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Ao volante: Nissan March nacional mantém qualidades e defeitos

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Maior parte das mudanças do hatch produzido no Brasil é apenas visual; versão top de linha SL traz ótimo pacote de equipamentos de conforto, mas é básico quanto aos itens de segurança 

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Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos

Há quase dois anos, dirigi pela primeira vez um Nissan March, mais precisamente a extinta versão SR (veja aqui). Na época, o hatch ainda era importado no México e não havia passado pela atual reestilização. Agora, já nacionalizado, de visual novo e sem roupagem esportiva, o modelo mostrou que continua com exatamente o mesmo comportamento. Isso tem um lado bom, pois mostra que o modelo fabricado no Brasil está no mesmo nível daquele que era importado. Mas também há um lado ruim:as mudanças aplicadas pelo fabricante limitaram-se quase exclusivamente à estética, sem aperfeiçoamentos do projeto no que diz respeito à usabilidade.

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O comportamento idêntico ao do modelo importado se deve, a grosso modo, à manutenção do conjunto mecânico, capitaneado motor 1.6. Sobre o propulsor, em si, temos poucas críticas: a concepção é atual, com bloco e cabeçote confeccionados em alumínio, 16 válvulas com mecanismo de variação contínua , na admissão e no escape, e sincronização por corrente metálica, que dispensa manutenção. Mas é decepcionante ver que o incômodo tanquinho de gasolina para partidas a frio não foi substituído por um sistema de pré-aquecimento dos bicos injetores. Os valores de potência e torque são um tanto modestos para a cilindrada: 111 cv de potência a 5.600 rpm e 15,1 kgfm a 4.000 rpm, tanto com gasolina quanto com etanol. A grande vantagem, porém, não está nos números absolutos, e sim no modo como eles aparecem, uma vez que 90% do torque está disponível já a 2.400 rpm.

O resultado é um desempenho muito interessante, que se deve também ao baixo peso do March: são apenas 982 kg na balança. Em qualquer faixa de rotação, é só pisar no acelerador para ver o modelo ganhar velocidade sem esforço. O câmbio de relações curtinhas é outro fator que colabora para a esperteza do modelo. Mas, nesse caso, há um porém: o motor trabalha sempre acelerado em alta velocidade. A 120 km/h, em quinta marcha, o tacômetro registra 3.500 rpm, valor um pouco elevado para a cilindrada. Outro aspecto do câmbio que desagrada é a qualidade dos engates: até que eles são macios, mas ficam devendo em precisão, além de o trambulador ser barulhento. A suspensão, por sua vez, que segue o manjado esquema independente do tipo McPherson na frente e semi-independente por barra de torção atrás, tem calibragem macia, que privilegia o conforto.

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RÁPIDO, MAS VOLTADO PARA O CONFORTO O comportamento do March reflete muito bem todas essas características: os demais componentes mecânicos parecem não estar à altura do desempenho do motor. Em uma subida de serra, o hatch não perde velocidade, mas aí chega uma curva e a carroceria tem que aliviar o pé, pois a suspensão mais mole faz a carroceria inclinar além da conta. O motorista acelera para equilibrar o carro, mas ocorre subesterçamento. A curva acaba e o condutor reduz para encher novamente o motor, mas o câmbio é impreciso e barulhento… A direção com assistência elétrica também não colabora, pois apresenta pouca progressividade e fica muito leve em alta velocidade. Assim, o modelo, que poderia ser um ótimo brinquedo para estradinhas sinuosas e, com alguma preparação, até para track-days, acaba sendo apenas um compacto urbano espertinho. Mas é verdade que, para quem não tem pretensões de dirigir esportivamente, o Nissanzinho agrada em cheio, com rodar bastante confortável. E os freios agradam bastante: apesar de o modelo contar com um sistema simples, formado por discos ventilados na frente e tambores atrás, estancá-lo requer pouco espaço. Mérito, mais uma vez, do baixo peso.

Outro aspecto favorável é que o bom desempenho é acompanhado de baixo consumo de combustível. Abastecido com gasolina, o hatch cravou 10,1 km/l em ciclo urbano e 14,7 km/l em trajetos rodoviários. Esses resultados foram um pouco melhores que os do March importado, avaliado pelo Autos segredos em fevereiro de 2013, que obteve exatos 10 km/l na cidade e 14 km/l na estrada. Como de praxe, lembramos que o consumo de combustível é influenciado por uma série de fatores, como as condições do tráfego, da pista e do relevo, além do estilo de condução do motorista.

