Esse tipo de carroceria ainda é a porta de entrada do mercado e também a carroceria preferida de muita gente
Por Fernando Miragaya
É difícil enfrentar a ditadura dos SUVs, mas os focos de resistência existem. Um deles é o de hatches. Claro que esse tipo de carroceria sobrevive, especialmente no nosso mercado, por ser – em geral – o segmento mais barato. Mas também tem um público que ainda é fiel a este segmento.
Sim, é um consumidor que acha que sedã é carro de tiozão ou sóbrio demais – independentemente da idade que ele tenha. Por outro lado, não vê no SUV um apelo mais esportivo que só os hatches ainda podem emprestar.
O bom é que ainda existem boas opções no mercado. Veja os 10 melhores hatches da atualidade – preços coletados na segunda semana de março e válidos para todo o território nacional, exceto estados de SP e PB e Zona Franca de Manaus.
O modelo da General Motors obviamente está entre os melhores hatches da atualidade, mesmo com a produção em Gravataí (RS) ainda bagunçada pela falta de semicondutores. Não fosse isso, o hatch teria emplacado mais um ano como o carro mais vendido do país.
A boa vendagem e a fartura de versões ainda ganha eco no pós-venda. O Chevrolet Onix tem custo de manutenção moderado, facilidade em achar peças e ótima liquidez quando no mercado de seminovos. Além disso, tem bom custo/benefício em boa parte da linha e motores três-cilindros eficientes.
O Polo é hatch raiz, com aquela pegada para quem prefere uma condução mais firme. Fora o acerto mais justo de suspensão, freios e direção típicos da Volks, o compacto também oferece posição de dirigir mais baixa e comportamento dinâmico que se mostra bastante divertido nas curvas.
O modelo também dispõe da versão esportiva GTS, com calibragem ainda mais firme em diversos aspectos e o motor turbo de 150 cv. Mas em termos de conjunto mecânico, não há o que reclamar das demais opções, seja com o 1.0 TSI, seja com o 1.0 aspirado e câmbio manual.
Um dos mais belos carros da atualidade também é um dos melhores hatches oferecidos no mercado. Esta nova geração do 208 chegou em 2020 comum desenho instigante, quadro de instrumentos eletrônico tridimensional e um acabamento superior – novamente – em relação ao segmento de compactos.
Apesar do preço salgado – o que compromete seu custo/benefício – e do motor 1.6 datado, o hatch importado da Argentina tem outras virtudes. Boa estabilidade em retas e curvas, conforto no rodar e uma pegada levemente esportiva, ajudada pelo volante diminuto e pela posição de dirigir. Além disso, a linha ainda tem direito a uma variante 100% elétrica.
Saímos de um dos mais belos do segmento para um dos mais controversos. O HB20 de segunda geração adotou um estilo bastante polêmico, mas melhorou em outros aspectos. O motor turbo com injeção direta deu novo ânimo às versões mais caras, enquanto o aspirado continua como um dos mais eficientes do mercado – e com desempenho esperto para um “mil”.
Além disso, o modelo feito em Piracicaba (SP) aprimorou o conforto em diversos aspectos do desempenho, como o escalonamento do câmbio automático e o isolamento acústico. Com a saída de cena do 1.6, a marca ainda enxugou versões e caprichou na lista de equipamentos em boa parte das configurações.
O único hatch médio brasileiro vivo não poderia ficar de fora desta relação. O Cruze Sport6 tem um bem disposto motor turbo e espaço acima da média da maioria dos modelos listados aqui. E quando todo mundo achava que o carro iria sair de cena, eis que a GM não só lança a linha 2022 do carro, como inventa a versão esportiva RS.
Também tem um bom recheio, pena que os itens de auxílio à condução só apareçam nas opções mais caras. Além disso, já sente o peso da idade nos detalhes. O acabamento deixa a desejar e o quadro de instrumentos decepciona pela simplicidade. Para quem hosta de hatch e quer fugir dos compactos, contudo, corre que só sobrou ele.
O mais novato dos melhores hatches da atualidade era inédito no Brasil. A nova geração do City trouxe a reboque este hatchback que tem a dura missão de substituir o Fit. Argumentos para tentar cumprir os objetivos o carro tem: motor 1.5 com injeção direta e caixa CVT que privilegiam o conforto e o baixo consumo, além de otimização do espaço interno.
Na tabela de preços, o hatch também mantém as origens do monovolume. O City não é dos mais baratos, mesmo para a boa lista de equipamentos que oferece. Mas, assim como o “antecessor”, se vale da reputação da marca e da fama de carro que não dá problema.
O compacto da marca italiana é um dos bons hatches da atualidade pela sua racionalidade. Com o fim das versões 1.8, todas as opções do Argo ficam abaixo dos R$ 80 mil. Além disso, o motor 1.0 é o suficiente para a cidade, enquanto o 1.3 dá conta do recado para pegar uma estrada.
Bom ressaltar que o modelo vai mudar este ano, no entanto, o motor turbo 1.0 – que estreou no SUV Fiat Pulse ainda é sonho distante. Também vai voltar a ter opção automática, com caixa CVT. Mas deve manter as versões aspiradas e mesmo a aventureira Trekking.
Remodelado recentemente, o Yaris ganhou fôlego para dar lugar a um SUV compacto em 2024. Até lá, vai tentar segurar as pontas como a porta de entrada para a marca japonesa no Brasil. Para tal, se vale da confiança mecânica da Toyota e do eficiente motor 1.5 que trabalha com uma das melhores transmissões CVT do mercado.
O carro também é confortável, porém deve em equipamentos e está defasado em relação aos rivais diretos, como o Polo e o próprio novo City hatch. Para compensar, aposta na reputação da marca, nos cinco anos de garantia e no custo de revisão mais baixo perante os concorrentes.
O veterano compacto está com os dias contados, é verdade, mas nem por isso deixa de ser um dos melhores hatches da atualidade. Feito sobre a plataforma do velho Fox, o atual Gol tem a seu favor a robustez do conjunto mecânico, com um câmbio bastante justo, motor tricilíndrico competente e acerto firme da suspensão.
Além disso, por ser um carro campeão de vendas, é outro que não pega poeira nas lojas de seminovos e usados. Porém, fique atento porque o Gol deixará de ser um bom hatch da atualidade para virar um SUV compacto a partir de 2024.
A Renault acha que o Stepway é um produto à parte do Sandero. Então, vamos lá. O hatch aventureiro pode ser uma boa opção para quem quer um carro mais alto, porém não está afim de um SUV. Aqui, o modelo herda as qualidades do Sandero “civil”, com espaço interno acima da categoria, ótimo vão livre do solo e um motor 1.6 16V suficiente.
Mas também traz seus defeitos. A posição de dirigir é um problema crônico da linha desde o lançamento da primeira geração. O acabamento também é de uma simplicidade que incomoda e o Sandero (ou Stepway) perdeu competitividade perante rivais bem mais modernos.