Marlos Ney Vidal (*)
De Campinas (SP)
A Fiat quer inaugurar uma nova era no mercado brasileiro com a Toro: a marca quer mostrar ao consumidor que pode ter um produto de nível superior no mercado nacional. Desde o começo do projeto, nossas reportagens já indicavam que a picape seria diferente de qualquer veículo Fiat já existente no mercado nacional. Do desenho ao conjunto mecânico, passando pelas partes de estrutura e acabamento, o mote do desenvolvimento foi fazer um produto que representasse essa nova era.
#JuntosPeloMatheus – O Autos Segredos convida seus leitores a ajudar o Matheus – https://www.facebook.com/juntospelomatheus/timeline
A marca aposta alto na Toro, tanto que a meta de vendas é de 50 mil unidades por ano. Além disso, outras 10 mil devem ser exportadas. Ainda em 2016, Fiat quer emplacar 40 mil Toros. A curiosidade em relação à picape é enorme, tanto por parte dos consumidores brasileiros quanto dos estrangeiros. No breve contato que tivemos com a picape, em rodovias na região de Campinas (SP), a Toro atraiu olhares de várias pessoas. Na página do Autos Segredos no Facebook, recebemos dezenas de mensagens de leitores uruguaios e argentinos, querendo saber quando o modelo será lançado nos demais países da América do Sul.
DE SÉRIE
Todas as versões vêm de série com direção elétrica, ar-condicionado, assistente de partida em rampa, travas e vidros elétricos e controles eletrônicos de tração e estabilidade. Clique aqui e veja todos itens de série e opcionais da picape.
Veja abaixo os preços de todas as versões:
- Freedom 1.8 E.torQ AT6 4×2 – R$ 76.500
- Freedom 1.8 E.torQ AT6 Opening Edition 4×2 – R$ 84.400
- Freedom 2.0 turbodiesel MT6 4×2 – R$ 93.900
- Freedom 2.0 turbodiesel MT6 4×4 – R$ 101.900
- Volcano 2.0 turbodiesel AT9 4×4 – R$ 116.500
O modelo será vendido nas opções Freedom 1.8 AT6, Freeddom 1.8 AT6 Opening Edition 4×2, Freedom 2.0 turbodiesel MT6 4×2 e Freedom 2.0 Turbodiesel MT6 4×4 e Volcano 2.0 Turbodiesel AT9 4×4.
O mix de vendas é de 60% paras versões diesel e 40% para a opção flex, divididos em 30% para a Volcano, 40% para Freedom 1.8 Flex, 18% Freedom 2.0 diesel 4×2 e 12% para Freedom 2.0 diesel 4×4. Apesar disso, a marca não tem um perfil de comprador definido. Traçar esse perfil só será possível dentro de seis meses, de acordo com o executivo Carlos Eugênio Dutra. A Toro foi pensada para agradar homens, mulheres, jovens e idosos. Para a versão Freedom 1.8 Flex e a top de linha Volcano, a marca quer abocanhar clientes de outras categorias, como a de SUVs e sedãs. Já nas opções Freedom a diesel, o foco são os compradores de picapes.
Na apresentação do modelo, a Fiat afirmou que está inaugurando um novo segmento, ignorando por completo a Renault Duster Oroch lançada no fim de 2015. Talvez, a marca se refira ao novo nome criado por ela para a categoria. O fabricante afirma que a picape Toro é um verdadeiro Sport Utility Pick-up (SUP). Segundo a Fiat o modelo tem o porte, a altura e a ergonomia de um SUV; a robustez de um fora de estrada com o conforto de um automóvel e a praticidade e espaço de uma picape cabine dupla de quatro portas, com capacidade para acomodar até cinco pessoas.
BANCO TRASEIRO
Porém, em nosso primeiro contato com a Toro, constatamos que, apesar do bom espaço lateral e do entre-eixos de 2,99m, o banco traseiro não acomoda com conforto três ocupantes. Como o piso não é plano, o passageiro do meio fica sem espaço para acomodar os pés. Outro ponto negativo é o porta-copos embutido no encosto, que fica bem saliente, empurrando o corpo do passageiro para a frente.
ESTRUTURA
A picape é construída sobre a plataforma global Small-Wide, que é modular e flexível. A arquitetura foi ampliada para gerar uma carroceria maior, com caçamba, formando uma estrutura monobloco reforçada. Mais de 85% dos metais utilizados na construção são nobres, entre os quais o aço de alta resistência avançado. Essa arquitetura será usada no segundo SUV (Projeto 551) da Jeep, que será fabricado em Pernambuco. Nos testes de impacto do fabricante, a Toro mostrou bons resultados em impactos frontais e laterais. Agora, resta aguardar os testes de impacto oficiais para ver como a Toro se comportará.