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POR DENTRO, PAINEL ATUALIZADO Internamente, as maiores diferenças do March reestiizado estão no centro do painel, que ganhou revestimento em plástico preto brilhante (black piano) e difusores de ar quadrados. Exclusivamente na versão top de linha SL, avaliada, há ali também uma central multimídia com tela sensível ao toque de 5,8 polegadas e a interface do ar-condicionado digital, ambos introduzidos após a nacionalização. O acabamento é bom, com encaixes precisos e sem rebarbas. Mas não espere por materiais luxuosos: o revestimento plástico, embora não seja áspero, é rígido, e há parafusos sem cobertura no console central. Um pequeno deslize: não há iluminação no porta-luvas. O habitáculo não chega a ser apertado, mas nem de longe oferece o espaço de alguns concorrentes, principalmente atrás. Ali, os vãos para as pernas são limitados, assim como a largura, que torna desconfortável o uso por três pessoas. Culpa, em grande parte, do entre-eixos curto, de 2,45 m. Ao menos o teto alto faz com que nem mesmo os mais altos esbarrem a cabeça no forro. O porta-malas, com 265 litros, também mostra-se inferior ao de alguns rivais do mesmo segmento.

Os bancos exibem nova padronagem, com tecido agradável ao toque, mas mantêm o mesmo formato. Portanto, permanecem com assento muito curto, que proporciona pouco apoio para as coxas, tornando longos períodos a bordo um tanto cansativos. O do motorista tem regulagem de altura, assim como o volante, que no entanto deixa de fora o ajustem em profundidade. Os instrumentos exibem grafia simples, mas de fácil leitura, como deve ser. Porém, falta o útil termômetro do fluido de arrefecimento do motor. No mais, o posto de comando agrada, com visibilidade ampla para a frente e para os lados e razoável para trás. Nesse caso, porém, há a ajuda dos retrovisores bem-dimensionados e até de uma câmera de ré, exclusiva da versão SL. Trata-se de um recurso até exagerado em um veículo tão pequeno e, consequentemente, fácil de manobrar, mas sempre bem-vindo. O acesso aos comandos é muito bom, com exceção apenas dos botões da regulagem elétrica dos retrovisores, que ficam parcialmente encobertos pelo aro do volante. Os faróis, de parábolas simples, proporcionam iluminação satisfatória, e os limpadores varrem boa área.

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MUITA COMODIDADE, POUCA SEGURANÇA A versão SL é a top de linha e dispõe de um pacote de equipamentos fechado, sem opcionais, mas bastante generoso. De série, além dos já citados ar-condicionado digital, direção elétrica, retrovisores elétricos e central multimídia (com CD/MP3 Player, entradas para iPod e do tipó USB, conexão Bluetooth, navegador GPS e câmera de ré), há vidros elétricos nas quatro portas (mas com sistema one-touch só para o motorista, e mesmo assim, só para descer o vidro), computador de bordo, travas elétricas, chave com telecomando, rodas de liga leve aro 16′, volante multifuncional, faróis de neblina e alarme. Porém, se nos itens de conforto o Nissanzinho manda bem, nos de segurança ele deixa a desejar. A lista resume-se basicamente aos obrigatórios freios ABS e airbags frontais. Não é possível ter mais airbags ou controles eletrônicos de estabilidade e tração nem mesmo pagando à parte. Até mesmo os simples, porém importantes, apoio de cabeça e cinto de três pontos para o quinto passageiro foram ignorados.

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Considerando a lista de itens de série, o preço sugerido da versão SL do March é bastante competitivo: a Nissan cobra por ele R$ 42.990. A garantia é de três anos. Estamos diante de um carro interessante, não há dúvida. Mas a impressão é que o hatch poderia ser muito mais entusiasmante para quem dirige, sem se tornar desconfortável, se tivesse um acerto mais caprichado de direção e suspensão, algo que seria simples para o fabricante fazer. A oferta somente dos equipamentos de segurança obrigatórios por lei em um segmento que, enfim, começa a ter concorrentes que vão além nesse quesito, também pesa contra. Ainda assim, o modelo merece ser levado a sério por quem pretende comprar um compacto.

AVALIAÇÃO Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 8 8
Consumo(cidade e estrada) 8 8
Estabilidade 7 8
Freios 7 8
Posição de dirigir/ergonomia 7 7
Espaço interno 7 8
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 6 7
Acabamento 6 7
Itens de segurança(de série e opcionais) 6 7
Itens de conveniência(de série e opcionais) 8 8
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 7 8
Relação custo/benefício 8 9

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.598cm³ de cilindrada, 111 cv de potência máxima a 5.600  rpm, 15,1 kgfm de torque máximo a 4.000  rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h 
9,88 segundos com gasolina e 9,49 segundos com etanol  (dados de fábrica)

VELOCIDADE MÁXIMA 
191 km/h (dado de fábrica)

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora

RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve, 5,5 x 16, pneus 185/55 R16

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 3,827; largura, 1,675; altura, 1,528; distância entre-eixos, 2,450

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 41 litros; porta malas: 265 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 390 quilos; peso: 982 quilos

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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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