O que é, o que é? Ostenta a mesma marca que o Renegade no capô, utiliza a plataforma do Renegade, é um SUV produzido em Goiana (PE) tal qual o Renegade e, no caso das versões a diesel, compartilha a mecânica com o Renegade? A resposta, óbvia, é de que o veículo em questão é o Compass. Porém, apesar das várias semelhanças, há também diferenças significativas entre os dois utilitários. E, felizmente, os pontos divergentes ocorrem em função de o Compass superar o irmão menor em alguns aspectos – inclusive no preço, vale lembrar: a versão avaliada pelo Autos Segredos, a Longitude 4×4, custa R$ 132.990.
Não é só por fora que os dois modelos nacionais das Jeep são diferentes. Por dentro, eles também apresentam grandes distinções. Sabe aquela história de o Renegade ter espaço interno razoável e porta-malas pequeno? Pois no Compass, o espaço interno é amplo, e o porta-malas, razoável para o porte do veículo: no banco traseiro, mesmo pessoas altas conseguem se sentar com as pernas quase esticadas e sem correr o risco de dar cabeçadas no teto. Ali, além de encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos, há dois difusores de ar dedicados. Além disso, existem muitos porta-objetos a bordo, inclusive o útil compartimento sob o banco do passageiro da frente; para ficar perfeito, falta só incluir um porta-óculos no teto. Já o compartimento de bagagens, que acomoda 410 litros, também traz algumas comodidades, como o assoalho que pode ser posicionado em duas alturas diferentes e uma tomada 12V.
É verdade que alguns componentes internos, como comandos do ar-condicionado, leiaute dos instrumentos, manopla do câmbio, alavancas de seta e do limpador de para-brisa e volante são compartilhados pelos três modelos fabricados por lá, mas isso não chega a comprometer o resultado final. Até porque, além de bom aspecto, eles são corretos em termos de ergonomia. O cluster, além de completo, com termômetro do fluido de arrefecimento e tela central de 3,5 polegadas que mostra, entre outras informações, as funções de computador de bordo – proporciona leitura simples e direta, ao passo que o volante tem empunhadura muito boa, além de ser regulável em altura e em profundidade. Como o banco – que apoia muito bem as pernas e a coluna, diga-se de passagem – também tem ajuste de altura, é fácil encontrar uma posição confortável para dirigir. A visibilidade é muito boa, devido ao para-brisa amplo, a posição elevada de dirigir e os retrovisores bem-dimensionados, menos para trás, em função das colunas posteriores muito largas e do vidro pequeno na tampa do porta-malas. Felizmente, câmera e sensores de ré são de série.
Apesar do interior mais amplo e sofisticado, em equipamentos o Compass não mostra grande vantagem em relação ao Renegade. Ao menos na versão Longitude, avaliada, cujos itens de série não se sobressaem na faixa de preço do veículo – R$ 132.990, lembra? Há ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, chave presencial com botão de partida, alarme, monitoramento da pressão dos pneus, vidros, travas e retrovisores elétricos, rodas de liga de 18 polegadas, cruise-control, limitador de velocidade, luzes de rodagem diurna (sem LEDs, entretanto), faróis de neblina, volante multifuncional, assistente de partida em rampa, central multimídia com tela tátil de 8,4 polegadas, com navegador GPS, rádio, duas entradas USB, Bluetooth e comandos de voz, freio de estacionamento elétrico, controles eletrônicos de tração, estabilidade e anticapotamento e ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas. Porém, o modelo vem apenas com os obrigatórios por lei airbags frontais de série. Os laterais e os de cortina, além de uma bolsa para os joelhos do motorista, são oferecidos juntos em um pacote opcional, chamado Kit Segurança, por R$ 3.200. Também são vendidos à parte o retrovisor interno eletrocrômico, os sensores de chuva, os faróis com acendimento automático e até o revestimento interno em couro: esses quatro equipamentos vêm agrupados no que a Jeep intitula de Pacote Premium, por R$ 3.700. O teto solar panorâmico também é disponibilizado opcionalmente, por R$ 7.100. Assim, com tudo a que se tem direito, inclusive a pintura metálica, o valor de compra sobe para expressivos R$ 148.590.
Por falar em aventuras na terra, o Compass enfrentou muitos percursos off-road durante a avaliação. O sistema de tração, assim como havia ocorrido com o Renegade testado anteriormente, mereceu elogios. Ele superou sem qualquer dificuldade um trecho alagado, com muita lama, além de subidas com erosões e pedras soltas. Bastou acionar o botão 4WD Low (há ainda o 4WD Lock e os programas Auto, Snow, Sand e Mud) e acelerar. Porém, o SUV não conseguiu superar todos os obstáculos aos quais foi submetido: acabou ficando preso, pela parte central (bem no meio dos dois eixos) em uma lombada elevada, em uma trilha. Sem contato com o solo, as rodas começaram a girar em falso, anulando o sistema 4×4. Culpa da altura em relação ao solo, de 21,1 cm, que é apenas razoável dentro da categoria: não vai muito além de veículos com capacidade bem menor para rodar fora do asfalto (para efeito de comparação, em uma Fiat Strada Adventure, esse vão é de 19,4 cm, e em um Nissan Kicks, de 20 cm). A associação desse fator ao entre-eixos longo, de 2,636 m, limita significativamente os ângulos centrais (a Jeep não informa as medidas exatas no material técnico do modelo). Assim, se a ideia for se embrenhar por trilhas mais difíceis, é melhor ficar com a versão Trailhawk, que traz maior preparação para enfrenta-las (inclusive um vão livre de 22,9 cm).
Em consumo, assim como em desempenho, o Compass obteve bons resultados, com médias de 9,3 km/l em vias urbanas e de 13,7 km/l em rodovias. Nossos índices foram parecidos com os registrados no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, que indicam marcas de 9,8 km/l na cidade e de 11,4 km/l na estrada para a versão Trailhawk (a Longitude a diesel não consta na tabela da entidade). Vale destacar que a nota foi dada com base nos números obtidos pelo Autos Segredos; os do Inmetro foram citados como informação complementar. O tanque tem 60 litros de capacidade, o que assegura uma autonomia aproximada de até 800 km.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 8 | 9 |
Consumo (cidade e estrada) | 8 | 7 |
Estabilidade | 8 | 8 |
Freios | 8 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 9 |
Espaço interno | 9 | 9 |
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) | 7 | 8 |
Acabamento | 9 | 9 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 7 | 8 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 7 | 8 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 10 | 10 |
Relação custo/benefício | 8 | 8 |
FICHA TÉCNICA
»MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, a diesel, sobrealimentado com turbocompressor, 1.956 cm³ de cilindrada, 170cv de potência máxima a 3.750 rpm, 35,7 kgfm de torque máximo a 1.750 rpm
»TRANSMISSÃO
Tração integral e câmbio automático de nove marchas.
»ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10 segundos
»VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
194 km/h
»DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
»FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS
»SUSPENSÃO
Independente do tipo McPherson na dianteira e na traseira
»RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 18x 7, pneus 225/55 R18
»DIMENSÕES
Comprimento, 4,416 m; largura, 1,819 m; altura, 1,645 m; distância entre-eixos, 2,636 m; altura em relação ao solo: 21,1 cm; peso, 1.717 quilos
»CAPACIDADES
Tanque de combustível: 60 litros; porta-malas: 410 litros; carga útil (passageiros e bagagem), 400 quilos