EcoSport Freestyle 2012 é tabelado na Fipe por R$ 35.400
Por Marcelo Iglesias
Não é novidade surpresa para ninguém que os utilitários-esportivos (SUV) se tornaram a grande vedete do mercado de automóveis no Brasil (e no resto do planeta). Todo mundo quer levar um jipinho para casa, mesmo que ele seja fabricado sobre a plataforma de um compacto popular e com a mesma capacidade off-road de um carrinho de rolimã. No entanto, também não é novidade que um jipinho custa caro.
Mais em conta parte de R$ 70 mil
Zero quilômetro as opções mais em conta não saem por menos de R$ 70 mil. E, geralmente, que só constam no catálogo e nunca estão disponíveis nos estoques dos concessionários ou levariam meses para serem faturados pela fábrica. Na prática, um SUV compacto parte dos R$ 80 mil. Valor proibitivo para a grande maioria dos consumidores.
Assim, acessar no doce mundo dos utilitários-esportivos se torna um sonho distante, que pode ser encurtado por meio do varejo de usados. E nessa seara, o Ford EcoSport Freestyle surge como uma opção interessante. O modelo segue como o SUV mais vendido no varejo de usados, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em agosto foram nada menos que 15 mil unidades negociadas.
Porreta
Fabricado na planta de Camaçari, desde 2003, jipinho baiano foi pioneiro no segmento de jipinhos urbanos e reinou absoluto até a chegada do Renault Duster, no final de 2011. Hoje o EcoSport continua na ativa, em sua segunda geração, mas sem o vigor de outrora. Mesmo assim, utilitário derivado do Fiesta segue caro. Novo, sua versão mais barata parte de R$ 78 mil, mas no mercado de usados há opções que vão de R$ 17.500 a R$ 83 mil, de acordo com a tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Esses valores variam de acordo com o ano de fabricação, versão, tipo de motor, caixa e tração. Afinal, o Eco já foi oferecido com pelo menos cinco motores diferentes 1.0 supercharger, 1.6 8v, 1.6 16v, 1.5 12v e 2.0 16v, com opção de caixa manual de cinco marchas e transmissões automáticas de quatro e seis marchas, além da famigerada caixa de dupla embreagem PowerShift. E claro, o Eco também conta com opção com tração 4×4.
A escolha
Para quem busca um jipinho para o uso cotidiano e não tem muito dinheiro para investir, mas também não quer um carro muito velho, a sugestão é a versão Freestyle 1.6, ano 2012, o último da primeira geração. A indicação se justifica por razões bastante plausíveis.
Segundo a Fipe, a mesma versão da geração atual, de ano 2013, é avaliada em 43 mil. Já o Freestyle, ano 2012, figura na tabela por R$ 35.400. Ou seja, quase R$ 8 mil reais em função do visual mais moderno.
Claro, que o motor utilizado no EcoSport, de segunda geração, é mais sofisticado. Trata-se da unidade 1.6 16v de 115 cv, enquanto o antigo recorre ao polivalente Zetec 1.6 8v de 107 cv. No uso cotidiano, os dois motores oferecem praticamente o mesmo comportamento, uma vez que os 15,3 mkfg de torque do Zetec quase não difere dos 15,9 mkgf do motor multiválvulas.
Conteúdos
Na trajetória do EcoSport, a versão Freestyle sempre teve boa aceitação por sua farta cesta de equipamentos. Os principais são:
- Banco do motorista com ajuste de altura
- Volante multifuncional com ajuste de altura
- Computador de Bordo
- Direção assistida
- Rádio com CD, USB e Bluetooth
- Ar-Condicionado
- Vidros elétricos
- Travas elétricas
- Retrovisores elétricos
- Abertura interna do porta-malas
- Rodas de liga leve aro 15
- Faróis de neblina
Os únicos opcionais são freios ABS e duplo airbag frontal, que se tornaram obrigatórios a partir de 2014.
Por fora
A primeira geração do Eco foi desenvolvida sobre a plataforma da sexta geração do Fiesta, lançada em 2002 no Brasil. Seu estilo seguia os caminhos do Land Rover Freelander. A marca pertenceu a Ford entre 2000 a 2008.
Ainda hoje, a primeira geração do EcoSport tem visual agradável, com seu ar de jipinho matuto evidenciado pelo pneu estepe na tampa do porta-malas. A versão Freestyle ainda contava com acabamento diferenciado das demais, com detalhes nas laterais e nos para-choques.
Por dentro
O EcoSport nunca foi referência em qualidade de acabamento. O EcoSport Freestyle, apesar de agradável aos olhos, usa e abusa de plásticos duros em todo interior. A montagem também está longe de ser refinada, o que pode contribuir para a profusão de ruídos internos com o passar do tempo.
O espaço interno é satisfatório para quatro adultos, ou um casal que precisa levar dois filhos pequenos em cadeirinhas. Mais que isso, o carrinho se torna apertado demais. Já o porta-malas de 296 litros está longe de oferecer a fartura de espaço de um sedã compacto.
O estepe
O pneu reserva dependurado na tampa do porta-malas já teve seus dias de glória no passado e evidenciava o estilo desbravador dos veículos utilitários. Hoje, o recurso caiu em desuso por facilitar a ação de ladrões e por aumentar o risco de colisões e manobras. Não é raro o pneu dar um “beijinho” no capô do carro parado atrás. Na atual geração do Eco (brasileiro) ele continua na tampa, pois não há espaço no assoalho do porta-malas. Na Europa ele foi abolido totalmente.
Além disso, o estepe dependurado é um problema na hora da troca. Como assim? Está se perguntando o leitor. Bom um pneu com roda montada pesa entre 15 e 19 quilos, dependendo da medida, composto e material de que é feita a roda. É uma peça que exige esforço para retirar e muito mais para colocar no suporte. No porta-malas o risco de a roda cair é bem menor.
Ao volante
Uma das vantagens do EcoSport é sua boa visibilidade, devido à posição de dirigir elevada e a altura do jipinho. Ele oferece comandos de fácil acesso, tanto para rádio como para o ar-condicionado. Um detalhe interessante é que o porta-luvas é refrigerado, o que é bom para quem precisa, por exemplo, levar a mamadeira do pequeno durante uma viagem.
Motor e caixa
O motor Zetec 1.6 é um dos melhores atributos do EcoSport. A unidade oferece boa oferta de torque a partir dos 2.500 rpm, o que não exige que o motorista estique demais o motor. Um ponto positivo do motor é o uso de corrente, que tem durabilidade muito superior aos 50 mil km, aos das correias dentadas de borracha.
A caixa manual de cinco marchas não oferece a mesma comodidade de uma transmissão automática, mas também não é tão problemática quanto a PowerShift, que tem um problema crônico de projeto e já deixou milhares de consumidores na mão. O consumo não é seu forte, com médias na casa dos 6,5 km/l na cidade, abastecido com álcool.
Palavra final
O EcoSport Freestyle de primeira geração surge como uma opção para quem quer levar um SUV para casa e não pode ser dar ao luxo de gastar R$ 80 mil num zero quilômetro. A versão Freestyle 1.6 (ano 2012) figura como melhor escolha por ter mecânica confiável, não ter muitos anos de uso e boa lista de equipamentos. Pesa contra a baixa qualidade do acabamento, que é um problema que se repetiu na atual geração e só foi atenuado com o facelift de 2017.