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Porsche 911 Dakar e outros esportivos off-road pelo mundo

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Esportivos são bichos para pistas e asfaltos lisos, mas os fabricantes gostam de inventar e criam modelos com aptidões off-roads com visuais bem loucos

Por Dalmo Hernandes

Para se sentir realmente à vontade, um esportivo precisa de asfalto liso – seja em uma Autobahn ou no circuito. Afinal, um supercarro bom de verdade precisa trazer o máximo da experiência de um carro de corrida para o uso em vias públicas. Não é?

Acontece que criar e quebrar convenções são atitudes já enraizadas no comportamento humano. Logo, se é senso comum que supercarros são bichos de asfalto, é natural que alguém busque desafiar esta noção – o que já aconteceu algumas vezes.

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O mais recente exemplo é um projeto de fábrica real oficial: o Porsche 911 Dakar. É exatamente o que o nome diz: um Porsche 911 inspirado pelo mais famoso dos ralis de longa duração.

A receita é relativamente simples: pegar um Porsche 911 GTS – com motor flat-six 3.0 biturbo de 480 cv – e dar a ele tudo o que é preciso para fugir da civilização. Chamá-lo de supercarro em uma era repleta de sedãs e SUVs com mais de 500 cv é forçar um pouco a barra, mas que trata-se de um baita esportivo a gente já sabe há muito tempo. A novidade é mesmo a capacidade off-road (que, em se tratando de Porsche, sequer é uma novidade tão grande).

Para começar, obviamente a suspensão é elevada – tem 5 cm a mais em relação ao solo, deixando um vão livre de até 16,1 cm (e 3 cm extras na traseira, graças ao modo lift). Além disso, o ângulo de ataque dianteiro aumentou de 14,2° para 16,1², também a fim de permitir que o nine-eleven possa transpor obstáculos com mais desenvoltura. 

O conjunto exclusivo de rodas e pneus também ajuda, com aros de 19 polegadas calçados com pneus 245/45 (dianteira) e 295/40 (traseira) desenvolvidos pela Pirelli especialmente para o 911 Dakar. 

Visualmente, o 911 off-road ganhou novos para-choques, entradas de ar no capô e molduras em preto fosco nos para-lamas. O rack de teto bacanudo exibido nas fotos não é item de série, mas é oferecido como opcional e tem capacidade para levar 42 kg de carga. Nada mau para uma aventura, hein?

O detalhe é que o 911 Dakar já está até disponível para encomendas. Custa US$ 222.000 lá fora, o que dá quase R$ 1,2 milhão em conversão direta – mas deverá ficar mais perto dos R$ 2 milhões quando começar a ser oferecido por aqui, o que deve ocorrer em breve. E os compradores até poderão levá-lo para a garagem com uma pintura inspirada pelo esquema de cores da Rothmans, fabricante de cigarros que patrocinou diversos esforços da Porsche nas pistas de asfalto e terra ao longo das décadas (como o Porsche 911 RS que competiu nos ralis).

Aliás, é sobre o passado que vim falar hoje. O Porsche 911 Dakar me inspirou a citar outros esportivos e supercarros com pegada off-road. Começando por outro carro que ajudou a inspirar o 911 Dakar.

Porsche 959

Na década de 80 colocou o Porsche 959 (esse sim um supercarro na época, brigando cabeça a cabeça com a Ferrari F40) para competir no Rali Dakar.

Quando foi lançado, em 1986, o Porsche 959 representava uma visão do futuro: era um supercarro alemão com tração nas quatro rodas, motor de arrefecimento líquido nos cabeçotes (12 anos do primeiro 911 com radiadores, o Porsche 996 de 1998), dois turbocompressores e carroceria com Kevlar – um rival de peso e pompa para a mítica Ferrari F40. 

Competir no Dakar era uma forma de demonstrar a robustez e a eficácia dos novos sistemas do Porsche 959 – e isso os alemães conseguiram com louvor, com direito a dobradinha dos pilotos René Metge e Jacky Ickx. Não por acaso, o próprio 911 tornou-se também um carro relativamente popular para incursões off-road, seja em competições ou ralis.

Um desses sistemas era, claro, a suspensão ajustável. No carro de rua, ela permitia variar a altura do solo entre 12 cm, 15 cm e 18 cm – o que certamente ajudava caso o percurso incluísse terrenos difíceis. Com braços triangulares sobrepostos e amortecedores duplos, o sistema mostrou-se mais do que capaz de enfrentar as condições adversas do percurso Paris-Dakar.

