Discursos tentam convencer que o Hyundai HB20 2020 é uma nova geração, mas na prática, compacto passou por mudança visual profunda. Motor 1.0 turbo oferece bom desempenho

Por Marlos Ney Vidal (*)
De Ilha de Comandatuba (BA)

O Autos Segredos andou no novo Hyundai HB20 Turbo e a degustação foi a bordo dos modelos hatch e sedã. Por mais que as mudanças sejam profundas, o compacto coreano passou por uma reestilização em cima da geração atual. Não há como negar que o HB20 2020 evoluiu, o motor 1.0 Turbo é o destaque da linha, mas faltou ousadia da marca em ofertar mais equipamentos de série e preços mais convidativos.

Ao vivo é melhor

Gosto é subjetivo e ponto final. Mas ao vivo, as mudanças visuais do novo HB20 são mais atraentes. De lado, as portas mantém o mesmo formato e estão com vinco mais pronunciado. A linha de cintura continua alta e os vidros também mantiveram o mesmo formato. O detalhe em plástico na coluna “C” para passar a impressão de teto flutuante tem resultado interessante.

Se nas fotos de divulgação na cor vermelha, as lanternas causaram estranheza, em outras tonalidades da carroceria elas não são tão chamativas. O novo desenho da tampa traseira não compromete o resultado final. O novo desenho do para-choque também não desabona o conjunto traseiro.

De frente, o desenho dos novos faróis são bem recortados e quase se encontram com a grade. No Hyundai HB20 Turbo Diamond eles contam com projetor e tem assinatura de LED que contribuem para deixar o visual mais atrativo.

Porém, o caimento do capô é muito forte e não agrada, assim como a enorme grade dianteira, que deixa o modelo com a “cara triste”. Nos Hyundai HB20 Turbo a grade conta com contorno cromado, mas os elementos internos mudam no hatch e no sedã. Os faróis de neblina são pequenos e destoam do resto do conjunto.

Vendo a grande repercussão em nossas redes sociais, fica claro que para os puristas, as linhas do HB20 deixam a desejar. Mas a marca mira com as mudanças visuais seus atuais clientes. O fabricante não almeja e nem tem capacidade de produção para que o HB20 dispute a liderança com o Onix.

Aços especiais

Apesar de manter a plataforma atual, a carroceria do HB20 recebeu aço de ultra resistência de 30%. Segundo a Hyundai, o compacto também teve a reforço melhorar a segurança em colisões laterais. A rigidez estrutural foi melhorada em 17%.

Porém, a marca ainda não se decidiu se irá patrocinar os testes de impacto do Latin NCAP. A Hyundai apenas informou que está estudando o assunto, uma vez que o hatch é o segundo modelo mais vendido do Brasil.

Espaço interno

Segundo a Hyundai, o espaço interno do HB20 melhorou em 4,7 centímetros, mas o entre-eixos cresceu apenas três centímetros e agora conta com 2,53 metros de comprimento.  Analisando os números a conta não bate, porém o Autos Segredos explica a mágica, os encostos dos bancos dianteiros estão mais finos. Apesar do ganho, o espaço para as pernas é apenas satisfatório.

Mesmo com a mudança, os bancos dianteiros do HB20 estão mais confortáveis que os modelo anterior. As abas laterais dos encostos seguram bem o corpo dos passageiros. O assentos também estão bem confortáveis e apoiam bem as pernas do ocupantes nos bancos dianteiros e traseiro.

Banco traseiro

Três adultos atrás é utopia, em nossa avaliação, fizemos o teste com três pessoas no banco traseiro e os ombros ficam disputando espaço. No sedã, notamos que há falta de espaço em altura para os ocupantes das extremidades.

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Ergonomia

Os comandos de vidros elétricos, ar-condicionado e a central multimídia estão bem posicionados e o condutor não terá que fazer malabarismos para acessá-los.

