Por Paulo Eduardo
Sedã é uma das carrocerias preferidas do brasileiro, apesar de menos prática do que hatch/perua, movolume e SUV. A capacidade enorme de 525 litros do porta-malas contrasta com a abertura limitada da tampa traseira. Caixa grande não entra. Enquanto nos outros tipos de carroceria a tampa traseira abre totalmente, bastando rebater o encosto do assento traseiro para a transformação em furgão.
A tampa do porta-malas do Fiat Cronos Precision 1.8 AT6 chama atenção pelas molas a gás que evitam o retorno dela na abertura. Quem abre a tampa e vai logo abaixando para pegar a bagagem acaba sempre levando literalmente na cabeça. É preciso segurar a tampa quando não há molas. Essas ficam recuadas na parte superior do porta-malas e inibem o movimento descontrolado das alças conhecidas por pescoço de ganso. As pantográficas, somente com molas, limitam mais a abertura. Nem sempre são adotadas por isso.
Entretanto, esse tipo de carroceria exerce fascínio incrível no Brasil. A fatia de mercado é grande, por isso a Fiat lançou o sedã derivado do Argo. Linhas da carroceria são dinâmicas, robustas e agradam à maioria. Na extremidade superior da tampa do porta-malas há um discreto aerofólio para dar charme ao conjunto. A Fiat optou por manter a distância entre-eixos – um dos fatores determinantes do espaço interno – do Argo. Pelo fato de ter maior comprimento do que o Argo há mais lata da roda traseira até o para-choque. O balanço maior é evidente. Espaço no banco traseiro é o mesmo. E é bom para dois adultos. O do meio vai apertado. Parece maior porque os assentos dos bancos dianteiros e do traseiro, além de curtos, não dão apoio total às pernas. A fadiga aparece durante percurso longo. Incomoda ter que abaixar ao entrar e sair do banco traseiro para não bater a cabeça. Há cintos retráteis de três pontos e apoios de cabeça para todos atrás. Além da fixação Isofix de cadeiras infantis.
A suspensão bem calibrada filtra as imperfeições do solo mesmo com pneus (opcionais) de perfil muito baixo (45) e roda aro 17. E mantém o carro firme nas curvas, com rolagem moderada da carroceria. A direção tem assistência elétrica com calibragem leve nas manobras e firme em alta, mas não transmite ao motorista a sensação de que o carro está sob controle. Coluna de direção tem ajustes de distância e altura. Diâmetro de giro pequeno facilita manobra. Volante tem boa pega e agrupa poucos comandos, facilitando a ergonomia. Porém, revestimento liso possibilita deslizamento das mãos e complica a ergonomia assim como a forração em couro nos bancos que não permite transpiração. Banco do motorista tem regulagem de altura, mas assento também curto limita conforto.
Quadro de instrumentos bem legível inclui indicador de temperatura do motor. Na parte superior do painel central fica a tela do sistema multimídia, que atualmente é fator decisivo na compra do carro. Compra-se kit multimídia e um automóvel vem acoplado. Exageros à parte, não estamos longe disso. Três entradas de ar ficam abaixo dela. Acabamento do Cronos é benfeito. Há capricho nos encaixes, montagem, e até no arremate da forração da coluna A (dianteira) com o forro do teto. Interior silencioso em piso ruim na unidade cedida para avaliação. O senão no acabamento são as pontas de parafuso expostas na dobradiça central das portas.
A versão topo de linha do Argo é equipada com câmbio automático de seis marchas, que podem ser trocadas manualmente por meio de aletas no volante ou movimentando-se a alavanca. Há dispositivo que desacopla o motor da transmissão nas paradas para reduzir consumo. Trocas e reduções são suaves. Reduções, às vezes, nem sempre acontecem de imediato. O motor 1.8 é de bloco de ferro e comando único de válvulas. Vantagem é usar corrente em vez de correia dentada. É pesado. A diferença de peso para a versão equipada com 1.3 de alumínio é de cerca de 130 quilos.
Cronos convence na aceleração. Retomadas são razoáveis com urro do motor no kick-down, quando se pressiona totalmente o acelerador. Menor eficiência energética implica no consumo maior. Na cidade, com gasolina, computador de bordo registrou entre 5 km/l e 7 km/l. Em rodovia, de 12 km/l a 14 km/l. Com álcool chegou a 3,3 km/l no anda e para urbano. Freios param o carro na simulação de emergência e a frente abaixa pouco nessa situação. Faróis iluminam bem no baixo e no alto. Limpadores de para-brisa eficientes varrem boa área.
O sedã compacto derivado do Argo traz de série controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, entre muitos outros. Airbags laterais figuram na lista de opcionais assim como forração em couro sintético e as rodas aro 17. Os mimos também estão entre os opcionais: entrada no carro sem chave e partida por comando no painel, ar digital, sensores de chuva e crepuscular. Retrovisor interno eletrocrômico evita ofuscamento e é também opcional. Garantia de três anos sem limite de quilometragem. Cronos Precision automático tem preço sugerido de R$ 69.990 e de R$ 80.330, com todos os opcionais, exceto pintura metálica.
A estrutura do Cronos assim como a do Argo não foi submetida ao teste de impacto do instituto Latin NCap. Portanto, a proteção aos ocupantes ainda é desconhecida.
Motor
De quatro cilindros em linha, flex, 1.747 cm³ de cilindrada, com potências de 139 cv (etanol) e 135 cv (gasolina) a 5.750 rpm e torques máximos de 19,3 kgfm (álcool) e 18,7 kgfm (gasolina) a 3.750 rpm
Transmissão
Tração dianteira e câmbio automático de seis marchas
Direção
Tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica; diâmetro de giro, 10,5 metros
Freios
Disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira
Suspensão
Dianteira, McPherson, e barra estabilizadora; traseira, eixo de torção
Rodas/pneus
6,5×17”de liga leve (opcional) /205/45R17
Peso
1.271 kg
Carga útil (passageiros+ bagagem)
413 kg
Capacidades (litro)
Tanque, 48; porta-malas, 525; altura do solo, 16,4 centímetros
Dimensões (metro)
Comprimento, 4,36; largura, 1,73; altura, 1,52; distância entre-eixos, 2,52
Desempenho
Velocidades máximas, 196 km/h (etanol) e 195 km/h (gasolina); aceleração até 100 km/h, 9,9 (etanol) e 10,8 (gasolina)
Consumo (km/l)
Urbano, 7,2 (a) e 10,3 (g); estrada, 9,6 (a) e 13,3 (g)