InícioMatérias especiaisHistória da Ford no Brasil - Parte 1

História da Ford no Brasil – Parte 1

- publicidade -
- publicidade -

Primeira a ter uma linha de montagem no país, marca produziu diferentes veículos, se destacou pelo pioneirismo e agora volta a ser uma mera importadora

Por Fernando Miragaya

A Ford sempre se destacou pelo pioneirismo. Não bastasse ter inventado a linha de produção de automóveis como conhecemos hoje, que tornou o carro realmente acessível, a marca pontua sua trajetória com lançamentos que se revelam inovadores em algum sentido. No mercado brasileiro, em mais de 70 anos de produção nacional, não foi diferente.

Autos Segredos traz uma breve história da Ford no Brasil em meio ao triste anúncio de que a marca estadunidense fechou suas fábricas por aqui. Desde épocas de glórias, holding com a Volkswagen, acertos e erros e muitos carros emblemáticos em mais de 70 anos, até o triste encerramento de um ciclo, que agora torna a Ford uma importadora de veículos no país.

O começo e o Bigode

Antes de ensaiar qualquer produção no Brasil, a Ford chegou aqui por meio de importadores. Em 1904, o Modelo A, primeiro carro produzido por Henry Ford, também foi o primeiro da marca a dar o ar da graça no país. Era importado pelo empresário William T. Right, que tinha uma loja no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

Mas o Modelo T, primeiro carro do mundo produzido em grande escala, é que começaria a mudar a paisagem das ruas paulistanas e das principais cidades brasileiras. Em 1908, importadores independentes começaram a trazer o carro que mudou o rumo da indústria e que logo se rendeu aos apelidos locais. 

O Model T também era chamado de Ford Bigode, por causa das duas alavancas que tinha na barra de direção – uma para o acelerador, outra para o avanço da ignição. O motor de 2 900 cm³ gerava 17 cv de potência e alcançava a velocidade máxima de 75 km/h.

Com o passar da Primeira Guerra Mundial (1914-18) e o sucesso do Modelo T, graças principalmente à mecânica simples e robustez, a Ford tratou de fundar uma filial brasileira. O ano era 1919 e o fabricante investiu US$ 25 mil em valores da época para inaugurar, no dia 1º de maio daquele ano, a primeira linha de montagem de veículos do país, em um galpão na Rua Florêncio de Abreu, em São Paulo, para a montagem do T com peças importadas.

História da Ford no Brasil
Foto | Ford/ Divulgação

No fim da década de 1910 e início da de 1920, a história da Ford no Brasil é marcada por um caráter meio nômade. Um ano depois da inauguração da fábrica, a montagem do Ford Bigode é transferida para a Praça da República no centro paulistano, em um palácio onde antes funcionava um… ringue de patinação. O espaço maior possibilitou à marca alcançar a produção impressionante de 4 mil unidades ao ano.

Só em 1921 a Ford voltaria ao bairro do Bom Retiro e sossegaria o facho por um tempo com uma sede própria em um edifício de três andares na Rua Solon. O local replicava as instalações da matriz, em Detroit (EUA), para abrigar escritórios e a linha de montagem, que aumentava a já impressionante capacidade de produção: 4.700 automóveis e 360 tratores por ano. Detalhe é que o local virou atração turística de São Paulo, já que era aberto à visitação.

Neste início de história da Ford Brasil, o Modelo T tinha também suas variantes. Uma era a picape e outra o TT, que pode ser apontado como primeiro veículo de carga montado no país. Em 1923, inclusive, a marca até realizou ações de marketing nas quais demonstrava a força dos veículos para o público.

Foto | Ford/ Divulgação

Nos anos seguintes, a Ford fez questão de “aparecer”. Organizou, por assim dizer, o primeiro salão de automóveis do país. Licença poética para uma pequena feira com diferentes versões de automóveis e caminhões no Palácio das Indústrias, em São Paulo. Depois, foi a vez de o Rio de Janeiro receber uma exposição da linha de montagem do T. Isso mesmo, a marca levou a produção do carro para a então capital federal.

História da Ford no Brasil: novos produtos

Os eventos automotivos continuaram a fazer parte das ações da Ford, ainda mais para divulgar o novo lançamento da montadora: o Modelo A, em 1928. Depois da Grande Depressão de 1929, a marca lançou por aqui o V8 que era montado com peças vindas dos EUA e passou a importar, da Europa, modelos como Anglia, Modelo Y e o Prefect. Às vésperas da Segunda Grande Guerra, a montadora passou a fabricar por aqui um modelo de luxo: o Mercury 1939, mas que só entrava na linha sob encomenda.

