Vai começar no mundo das duas rodas? Veja aqui os critérios que você deve seguir para não entrar em furada

Por Roberto Dutra

Comprar a primeira moto é um momento especial. É um grande passo para ganhar mobilidade, autonomia e liberdade. Por isso mesmo não é algo assim tão simples: é preciso levar em conta alguns critérios importantes para não entrar numa furada. Apesar de ser algo bastante emocional – envolve critérios como beleza e potência, por exemplo -, a compra da primeira moto também deve ser regida pelo bom senso e pela racionalidade.

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Para começar, hoje existem centenas de modelos à disposição, o que pode causar indecisão e levar até a escolhas equivocadas. É importante optar por aquele mais adequado ao seu biotipo, aos trajetos que pretende fazer e aos custos que deseja ter. Tudo isso resultará em uma convivência melhor não só com a própria moto, mas também com o trânsito, obtendo assim segurança, conforto e diversão nas medidas certas. Então, vamos aos principais critérios que devem nortear sua escolha:

Moto ou scooter?

Essa é uma dúvida frequente, que pode ser sanada ao se pensar em alguns aspectos. Você quer passar marcha ou apenas acelerar e frear? Quer alguma proteção (ainda que pequena) na chuva ou não se incomoda de vestir capa e botas em dias molhados? Deseja apenas mobilidade urbana ou, também, um desempenho mais forte? Vai andar com ou sem garupa?

Bom, se você quer ter pouco trabalho na pilotagem, usar capa só sob chuva da pesada, ter boa agilidade no trânsito pesado mas sem compromisso com desempenho forte, e só vai levar garupa eventualmente, pode escolher um scooter. Mas se busca uma pilotagem mais interativa, quer um desempenho um pouco mais emocionante e eventualmente vai além da demanda urbana, opte por uma motocicleta.

Posso começar com uma moto grande ou potente?

Poder, pode. Muita gente fez e faz isso, e não teve problemas. Mas pilotar moto é como quase tudo na vida: o ideal é começar devagar. Afinal, com exceção dos prodígios, ninguém começou a fazer música sem antes aprender as notas. Então, se você não tem experiência, sua primeira moto ou scooter deve ser de baixa cilindrada, leve e com desempenho comportado. Além disso, pense no seu bolso: é melhor que sua primeira moto seja, também, barata de comprar e de manter.

Afinal, será nela que você levará seus primeiros sustos no trânsito, aprenderá sobre manutenção, eventualmente sofrerá seu primeiro tombo (melhor que seja em baixa velocidade e com baixos custos, certo?), e aprenderá, de fato, a prática da pilotagem. Como todos sabemos, as “motoescolas” em geral não ensinam a pilotar, mas apenas a conduzir o veículo e a passar na prova. Por fim, vale destacar modelos com motores de até 250cm³ resolvem bem a questão de mobilidade com economia de recursos e de consumo.

Qual será o seu trajeto?

Outros aspectos importantes são os trajetos que você pretende fazer e, neles, o tipo de piso que você enfrentará. Para trajetos curtos, como idas e vindas ao trabalho – normalmente as primeiras motos são para isso – scooters e motos pequenas resolvem muito bem. Para trajetos de média distância (cada perna com uns 30 quilômetros, por exemplo) e principalmente por pistas expressas, a recomendação passa a ser uma 250/300.

Além disso, scooters e motos pequenas se dão bem com pistas bem asfaltadas, mas sofrem um bocado (principalmente os scooters) na buraqueira. Se o seu trajeto habitual tiver esse problema, uma moto trail pode ser a melhor escolha, por ter rodas e suspensões mais adequadas — e isso proporcionará mais conforto a você e a um eventual garupa. E elas existem em diversas faixas de cilindrada e tamanho.

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Foto | Honda/Divulgação – Se tem piloto “sobrando” na moto ou no scooter, algo não está certo. Melhor optar por um modelo maior – reprodução da internet

Adequação ao peso e ergonomia

Outro critério importante é o seu biotipo. Embora recomendemos começar com uma moto ou scooter pequenos, nem sempre esses modelos são os mais indicados. Além dos aspectos de trajeto mencionados acima, se piloto e/ou o garupa têm estatura e/ou peso elevados, vale pensar nos modelos que estão logo acima dos básicos. Em vez de moto ou scooter com motor de 125cm³ ou 150cm³, pense em algo com motores de 250cm³ a 400cm³.

Serão um pouco mais caras, porém mais confortáveis e até seguras por terem maior porte e um pouco mais de força. Para todos, vale a regra: o encaixe do corpo na moto deve ser adequado, sem sobrar ou faltar espaço para pernas, braços e corpo em geral. Se você não “veste” a moto bem, algo errado não está certo!

Primeira moto: Usada ou zero-quilômetro?

Naturalmente isso será determinado pelo seu bolso. Motos e scooters usados requerem bastante cuidado. Por mais inteira que pareça, sempre se deve fazer uma análise minuciosa. Na moto, faça uma vistoria detalhada. Verifique faróis, piscas, lanterna, luz de freio, pneus e buzina: tudo deve estar funcionando perfeitamente.

Depois, veja o estado dos pneus (olhe o TWI, a marquinha que indica o desgaste), a transmissão (corrente/coroa/pinhão), os freios (veja o estado das pastilhas) e as suspensões — afunde os garfos dianteiros para ver se estão muito moles ou muito duros, e também sem vazamentos. E “quique” sobre a traseira para ver se o retorno do(s) amortecedor(es) está correto – ele deve descer, subir e parar.

No scooter, faça a mesma vistoria, mas com atenção ao estado da correia dentada, item fundamental cuja substituição nunca tem custo baixo e que deve ser trocada sempre no prazo indicado no manual do veículo. E veja também se há folgas nas carenagens e se as rodas, sempre vulneráveis a buracos, têm amassados. Nos dois casos, faça um pequeno test-drive para se precaver de outras surpresas, como calo na direção, guidom empenado e quadro torto.

À menor suspeita de algo errado, questione o vendedor — e, havendo dúvidas, não compre. Se te agradou e você comprou, outra recomendação importante: faça logo que possível uma revisão na sua oficina de confiança para “zerar” tudo (óleo, filtros, velas etc). Assim, você passará a ter controle total da manutenção periódica da sua nova paixão.

Custos: muito além da compra

Infelizmente os custos na aquisição de sua nova moto ou scooter não acabam quando você paga à loja ou ao ex-proprietário. Se o veículo for zero-quilômetro, você vai gastar com o emplacamento, IPVA, seguro obrigatório e demais taxinhas do Detran. Se for usado, terá pelo menos a taxa de transferência – se impostos e outros valores estiverem rigorosamente em dia. Depois disso, não esqueça da revisão que mencionamos aí em cima!

Primeira moto: Equipamentos de segurança

Agora a moto ou o scooter já está no seu nome e é hora de curtir? Calma, tem mais. Se você não pensou nisso antes, é preciso comprar o mínimo de equipamentos de segurança. Ou seja, capacete de boa qualidade, luvas e calçados adequados. Capacete, claro, só certificado pelo Inmetro – até para não correr risco de ser multado. Depois disso, aí sim: bons passeios!

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