Em meio à baixa nota no Latin NCAP, compacto chega renovado e com mais itens de segurança no ano que vem

Por Fernando Miragaya

A Toyota, que sempre se valeu da boa reputação de seus carros, sofreu um baque. O Yaris, a porta de entrada da marca no país, levou apenas uma mísera estrela dentro dos novos padrões de testes do Latin NCAP. A avaliação chega às vésperas de o compacto entrar em produção em Sorocaba (SP) já com a remodelação de meia-vida.

Tanto o hatch como o sedã adotarão o estilo inspirado no modelo que roda em mercados asiáticos desde meados de 2020, e cujas patentes já foram registradas no Brasil. Os faróis estão maiores e mais integrados à grade.

Abaixo das lentes vem a entrada de ar redesenhada e trapezoidal. O visual dianteiro remete a alguns modelos da Lexus, a divisão de luxo da Toyota. Na traseira, mudam as seções das lanternas.

Dentro, o Toyota Yaris passará por um belo banho de loja. Materiais mais suaves no painel, quadro de instrumentos parcialmente eletrônico, bancos novos e opção de acabamento em dois tons estão entre as novidades. O modelo também receberá uma central multimídia Toyota Play+ atualizada.

Toyota Yaris 2023 será lançado no primeiro trimestre

A produção do renovado Yaris começa entre o fim de novembro e início de dezembro. A ideia é que a linha seja lançada já no começo de 2022, e com uma gama mais enxuta que a atual – hoje são oito versões ao todo.

A dieta já começa pelo fim das opções com motor 1.3 16V. Também nenhuma chance de retorno do câmbio manual de seis marchas. O Yaris deve ter só três versões para cada carroceria, e sempre com o atual motor 1.5 16V de 110/115 cv e câmbio automático do tipo CVT da Aisin, com sete marchas simuladas.

Fontes ligadas à marca também garantem melhorias na segurança – e afirmam que tais mudanças já estavam nos planos antes mesmo dos novos testes do Latin NCAP. O Yaris ganhará mais airbags em toda a linha – hoje só a topo de linha XLS Connect oferece sete bolsas – e reforços estruturais laterais (vale ressaltar que o teste de impacto lateral que fez a porta abrir foi determinante para a baixa nota do sedã nas avaliações de segurança).

A suspensão ganhará nova calibragem, mas manterá o jogo por eixo de torção traseiro e McPherson na frente. A futura versão topo de linha do novo Toyota Yaris receberá itens de auxílio ao motorista, como frenagem de emergência, monitoramento de faixa e sensor de ponto cego.

Isso porque a Toyota quer aproximar ao máximo o modelo mais completo do Yaris das versões de entrada do Corolla. Tudo para não deixar hiatos que podem ser aproveitados pela concorrência.

Sopro de vida até a chegada dos SUVs

Fato é que essa remodelação vai dar o fôlego que o Yaris precisa para segurar as pontas como carro de entrada da Toyota no Brasil até a chegada dos novos SUVs pequenos da japonesa. Em 2023 será lançada a versão brasileira do Daihatsu Rocky,  que pode ou não ressuscitar a marca que pertence à Toyota e que teve carros à venda por aqui nos anos 1990 e 2000.

A turma do marketing da montadora quebra a cabeça. A questão é se vale a pena investir no ressurgimento da marca e obrigar revendas a terem um espaço Daihatsu. Ou se é melhor lançar o SUV, que será o veículo mais barato da empresa no Brasil, com o emblema da Toyota e o nome Raize, que já é usado em outros mercados.

Independentemente do que acontece no andar de baixo, o Toyota Yaris sentirá o beijo da morte mesmo de outro crossover, o Yaris Cross. O SUV ficará acima do Rocky/Raize e deve substituir toda a gama – do hatch e do sedã – em 2024, só que apenas com versões híbridas flex.

Para tal, esse Yaris Cross usará a plataforma TNGA-B, uma variante da arquitetura do Corolla e do Corolla Cross para modelos compactos. O atual Yaris nacional usa uma derivação tailandesa da base do falecido Etios, de origem indiana.

O conjunto mecânico do Yaris Cross será o mesmo do sedã e do SUV médios. Ou seja, motor 1.8 16V flex aspirado de 101 cv com dois propulsores elétricos e potência combinada de 122 cv.

Sedã será o único sobrevivente?

Para os fãs da linha Yaris – e para a turma que não aguenta mais só SUV de novidade -, há uma remota esperança. A Toyota pensa em manter apenas o Yaris Sedan em linha e em duas versões, também híbridas.

Mas tudo depende do mercado. A marca japonesa não gostaria de arriscar ver seus clientes migrarem para o novo Honda City e outros três volumes compactos que devem permanecer no segmento depois da morte do Yaris.

Porém, tal estratégia demanda investimento em fazer o Yaris Sedan na mesma plataforma TNGA-B, e apenas em versão híbrida. A Toyota recentemente afirmou que só terá eletrificados no Brasil até 2026/2027.

Isso em um segmento, o dos três-volumes, que desidrata fortemente em favor dos crossovers. O Corolla Cross, lançado em março, já vende mais que o tradicional sedã com quem divide plataforma.