Especial para o Autos Segredos
A S10 não era citada em um comercial que falava sobre as picapes de agroboy, que causou grande repercussão há alguns anos. Provavelmente, isso ocorreu porque, na época, ainda não existia a versão High Country, que é a atual top de linha. Não que faltem atributos à picape da Chevrolet, pelo contrário: ela é, sim, um veículo bem-qualificado tecnicamente, conforme veremos logo adiante. Porém, como as principais exclusividades da configuração em questão são estéticas – incluem um aplique no para-choque dianteiro, belas rodas diamantadas aro 18” e um largo santantônio integrado à capota marítima da caçamba –, é impossível não pensar em um filho de fazendeiro sentado no banco do motorista, ouvindo música sertaneja enquanto dirige por alguma cidadezinha no interior do país, em um esforço declarado para chamar a atenção. Durante a avaliação, ficou claro que o nosso agroboy fictício seria bem-sucedido: na vida real, a caminhonete realmente atraiu muitos olhares, mesmo em uma metrópole como Belo Horizonte e sem qualquer pretensão do jornalista de ser notado. Isso é até surpreendente, tendo em vista que a que a atual geração da S10 é presença comum nas ruas. Assim, se a Chevrolet pretendia mexer com o emocional do consumidor com a High Country, parece que conseguiu.
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O sistema de suspensão é independente por braços articulados na dianteira e dependente por eixo rígido e feixes de molas na traseira. Esse tipo de arquitetura, tradicionalmente aplicada em veículos de transporte de carga, traz alguns revezes à dirigibilidade. Na S10, por exemplo, é nítido que o eixo da frente absorve melhor as irregularidades do piso que o de trás. Quando circulam por vias rurais ou malconservadas, os ocupantes dão pulinhos sempre que a caçamba passa por algum buraco ou valeta. Já no asfalto, a carroceria inclina bastante em curvas e “gangorra” em ondulações. Esse tipo de comportamento é comum em caminhonetes grandes, com construção sobre chassis, mas alguns modelos conseguem entregar mais estabilidade, revelando acerto mais refinado. Por sua vez, a direção, que tem assistência hidráulica, é leve em manobras, mas poderia ser um pouco mais firme em velocidades mais elevadas. Outra solução comum em picapes da categoria é o sistema de freios com discos na dianteira e tambores na traseira. No modelo da Chevrolet, eles apresentaram bom comportamento, porém, também nesse quesito, o resultado é bem inferior ao de um automóvel.
Se, por fora, a S10 High Country tem decoração caprichada, por dentro há poucas alterações em relação à versão LTZ. A única mudança é a adoção do revestimento em couro marrom já utilizado na Trailblazer; na versão LTZ, ele é cinza. Agrada bastante o fato de esse material ser natural nos locais que têm contato com o corpo, como no centro do encosto e do assento, e sintético apenas nas demais porções, como nas portas e na parte de trás dos bancos dianteiros. No mais, todavia, o acabamento deixa um pouco a desejar, nem tanto pelo plásticos aplicados, que são rígidos, mas não fogem do padrão praticado o segmento, e sim pela montagem de algumas peças internas, que não é perfeito.
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A lista de equipamentos da S10 High Country é ampla, mas não chega a impressionar. Há computador de bordo, ar-condicionado digital, regulagem elétrica de altura dos faróis, vidros, travas e retrovisores elétricos, alarme, cruise-control, sistema multimídia MyLink com bluetooth, navegador GPS e câmera de ré, sensores de estacionamento traseiro, volante multifuncional, lanternas em LED, banco do motorista com regulagens elétricas e assistente de partida em rampa. O pacote de segurança inclui, além dos obrigatórios por lei airbags frontais e freios ABS, também controles eletrônicos de estabilidade e tração e controlador de velocidade em descidas. Fazem falta ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas infantis e mais airbags, indisponíveis até mesmo como opcionais.
A S10 High Country custa R$ 161.690. É uma pequena fortuna, suficiente para adquirir, por exemplo, um SUV ou um sedã de marca premium. Mas o fato é que esse valor está na média das versões top de linha das picapes grandes. Para efeito de comparação, uma Ford Ranger Limited é tabelada em R$ 160.900, uma Volkswagen Amarok Highline sai por R$ 158.990 e uma Toyota Hilux SRX, já da nova geração, exige que o cliente desembolse nada menos que R$ 188.120. Todavia, duas questões que independem da concorrência acabam fazendo com que o modelo da Chevrolet perca o apelo. A primeira é a possibilidade de levar a configuração LTZ, que, com exceção dos equipamentos estéticos (aplique no para-choque dianteiro, rodas diamantadas e santantônio integrado à capota marítima) traz o mesmíssimo conteúdo da High Country, inclusive na mecânica, mas custa R$ 156.490 – exatos R$ 5.200 a menos –. A segunda é o fato de a S10 estar prestes a passar por uma reestilização
, prevista já para o primeiro semestre de 2016. Nas versões de entrada, com maior foco no trabalho, essa questão tem menor peso, mas na mais luxuosa, voltada para o lazer, a história é diferente. Nenhum potencial comprador, seja ele agroboy ou não, vai gostar de ver sua caminhonete ficar com cara de velha poucos meses após ser comprada.AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 9 | 9 |
Consumo (cidade e estrada) | 7 | 9 |
Estabilidade | 6 | 7 |
Freios | 7 | 7 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 9 |
Espaço interno | 7 | 8 |
Caçamba (espaço) | 9 | 9 |
Acabamento | 7 | 8 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 7 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 8 | 8 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 8 | 9 |
Relação custo/benefício | 6 | 6 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, diesel, 2.776 cm³ de cilindrada, com diâmetro de 99,5 mm e curso de 79 mm com turbocompressor, intercooler e injeção direta; 200 cv de potência máxima a 3.600 rpm, 51 kgfm de torque máximo a 2.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral e reduzida com acionamento eletrônico, câmbio automático de seis marchas
ACELERAÇÃO
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
180 km/h (limitada eletronicamente)
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, com braços articulados; traseira, feixe de molas semi-elípticas
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 7,5 x 18 polegadas, pneus 265/60 R18
DIMENSÕES
Comprimento, 5,347 m; largura, 1,882 m; altura, 1,910 m; altura em relação ao solo, 228 mm; distância entre-eixos, 3,096 m
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 76 litros; caçamba: 1.061 litros; capacidade de carga (incluindo passageiros): 1.011 quilos; peso: 2.139 quilos