Jovem e malvadona, a moto exibe desempenho forte e emocionante, mas a posição de pilotagem e o conforto poderiam ser melhores

Por Roberto Dutra
Especial para o Autos Segredos

Meu primeiro contato com a Low Rider S aconteceu durante seu lançamento, em San Diego, na Califórnia. Naquela oportunidade pudemos fazer um bom test-ride com essa Harley-Davidson, e a moto deixou boas impressões. Mas era preciso uma convivência maior e mais intensa para conhecê-la a fundo – test-rides em lançamentos quase são sempre “controlados” e bolados para que se sinta a moto em condições favoráveis.

A oportunidade veio agora, com uma semana de parceria principalmente em uso urbano. Esse é, afinal de contas, o uso que quase todos os compradores desse tipo de moto fazem. E lá vamos nós na mais barata das Harley-Davidson vendidas no Brasil – o que não quer dizer muito acessível, pois custa R$ 90.500!

O nome Low Rider – sem o “S” – é familiar há tempos. Antes desse modelo atual, que faz parte da família Softail, já existiu uma Low Rider, que era da extinta família Dyna, então com o motor Twin Cam 96 (de 1.584cm³) e outro chassi. Ficou o nome, veio a sigla “S” para indicar que esta tem uma pegada mais forte e nasceu uma moto toda nova.

Se a antiga Dyna Low Rider era bonitinha, mas sem grandes apelos, essa aqui é sedutora e traz um conjunto muito superior — com o mesmo conjunto de chassi leve e rígido e a suspensão traseira monochoque de best-sellers como Fat Boy ou Heritage Classic, entre outras.

O visual é malvadão

Mas a Low Rider S tem uma característica que que a diferencia das outras Softail: o visual jovem e malvadão somado ao motor Milwaukee-Eight de 114 polegadas. Surge assim um conjunto que une estilo moderno e desempenho forte, impressiona e é realmente capaz de seduzir um público mais jovem, fora do padrão “tiozão” que compra os modelos mais clássicos da marca.

A Harley diz que o estilo da Low Rider S é o chamado “West Coast Style” – puro marketing que não quer dizer nada. Nossa unidade de teste tem caprichada pintura preta, com o nome “Harley-Davidson” pintado no tanque em letras douradas e vazadas, e detalhes na mesma cor também nas belas rodas de liga leve e na tampa do filtro.

Completam o estilo malvado o banco solo, o estreito guidom de 1″ com risers de 4″, o para-lama dianteiro curtinho, os escapes com protetores de calor em preto fosco e a moldura de farol no melhor estilo “Sons of Anarchy” (aquele seriado sobre uma gangue de motoqueiros, que fez sucesso uns anos atrás). Dentro da moldura, não há nada – só um acabamento plástico que poderia ser mais elegante.

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O para-lama traseiro repete o estilo dos das antigas Dyna, com curvatura simétrica e lanterna protuberante, bem vulnerável a choques – mas é de LED, como toda a iluminação da moto. Por fim, o painel de instrumentos, até estiloso, vem com dois mostradores posicionados sobre o tanque, e vale lembrar que a moto não vem com pedaleiras nem banco do garupa (são acessórios vendidos à parte).

Hora de acelerar

O motor Milwaukee-Eight 114 tem dois cilindros em V, 1.868cm³, 16 kgfm de torque e estimados 90 cv de potência (lembramos que a Harley-Davidson não divulga as potências dos motores). O belo conjunto tem, ainda, câmbio de seis marchas, suspensões da japonesa Showa (frente invertida!) e transmissão de seis marchas com secundária por correia.

A lembrança que tínhamos das estradas de San Diego era de um desempenho convincente. E essa semana de convivência confirmou tais memórias: a Low Rider S exibe acelerações fortíssimas, com torque sobrando em qualquer giro. As trocas de marcha em pistas livres são praticamente desnecessárias.

Nas curvas, a moto também surpreende. Com ângulo de cáster de 28° (ou seja, a frente é mais “em pé” que em algumas outras Harley) e entre-eixos de 1,61m para 2,33m de comprimento, esta Low Rider S entra e sai das curvas inclinado bastante e com extrema segurança. E o melhor: não arrasta as pedaleiras toda hora. Como o guidom é pequenino, basta um leve esterço para mudar a trajetória, o que lhe confere uma agilidade semelhante à da bem menor (e agora extinta, infelizmente) Sportster Iron 883.

No trânsito urbano, também temos agilidade e boa maneabilidade. Mas não dá para fazer milagres: embora a Low Rider S passe bem pela maioria dos corredores, eventualmente ficará presa em algum engarrafamento. Vale destacar, ainda, que os freios estancam os 295kg da moto com extrema eficiência e sem sustos.

Low Rider S: O aspecto negativo

O que pega na Low Rider S é a posição de pilotagem, mais agressiva do que confortável. O banco até acomoda bem e o guidom baixo e curto chega às mãos sem esforço. Mas os punhos são pobres como sempre e as pedaleiras são bem mais recuadas que o desejável. Assim, a posição dos braços não “conversa” com as dos pés, gerando certo incômodo. Ou seja, temos mais uma H-D que exige a instalação de acessórios – no caso, um comando avançado e até mesmo um guidom “sequinha” para se obter algum real conforto.

Da forma que vem de fábrica, a Harley Davidson Low Rider S é capaz de proporcionar muita adrenalina, mas exige que os passeios sejam curtos para não cansar a coluna. Outro aspecto que merece crítica está no já mencionado painel sobre o tanque: é preciso desviar a atenção da estrada para consultá-lo, pois está abaixo da linha dos olhos. Além disso, as luzes-espia, como em muitas H-Ds, são quase invisíveis. São aspectos que mereciam mais atenção em uma moto desse nível – e com tal preço.

Ficha técnica Harley-Davidson Low Rider S

Motor
Milwaukee-Eight 114 com dois cilindros em V, 1.868cm³, 16 kgfm de torque a 3.000rpm e estimados 90 cv de potência

Transmissão
câmbio de seis marchas com secundária por correia

Suspensões
Dianteira com garfos invertidos e traseira monochoque

Freios
Disco duplo ventilado na frente e disco simples atrás, com ABS

Pneus
100/90 R 19 na frente e 180/70 R16 atrás

Tanque
19,8 litros

Dimensões
2,33m de comprimento, 1,61m de entre-eixos, 12cm de vão livre, 69cm de distância do banco para o solo

Peso
295 quilos a seco

Preço
R$ 90.500

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