Conheça os modelos que estão no corredor da morte e que não devem durar mais que um ano no mercado

Por Fernando Miragaya

O ciclo de vida de alguns carros no Brasil é bastante irregular. Tem modelo que faz estrondoso sucesso e ganha novas gerações em menos de oito, sete anos. Tem outros que apostam na mesma receita e, seja pelo custo/benefício ou pela falta total de concorrentes, se perpetuam por mais de duas décadas sem grandes alterações.

Mesmo assim, tem aqueles carros que sairão de linha de qualquer jeito. As razões são variadas. As baixas vendas podem ser o principal motivo, porém, espaço na fábrica, defasagem do projeto ou revisão de estratégias da marca também contam muito. Sem falar nas novas normas de emissões Proconve 7, que entrarão em vigor em janeiro de 2022, forçarão a morte de muitos motores e, consequentemente, de automóveis.

Desta forma, muitos modelos já estão pela “Bola 7”. Desde veteranos sedãs e hatches, até multivans e crossovers que, às vezes, nem lembramos que ainda são produzidos. Confira 10 carros que sairão de linha em um futuro não muito distante.

Volkswagen Voyage

O sedã tem até durado bastante no mercado brasileiro, mas a verdade é que a atual geração, lançada em 2009, ficou defasada rapidamente. Apesar das diferentes reestilizações, o Voyage ficou pequeno e datado em relação aos rivais. Se vale da fama de robustez da linha compacta da Volks e da mecânica simples, mas será um dos carros que sairão de linha em dezembro.

O último sopro de mudança no modelo ocorreu em 2018, com a estreia de uma versão com câmbio automático. Hoje, é negociado em apenas três versões – entre elas, uma com o antigo 1.6 8V de até 104 cv. Com isso, o Voyage emplacou mais de 15 mil unidades nos primeiros sete meses deste ano, só que o Virtus, que é bem mais caro e muito mais moderno, vendeu praticamente a mesma coisa…

Fiat Uno

Um sinal claro para sentenciar os carros que vão sair de linha é a redução da gama. Aconteceu recentemente com modelos como VW Up! e Toyota Etios, e acaba de acontecer com o Uno. O compacto da marca italiana recentemente teve sua gama reduzida a uma opção. Um rito de despedida para esta segunda geração do hatch, lançada em 2010.

Apesar do desenho quadradinho diferente e do bom custo/benefício, o Uno foi outro que ficou defasado, além de meio perdido no portfólio compacto da Fiat. Com a chegada do Mobi, em 2016, e do Argo, em 2018, o carro ficou espremido na linha e suas versões mais completas acabam esbarrando nos preços praticados pelas concessionárias para os dois outros hatches.

Fiat Grand Siena

O sedã foi lançado em 2011, mas padece do mesmo problema do Uno. É vendido em duas versões, com os velhos motores 1.0 (R$ 63.490) e 1.4 (R$ 67.490) e, apesar do custo/benefício interessante e de ter um porta-malas de 520 litros, as promoções de rede deixam o Cronos (mais moderno e com motor mais econômico) com preços na casa dos R$ 70 mil.

Além da concorrência desigual dentro de casa, tem também a questão que eles demandariam investimentos para se adequarem as normas Proconve 7. Com a saída de cena do Grand Siena, o Cronos deve ganhar versões mais baratas para a Fat não perder essa base do segmento de sedãs.

Carros que vão sair sair de linha: Fiat Doblò

É um caso de herói da resistência. O mini furgão foi lançado aqui em 2001 e, desde então, só passou por uma reestilização, em 2009. Única multivan de passeio vendida no mercado atualmente, é vendida por inacreditáveis R$ 120.490 em sua versão solitária Essence, com motor 1.8 e sete lugares – ainda tem uma variante já adaptada para ambulância e derivação Cargo.

Todos os anos, o Fiat Doblò é colocado no corredor da morte e seu fim é dado como certo, mas o modelo continua aí. Segundo fontes, a verdade é que o carro só entra em produção em Betim (MG) quando tem alguma encomenda – geralmente de frotistas e locadoras. Com as novas normas de emissões do país, contudo, desta vez a descontinuidade do mini furgão é quase certa.