Lamborghini Huracán Sterrato

O Porsche 911 Dakar não é o único esportivo off-roader de fábrica a ser apresentado recentemente. A Lamborghini começou a brincar com a ideia de transformar seu modelo “de entrada” em um veículo capaz ir de zero a 100 km/h em menos de três segundos no asfalto e fora dele.

A mecânica básica permanece a mesma, com o V10 de 5,2 litros entregando 640 cv (exatamente como no Huracán Evo), câmbio de dupla embreagem e sete marchas e – claro – tração nas quatro rodas com vetorização de torque. E não se espante se a Lamborghini oferecer uma linha completa de acessórios para personalizar o superesportivo de terra.

Considerando que a Lamborghini nunca teve medo de experimentar ideias ousadas em seus conceitos, até que demorou para que um deles virasse realidade. E o momento é oportuno, visto que o Sterrato será uma das séries especiais de despedida do Huracán. Pois sim: lançado em 2014, o Huracán completa oito anos em 2022 e nos próximos meses dará lugar a um sucessor com propulsor híbrido.

A versão “fora-de-estrada” do Huracán tem estreia marcada para o começo de dezembro durante a edição 2022 do Art Basel, festival de arte contemporânea em Miami, na Flórida (afinal, os Salões mundo afora estão mesmo morrendo aos poucos). 

Deixando de lado se a gente aprova ou reprova, é inegável que um supercarro italiano com vocação para encarar estradas de terra tem seu apelo. Até porque a Lamborghini já tem em um SUV com vocação para supercarro, o Lamborghini Urus, seu maior sucesso de vendas em toda a sua história.

Laffite X-Road

Criado por Bruno Laffite, sobrinho do ex-piloto francês de F1 Jacques Laffite, o Laffite X-Road foi apresentado ao mundo no início de 2020. Sediada na Itália, a Laffite anunciou o modelo como “o primeiro supercarro todo-terreno legalizado para as ruas que entrega potência gigantesca, desempenho excepcional e apelo luxuoso, tudo no mesmo pacote.”

Para isso, o X-Road contaria com um V8 LS3 de 6,2 litros da Chevrolet, com supercharger e 730 cv ligado a uma caixa sequencial de seis marchas – ou um elétrico de 460 cv como opcional. A tração seria traseira ou 4×4, dependendo da escolha do cliente.

Já o chassi foi projetado por uma empresa chamada G-Tech, chefiada pelo engenheiro Philippe Gautheron, e usava um conjunto de suspensão independente comparável ao dos veículos que disputam o Rally Dakar. Tudo por US$ 465.000 na versão a combustão ou US$ 525.000 pelo modelo elétrico. 

Visualmente, o carro lembra muito outro proróripo off-road, o Zarooq SandRacer 500GT, que foi anunciado em 2015 pela fabricante árabe Zarooq, da qual Laffite fazia parte. Depois de ter o início da produção anunciado em 2017, o 500GT ficou algum tempo fora do radar até ser re-apresentado como Laffite X-Road.

As entregas estavam previstas para o fim de 2020, com produção limitada a 30 unidades. Nunca aconteceu, porém – pouco depois de o X-Road ser anunciado, começou a pandemia de COVID-19, que como sabemos teve um impacto gigantesco por toda a indústria. A Laffite nunca mais divulgou nenhuma atualização sobre o projeto, o que pode significar que a pequena empresa não resistiu aos efeitos da crise. O que é certo é que não há qualquer atualização ao público desde meados de 2020.

Ariel Nomad

É forçar a barra chamar uma gaiola com motor Honda turbo de 235 cv de “supercarro off-road”? Sinceramente, não importa: o Nomad não é um veículo normal. 

Como seu irmão mais famoso, o Atom, ele foi pensado para ser o mais leve possível e entregar uma experiência de condução visceral e emocionante. A diferença é que, em vez de virar tempo na pista, ele fica mesmo à vontade em estradas de terra e dunas de areia.

Potência é relativo: o K24 turbinado consegue levar o Nomad de zero a 100 km/h em 3,5 segundos – o que, bem, o coloca lado a lado com a Ferrari F40. Claro, a velocidade máxima fica abaixo dos 200 km/h, mas eu te desafio a dizer que isso é pouco depois montar no Ariel Nomad e levar seus 670 kg até o limite!

