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Honda Fit: um compacto com coração de mãe

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Monovolume se despede do mercado brasileiro com uma incrível versatilidade na cabine e uma legião de clientes fiéis

Por Fernando Miragaya

Como Autos Segredos já havia noticiado, o Honda Fit brasileiro não vai ver o sol raiar em 2022. A marca japonesa confirmou o fim da produção do compacto em Sumaré (SP), onde o modelo foi fabricado em três gerações por mais de 18 anos.

O fim da linha de montagem do monovolume faz parte da nova estratégia da marca na base do mercado brasileiro. O Fit deixa de ser feito em dezembro e, no ano que vem, será substituído pelo City hatch, derivado da terceira geração do sedã – que estreia antes, agora em novembro.

Sinônimo de carro urbano eficiente e que não dá problema, o Fit sempre chamou a atenção pela sua confiabilidade mecânica e versatilidade do espaço interno. Por esta razão, conquistou uma legião de fãs e clientes fiéis desde 2003. Que ajudaram a fazer do carro uma história de sucesso no mercado brasileiro.

O início

O Fit foi o segundo carro produzido pela Honda no Brasil. Lançado em abril de 2003, quase dois anos após sua estreia global, o carro chamou a atenção pelo formato meio bolha. Apesar da carroceria monovolume, o mercado o percebia mais como um hatch daquela fase de “compactos premium” – modelos pequenos, porém mais equipados.

O Honda Fit chegou em duas versões, sempre com o motor 1.4 8V da gama i-DSI de 80 cv. A opção de entrada era a LX, com airbag para motorista, ar-condicionado, vidros e travas elétricos, alarme, volante e banco com ajustes de altura, entre outros.

A LXL tinha a mais airbag do carona e freios com ABS, além de câmbio automático do tipo CVT – sem simulação de marchas, como já era oferecido na Europa. Detalhe que o Fit foi o primeiro carro nacional a oferecer a transmissão continuamente variável.

Desta forma, o carro disputava mais mercado com o Citroën C3 – que também acabara de ser lançado -, a primeira geração nacional do VW Polo e o Chevrolet Corsa II. Mesmo assim, tinha uma proposta familiar evidente sem parecer tanto com uma minivan como ocorrida com a Meriva.

Dava até para dormir

Apesar das dimensões compactas, a otimização da cabine e a modularidade de bancos chamada de ULT (Utility, Long and Tall) eram os diferenciais. Esse sistema permitia rebater os encostos traseiros deixando-os no mesmo nível do assoalho do porta-malas. O do carona também deitava bem.

Sem exageros, dava para dormir numa boa dentro do carro e carregar toda a sorte de objetos. Na prática, o Fit era mais espaçoso para os passageiros que a grande maioria dos compactos da época, mesmo com seus 3,83 metros de comprimento e 2,45 m de entre eixos.

O conforto no rodar – a despeito da suspensão, dura que só – e a construção sólida só reforçaram as virtudes do modelo. E ainda oferecia um bom porta-malas para a categoria, com capacidade para 353 litros.

Além disso, o Fit passou a ser o Honda mais acessível do país – até então, o Civic era o modelo principal da marca por aqui. Só que o monovolume surfou na onda da boa reputação mecânica da marca japonesa propagada pelo sedã médio. E se você perguntar para os Fiteiros, a maioria vai dizer que “o carro não quebra”.

Tamanhas qualidades se refletiram nas vendas do Fit. No ano de seu lançamento, teve mais de 15 mil unidades comercializadas em nove meses de mercado. Em 2004, primeiro período cheio de vendas, saltou para quase 30 mil e, em 2005, cerca de 35 mil emplacamentos e a consolidação no país.

Neste mesmo ano, as boas vendas também tiveram uma ajuda e tanto: a nova versão EXL, que tinha como diferencial o motor 1.5 16V i VTEC. Com comando variável de válvulas na admissão, gerava 105 cv de potência e 14,5 kgfm de torque a 4.200 rpm. O consumo era elogiável, com avaliações da mídia especializada anotando média de mais de 11 km/l na cidade com gasolina.

A primeira sacudida na linha, porém, veio em 2006. O Fit adotou nova grade e o motor 1.4 passou a ser flex. Apenas um ganho de tempo até a chegada da segunda geração, que não tardaria.

A propósito, antes de mudar em 2008, o compacto comemorou a marca de 200 mil unidades vendidas e lançou sua primeira e única série limitada S, com detalhes esportivos no visual e 1.500 unidades para desovar qualquer chance de estoque.