Jeep Renegade

Calma, o SUV compacto não sairá de linha, mas sim suas versões com motor aspirado flex e turbodiesel. O velho 1.8 será substituído pela nova linha de motores turbo 1.0 três cilindros GSE, que também estará em Argo e Cronos. Ainda vai economizar tempo e trocados da engenharia da Stellantis, que teria de se virar para fazer o E.torQ entrar dentro das normas do Proconve.

Já as variantes com o 2.0 Multijet sairão por razões mercadológicas, mesmo. Os Renegade a diesel representam só 10% do total de vendas de toda a linha do utilitário esportivo. Não faz sentido mantê-las e vão engrossar o rol dos carros que sairão de linha.

Carros que vão sair de linha: Honda Fit

O Fit tem uma legião de fãs, sempre vendeu bem desde a primeira geração – apesar dos preços salgados – e volta e meia figura em dicas de compra ou premiações automotivas. O problema é que a nova geração do monovolume, lançada no ano passado globalmente, ficou cara de produzir. Se fosse um SUV, vá lá, mas não é o caso.

Para resolver o buraco na linha, a Honda lançará a terceira geração do City com uma inédita variante (no Brasil) hatch. A renovada gama compacta chegará até o fim do ano, na mesma época em que o Fit terá sua fabricação encerrada. Esta nova geração do compacto mostrada lá fora, contudo, pode vir em uma variante eletrificada no ano que vem.

Volkswagen Fox

Outro que ultimamente é frequentemente cotado como um dos carros que vão sair de linha. Também, pudera, o modelo que inaugurou o conceito de hatches altinhos está com quase 20 anos de estrada. Só não foi ripado ainda porque é – como dizem na indústria – um projeto pago e que ainda vende de forma razoável graças ao seu bom custo/benefício – foram quase 13 mil unidades de janeiro a julho.

A questão é que o Fox usa o bom – mas antigo – motor 1.6 8V de até 104 cv. E a Volks não está afim de desperdiçar esforços para adaptar o propulsor às novas regras de emissões para um modelo que vai dar lugar (juntamente com o Gol) a uma nova família de compactos, com pegada crossover e que chegará em 2023.

Carros que vão sair de linha: Hyundai ix35

O SUV médio já teve seus dias de glória e vendeu muito entre o fim dos anos 2000 e início dos 2010. Mas perdeu competitividade conforme outros utilitários esportivos foram chegando ao mercado – inclusive o seu sucessor, o Tucson, que é fabricado na mesma unidade da Caoa em Anápolis (GO).

O ix35 também é vendido apenas em uma versão de acabamento com o manjado motor 2.0 flex de 167/157 cv. Vendeu apenas 1.700 unidades nos sete meses de 2021. Com a chegada do novo Tucson 2022 e de outros SUVs da Caoa Chery que devem entrar em produção em Goiás, dará adeus ainda este ano.

Mitsubishi ASX

O ASX é o mesmo carro há mais de uma década. Lançado no Brasil em 2010, fruto de uma plataforma que estreou em 2005, o crossover médio da marca japonesa sobrevive à base de duas reestilizações e produção em Catalão (GO), mas vende cada vez menos. Não chegou a 600 unidades no acumulado do ano.

Perdeu ainda mais razão depois que a HPE Motors (que tem licença para fabricar e vender os modelos da Mit por aqui) transformou esse ASX no Outlander Sport, um SUV com mesma base, porém linhas muito mais modernas. É negociado em única configuração GLS por R$ 134.990 e motor 2.0 flex de 170/160 cv e câmbio automático. 

Carros que vão sair de linha: Honda Civic

Outro Honda que deixará uma legião de órfãos. O sempre elogiado sedã médio vai encerrar sua gloriosa história no Brasil nesta 10ª geração. Um novo Civic já foi apresentado lá fora, mas por aqui a montadora japonesa vai focar em SUVs: tanto no novo HR-V, que vai virar um médio, como em um crossover compacto para atuar na base da categoria.

O Civic 11, contudo, virá para ser uma vitrine tecnológica do fabricante no mercado brasileiro. Deverá dar as caras apenas importado e em configuração híbrida a partir do segundo semestre de 2022.

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