo assim, o que vocês dirigem de picape? Uma RAM TRX, prima minha americana que é de outro mundo? Porque eu sei que não sou que nem minha irmã Toro com motor 2.0 turbodiesel, mas definitivamente eu não faço feio! Tem gente enchendo minha paciência com isso, mas eu me garanto nisso aí.

Entretanto, para os eternamente insatisfeitos, quem sabe eu fique ainda mais forte? Afinal, tem novos motores da mesma família que eu uso vindo aí com configurações mais pujantes do que apresento hoje.

Desci e fui para Ouro Preto para sair bonita na foto: tentei replicar a mesma imagem famosa de meu tataravô, o Fiat 147, tirada na velha Vila Rica lá em 1976. Na hora de tentar religar o Android Auto e o iPod na minha central multimídia, um dos moços no interior xingava como bom italiano em filme de Hollywood. Mas admito ter ficado com vergonha: eis um ponto que deixo muito a desejar.

De lá, queria dar uma voltinha em Lavras Novas. Mas com a estrada fechada, acabei passeando na Serra de Ouro Branco e chegando a Itatiaia. Como despedida para os rapazes, eis o último trecho de off-road com um cenário de tirar o fôlego. Se você não era um aluno disperso nas aulas de geografia, você certamente já ouviu a expressão “mares de morros”. Pois bem, saia da cidade grande ou de sua casa e conheça Minas Gerais: poucos são os que se mantêm inertes a tamanha beleza.

Uma coisinha boba em mim é que, dado meu entre-eixos longo, meu raio de giro não é nenhuma beldade. Entretanto, só assim para caber cinco pessoas no meu habitáculo e ainda ter caçamba. Ao menos nessas manobras a direção é leve e tem peso correto. Mas conhecendo meus irmãos, por que não colocar a função “City” para superassistência em mim também?

Eis uma falta que tenho assim como a ausência do sistema start-stop para consumir menos combustível e dinheiro dos meus donos. Mais uma coisa importante ressaltar é que não existe caçamba hermeticamente fechada, tá? Assim, quem faz um passeio desses em qualquer picape acaba com a bagagem completamente empoeirada.

Não é um mal apenas meu. Pelo menos o habitáculo ficou imaculadamente limpo em meio ao mar de poeira dos mais variados tipos e minerais da Estrada Real. Ainda falando sobre meu interior, tenho que ser verdadeira e mandar a real. Carrego cinco passageiros? Sim. Mas três atrás com conforto, apenas crianças ou pessoas de baixa estatura. Quer ir com conforto, vá apenas com dois e seja feliz durante o passeio.

De Itatiaia, fui para Ouro Branco. E, definitivamente, eu fui valente com o sistema TC+ salvando os dois malucos em situações de roda dianteira sem tração, rodando no ar sem o bloqueio de diferencial. E juro que queria ver minha irmã maior nessas situações com o sistema 4×4 sob demanda que ela tem.

Mas depois disso tudo, de quatro dias me sentindo o Indiana Jones sobre rodas pela Estrada Real, eu cansei. Deixei o fotógrafo em Conselheiro Lafaiete e vim, tranquilamente, pra Belo Horizonte. E tenho que concordar com o motorista quando ele diz que eu preciso de uma sexta marcha, uma vez que eu rodaria mais leve e econômica em velocidade de cruzeiro. Os ruídos aerodinâmicos são bons para uma picape, mas nada excepcional frente aos modernos sedãs.

Por fim, cheguei. Foram exatos 1.192 quilômetros rodados nessa aventura, dos quais 331 hoje. Inclusive, abastecida com etanol hoje, fiz média de 9,2 quilômetros por litro mesmo com o uso peculiar nas estradas de terra. Mandei o motorista pro mundinho dele, mas não sem antes o fazer pensar: seria eu bacana, mas demasiadamente cara?

Afinal, com essa configuração, custo tanto quanto a Fiat Toro básica, com mais espaço interno e caçamba maior! Mas olha, pensando bem, sou a melhor picape pequena no Brasil hoje. Sem dúvidas. E carro nesse país anda demasiadamente caro em todos os níveis! Bom, só sei que estou fazendo sucesso como mostram os números de vendas.

E também sei que posso parecer exibida, mas guardarei para sempre com carinho essa aventura de quase 1.200 quilômetros rodados. E você, não quer me levar para casa e repetir um passeio assim comigo?

Fique por dentro das novidades.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.