Especial para o Autos Segredos
Haters gonna hate, mas eu adoro testar qualquer veículo equipado com o motor 2.0 TSI do Grupo Volkswagen. Aqui para o Autos Segredos, já avaliei o Fusca e o Tiguan, e, para o jornal onde trabalho, o Golf GTI e o Audi TT; todos proporcionam muito prazer ao dirigir. Ironicamente, eu ainda não havia dirigido o Jetta equipado com esse propulsor. Agora, enfim, matei minha curiosidade, em uma unidade 2016, ano-modelo que trouxe um discreto face-lift, que alterou grade, parachoques, faróis e lanternas. E, em termos de dirigibilidade, ele atendeu às expectativas: por baixo do design discreto da carroceria sedã, há um automóvel de alta performance.
A capacidade de oferecer ótimo desempenho sem comprometer o conforto parece ser, realmente, o maior barato do Jetta Highline. A direção, que tem assistência elétrica, atua do mesmo modo: é muito leve em manobras, mas firme em alta velocidade, graças à sua grande progressividade. Até a calibragem da suspensão consegue entregar bom compromisso, na medida do possível. Ela é mais dura que a dos demais sedãs médios – quem está acostumado com um Corolla ou um Fluence, por exemplo, certamente irá estranhar -, mas ainda consegue ser mais suave que a de outros veículos de alto desempenho , como o Civic SI e até mesmo o primo Golf GTI. A contra-partida é uma estabilidade muito acima da média: em situações passíveis de se explorar um pouco mais o comportamento esportivo do modelo, como em uma estrada desimpedida, dá gosto entrar nas curvas, nas quais ele se mantém equilibrado e sob controle. A tendência ao subesterço demora a aparecer, e não é imediatamente interrompida pelos controles eletrônicos. Muito divertido! O sistema, vale destacar, é independente nas quatro rodas, formado por conjuntos do tipo McPherson na dianteira e multilink na traseira.
Se em desempenho o Jetta Highline se destaca, em consumo ele obtém resultados apenas razoáveis. Nas aferições realizadas durante a avaliação, o sedã cravou médias de 8 km/l na cidade e de 10,5 km/l em estradas, sempre com gasolina (que, relembrando, é o único combustível que o veículo aceita). Como o tanque tem 55 l de capacidade, a autonomia é de 577 km. Fica a ressalva de que uma série de fatores, como, como relevo, estilo de condução do motorista, características das vias e condições do tráfego influem no gasto de combustível de qualquer automóvel, gerando variações em diferentes contextos.
No habitáculo do Jetta, o motorista encontra condições ergonomicamente perfeitas para trabalhar. O volante, regulável em altura e em profundidade, tem ótima pegada, os instrumentos com grafia simples e objetiva têm leitura fácil ( termômetro de água, que aos poucos vai sendo abolido de vários segmentos, está presente) e o banco, que tem ajuste de altura e de apoio lombar, acomoda muito bem as pernas e a coluna, além de ter abas laterais generosas, que seguram o corpo com competência em curvas. Todos os comandos, no painel, nas portas e no console, têm fácil acesso. A visibilidade também agrada, graças à ampla área envidraçada e aos retrovisores bem-dimensionados.
Porém, nem tudo é alegria a bordo do Jetta. O ponto fraco é o acabamento, que, se por um lado, não chega a ser ruim, por outro mostra-se nitidamente inferior ao de outros sedãs da categoria. As forrações das portas, embora bem-montadas, são quase inteiramente confeccionadas em plástico rígido: só há acolchoamento no encosto de braço. Já na tampa do porta-malas, falta revestimento interno. São detalhes, mas eles destoam dentro da categoria. Por outro lado, não há nada a reclamar do painel: embora algumas pessoas critiquem o design monótono desse componente, o fato é que ele utiliza materiais de boa qualidade e é quase todo emborrachado, além de ter ótimos encaixes.
Ao menos nenhum ocupante irá se queixar de espaço, pois o Jetta tem um interior bem amplo. Quatro pessoas de estatura elevada se acomodam com bastante folga, e mesmo com cinco a bordo não há grandes desconfortos. Vale destacar que todos contam com a proteção de cintos de segurança de três pontos e de encostos de cabeça. O porta-malas, com 510 litros, também está entre os maiores da categoria, e seu formato com poucas reentrâncias permite ótimo aproveitamento do volume total, embora as dobradiças, que não são do tipo pantográfico, roubem alguns litros do compartimento. E, no habitáculo, há muitos nichos para pequenos objetos.
O Jetta Highline tem preço sugerido de R$ 106.690. A lista de equipamentos inclui ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, rodas de liga leve de 17 polegadas, sistema multimídia com rádio CD-Player, tela sensível ao toque de 6,3 polegadas, bluetooth, SD-Card, App-Connect e oito alto-falantes, bancos revestidos em couro sintético, assistente de partida em rampa, bloqueio eletrônico do diferencial “EDS e XDS”, volante multifuncional revestido em couro, bancos revestidos em couro sintético, indicador de perda de pressão dos pneus, cruise-control, computador de bordo, alarme com sistema keyless e vidros, travas e retrovisores elétricos. Entre os equipamentos destinados à segurança, há seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas e controles eletrônicos de tração e estabilidade. Todavia, o conteúdo de série para por aqui. Itens como retrovisor interno eletrocrômico, bancos aquecidos e revestidos em couro legítimo, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e sensores de chuva e crepuscular são vendidos à parte, agrupados em um pacote denominado Exclusive, que custa R$ 5.018. Um pacote mais completo, batizado de Premium, que traz esses últimos itens citados e acrescenta ainda faróis de xênon dinâmicos, sistema de partida sem chave e navegador GPS é oferecido por R$ 11.195. O teto solar é um opcional livre, pelo qual são cobrados R$ 4.587.
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O grande destaque do Jetta Highline é, sem dúvida, seu comportamento dinâmico. Em desempenho e estabilidade, não há nenhum concorrente direto capaz de equiparar a ele, com exceção daqueles de marcas premium, que, todavia, são significativamente mais caros em versões com motorização equivalente. Sim, o modelo da Volkswagen deixa a desejar em alguns pontos: deveria ter acabamento melhor e oferecer mais equipamentos de série, como aponta a avaliação. Todavia, para quem busca esportividade sem extrapolar muito a barreira dos R$ 100 mil, aliada ao espaço e ao conforto de um sedã médio, não há outra opção por preço equivalente.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 10 | 10 |
Consumo (cidade e estrada) | 7 | 7 |
Estabilidade | 9 | 8 |
Freios | 9 | 9 |
Posição de dirigir/ergonomia | 9 | 9 |
Espaço interno | 9 | 10 |
Porta-malas (espaço, acessibilidade e versatilidade) | 9 | 10 |
Acabamento | 7 | 8 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 8 | 8 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 7 | 8 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 10 | 10 |
Relação custo/benefício | 8 | 8 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, com injeção direta, turbocompressor e intercooler, a gasolina, 1.984 cm³ de cilindrada, 211cv de potência máxima a 5.500 rpm, 28,6 kgfm de torque máximo a 2.000 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
7,2 segundos
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
241 km/h
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, independente, multilink, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 7×17 polegadas, pneus 205/45 R17
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,644; largura, 1,778; altura, 1,473; distância entre-eixos, 2,651; peso: 1.378 quilos
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 55 litros; porta malas: 510 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 562 quilos