Ford Maverick vem para brigar até com SUVs

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Picape derivada do Bronco chega no primeiro trimestre de 2022 para encarar não só a Fiat Toro

Por Hairton Ponciano Voz

Nem só de SUVs vive o mercado. Depois de aniquilar as peruas e as minivans e de atingir gravemente os sedãs e até os hatches, agora chegou a vez de os utilitários esportivos sentirem um pouco do próprio veneno. As picapes têm não apenas resistido bravamente à febre dos SUVs, mas também se mostrado como um campo fértil para novidades. Um exemplo é a Ford Maverick, que chegará às lojas no primeiro trimestre do ano que vem.

Uma de suas missões é encarar as versões mais caras da Fiat Toro a diesel. O modelo produzido em Pernambuco está praticamente sozinho no segmento entre as picapes compactas e médias. Mas não só isso. Como a própria Toro, a Maverick deve atrair até donos de carros de passeio e de SUVs. Nesse primeiro contato, não pudemos dirigir. A Ford fez uma apresentação estática da picape, em local fechado. Também ainda não há pistas de preços. Como referência, o Bronco Sport Wildtrak 2.0 parte de R$ 272.650. Como o SUV, a Maverick virá inicialmente apenas em versão única, Lariat FX4, topo de linha. Nos EUA, ela custa a partir de US$ 25.490. Assim, espere alguma coisa abaixo (mas não muito) de R$ 300 mil.

A Ford está sendo econômica nas informações. A estratégia é liberar notícias aos poucos, para gerar curiosidade. Só recentemente a empresa confirmou que a Maverick chegaria na versão Lariat. Agora, informa que o conjunto mecânico será o mesmo do Bronco Sport, caso do motor 2.0 EcoBoost e do câmbio automático de oito marchas. A tração é 4×4. Nada disso chega a ser uma grande surpresa. Afinal, nos EUA ela está sendo vendida em duas opções: híbrida com motor 2.5 e a 2.0 Ecoboost a gasolina.

Versão híbrida pode vir futuramente

Inicialmente, ela vem apenas com motor 2.0, mas, embora ninguém confirme, é provável que a versão híbrida seja lançada numa segunda etapa. Não custa lembrar que a Ford foi pioneira nesse tipo de propulsão por aqui, com o Fusion. Neste momento, a marca quer mostrar força e potência. Depois, vai se mostrar que também cuida do meio ambiente.

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A empresa também não informou dados de potência e torque, mas não há muito espaço para surpresa. No Bronco, são 240 cv e 38 mkgf de torque. Nos EUA, o mesmo motor rende 250 cv, embora o torque seja igual. Então, pode ser que a picape traga alguns cavalinhos a mais. Mas não é garantido, porque por lá o Bronco também ostenta 250 cv. A diferença provavelmente deve-se a ajustes para cumprir normas de emissões.

O certo é que, mesmo sem ter dirigido a picape, é possível afirmar que dificilmente a Maverick irá decepcionar em termos de desempenho, apesar de ela ser maior que o SUV. Só para lembrar, além de sua grande capacidade off-road, o Bronco é quase um esportivo no asfalto (0 a 100 km/h em 8 s).

A direção é elétrica e a suspensão é independente nas quatro rodas, McPherson na frente e molas helicoidais na traseira.

Ao vivo, a Maverick causa menos impacto visual que o Bronco, mesmo sendo maior. Ela tem 5,1 metros de comprimento (o Bronco tem 4,39 m), e o entre-eixos tem 3,1 metros (ante 2,67 m do SUV). A largura é quase a mesma (1,84 m na picape e 1,89 m no SUV). E a Maverick também é um pouco mais baixa (1,74 m, contra 1,81 m).