Acabamento

No quesito acabamento, o Hyundai HB20 Turbo Diamond Plus está na média dos concorrentes. Os materiais são de plástico duro e revestidos na cor marrom desert. Um aplique azul que se estendem por todo o painel destoa do conjunto. As forrações de porta também repetem a cor do painel e os apoios de braço recebem revestimento em tecido. Dependendo da versão a tonalidade do revestimento interno muda de cor. A versão topo de linha tem quadro de instrumentos que mescla mostradores analógicos e digitais. Os materiais de revestimento são em couro na cor marrom desert.

Central multimídia

A central multimídia BlueMedia com tela flutuante touchscreen de 8 polegadas; conectividade com smartphone Apple CarPlay e Google Android Auto; conexão Bluetooth com streaming de áudio; acesso a agenda e histórico de chamadas, MP3 player; conexões USB e auxiliar; comandos de áudio e Bluetooth no volante. O sistema é de fácil utilização e com apenas dois ou três toque se consegue chegar a função desejada.

Segurança

A marca escorregou ao ofertar segurança extra para o HB20, somente nas versões Diamond Turbo e na Launch Editon 1.6, os airbags laterais são de série. Assistente de partida em rampa e controles de tração e estabilidade também não são ofertados para toda a gama. Na versões Turbo, os itens de segurança são padrões.

O opção topo de linha Diamond Plus oferta alerta de mudança de faixa e sistema de alerta e frenagem autônoma que para o carro sozinho até 50 km/h ao detectar obstáculo à frente.

O Autos Segredos testou o sistema numa pista e na primeira tentativa, o cérebro manda o comando para o pé que freia o carro instintivamente. Na segunda tentativa, ao deixar o sistema atuar, os avisos sonoros se fazem presente e segundos depois, o carro para sozinho e assim evita a colisão.

Uma pena que a segurança extra ainda é cara, mas já é uma evolução ofertar o sistema em um modelo compacto.

Suspensão

O novo Hyundai HB20 recebeu melhor acerto de suspensão. Ela está mais firme para privilegiar o conforto. Em curvas, principalmente andando no hatch, elas são contornadas sem susto mesmo em velocidades um pouco mais alta. O conjunto molenga do modelo anterior ficou no passado.

Mas a firmeza cobra seu preço e as imperfeições do solo são facilmente sentidas pelos ocupantes.

Andando

A cereja do bolo no Hyundai HB20 Turbo é o seu novo propulsor com injeção direta de combustível. Tanto o hatch quanto o sedã são prazerosos de se guiar. O propulsor responde rápido quando é provocado, basta um toque no acelerador para que as ultrapassagens sejam realizadas com segurança.

O bom torque de 17,5 kgfm está disponível a partir de 1.500 rpm, o que ajuda em retomadas bem rápidas. Nesse quesito, o HB20 Turbo está bem melhor servido que o Chevrolet Onix Turbo. Comparando os números com o VW Polo, o hatch coreano perde na ficha técnica, mas na prática, ele oferece desempenho similar.

Porém, nem tudo é perfeito, a Hyundai economizou no isolamento acústico do HB20 Turbo e os ruídos de funcionamento do motor invadem a cabine. Como o propulsor trabalha em rotações mais altas, ele “grita” bastante. Talvez, uma manta acústica no capô ajuda-se a diminuir os ruídos.

Outro ponto negativo é a vibração do motor, em marcha lenta chega a incomodar. Parado, ao abrir as portas, nota-se claramente o balançar das portas.

As trocas de marchas são bem escalonadas e o casamento com o motor turbo ficou bem interessante. Nas versões Diamond, as trocas podem ser feitas de modo manual através das aletas atrás do volante.

Conclusão

O novo HB20 2020 não irá quebrar paradigmas como em sua chegada em 2012. Mas como dissemos acima, o resultado final é bem mais interessante quando visto ao vivo. À primeira vista ele não arrebata os corações dos futuros pretendentes, mas o consumidor cativo do hatch coreano será facilmente conquistado depois de alguns quilômetros de test drive.

(*) O jornalista viajou à convite da Hyundai Motors do Brasil.

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