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Ao volante: Nissan March adere com sucesso ao motor de três cilindros

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Presente nas versões 1.0, propulsor tricilíndrico mostra evoluções em relação ao anterior; consumo, porém, foi maior que o de outros modelos com mecânica semelhante avaliados pelo Autos Segredos

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Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Os motores de três cilindros são a bola da vez. Depois de Kia, Hyundai, Vokswagen e Ford, foi a vez de a Nissan apostar em um 1.0 com tal configuração, para equipar o March e, mais recentemente, o Versa. Esse propulsor substitui o 1.0 16V de quatro cilindros de origem Renault, que equipava o compacto até o momento. Por enquanto ele segue sob o capô dos modelos da marca francesa, como Clio, Sandero e Logan, mas futuramente será substituído pelo tricilíndrico também na gama da marca francesa: é o troca-troca mecânico da associação entre as duas empresas.

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O novo 1.0 12V substitui com vantagens o antigo 1.0 16V, fazendo valer a máxima de que, às vezes, menos é mais. Mesmo com apenas três cilindros, fez a potência subir de 74 cv a 5.850 rpm para 77 cv a 6.200 rpm. Já o torque se manteve em 10 kgfm, mas esse total agora vem a 4.000 rpm, ante 4.350 anteriormente. Os valores, nos dois motores, são os mesmos tanto com etanol quanto com gasolina. Isso foi possível graças à aplicação de mais tecnologia: o tricilíndrico na Nissan tem bloco e cabeçote manufaturados em alumínio, comando de válvulas variável na ignição e corrente de distribuição (que substitui a correia dentada). Para evitar vibrações, que costumam acometer mais os propulsores com esse tipo de arquitetura, o fabricante instalou contrapesos externos ao volante e à polia de amortecimento. Ademais, seu sistema de partida a frio dispensa o reservatório auxiliar de gasolina.

Suave

Na prática, o que se percebe é um motor com torque bem distribuído, capaz de empurrar os 964 do March sem esforço excessivo. O desempenho é bom para a um 1.0: o hatch responde bem em qualquer faixa de rotação e entrega agilidade, principalmente no trânsito urbano, mesmo com o ar-condicionado ligado. Em rodovias, porém, as limitações do propulsor ficam mais evidentes: em aclives e ultrapassagens, principalmente, só mesmo elevando as rotações é que se consegue transpor os obstáculos. Porém, justiça seja feita, esse comportamento é esperado em um compacto aspirado com um litro de cilindrada. Ademais, dirigir com o giro alto não resulta em grande desconforto, pois o funcionamento do tricilíndrico da Nissan é bastante suave e isento de asperezas. Em frenagens, os resultados são satisfatórios: o modelo não sofre desvios de trajetória e não gasta espaços exagerados para chegar à imobilização.

No mais, o March conserva o mesmo comportamento já conhecido de outras avaliações (veja aqui e aqui). A suspensão, que segue o tradicionalíssimo esquema McPherson na dianteira e barra de torção na traseira, tem calibragem macia, para privilegiar o conforto de rodagem. Assim, o conjunto é eficiente em absorver as irregularidades do piso, mas nem tanto em dar estabilidade ao veículo. Nas curvas, há bastante rolagem da carroceria, e o compacto logo reage a abusos com subesterçamentos. A direção, que tem assistência elétrica, segue as mesmas tendências: apesar de a Nissan ter informado que, nos modelos nacionais, esse sistema foi recalibrado e ficou mais progressivo, ele ainda é muito indireto em alta velocidade. Seu ponto forte é a leveza em manobras, o que reforça a ideia de um acerto menos esportivo. Porém, independentemente dos aspectos que a Nissan priorizou ao desenvolver o hatch, seria muito desejável um câmbio com melhores engates, mais precisos e menos barulhentos. O escalonamento das marchas, no entanto, é correto.

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Se no desempenho o novo motor atendeu às expectativas, no consumo ele deixou um pouco a desejar. Não que as marcas obtidas durante nosso teste, de 12,1 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada, com gasolina, sejam ruins. A questão é que elas são inferiores às alcançadas por outros modelos equipados com propulsores de três cilindros avaliados pelo Autos Segredos (no caso, High up!, Take up!Fox Bluemotion, da Volkswagen). Até mesmo o Renault Sandero equipado com o 1.0 16V descartado pela Nissan foi mais econômico em ciclo urbano, embora tenha gastado mais no rodoviário. E olha que os nosso resultados foram parecidos com os atingidos pelo programa de Etiquetagem Veicular do Procon, que aferiu, no March 1.0 12V, médias de 12,9 km/l e 15,1 km/ nas mesmas circunstâncias, respectivamente, também com o derivado do petróleo no tanque. De qualquer modo, o órgão classificou o compacto com índice “A” de eficiência energética. Para não perder o costume, salientamos que o gasto de combustível relaciona-se diretamente a uma série de fatores, entre os quais as condições do trânsito e das vias, além do estilo de condução do motorista.

