Novo Kia Sportage encanta pelo visual e decepciona no consumo

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Quinta geração do SUV tem personalidade no design e é confortável, mas poderia ser mais econômico – especialmente nas estradas

Por Vitor Matsubara
Especial para o Autos Segredos

Quando vi as primeiras imagens oficiais do novo Kia Sportage, confesso que não gostei do carro. Embora seja fã de linhas ousadas, achei o estilo rebuscado demais, sobretudo na frente. Mas nada como uma “segunda impressão” para mudar os conceitos.

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Pessoalmente, o SUV da Kia encanta por todos os ângulos. Ouso dizer, inclusive, que é um dos modelos mais bonitos – se não o mais bonito – da categoria.

A dianteira, justamente uma das partes do carro que eu havia torcido o nariz, é o ponto alto do design. Os faróis em formato de losango são adornados por luzes diurnas que imitam a silhueta de um bumerangue. A grade frontal exibe uma evolução da marcante identidade visual da Kia conhecida como ‘nariz de tigre’.

Atrás, as linhas são um pouco menos comedidas, mas não menos belas: as lanternas são repuxadas para as laterais e a parte inferior da tampa do porta-malas possui pintura na cor preta, que cria um bonito efeito visual com a seção no para-choque. Se você olhar com atenção vai notar a suposta ausência do limpador de para-brisa. Mas ele está lá: fica ‘escondido’ atrás do spoiler traseiro.

Novo Kia Sportage
Foto | Kia/Divulgação – Kia Sportage tem sistema híbrido leve e será vendido em duas versões no mercado brasileiro

A cabine repete a ousadia do lado de fora. Dependendo da versão, o Sportage traz duas telas de 12,3 polegadas cada – uma para o quadro de instrumentos e a outra que exibe as informações da central multimídia. Abaixo dela fica um painel tátil com comandos variáveis: caso você aperte o botão do mapa, as funções da multimídia são exibidas, mas se o usuário selecionar o ícone de climatização, todos os comandos são alterados. Quando o carro está desligado, toda a seção fica escura. Chama atenção a boa qualidade do acabamento, com plásticos suaves ao toque dos dedos e peças bem encaixadas.

A posição de dirigir é confortável, embora seja alta – algo que agrada a maioria dos clientes de SUVs. O espaço interno é muito bom no banco de trás, apesar do túnel central alto demais. Já o porta-malas ficou ainda maior em relação ao modelo anterior, que tinha 503 litros. Agora o Sportage comporta 562 litros.

Bem completo, mas caro

A Kia decidiu trazer para cá a versão europeia do Sportage, que é menor do que o projeto oferecido em outras partes do mundo.

Fabricado na Eslováquia, ele é importado em duas versões de acabamento: EX (R$ 224.990) e EX Prestige (R$ 259.990). Os preços, inclusive, já sofreram reajustes em relação aos valores praticados no lote inicial.

Segundo José Luiz Gandini, presidente da Kia Brasil, a volatilidade do dólar forçou a empresa a aumentar os preços em R$ 5 mil. Além disso, os conhecidos problemas de produção – que afetam todas as montadoras pelo mundo – também impedem que a Kia venda mais unidades.

A configuração de entrada vem com itens como alerta de colisão frontal e de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, sensor de pontos cegos, partida remota, alerta de saída de faixa de rolamento com correção de trajetória, central multimídia com tela de oito polegadas, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, rodas de liga leve de 18 polegadas e volante com aquecimento.

No caso da versão topo de linha, o SUV ganha piloto automático adaptativo, frenagem de emergência em cruzamentos, câmera com visão em 360 graus e projeção de imagens laterais, central multimídia com tela de 12,3 polegadas, rodas de liga leve de 19 polegadas, bancos revestidos em couro, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução, câmbio com seletor giratório e paddle shifts.

Híbrido leve poderia ser mais econômico

Ambas são movidas pelo motor 1.6 turbo da família Gamma II, que entrega 180 cv e 27 kgfm de torque máximo. Eventualmente ele conta com a assistência de um motor elétrico que atua como um gerador, e é alimentado por uma bateria de 48 volts acomodada no porta-malas. Esse sistema entra em ação apenas em certas situações, como acelerações e retomadas, mas não é capaz de tracionar o veículo por conta própria – daí a nomenclatura de “híbrido leve”.

O motor elétrico tem a missão de ajudar na redução do consumo de combustível, tanto é que atua em um modo conhecido como “velejar”, em que o motor térmico é desligado e o veículo permanece embalado em trechos planos e de descida. Ou seja, algo muito próximo à popular (e não recomendada) “banguela”.

Mesmo assim, o Sportage poderia ser mais econômico. Médias aferidas pelo Inmetro indicam 11,5 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. Durante nossa avaliação, realizada entre as cidades de Araxá (MG) e Itu (SP), consegui uma média próxima a 12 km/l em um percurso quase inteiramente rodoviário. 

Pelo menos o conjunto garante um bom desempenho para o SUV da Kia, dependendo do modo de condução selecionado. No modo Eco, o Sportage fica um pouco mais lento nas respostas, comportamento que se torna mais esperto na configuração Normal. Caso selecione o modo Sport, o câmbio de dupla embreagem com sete marchas faz com que o giro do motor se eleve antes das trocas e as respostas se tornam mais rápidas.

A calibragem da suspensão se mostrou muito bem acertada para as péssimas condições do piso brasileiro. Embora priorize o conforto a bordo, ela filtra muito bem os buracos e imperfeições. Nas curvas, a carroceria inclina pouco para um SUV deste porte e existe uma boa margem de segurança para chegar até o limite.

Vale a pena?

Sim, mas recomendo conhecer os concorrentes antes de decidir qual carro comprar. O principal concorrente é o Jeep Compass, que, além de ser líder de mercado, pode custar menos dependendo da versão.

Bom exemplo é a configuração Longitude, que custa R$ 220.275 e traz como diferencial o motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e 35,7 kgfm. Além de ser mais econômico do que o motor 1.6 turbinado do Sportage, o Compass oferece a tração 4×4.

Se a comparação for com a versão EX Prestige, o Compass Limited custa R$ 239.770. Mesmo com todos os opcionais, incluindo aí todas as assistências de condução presentes no Sportage, pintura metálica e teto solar panorâmico, o SUV se equivale ao modelo da Kia por custar pouco mais de R$ 259 mil. Inclua aí os mesmos diferenciais da versão Longitude – ou seja, motorização turbodiesel e tração nas quatro rodas – e a ótima reputação do Compass no mercado de seminovos, além da rede autorizada bem maior do que a Kia.

Caso você não faça questão (ou simplesmente não precise) dos diferenciais do modelo da Jeep, o Sportage se torna uma escolha muito interessante pelo design sedutor, tecnologia embarcada e conforto.

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