Modelo entrega o que promete, mas não deixa de ser um veículo fundamentalmente urbano

Por Roberto Dutra

O segmento de scooters é o que mais tem crescido – ou pelo menos mostrado estabilidade – no mercado brasileiro de veículos de duas rodas. De cinco anos para cá, nos momentos em que o setor apresentou queda, as vendas de scooters aumentaram. Quando o setor cresceu, os emplacamentos de scooters cresceram mais ainda. O resultado não poderia ser outro: as marcas passaram a investir mais e mais no segmento, e hoje as vendas de scooters só perdem para as de modelos street – Honda CG e afins.

E hoje temos muitas boas opções de scooters no país. Entre eles, o Honda ADV 150, que inclusive tem uma proposta um pouco diferente: ser um modelo com uma certa pegada aventureira, um jeito “off-road” de ser. Para isso, tem design bem diferente dos de seus pares (inspirado no do irmão bem maior X-ADV 750), pneus de uso misto e suspensões com um pouco mais de curso. Assim, o ADV 150 quer fazer o que todo scooter faz – rodar em âmbito urbano nas pequenas e médias distâncias do dia a dia -, e oferecer a possibilidade de ir além, por caminhos menos convidativos e estradinhas de terra.

Scooter ADV 150
Foto | Caio Mattos/Honda/Divulgação – Na frente invocada, os faróis têm LEDs e há luzes de rodagem diurna (DRLs)

A Honda usa apenas a nomenclatura “ADV”, mas completamos com o “150” pelo hábito de sempre mencionar o tamanho do motor. Pegamos um ADV 150 de teste para rodar uns dias e (re)avaliar seu comportamento.

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O design é bem bacana. Agressivo, moderno e harmonioso, sem os excessos que às vezes vemos em modelos de origem asiática. São linhas retas e musculosas, com frente agressiva e traseira arrebitada. E o ADV 150 é bem equipado: vem com iluminação toda em LEDs, luzes de rodagem diurnas (DLR), banco em duas alturas (com espaço embaixo para um capacete fechado e mais alguma coisa, totalizando 27 litros), bocal do tanque no assoalho, cavalete central, chave presencial, start-stop, porta-luvas com tomadinha 12V, para-brisa com dois ajustes de altura e um painel retangular estilo tablet com fundo preto muito completo – mostra até a carga da bateria, um alerta de troca de óleo e consumos médios independentes nos dois “trips” (A e B).

O motor é o mesmo do “primo” PCX 150, com o qual inclusive compartilha outros componentes: um monocilíndrico injetado com refrigeração líquida, 149cm³, 13,2 cv de potência a 8.500 rpm e 1,3 kgf.m de torque a 6.500 rpm. Mudam os dutos de admissão e o escape 2cm mais longos. Segundo a Honda, essas alterações fazem o ADV 150 fornecer respostas mais encorpadas em rotações médias. O câmbio, claro, é automático do tipo CVT – inerente a qualquer scooter.

Mas aqui temos alguns baratos exclusivos. Caso da suspensão traseira Showa bichoque com molas progressivas de três estágios e amortecedores com reservatórios externos de gás. Ou das rodas de liga leve, que são pintadas, têm aros de 14 polegadas na frente e 13 polegadas atrás, e vestem ótimos pneus de uso misto Metzeler Tourance (medidas 110/80 e 130/70).

Vamos acelerar!

Rodamos com o ADV 150 somente em âmbito urbano, mas variando o tipo de piso – asfalto bom e ruim, e também de paralelepípedos. Para ligar o motor, giro o botão na parte interna do escudo e aperto o “start”. O nível de ruido é baixíssimo. A posição de pilotagem é interessante – o guidom é mais alto que o do PCX 150, e as costas ficam bem retinhas.

No anda e para, o ADV 150 se comporta como qualquer scooter. Arranca com serenidade, dá aquelas patinadinhas típicas do câmbio CVT, demora pra embalar e, depois que ganha velocidade, fica meio exibido. Nos trechos mais livres, é possível manter velocidade próximas dos 100km/h sem esmerilhar. Ruídos e vibrações continuam bem baixos.

As suspensões mais altas que na maioria dos scooters – cursos de 13cm na frente e 12cm atrás, contra 10cm de média nos outros – e o bom vão livre de 16cm ajudam o ADV a enfrentar bem os buracos e os quebra-molas. Ou seja, a tal aptidão “off-road” contribui mesmo é na cidade.

No entanto, não trazem o conforto esperado. Com calibragem bem durinha e sem a possibilidade de regulagens, as suspensões dão trancos incômodos. Fossem um pouco mais macias, seriam o paraíso. Mas o conjunto não chega a me causar dores nas costas em curto prazo, como já aconteceu nas experimentações com vários outros scooters. Importante destacar aqui que o banco ajuda, embora seja mais anatômico do que propriamente macio.

Desta vez não tive oportunidade de rodar com o ADV 150 em alguma estradinha de terra, mas vale a lembrança: quando do lançamento, em novembro de 2019, pude fazer um “off-road” leve com o modelo e seu comportamento foi excelente: muita diversão, boa aderência e nada de sustos. Mas muitas vezes foi preciso pilotá-lo em pé, como em uma moto trail, para não sofrer os impactos.

Na terra é preciso se acostumar ao ABS presente apenas na roda dianteira. O que é legal: você consegue fazer aquelas derrapadas controladas típicas do “off”. Em qualquer ambiente, o bichinho é bom de curva e os pneus proporcionam ótima aderência. Ali na frente o pequeno para-brisa é mais bonito do que útil: na posição mais baixa, direciona o vento para o piloto. Na mais alta, desvia apenas parcialmente.

Atrás dele o painel “blackout” é bem completinho e bonito, mas sob sol forte é um tanto difícil de consultar. Por fim, o consumo foi elogiável: em ambiente urbano e sob uso severo, anotamos 38km/l – em trechos livres e sob condução parcimoniosa, esse consumo certamente melhora bastante.

O ADV 150 não é exatamente barato – mas que moto ou scooter é, hoje, em dia, no Brasil? O aventureiro custa atualmente R$ 18.500. É uma diferença excessiva em relação ao PCX 150, de R$ 13.510, que por sua vez briga diretamente com o Yamaha Nmax 160, de R$ 15.416 e com o recém-lançado Dafra Cruisym 150, de R$ 14.490. É uma compra interessante por oferecer um conjunto com mais personalidade e recursos, mas uma diferença de uns R$ 2.500 já estaria de bom tamanho. Na relação custo/benefício, o Honda ADV 150 está um degrau acima do seria o ideal. É o preço para desfilar com estilo aventureiro.

Ficha Técnica Honda ADV 150

Preço
R$ 18.500

Motor
Monocilíndrico, injetado, refrigerado a água, 149cm³, potência de 13,2 cv a 8.500 rpm e torque de 1,3 kgf.m de a 6.500 rpm

Transmissão
Câmbio CVT

Suspensões
Garfos telescópicos na frente e bichoque atrás

Pneus
110/80 R14 na frente e 130/70 R13 atrás

Freios
A disco na frente e atrás, com ABS somente na frente

Dimensões
Comprimento de 1,95m, largura de 76,3cm, altura de 1,15m, entre-eixos de 1,32m, distância mínima do solo de 16,5cm e altura do assento de 79,5cm

Peso
127 kg (seco)

Tanque
8 litros

Consumo
38 km/l (média urbana)

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