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Ao volante: Honda CR-V convence sem empolgar

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Crossover importado do México agrada pelo bom resultado geral. Ele não tem desempenho arrebatador, mas se mostra uma boa opção para a família ao reunir amplo espaço interno, muitos itens de segurança e versatilidade para sair do asfalto

O CR-V é um verdadeiro fenômeno de vendas no mercado brasileiro. O modelo tem mantido uma média superior a 1,5 mil emplacamentos por mês, número expressivo para os preços de tabela, que vão de R$ 83.920 a R$ 102.160. A procura é tanta que a cota de importação sem aumento de IPI, concedida para veículos provenientes do México, já foi esgotada e a Honda anunciou que não interromperá a comercialização, optando por repassar o reajuste ao consumidor. Mas afinal, o que o SUV de fabricação latina e concepção oriental tem de tão especial? Ao longo do teste, ele mostrou que tem condições de agradar a determinados públicos, embora apresente algumas ressalvas que o impeçam de ser unanimidade.

Comecemos pelo motor do CR-V, um quatro cilindros em linha de 2.0 litros, 155 cv de potência e 19,4 kgfm de torque. O cabeçote tem 16 válvulas e duplo comando variável, com acionamento por meio de corrente, bem mais confiável que a temida correia dentada. A confecção de todo o propulsor é feita em alumínio, mais leve e capaz de dissipar melhor o calor. Trata-se de um bloco atual e eficiente. O câmbio automático tem cinco velocidades, enquanto os de seis vão se tornando padrão no segmento. Curiosamente, a versão manual do próprio crossover da Honda dispõe da sexta marcha. Contudo, a verdade é que a caixa tem atuação satisfatória, com relações bem escalonadas e funcionamento  suave. Além do mais, a central eletrônica é esperta, “interpretando” satisfatoriamente as intenções do motorista e realizando as trocas nos momentos certos. Falha mesmo é a impossibilidade de comandar o sistema de modo sequencial:  não há botões sequer na alavanca, quanto menos no volante.

NA BALANÇA O grande problema é que o conjunto mecânico, apesar de eficiente, tem que empurrar uma carroceria pesada, que na versão avaliada  (EXL 4×4), chega aos 1.592 kg, resultando em relações peso/potência de 10,27 kg/cv e peso/torque de 82,06 kg/kgfm. Na prática, o CR-V tem desempenho bastante modesto. Dá conta do recado dentro da cidade, mas na estrada o modelo vai bem apenas em trajetos planos. Em subidas, a limitação fica evidente e a situação piora se houver passageiros e bagagem a bordo. Pelo menos o propulsor é suave e o habitáculo apresenta bom isolamento acústico, permitindo ao motorista explorar giros mais altos sem desconforto, para obter melhor rendimento. Bom, pois abaixo das 2.000 rpm, nota-se certa letargia.

O CR-V tem suspensão independente nas quatro rodas, inclusive nas versões de entrada. O eixo dianteiro utiliza a tradicional concepção McPherson, enquanto na traseira o projeto é do tipo Duplo A.  O conjunto está ajustado para privilegiar o conforto, filtrando as imperfeições do solo com eficiência, inclusive em vias mal-conservadas ou sem pavimentação. O vão em relação ao solo é grande e o modelo enfrentou estradas de terra sem raspão algum. Surpreendentemente, a ênfase na suavidade não compromete a estabilidade: nas curvas, o equilíbrio é bom para um veículo de altura elevada e não transmite sensação de insegurança ou de moleza. Na versão avaliada, há ainda o sistema 4×4 Real Time, que distribui a tração automaticamente entre as quatro rodas quando percebe a falta de aderência em pisos escorregadios. Os pneus, com medidas 225/65 R17, são voltados para asfalto. É sempre válido ressaltar que os crossovers não são capazes de oferecer a mesma disposição para enfrentar trechos sinuosos que os hatches e os sedãs. A direção com assistência elétrica é que se mostra um tanto leve em alta velocidade, deixando o veículo meio solto. Nas manobras, porém, a calibragem se mostra correta, tornando o volante muito macio.

POSIÇÃO ELEVADA a posição de dirigir também é típica de crossover: o motorista se senta em posição vertical, mais alto que nos demais veículos. A posição é centralizada em relação aos pedais e ao volante, ajustável em altura e profundidade. A ergonomia agrada, com instrumentos legíveis e botões grandes, de fácil operação, como ocorre em outros modelos Honda. A visibilidade é boa para frente e para os lados, mas ruim para trás, pois o vidro posterior é pequeno. Ao menos os retrovisores são bem dimensionados e a câmera de ré, que atenua consideravelmente o problema, é de série em toda a linha, assim como os sensores de estacionamento. Os bancos, projetados para acomodar o consumidor norte-americano, para onde o CR-V também é exportado, são grandes e oferecem ótima acomodação, apoiando bem as coxas e a região lombar, sendo que as abas laterais também são generosas, segurando o tronco nas curvas. Há regulagem de altura para o assento do motorista, mas a operação se dá de modo manual. Pelo preço do veículo, bem que os comandos poderiam ser elétricos.

O acabamento interno também é típico da Honda, com montagem exemplar, mas sem luxo. O painel, assim como as forrações das portas, são de plástico rígido e embora tenham textura agradável, são inadequados dentro do segmento. Se em modelos mais baratos a receita não chega a comprometer, no CR-V fica a impressão de simplicidade excessiva. Afinal, estamos tratando de um produto que supera os R$ 100 mil reais. Sem materiais emborrachados ou macios ao tato, os toques de sofisticação ficam por conta apenas do revestimento em couro dos bancos e do volante, além de uma faixa que imita madeira na parte inferior do painel.