A Toro tem 4,91 metros de comprimento, largura de 1,84m, altura 1,74m, 2,99m de entre-eixos. O volume da caçamba é de 820 litros e capacidade carga é de 650 kg para a opção flex, enquanto as versões a diesel levam 1.000 kg.
ACABAMENTO
No trabalho de isolamento acústico, a marca usou a versão diesel de referência. E todos os materiais foram replicados na versão flex. Segundo a Fiat, o isolamento acústico da versão flex está superdimensionado, deixando a picape ainda mais silenciosa.
A marca não poupou custos no pacote acústico, para minimizar o aparecimento de ruídos. Para absorver o barulho vindos do teto, como o de chuva, foi usada uma espuma de 4mm no acabamento do teto.
Nos revestimentos internos das colunas centrais e traseiras, nos revestimentos da parede que divide a cabine da caçamba e embaixo do assento do banco traseiro foi utilizado material acústico premium. Além de diminuir a interferência externa, ele evita também os incomodos barulhos do contato do plástico com a carroceria.
Uma pena a marca não ter investido recursos para que o painel recebesse materias sensíveis ao toque, como no Jeep Renegade. Questionado, o fabricante diz que, no segmento, o uso de plástico emborrachado não é usual. Entretanto, como o discurso do fabricante é oferecer um produto diferenciado, esse material daria aspecto bem melhor ao interior da picape.
[photomosaic]
Meia irmã do Jeep Renegade, o painel da Toro lembra bastante o do SUV. O acabamento é bom, e a ergonomia também é boa, com comandos bem posicionados. O quadro de instrumentos mescla marcadores digitais e analógicos. As informações do computador de bordo são exibidas numa tela central no meio do cluster.
SUSPENSÃO
Novamente ignorando a existência da Duster Oroch, a Fiat afirma que a Toro é a única picape que usa um sistema multilink nas rodas traseiras. Andando em piso liso com a versão topo de linha, a picape não tem o tradicional “pula pula” das picapes médias concorrentes. Trafegando em calçamento com três ocupantes e caçamba vazia, a picape transferiu pouco as imperfeições do solo. Quesito a ser confirmado quando a picape chegar para testes.
“Temos um ajuste específico para cada versão, desde o modelo de entrada, com motor flexível, tração dianteira e capacidade de carga de 650 kg, até a topo de linha, que tem motor turbodiesel, tração 4×4, pneus de uso misto e pode levar uma tonelada”, explica o engenheiro Paulo Papatela, da área de Dinâmica Veicular.
MOTOR
Os motores são o 1.8 E.torQ Evo flex e o 2.0 JTD Turbodiesel. O propulsor flex rende 135 cv de potência com gasolina a 5.750 rpm e 18,8 kgfm de torque a 3.750rpm. Com etanol, os números sobem para 139 cv a 5.750 rpm e 19,3kgfm a 3.750 rpm. Já o diesel tem potência de 170 cv a 3.750 rpm e torque de 35,7 kgfm a 1.750 rpm. Os câmbios são o manual de seis velocidades e os automáticos de seis velocidades (Aisin) e de nove marchas (ZF).
LINHAS
A Toro inaugura um novo conceito de design entre os produtos da marca. O grande charme do modelo são os dois conjuntos óticos integrados, chamados de Split Lighting. O primeiro grupo óptico traz as luzes de posição (iluminadas por LEDs) e de indicador de direção. e também pode contar com a luz DRL (Daytime Running Lamp), com iluminação a LEDs de alta intensidade. Já o segundo é responsável pelas funções de iluminação de profundidade. Ele oferece ótima visibilidade em distância e em curvas, e fica integrado à grade principal, que conta com barras tridimensionais.
Nas laterais, a Toro tem linha de cintura alta e as caixas de rodas são alargadas.
“O conceito Wrap Around, que envolve com velocidade e conecta todos os elementos da superfície externa do Toro, utiliza-se dessa curvatura e integra totalmente a traseira ao resto do SUP, exclusividade na categoria”, afirma Daniel Dozza Gerzson, lead designer do Fiat Toro.
Na traseira, a porta se abre em duas partes assimétricas para os lados. A logo com tipologia da linha comercial fica no centro da tampa e serve como maçaneta de abertura. As lanternas traseiras com LEDs são horizontais e invadem as laterais da picape. O para-choque abriga a placa de identificação.
(*) Jornalista viajou à convite da Fiat
Fotos | Fiat/Divulgação