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Vida a bordo

A ergonomia do March se manteve sem alterações. Lá estão o volante de aro fino, que prejudica a pegada, e o banco de assento curto, que não apoia bem as coxas. O primeiro tem regulagem de altura; o segundo também, mas não a de profundidade. Outros pontos que merecem correção são os comandos dos retrovisores em local de difícil acesso, parcialmente encobertos pelo volante, o porta-luvas sem iluminação, os vidros elétricos com função um toque apenas para o motorista e o cluster sem termômetro do fluido de arrefecimento do motor (item que, aliás, vai aos poucos sendo suprimido de modelos de várias marcas). Porém, também há pontos a elogiar, como a visibilidade, ajudada pelos retrovisores bem-dimensionados, e o acabamento, que se não chega a ser luxuoso (afinal, nem é essa a proposta do hatch da Nissan), mostra-se correto, com plásticos rígidos de bom tato, arremates corretos e tecido agradável nos bancos e em recortes nas portas, ainda que existam alguns parafusos sem cobertura no console central.

O March tem espaço interno razoável. Na frente, não há do que reclamar. Atrás, há boa área para a cabeça, mas nem tanto para as pernas: passageiros de estatura mediana se acomodam bem, mas os mais altos esbarrarão os joelhos nos bancos dianteiros. A largura também é um tanto limitada, prejudicando a acomodação de três pessoas ali. Melhor andar com máximo com quatro ocupantes, até porque no centro do banco traseiro não há encosto de cabeça, e o cinto se segurança é subabdominal. O porta-malas, com 265 litros, é compatível com a proposta do modelo, mas mostra-se inferior ao de alguns hatches do mesmo segmento. Outra falha do compartimento é deixar a lataria exposta a danos provocados pela carga no batente da tampa. Por outro lado, o vão de abertura é bem amplo, o que favorece a entrada de volumes grandes.

A versão avaliada pelo Autos Segredos é a SV, a mais luxuosa equipada com motor 1.0. Entre os itens de série, há direção elétrica, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos, chave com telecomando, computador de bordo, rodas de liga leve aro 15”, spoiler traseiro, faróis de neblina, CD Player MP3/RDS com entradas para iPod e USB, conexão Bluetooth e volante multifuncional.  Se o hatch é até bem-fornido de itens de conforto, deixa a desejar entre os de segurança: há apenas os obrigatórios freios ABS (com EBD e BAS) e airbags frontais. Não há sequer cinto de três pontos ou encosto de cabeça para o quinto ocupante.

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Preços próximos

O March 1.0 SV é tabelado em R$ 40.990. Esse valor está bem-inserido no segmento: se não chega a ser exatamente uma pechincha, está situado pouco abaixo de alguns compactos com motor de cilindrada semelhante. Mas talvez valha a pena olhar para a mesma versão equipada com motor 1.6 16V, que custa apenas (e exatamente) R$ 3.000 a mais. A lista de equipamentos de ambas é a mesma; a diferença está no desempenho, pois o propulsor maior entrega 111 cv de potência e 15,1 kgfm de torque.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 7 8
Consumo(cidade e estrada) 9 9
Estabilidade 7 8
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 7 8
Espaço interno 7 7
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 6 6
Acabamento 7 7
Itens de segurança(de série e opcionais) 6 7
Itens de conveniência(de série e opcionais) 8 9
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 7 7
Relação custo/benefício 7 7

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12 válvulas, gasolina/etanol, 999cm³ de cilindrada, 77 cv de potência máxima a 6.200 rpm (com ambos os combustíveis), 10 kgfm de torque máximo a 4.000 rpm (com ambos os combustíveis)

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h 
15 segundos (dados de fábrica)

VELOCIDADE MÁXIMA 
160 km/h (dado de fábrica)

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora

RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve aro 15, pneus 185/60 R15

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,827; largura, 1,675; altura, 1,528; distância entre-eixos, 2,450

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 41 litros; porta malas: 265 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 390 quilos; peso: 964 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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