Embora sejam produzidos no México e utilizem a mesma plataforma, visualmente picape e SUV têm personalidade própria. A explicação é que o Bronco é herdeiro visual do SUV dos anos 60. Já a Maverick, vista de frente, lembra um pouco a picape F-150. Tem grandes faróis em forma de “C”, e uma ampla grade. As linhas da carroceria são retas, e nisso ela é bem diferente da Toro, que veio ao mundo repleta de linhas curvas. Diria até que em termos de estilo a picape da Fiat não deve nada ao modelo mexicano. Pelo contrário, é até mais inspirada, com seus faróis estreitos.

Mas, enquanto a Toro exibe visual simpático, quase um carro de passeio com caçamba, a Maverick ostenta aspecto mais parrudo, ainda que na prática a Ford também será muito mais vista na cidade do que no campo. Sobre dimensões, a Maverick é um pouco maior que a Toro. São 7 cm a mais no comprimento, embora na distância entre-eixos a diferença caia para apenas 2 cm. Curiosamente, empatam em largura e altura.

Melhor por dentro do que por fora

Por dentro, a Maverick encanta mais do que por fora. O painel tem traços mais retos do que no Bronco. Como no SUV, o quadro de instrumentos é formado por um display digital colorido de 6,5″, ladeado por velocímetro e conta-giros analógicos. A tela da central multimídia de 8″ fica menos saltada do que no Bronco, e tem um nicho do lado direito. O ar-condicionado digital tem dupla zona de regulagem.

O volante é o mesmo do SUV, e o console também lembra o do Bronco. É ali que fica o controle rotativo do câmbio, como no irmão. Mas, como a Maverick não nasceu para ser “tão” off-road como o Bronco, ela não tem o comando GOAT, com ajustes para diversas situações de piso (lama, areia, pedras, etc.). De qualquer modo, a picape também tem tração integral e ajustes que teoricamente permitem andar fora do asfalto. Os pneus da Pirelli são de uso misto e as rodas têm 17″. O ângulo de entrada é de 21,6º e o de saída é de 21,2º. Como comparação, no Bronco eles são muito maiores: respectivamente 30,4º e 33,1º.

Diferentemente do Ford Bronco, a Maverick Lariat tem revestimento de carpete, porque teoricamente ela não irá enfrentar aventuras tão radicais no barro (o SUV adota uma superfície emborrachada para facilitar a limpeza).

O acabamento agrada, com materiais de boa textura e visual caprichado, especialmente nas laterais de porta, com puxador estilizado e diversas cavidades para acomodar garrafas e demais objetos. O interior tem acabamento bicolor, especialmente nos assentos. Só o banco do motorista tem ajustes elétricos.

Atrás, há espaço razoável para pernas e bom para a cabeça. Sob o assento traseiro há um bom espaço que serve para guardar objetos.

Caçamba da Maverick Lariat é versátil

Nesse tipo de veículo, já sabemos que a caçamba não será utilizada para levar carga pesada. Como a Toro, a Maverick não nasceu para o trabalho. Mas deverá ser utilizada mais para carregar itens de lazer, como bicicletas, por exemplo. Na apresentação à imprensa, a Ford procurou destacar a versatilidade do espaço, batizado de “flexbed”. Como acessório, serão oferecidas caixas laterais removíveis, para acomodação de itens como ferramentas. Ela virá preparada para receber reboque, o que inclui instalação elétrica. De acordo com a Ford dos EUA, a capacidade de reboque é de 1.800 kg. A capacidade de carga da Maverick Lariat é de 680 kg.

A tampa é leve, e pode a operação de abrir e fechar pode ficar ainda mais fácil se o cliente instalar uma mola hidráulica (semelhante à utilizada em tampas traseiras dos hatches), que facilita ainda mais a operação. Ela permite por exemplo que o usuário solte a tampa, enquanto ela realiza a descida em câmera lenta. Os suportes de aço podem ser instalados em duas posições, caso se queira limitar a descida da tampa. A marca irá oferecer também peças que permitem criar divisórias para carga, além de uma extensa linha de acessórios para quem quiser investir em personalização. Há estribos, cobertura rígida de caçamba com chave e acionamento elétrico, santantônio (semelhante ao da Ranger Storm) e até defletores de ar para o teto e para o alto da tampa traseira.

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