GFG Style Kangaroo

O lendário projetista Giorgetto Giugiaro, criador de alguns dos carros mais emblemáticos do planeta, juntou-se a seu filho Fabrizio há alguns anos para criar a GFG Style. A ideia do experiente designer italiano é oferecer seus serviços a outras empresas – não só projetos de automóveis, mas de design industrial e geral.

É claro que também há espaço para criações in-house, e um deles é justamente um supercarro “off-road”: o GFG Kangaroo. 

Diferentemente de outros modelos da lista, o Kangaroo não se vende como um supercarro off-road, mas sim como um “Hyper-SUV” – na prática, interpretando de outra forma o termo “utilitário-esportivo”. Com mais esporte que utilidade. 

O bicho é elétrico, com dois motores de 180 kW cada alojados no monocoque de fibra de carbono, um para cada eixo. A carroceria também é de fibra de carbono e apenas o para-brisa é de vidro, sendo que as outras janelas são de policarbonato. A suspensão foi projetada para permitir que a altura em relação ao solo possa variar entre 120 mm e 260 mm, fazendo com que em tese o Kangaroo se saia tão à vontade no asfalto quanto bem longe dele. Até a cambagem varia de acordo com a situação. Segundo Fabrizio Giugiaro, o carro “levanta e salta direto para ação, pulando de um terreno para o outro muito rápido, exatamente como um canguru.”

Ao que parece, até agora existe apenas um protótipo funcional, mas a GFG pretende colocar o Kangaroo em produção limitada nos próximos meses.

XING Mobility Miss R

O nome macarrônico (“Senhorita R?) do projeto tailandês é só um detalhe, porque a máquina parece interessante. Trata-se de algo na veia do Ariel Nomad, no sentido de que também é uma máquina minimalista com rodas praticamente expostas e capacidades off-road. Mas há um pouco mais de carroceria, portas, um teto e, mais importante, um bom tanto a mais de cavalaria.

O XING Mobility Miss R é elétrico e está na fase de protótipo. Segundo a XING Mobility, ele conta com nada menos que 1.340 cv e, graças a um sistema que permite trocar rapidamente rodas, pneus e geometria da suspensão, a empresa diz que ele é o “primeiro supercarro com dupla personalidade do planeta”. A suspensão, aliás, é do tipo pushrod para permitir que os amortecedores fiquem na horizontal e ocupem menos espaço.

A XING diz que o Miss R é capaz de ir de zero a 100 km/h em 2,2 segundos e atingir velocidade máxima de 250 km/h no asfalto, além de rodar 250 km com uma carga nas baterias. Estas, aliás, contam com dois radiadores dedicados para evitar superaquecimento mesmo nas condições mais extremas. 

Embora o Miss R ainda esteja na fase de protótipo, a XING Mobility parece ter criado um conjunto sólido que pode mesmo ser interessante no mundo real. Acompanhemos!

Méga Track

O Méga Track é um obscuro e exclusivíssimo esportivo noventista do qual existem apenas cinco exemplares no mundo. Os anos 90, aliás, eram loucos: uma pequena fabricante de pequenos carros – no caso, a francesa Aixam, que foi fundada em 1983 – podia simplesmente decidir lançar um veículo completamente oposto de tudo o que havia feito até então e pagar para ver. 

Quer dizer, não exatamente. O Méga Track foi um fracasso tão retumbante que pouco restou registrado sobre sua história. É sabido que ele foi fruto de uma tentativa da Aixam de ingressar no segmento dos esportivos com algo diferente, usando um V12 Mercedes-Benz de seis litros e 400 cv em posição central-traseira. Ele era ligado a um câmbio automático de quatro marchas que levava a força do motor para as quatro rodas. Já a suspensão ajustável permitia variar o vão livre do solo entre 20 cm e 33 cm e deixava o monstruoso supercarro de 5,2 metros ainda mais imponente.

A carroceria tinha aquele jeitão de projeto artesanal, com faróis retangulares sob lentes de acrílico feitas sob medida e lanternas de Audi 80, e o interior também evidenciava o compartilhamento de peças com outros modelos, o que em retrospecto dava um charme meio kitsch ao Méga Track. 

Só que não era para ser – o mundo ainda não estava pronto para tanta inovação. Será que agora ele está?

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