Primeira volta: Volkswagen Taos tá on

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Após aparições estáticas, chegou a hora de pressionar o botão de partida do Volkswagen Taos e ver se o Jeep Compass tem um oponente à altura

Por Hairton Ponciano Voz

O Volkswagen Taos já havia se mostrado algumas vezes, mas sempre de forma estática. Não havia mais segredo sobre o que ele trazia sob o capô, formas e nível de equipamentos. Até preços e versões – dados que normalmente costumam ser guardados até o último minuto antes do lançamento – eram conhecidos. Enfim, só faltava apertar o botão de ignição e dirigir. E chegou a hora. O Taos tá on.

O novo SUV da marca alemã produzido na Argentina começa a chegar às lojas na segunda quinzena deste mês, e neste primeiro contato uma coisa ficou clara: os próximos capítulos do embate entre os SUVs médios serão quentes. E o Jeep Compass tem mais um bom companheiro com quem brigar (além do Toyota Corolla Cross, nas lojas desde março).

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Este primeiro contato foi feito na pista de testes da Goodyear, em Americana, interior de São Paulo. E, ao menos dessa vez, o Taos não sujou os pneus – Goodyear, claro. Todas as provas a que o SUV foi submetido foram realizadas sobre piso pavimentado. Teve asfalto seco, encharcado, pavimentação ruim e paralelepípedo tão irregular que se tivesse algum casario colonial por ali eu diria que estava em Ouro Preto. Teve também trechos rápidos, curvas e slalom. Foi uma tarde acelerando com vontade, forçando nas curvas, freando… Em todo o circuito, o Taos mostrou que seu lado esportivo está afiado. Sem uma terrinha, ficou faltando descobrir seu lado utilitário.

Dirigimos o Taos Highline, que custa R$ 181.790. Mesmo a versão básica, Comfortline, parte de R$ 155.585. Como comparação, o Compass 1.3 turbo flex vai de R$ 143.490 a R$ 198.990. Na versão Highline, apenas a pintura preta não tem custo adicional, e o curioso é que ela é a única perolizada da lista. A sólida branca custa R$ 595, e as cinco metálicas acrescentam R$ 1.410 ao total. O único opcional é o teto solar panorâmico, por R$ 5.520. Completo, o Taos Highline chega a R$ 188.720.

Motor 1.4 turbo dá conta do recado

A primeira boa constatação é que o motor 1.4 turbo flex, de 150 cv e injeção direta, puxa bem o SUV de 1.493 kg. A dúvida devia-se ao fato de que esse propulsor pode tanto garantir ânimo ou anemia, dependendo do capô em que habite. Ele dá alegria em carros como Polo e Virtus GTS e no SUV T-Cross. Mas nem tanto no Tiguan (que deixou de ser oferecido com essa opção) e no Audi Q3, por exemplo.

Pois no Taos ele resolve. Os arranques são vigorosos, e a rotação do motor sobe com facilidade, uma evidência de que ele não está sobrecarregado com a tarefa. A potência máxima (que é a mesma com etanol e gasolina) ocorre em 5 mil rpm, mas, com o pé embaixo, as trocas ocorrem a 6.100 rpm, com o ponteiro já entrando na faixa vermelha do conta-giros. Já a prontidão nas respostas deve-se em grande parte ao torque (25,5 kgfm) a partir de 1.400 rpm.

O câmbio automático de seis marchas – outro velho conhecido nos carros da Volkswagen – trabalha em sintonia com o propulsor e está bem escalonado. Ele tem alavanca iluminada com a ilustração das marchas, como no T-Cross, e oferece opção esportiva, que deixa as coisas ainda mais agradáveis. O volante semelhante ao do Golf 8, que estreou no Nivus, é revestido de couro, e tem borboletas para trocas manuais (coisa que o Compass não oferece). A Volkswagen divulga 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e máxima de 194 km/h. São números inferiores aos do Compass T270 (0 a 100 km/h em 8,8 s e 207 km/h). No modelo da Jeep, a usina de força é o novo motor 1.3 turbo de 185 cv, imbatível em potência e torque.

Suspensão está bem acertada

Se agrada no acelerador, o Taos mostra qualidades também na suspensão. Mais uma vez, a Volkswagen mostrou que é especialista nesse tipo de acerto. Embora seja um SUV, e portanto alto (1,63 m), o Taos transmite muita confiança em curvas. O SUV apresenta ajuste um pouco firme (característica da marca), que resulta em inclinação moderada da carroceria em curvas rápidas. Tudo isso comprova as qualidades da plataforma MQB, uma base bem-nascida, e de larga utilização na Volkswagen e Audi.

Os pneus largos de perfil baixo (215/55) também colaboram para o bom comportamento do veículo. Mesmo forçando propositalmente nas curvas, o SUV mostrou obediência aos comandos do motorista, e sem sustos. Nas frenagens fortes, a traseira dá uma leve balançada, por causa da transferência de peso para a frente, mas nada que anuncie risco de descontrole. São quatro discos de freio, ventilados na dianteira.