LEIA TAMBÉM:

FUTURO DA FORD INCLUI SUVS HÍBRIDOS, ELÉTRICOS E ESPORTIVOS

VEJA 10 CARROS EMBLEMÁTICOS DA FORD

Durante o conflito (1939-45) a história da Ford no Brasil se confunde com a do conflito. A marca passou a fabricar caminhões para o Exército e desenvolveu um inusitado meio de combustão alternativa. Para suprir a falta de combustível, instalou nos veículos o gasogênio, uma engenhoca alocada na tampa do porta-malas dos carros que funcionava como caldeira alimentada por carvão vegetal.

O primeiro grande lançamento do Pós-Guerra só viria nos últimos anos da década de 1940, com o Ford 1949. O carro chamava a atenção pelo design diferenciado, que já ditaria tendências para próximos lançamentos.

Produção nacional

Em 1953, um novo passo para a história da Ford no Brasil. A empresa inaugurou a Fábrica do lpiranga, no bairro de mesmo nome em São Paulo, com 200 mil m², mais de 2.500 funcionários e produção diária de 125 veículos. Só que o primeiro produto nacional da marca – ou seja, produzido com 40% de índice de nacionalização em vez de montado com peças 100% importadas – foi um caminhão, o F-600,com capacidade de 6 toneladas e motor V8.

Na sequência, a Ford ampliou seu portfólio de veículos de carga. Vieram os modelos F-100, F-350 e F-600 a diesel. Na mesma época, foram inauguradas a Fábrica de Motores no Ipiranga e a Fundição de Osasco (SP), que instalou os primeiros fornos elétricos de indução da América do Sul, para produzir ferramentas de estamparia e peças fundidas para os veículos.

História da Ford no Brasil
Foto | Ford/ Divulgação

Após a política desenvolvimentista dos anos JK com foco na matriz rodoviária, a Ford cresceu a produção de caminhões. Em 1964, o F-600 já atingia índice de nacionalização de 99% e ajudava o fabricante a atingir a marca de 100 mil veículos produzidos ou montados no Brasil.

O leque da Ford foi aberto a partir de 1967, com a produção do primeiro automóvel brasileiro de luxo, o Galaxie. Tinha motor V8 e equipamentos diferenciados, como a direção com assistência hidráulica. No ano seguinte a empresa assumiu o controle da Willys Overland do Brasil e a unidade de São Bernardo do Campo (SP), o que alçaria as operações da montadora em território nacional.

O primeiro fruto desta aquisição da Willys foi o Corcel. Era o Projeto M, de origem Renault e que já estava em desenvolvimento na época da compra. Na Europa, se transformou no Renault 12. Quatro portas e com motor 1.3, inaugurou o segmento de sedãs médios no país e no ano seguinte deu origem a uma configuração cupê e outra GT. 

Ford Corcel é marcou época
Foto | Ford/Divulgação

No fim dos anos 1960 ainda teria espaço para a Belina, a station wagon derivada do Corcel. Outra novidade da marca nessa fase foi a transmissão automática no Galaxie na versão topo de linha LTD, primeiro nacional a ter esse tipo de câmbio.

História da Ford no Brasil: clube do milhão

O Corcel se torna um sucesso de vendas e já em 1972 alcança a marca de 200 mil unidades produzidas. No mesmo ano, a Ford celebra seu milionésimo veículo brasileiro, um Corcel cupê vermelho – que foi sorteado entre os 18 mil funcionários da empresa no Brasil. A marca, inclusive, teve de transferir a produção dos utilitários Jeep, F-75 e Rural para a unidade lpiranga.

Um dos carros mais icônicos apareceu nos anos 1970, o Maverick. Porém, o carro hoje goza de mais sucesso do que na época. Lançado com um seis cilindros do Jeep Willys e opção GT com um belo 5.0 V8, o modelo depois passou a usar um quatro cilindros nas versões de entrada, mas que ganhou a fama de andar como quatro cilindros e beber como um V8… Isso em meio a duas Crises do Petróleo.

Maverick
Foto | Ford/Divulgação

Melhor sorte teve o Corcel II. Na esteira do sucesso de 650 mil unidades emplacadas, a segunda fase do sedã adotou design moderno e trouxe promessa de maior conforto. Apesar da vacilada inicial de usar o mesmo motor 1.4 do antecessor com potência estrangulada (72 cv para um carro mais pesado), o modelo teve 100 mil unidades comercializadas em apenas 10 meses.

No apagar das luzes da década que marcou a inauguração da fábrica de motores de Taubaté (SP) e do Campo de Provas de Tatuí (SP), a marca ainda lançou a F-1000. A picapona com motor a diesel e capacidade de carga de 1 toneladas, foi um dos lançamentos mais importantes da história da Ford no Brasil.

Fique por dentro das novidades.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

- publicidade -
- publicidade -

ARTIGOS RELACIONADOS

- publicidade -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

SEGREDOS

- publicidade -