Crossover importado do México agrada pelo bom resultado geral. Ele não tem desempenho arrebatador, mas se mostra uma boa opção para a família ao reunir amplo espaço interno, muitos itens de segurança e versatilidade para sair do asfalto
NA BALANÇA O grande problema é que o conjunto mecânico, apesar de eficiente, tem que empurrar uma carroceria pesada, que na versão avaliada (EXL 4×4), chega aos 1.592 kg, resultando em relações peso/potência de 10,27 kg/cv e peso/torque de 82,06 kg/kgfm. Na prática, o CR-V tem desempenho bastante modesto. Dá conta do recado dentro da cidade, mas na estrada o modelo vai bem apenas em trajetos planos. Em subidas, a limitação fica evidente e a situação piora se houver passageiros e bagagem a bordo. Pelo menos o propulsor é suave e o habitáculo apresenta bom isolamento acústico, permitindo ao motorista explorar giros mais altos sem desconforto, para obter melhor rendimento. Bom, pois abaixo das 2.000 rpm, nota-se certa letargia.
POSIÇÃO ELEVADA a posição de dirigir também é típica de crossover: o motorista se senta em posição vertical, mais alto que nos demais veículos. A posição é centralizada em relação aos pedais e ao volante, ajustável em altura e profundidade. A ergonomia agrada, com instrumentos legíveis e botões grandes, de fácil operação, como ocorre em outros modelos Honda. A visibilidade é boa para frente e para os lados, mas ruim para trás, pois o vidro posterior é pequeno. Ao menos os retrovisores são bem dimensionados e a câmera de ré, que atenua consideravelmente o problema, é de série em toda a linha, assim como os sensores de estacionamento. Os bancos, projetados para acomodar o consumidor norte-americano, para onde o CR-V também é exportado, são grandes e oferecem ótima acomodação, apoiando bem as coxas e a região lombar, sendo que as abas laterais também são generosas, segurando o tronco nas curvas. Há regulagem de altura para o assento do motorista, mas a operação se dá de modo manual. Pelo preço do veículo, bem que os comandos poderiam ser elétricos.
PRATICIDADE Porém, se deixa a desejar na escolha dos materiais, o habitáculo dá show em termos de versatilidade. O espaço interno é ótimo, inclusive atrás, onde o assoalho é plano e cinco pessoas conseguem se acomodam sem aperto para as pernas, cabeça e ombros. Existem muitos nichos para guardar objetos e o porta-malas é gigantesco, comportando nada menos que 589 litros com os bancos em posição normal. Se for preciso rebatê-los, não há problema, pois basta puxar uma alça para que assento e encosto se movimentem de uma só vez, de forma rápida e prática, abrindo um verdadeiro salão para acomodação de carga. Fica um senão apenas para as laterais do compartimento, revestidas em plástico, mais vulnerável a riscos e marcas provocados pelo deslocamento da bagagem. No geral, o projeto evidencia bom aproveitamento, pois as dimensões externas não são exageradas, com 4,53 metros de comprimento, 1,82 m de largura e 2,62 m de distância entre-eixos.
SEGURANÇA O CR-V EXL oferece bom pacote de segurança, com airbags frontais, laterais e superiores do tipo cortina, sistema isofix para fixação de cadeirinhas, controle eletrônico de estabilidade (chamado pela Honda de VSA) que atua em conjunto com um dispositivo batizado de MA-EPS,responsável por dosar a assistência da direção para facilitar a recuperação do controle do veículo. Há cintos de segurança e apoios de cabeça para os cinco ocupantes. Os freios, com discos nas quatro rodas e ABS, mostraram muita eficiência durante o teste, parando o modelo com segurança apesar do peso elevado. Os faróis de dupla parábola são muito eficientes, enquanto os limpadores também demonstraram boa atuação.
NOSSA SENTENÇA No início do texto, escrevi que o CR-V tem boas condições de agradar alguns públicos, mas se mostra uma escolha inadequada para outros tipos de consumidores. É que o Honda tem temperamento pacato: se você procura um crossover de direção mais estimulante, melhor pesquisar na concorrência. Contudo, se a ideia é adquirir um carro familiar sem pretensões esportivas, o jogo vira a favor do modelo mexicano: espaçoso e confortável, ele é apropriado para transportar clãs numerosos, com crianças em cadeirinhas e compras no porta-malas, revelando desenvoltura ainda para encarar uma estrada de terra no fim de semana. Em viagens, apesar da falta fôlego em subidas e ultrapassagens, a boa estabilidade dentro da classe e os freios eficientes agradam. Também pesam a favor a garantia de três anos e a boa fama do pós venda japonês. Fica a ressalva para os materiais de revestimento do habitáculo e o preço, que poderia ser mais baixo.
Avaliação | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 6 | 7 |
Consumo(cidade e estrada) | 7 | 7 |
Estabilidade | 7 | 8 |
Freios | 9 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 9 | 10 |
Espaço interno | 9 | 10 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 10 | 10 |
Acabamento | 7 | 7 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 9 | 9 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 8 | 7 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 8 | 7 |
Relação custo/benefício | 6 | 6 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina, 1.997 cm³ de cilindrada, 155 cv de potência máxima a 6.500 rpm, 19,4 de torque máximo a 4.300 rpm
TRANSMISSÃO
Tração integral com acionamento eletrônico, câmbio automático de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, independente, duplo A
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 6,5 x 17 polegadas, pneus 225/65 R17
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,53; largura, 1,82; altura, 1,65; distância entre-eixos, 2,62
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 58 litros; porta malas: 589 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 448 quilos; peso: 1.592 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos
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