Nova geração

Um novo Fit surgiu em outubro de 2008, meses após o lançamento global. Apresentado no Salão de São Paulo daquele ano e com vendas iniciadas em novembro, já como linha 2009, o modelo cresceu: 7 cm no comprimento e 5 cm, no entre-eixos. Com isso, o porta-malas ganhou mais 30 litros de volume.

O tanque de combustível abaixo dos bancos dianteiros otimizou ainda mais o espaço interno. E ditou uma solução adotada nos modelos que viriam dos carros derivados da plataforma do Fit – como o City e até o HR-V – e copiada até por outras montadoras.

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Chamado de New Fit, o modelo tinha desenho dianteiro inspirado no da oitava geração do Civic, lançada dois anos antes. O renovado monovolume estreou com quatro versões de acabamento, mantendo os motores 1.4 e 1.5 16V (já flex e com 116/115 cv), só que um câmbio automático convencional de cinco marchas no lugar do CVT.

O sistema modular dos bancos se manteve, mas a habitabilidade melhorou, com assentos mais confortáveis, porta-luvas duplo e porta-objetos (ainda) mais funcionais. Detalhe para os dois porta-copos à frente das saídas de ar laterais do painel. Puxadinho? Erro de projeto? Não, uma forma de manter bebidas frescas, que se aproveitavam do vento gelado do sistema.

Esta geração do Fit foi a que estreou direção com assistência elétrica e o controverso “segundo tanque”. É que a Honda resolveu colocar, acima do para-lama dianteiro direito, um bocal extra com porta para abastecimento do tanquinho de gasolina para partida a frio do motor flex.

Também foi nessa fase que a linha do monovolume ganhou a versão de entrada DX (que depois virou CX) – sem frisos laterais, sem rádio e com calotas no lugar das rodas de liga leve – e a versão aventureira Twist, cheia de molduras plásticas escurecidas e acabamentos prateados para imitar peito de aço.

Mas este Fit Twist chegou já com a reestilização feita em março de 2012. O compacto recebeu novos para-choques e grade redesenhada, com direito a uma barra cromada nas versões mais caras do modelo.

Capítulo final

A terceira e atual geração do Honda Fit foi lançada em abril de 2014. A grande novidade mecânica veio na forma do sistema FlexOne do veterano motor 1.5 16V, que dispensou o tanquinho de gasolina. Além disso, devido a queixas dos clientes, a Honda resgatou o câmbio CVT, inclusive com sete marchas simuladas nas versões mais caras.

Monovolume mais vendido do país, o Fit adotou a nova plataforma Global Small Car Platform da marca japonesa. E cresceu mais uma vez: foram 9 cm adicionais no comprimento e 3 cm a mais da distância entre os eixos, além de ganho de 13 cm no espaço para pernas dos ocupantes do banco de trás.

O conceito de bancos ULT, a propósito, evoluiu para ULTR, com “R” de “Refresh”. O sistema passou a reclinar os encostos dianteiros de uma forma que, com os apoios de cabeça retirados, o habitáculo se transforma em duas camas.

Lembra daquele porta-copos à frente da saída de ar da segunda geração? Neste Fit 3 ele virou uma tampa regulável que, fechada, serve para guardar um smartphone. Já aberta, recebe uma lata de 355 ml. Só que o carona ficou sem esse porta-objetos, disponível, a partir de então, só do lado do motorista.

Depois de ganhar uma versão Personal voltada para o público PcD, a linha Fit brasileira sofreu sua última modificação em 2017. A reestilização dos para-choques e da grade frontal trouxe a reboque novos equipamentos, entre eles a disponibilidade de controles eletrônicos de estabilidade e tração para toda a gama.

Porém, o Honda Fit já começava a dar sinais de perda de território com a avalanche de SUVs no mercado, apesar da clientela ser uma das mais fiéis da categoria de compactos. Em 2019, antes de o mundo acabar com a pandemia do novo coronavírus, somou pouco mais de 24 mil unidades entregues no mercado brasileiro.

Importante ressaltar que um novíssimo Fit estreou na Ásia e na Europa (onde é chamado de Jazz) em 2020. Só que ele ficaria caro demais para ser produzido aqui. Tanto que esta quarta geração do monovolume até virá para o Brasil, porém apenas importada e em versão elétrica até o fim de 2022. Mesmo assim, o Fit nacional tem produção encerrada com mais de 700 mil unidades produzidas e um lugar marcado na história automotiva brasileira.

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