Top de linha da marca italiana no Brasil tem comportamento típico de carro familiar norte-americano; espaço e equipamentos de segurança de destacam, mas desempenho e consumo poderiam ser melhores
Alexandre Soares
Especial para o Autos Segredos
O Freemont é uma espécie de filho adotivo quando comparado aos demais membros da família Fiat. Grandalhão e espaçoso, ele é um típico modelo familiar ao estilo norte-americano, enquanto os “irmãos” – mesmo os desenvolvidos no Brasil, como Uno e Palio – exibem com orgulho certas referências da escola italiana. Isso não acontece por acaso: é que o Freemont é de fato um carro de origem estadunidense, basicamente um Dodge Journey com emblemas da marca italiana. Por aqui, os dois se diferenciam também pela mecânica: enquanto o primeiro é oferecido apenas de um 2.4 16V de quatro cilindros, o segundo é equipado unicamente com um 3.6 V6. Os dois propulsores, inclusive, são oferecidos no Journey vendido nos EUA. O objetivo de oferecer o mesmo produto com motorizações e denominações distintas faz parte da estratégia comercial para diferenciá-los por aqui, pois na maioria dos outros mercados, eles não convivem mutuamente. Feitas essas considerações, é hora de começar a conhecer a fundo o filho adotivo da Fiat.
GRANDALHÃO PACATO Os demais componentes do Freemont reforçam esse comportamento pacato, que aliás, é coerente em um carro com proposta familiar. A suspensão, composta por conjuntos independentes do tipo McPherson na frente e multilink atrás, têm ajuste mais macio, voltado para o conforto. Assim, o crossover filtra com eficiência as imperfeições do solo. Só não isola melhor o habitáculo dos solavancos porque os pneus de perfil baixo (225/65 R17) copiam as emendas na pista. A direção, com assistência hidráulica, também é bastante leve, mas mostra boa progressividade e apresenta firmeza em alta. A estabilidade é boa, em especial para um veículo de altura elevada, mas convém não abusar: em algumas situações, o modelo apresentou comportamento subesterçante, e em outras, mostrou-se sobreesterçante, o que pode surpreender o motorista.
SETE A BORDO O espaço interno, sem dúvida, é um dos maiores atributos do Freemont. Cinco ocupantes adultos sentam-se com conforto, e, se for preciso transportar mais gente, há ainda dois assentos extras. Eles não são tão confortáveis quanto os demais, mas conseguem acomodar duas pessoas de média estatura sem aperto em excesso. A capacidade do porta malas, com a terceira fileira rebatida, é de ótimos 580 litros. Mas há um porém: o compartimento não tem cobertura, deixando os objetos visíveis e vulneráveis à ação de ladrões. Seria interessante adotar um anteparo retrátil, como o da Trailblazer, por exemplo. Há uma infinidade de porta-copos e outros objetos espalhados pelo habitáculo. Porém, aí surge um outro problema: os nichos localizados no console central deixam chaves e outros objetos muito quentes, o que indica isolamento térmico deficiente sobre o túnel central. Por outro lado, o isolamento acústico agradou, pois o habitáculo é silencioso. No mais, o acabamento está no nível que se espera para um automóvel da categoria, com materiais emborrachados no painel e nas portas, que ainda contam com fartas porções de couro. Os encaixes também são caprichados.
BEM-INSERIDO A versão Precision tem preço sugerido de R$ 103.950. Além dela, há também a básica Emotion, tabelada em R$ 96.530. As duas se diferenciam, principalmente, pelo número de assentos (sete na primeira e cinco na segunda, além da presença de alguns equipamentos. Os valores de ambas não são exatamente baixos, mas são bastante competitivos dentro do segmento de crossovers: modelos menores, como CR-V, RAV-4 e Ix35 estão na mesma faixa. E, no caso específico da configuração top de linha, o modelo da Fiat se diferencia pela capacidade de transportar maior número de pessoas. Ele também é mais potente, mas isso acaba não se traduzindo em desempenho superior, em virtude do peso mais elevado. De qualquer modo, trata-se de de um filho que pode até ser adotivo, mas que complementou muito bem a família da marca italiana no Brasil, atuando com competência em um segmento que, até pouco tempo atrás, era ocupado só pela concorrência.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 6 | 7 |
Consumo(cidade e estrada) | 5 | 6 |
Estabilidade | 7 | 8 |
Freios | 8 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 8 |
Espaço interno | 10 | 9 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 9 | 9 |
Acabamento | 8 | 8 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 9 | 8 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 8 | 8 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 7 |
Relação custo/benefício | 7 | 7 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 2.360m³ de cilindrada, 16 válvulas, gasolina, 172 cv de potência a 6.000 rpm e 22,4 kgfm de torque a 4.500 rpm.
TRANSMISSÃO
Tração dianteira e câmbio automático de seis marchas.
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
12,9 segundos (dado de fábrica).
VELOCIDADE MÁXIMA
190 km/h (dado de fábrica).
DIREÇÃO
Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica.
FREIOS
Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS, EBD e BAS.
SUSPENSÃO
Dianteira independente, McPherson, com braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora; traseira, independente, multilink, com barra estabilizadora.
RODAS E PNEUS
Rodas em liga leve 7 x 19 polegadas; pneus 225/55 R19.
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,888; largura, 1,878; altura, 1,750; distância entre-eixos, 2,890.
CAPACIDADES
Tanque, 77,6 litros; porta-malas, 580 litros, carga útil (passageiros e bagagem), 531 kg; peso, 1849 kg.
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Fotos | Leonardo Silva/Especial para o Autos Segredos