Argo 1.0 Drive tem desempenho e consumo honestos para o seu segmento. Mas hatch deveria ter lista de equipamentos mais farta diante aos concorrentes atuais
A linha Argo chegou há cerca de três anos para suceder a família Palio. É bem verdade que as trocas de postos vem se arrastando, da mesma forma que ocorreu nos anos 1990 com a família Uno. Mas o Argo não chegou só para ocupar o lugar do compacto “mundial” da Fiat. Ele também ocupou um flanco defendido pelo Punto. E há quem diga que ele também serviu de opção para os órfão do Bravo.
E para se posicionar em tantas frentes, o Argo ganhou uma linha ampla, com valores iniciais entre R$ 49 mil e R$ 70 mil. E num segundo degrau na hierarquia do modelo, que conta com versões simples, aventureiras e “esportivas”, a versão Drive é o grande Curinga do hatch.
Partindo de R$ 51.390 o Argo Drive 1.0 é um carro funcional, sem excesso no recheio e motorização simples. No entanto, é uma opção mais qualificada que o Argo de entrada que nem nome de versão tem.
Conteúdos
Mas o grande lance é que a versão Drive 1.0 tem uma cesta de opcionais bem farta, que pode garantir um pouco mais de comodidade e conforto ao modelo. De série, ele oferece direção elétrica, vidros dianteiros elétricos e ar-condicionado. São nada menos que seis pacotes com valores que variam entre R$ 930 e R$ 3 mil.
São itens que adicionam ar-condicionado digital, retrovisores elétricos, vidros traseiros elétricos, multimídia Uconnect de sete polegadas (com Android Auto e Apple CarPlay), câmera e sensores de ré, faróis de neblina, Start/Stop, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa (hill holder).
Todos os itens geram um acréscimo de R$ 6.990. Se o comprador decidir escolher uma cor que não seja preto sólido, são mais R$ 900 (para branco e vermelho sólido) ou R$ 1.750 para tonalidades metálicas ou perolizadas.
Ajustes
A unidade testada trazia o máximo de conteúdos disponíveis para a versão. No entanto, trata-se ainda da linha 2019, que tinha como opcional um módulo multimídia Mopar de 9 polegadas, que deixou de ser oferecido.
Esse equipamento, que roda sistema Android é uma espécie de tablet. Ele permite baixar aplicativos, tem calculadora e até permite rodar vídeos. Mas faltam conectividade com sistemas iOS e Android, além de não oferecer navegador GPS integrado. Assim, a grande tela não serve de nada no dia a dia, quando ter a rota do Waze e do Google Maps é um grande alento. Talvez seja por isso que o item saiu de catálogo.
Outra novidade para a linha 2020, que não contava na anterior é o pacote S-Design que oferece elementos decorativos em preto. No entanto, esse pacote também inclui ar-condicionado digital. O item eram indisponível no Drive 1.0 até dezembro.
Isto posto, o fato é que a unidade oferece comodidade das versões mais sofisticadas do Argo, em precisar estourar a faixa dos R$ 70 mil. O melhor é que os ajustes fizeram com que o carro se tornasse mais barato. Em dezembro, a versão foi tocada em R$ 61.440. Agora, em fevereiro ela sai por R$ 60.130, com a vantagem de poder receber faróis de neblina, multimídia Uconnect e ar-condicionado digital.
Motor
O Argo Drive é equipado com o polivalente bloco Firefly 1.0 6v de 77 cv e 10,9 mkgf. Esse motor surpreende por ter uma das melhores ofertas de torque entre os motores três cilindros aspirados. Além disso, sua força aparece logo aos 2.500 rpm, o que significa que o motorista não precisa esgoelar o motor para obter o máximo de torque.
Essa característica faz o Argo Drive 1.0 um carrinho esperto, que desembola bem no trânsito urbano. Apesar de não refugar, convém boa relação com controle de embreagem na hora da arrancada numa ladeira. Nessa hora o Kit Tech (que adiciona ESP, TC e Hill Holder) dá uma ajudinha.
A caixa manual de cinco marchas é a mesma de sempre na linha Fiat. Imprecisa, de curso longo, está longe de ser um exemplo. Para piorar ela utiliza um escalonamento padronizado para diferentes modelos e motores, o que prejudica a eficiência e entrega de torque de cada um.
Ao volante
O Argo Drive com motor 1.0 é um carro que surpreende, principalmente na cidade. Ágil, ele cumpre bem a função de automóvel citadino para o cotidiano. Quando está com lotação máxima, as limitações do pequeno bloco aparecem.
Na estrada, o Argo se porta como todo carro 1.0 aspirado. Ultrapassagens exigem muita margem, pois mesmo que se reduza de quinta para terceira, o carrinho demora a cumprir com a manobra.
Sem os pacotes de opcionais, ele não difere de populares como Uno e versões básicas de HB20, Ka, Sandero, Gol ou Onix, que também apostam no trio (ar-condicionado, direção assistida e vidro dianteiro elétrico).
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Seu espaço interno segue o padrão do segmento. O carrinho leva quatro adultos com bom conforto. Um quinto passageiro tornará a vida lá trás bem complicada. No assento do meio, no máximo uma criança.
Consumo
Abastecido com etanol, o carrinho registrou consumo na ordem de 8,9 km/l. Número muito parecido com o da unidade Firefly 1.3.
Suspensão
Como todo carro de volume brasileiro, o Fiat Argo conta com a trivial suspensão McPherson na dianteira e eixo rígido da na traseira. Apesar de ser um conjunto convencional, o acerto é bem equilibrado. Ele oferece maciez, sem ser molenga nas curvas.
Conclusão
O Argo Drive 1.0 é um carro democrático. Ele permite diferentes configurações de conteúdos de acordo com a necessidade do consumidor. No entanto, ele não é a opção mais barata. Além disso, com todo opcionais a versão se mostra menos interessantes que seus irmãos mais sofisticados e com motores mais vigorosos.
Ficha técnica Argo 1.0 Drive
MOTOR (*)
Dianteiro, transversal, três-cilindros em linha, seis válvulas, 999cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 72 cv (com gasolina) a 6.000 rpm e 77 cv (com etanol) a 6.250 rpm e torques máximos de 10,4 kgfm (g) e 10,9 kgfm a 3.250 rpm
TRANSMISSÃO (*)
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades
SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS (*)
Dianteira, independente, Mc Pherson com braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora; e traseira tipo eixo de torção, com rodas semi-independentes / de aço de 5,5 x 14 polegadas/175/65 R14
DIREÇÃO (*)
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS (*)
A discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS/EBD
CAPACIDADES (*)
Do tanque, 48 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 400 quilos
DIMENSÕES (*)
Comprimento, 3,99m, largura, 1,72m, altura, 1,50m, e distância entre-eixos, 2,52m
PESO (*)
1.105 quilos
PORTA-MALAS (*)
300 litros
PERFORMANCE (*)
Velocidade máxima 157 km/h (g) / 162 km/h (e)
Aceleração até 100 km/h em 14,4 (g) / 13,4 (e) segundos
CONSUMO (**)
Cidade 14,2 km/l (g) / 9,9 km/l (e)
Estrada 15,1 km/l (g) / 10,7 km/l (e)
(*) Dados dos fabricantes – (**) Dados do Inmetro – (g) gasolina; (e) etanol