PRATICIDADE Porém, se deixa a desejar na escolha dos materiais, o habitáculo dá show em termos de versatilidade. O espaço interno é ótimo, inclusive atrás, onde o assoalho é plano e cinco pessoas conseguem se acomodam sem aperto para as pernas, cabeça e ombros. Existem muitos nichos para guardar objetos e o porta-malas é gigantesco, comportando nada menos que 589 litros com os bancos em posição normal. Se for preciso rebatê-los, não há problema, pois basta puxar uma alça para que assento e encosto se movimentem de uma só vez, de forma rápida e prática, abrindo um verdadeiro salão para acomodação de carga. Fica um senão apenas para as laterais do compartimento, revestidas em plástico, mais vulnerável a riscos e marcas provocados pelo deslocamento da bagagem. No geral, o projeto evidencia bom aproveitamento, pois as dimensões externas não são exageradas, com 4,53 metros de comprimento, 1,82 m de largura e 2,62 m de distância entre-eixos.

A lista de equipamentos do CR-V é razoável, sem impressionar ou decepcionar. O maior destaque da versão EXL é o sistema multimídia com tela de cinco polegadas sensível ao toque integrada ao painel, que demonstrou utilização fácil. O dispositivo inclui navegador GPS e sistema de som com subwoofer, rádio AM/FM, CD Player, leitor MP3, bluetooth e entradas USB e para iPod, iPhone e iPad, além da já citada câmera de ré. Há também teto solar, auxílio de partida em rampas, acionamento automático dos faróis e dos limpadores de para-brisa, chave com telecomando, alarme, travas e vidros elétricos, com sistema um toque para todas as janelas. Os retrovisores externos também são elétricos, inclusive quanto ao rebatimento.

SEGURANÇA O CR-V EXL oferece bom pacote de segurança, com airbags frontais, laterais e superiores do tipo cortina, sistema isofix para fixação de cadeirinhas, controle eletrônico de estabilidade (chamado pela Honda de VSA) que atua em conjunto com um dispositivo batizado de MA-EPS,responsável por dosar a assistência da direção para facilitar a recuperação do controle do veículo. Há cintos de segurança e apoios de cabeça para os cinco ocupantes. Os freios, com discos nas quatro rodas e ABS, mostraram muita eficiência durante o teste, parando o modelo com segurança apesar do peso elevado. Os faróis de dupla parábola são muito eficientes, enquanto os limpadores também demonstraram boa atuação.

O CR-V, assim como a atual geração do Civic, chegou ao mercado com a promessa de obter bons números de consumo. O crossover exibe alguns recursos para educar o motorista, como um econômetro no painel e dois filetes luminosos em volta do velocímetro, que mudam de cor de acordo com o fluxo de combustível queimado. Há ainda a tecla Econ, que altera a alimentação do motor e as respostas do câmbio (veja mais detalhes aqui), beneficiando o consumo em prejuízo do desempenho. Na prática, o CR-V não foi beberrão, mas passou longe de se sobressair.   As médias variaram pouco, ficando sempre entre 7,0 e 7,5 km/l na cidade. Com o botão Econ acionado, os números melhoraram sensivelmente, girando entre 7,5 e 8,0 km/l. Na estrada, o modelo cravou sempre marcas entre 10,5 e 11,0 km/l, independentemente da utilização ou não do recurso Econ.

NOSSA SENTENÇA No início do texto, escrevi que o CR-V tem boas condições de agradar alguns públicos, mas se mostra uma escolha inadequada para outros tipos de consumidores. É que o Honda tem temperamento pacato: se você procura um crossover de direção mais estimulante, melhor pesquisar na concorrência.  Contudo, se a ideia é adquirir um carro familiar sem pretensões esportivas, o jogo vira a favor do modelo mexicano: espaçoso e confortável, ele é apropriado para transportar clãs numerosos, com crianças em cadeirinhas e compras no porta-malas, revelando desenvoltura ainda para encarar uma estrada de terra no fim de semana. Em viagens, apesar da falta fôlego em subidas e ultrapassagens, a boa estabilidade dentro da classe e os freios eficientes agradam. Também pesam a favor a garantia de três anos e a boa fama do pós venda japonês. Fica a ressalva para os materiais de revestimento do habitáculo e o preço, que poderia ser mais baixo.

Avaliação Alexandre Marlos
Desempenho(acelerações e retomadas) 6 7
Consumo(cidade e estrada) 7 7
Estabilidade  7 8
Freios  9 8
Posição de dirigir/ergonomia  9 10
Espaço interno  9 10
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) 10 10
Acabamento  7 7
Itens de segurança(de série e opcionais) 9 9
Itens de conveniência(de série e opcionais) 8 7
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) 8 7
Relação custo/benefício  6 6

FICHA TÉCNICA

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina, 1.997 cm³ de cilindrada, 155 cv de potência máxima a 6.500 rpm, 19,4 de torque máximo a 4.300 rpm

TRANSMISSÃO
Tração integral com acionamento eletrônico, câmbio automático de cinco marchas

ACELERAÇÃO  ATÉ 100 km/h
Não informada pelo fabricante

VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante

DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS

SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, independente, duplo A

RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio, 6,5 x 17 polegadas, pneus 225/65 R17

DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,53; largura, 1,82; altura, 1,65; distância entre-eixos, 2,62

CAPACIDADES
Tanque de combustível: 58 litros; porta malas: 589 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 448 quilos; peso: 1.592 quilos

Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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