A suspensão consegue absorver bem as imperfeições do piso, sem transmitir solavancos, barulho ou desconforto para a cabine. A única ressalva é que ainda não sabemos como ela se comporta fora do asfalto. As quatro rodas são independentes (McPherson na frente e multilink atrás), e a tração é dianteira. O Compass permanece como o único a oferecer tração integral e motor a diesel.

VW Taos Highline: Beleza interior, mas com muito plástico duro

O teto escuro cria um ambiente agradável na cabine. Uma das curiosidades é que não adianta procurar botão no painel para desativar o controle de estabilidade. No Taos, essa operação é realizada na tela da central multimídia, que tem 10″. O painel, a propósito, tem estilo limpo, praticamente sem botões físicos. As exceções ficam por conta dos comandos do ar-condicionado e do seletor de iluminação. Até o botão de ignição é uma tecla praticamente solitária no console. A única tecla a fazer companhia a ele é o do freio. Afora a dupla, a alavanca de câmbio é ladeada por comandos “falsos”, mesmo na versão mais cara.

O sistema VW Play, que estreou no Nivus, é compatível com Apple CarPlay e Android Auto. A diferença é que para o sistema da Apple a conexão dispensa o cabo. A tela inclui câmera traseira e vem com diversos aplicativos. Há também carregador de celular sem fio com base emborrachada.

O quadro de instrumentos é uma tela digital personalizável de 10,25″ (Active Info Display), que oferece boa leitura. O ar-condicionado digital tem dupla zona, e saída para trás. A versão Highline tem bancos de couro artificial perfurado e com aquecimento. O do motorista possui ajustes elétricos.

Um dos pontos negativos do carro é o emprego de plástico rígido no painel. A gente aceita (mesmo a contragosto) um acabamento assim em SUVs compactos, como o T-Cross. Mas o Taos merecia uma superfície macia ao tato. O modelo tem superfície dura na parte superior do painel, e apenas uma faixa revestida de couro de boa aparência e textura áspera na parte frontal. Nesse ponto, o oponente da Jeep leva a melhor. A propósito, o revestimento macio negado ao painel está nas portas dianteiras, mas só nelas. Atrás, volta o material mais simples.

O Taos tem três portas USB-C, sendo duas na frente e uma atrás. Outra comodidade para quem vai no banco traseiro é a saída de ar-condicionado. A distância entre-eixos de 2,68 m (4 cm a mais que o Compass) garante espaço de sobra para as pernas, mesmo a passageiros altos. Também há boa área disponível para a cabeça. O único senão é o túnel central alto, que atrapalha o eventual quinto ocupante. O porta-malas é espaçoso. São 498 litros, mais que o do Compass (476 l). Em comprimento, o Taos (4,46 m) supera o Compass em 6 cm.

Por fora, dianteira é o melhor ângulo

Por fora, a dianteira é o melhor ângulo do Taos Highline, principalmente por causa da área luminosa. O SUV tem faróis full LED de série, com a tecnologia batizada de I.Q Light. Eles são esticados para as laterais e o facho ajusta-se automaticamente de acordo com a velocidade e com a presença de veículos à frente. Na prática, ele alonga o facho para iluminar mais longe com o carro acima de 110 km/h. Abaixo de 35 km/h, a iluminação fica mais perto do veículo. Também há iluminação de curva e assistente de facho alto, para não ofuscar a visão de motoristas à frente.

Outro destaque é a faixa de LED de iluminação diurna, que atravessa a grade volumosa e une os faróis. É a mesma identidade visual nascida com a família de modelos elétricos da marca alemã, ID.

Além das luzes, a frente chama atenção pelo estilo alto e reto, que transmite robustez. Nas laterais dos para-choques, há entradas de ar para as rodas.

Atrás, as lanternas de LEDs com iluminação em forma de “Y” deitados são a identidade noturna do SUV. Já quando visto de lado, o Taos revela caixas de roda com linhas retas, lembrando as do Compass. O objetivo é transmitir a sensação de robustez. As rodas de 18″ quase fechadas também chamam atenção. Na versão Highline, de longe elas parecem ter uma grande área vazada, mas de perto revelam uma ampla parte pintada de preto. O artifício tem duas funções, segundo a montadora. A primeira é melhorar a aerodinâmica, e a segunda é reforçar a estrutura, preocupação importante no caso de um veículo que teoricamente será utilizado em pisos ruins. A parte inferior das portas têm uma larga faixa de plástico preto, para reforçar visualmente seu aspecto aventureiro.

Equipamentos do VW Taos Highline

O VW Taos Highline vem com controle de cruzeiro adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência para carros e pedestres, detector de ponto cego e sensores de obstáculos na frente e atrás.

De série, desde a versão Comfortline há faróis full LED e quadro de instrumentos virtual. A diferença é que nesse caso o painel tem 8″. Central multimídia com tela de 10,1″, rodas de 18″, ar-condicionado de duas zonas, carregador de celular por indução, câmera traseira e seis airbags também estão em ambas as versões.

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