Posicionado entre os sedãs compactos e os médios, modelo oferece o conteúdo essencial por um preço de tabela competitivo. Habitáculo e porta-malas são muito amplos, mas motor de concepção simplória não entrega desempenho condizente com a cilindrada
HERANÇA DOS ANTEPASSADOS O coração da versão LTZ que avaliamos é um velho conhecido do mercado. Trata-se do propulsor batizado internamente de Família I e apresentado mercadologicamente como Econo.Flex, que recebeu modificações nos sistemas eletrônicos e de alimentação. A concepção é simples, com cabeçote de alumínio com oito válvulas e bloco em ferro fundido. Os comandos são acionados por correia dentada e não há variação no tempo de abertura ou de fechamento. Esse motor tem fama de manutenção fácil e boa durabilidade, mas entrega números modestos em relação à cilindrada: são 108/106 cv de potência a 5.400 rpm e 17,1/16,4 kgfm de torque a 3.200 rpm, com etanol e gasolina, na ordem.
Segundo a Chevrolet, 90% do torque está disponível entre 2.500 e 4.700 rpm. Essa informação nos pareceu parcialmente verdadeira: em baixas rotações, o Cobalt realmente responde bem, mostrando disposição adequada para o uso urbano. Mas a partir das 3.500 rpm, a impressão é de que o motor perde o fôlego e o desempenho fica abaixo do que se espera da cilindrada. Além do mais, em altos regimes são notadas algumas asperezas. Imagino que, se eu fosse criança atualmente e meu pai dirigisse um Cobalt durante nossas viagens de férias, sentiríamos falta de mais vigor durante as ultrapassagens na estrada…
A boa notícia é que os demais componentes mecânicos do Cobalt agradam bastante, compensando em parte as limitações do motor. A suspensão, que segue o tradicional esquema de sistema independente do tipo Mc Pherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, tem boa calibragem, com compromisso equilibrado entre conforto e estabilidade. É verdade que, em pisos irregulares, o conjunto acaba transmitindo alguns impactos para a cabine, mas por outro lado, segura a carroceria com muita propriedade nas curvas, proporcionando segurança e tornando a direção mais divertida. O câmbio manual também agradou, com bons engates e relações corretas: as marchas não são nem longas nem curtas demais e a 120 km/h o conta-giros registra 3.200 rpm, regime coerente com a proposta. Por fim, a direção com assistência hidráulica também apresentou acerto satisfatório, com boa progressividade e sem leveza excessiva em alta velocidade.
O Cobalt tem interior agradável, com acabamento coreto, contudo sem se destacar. Longe de ser luxuoso, o modelo exibe plásticos rígidos no painel e nas forrações das portas, mas sem rebarbas aparentes, embora tenhamos notado imperfeições em alguns encaixes. Os bancos são revestidos em tear conjugado com tecido aveludado, muito agradável ao toque, e são bastante confortáveis, com apoios adequados para as pernas e as costas, além de abas que seguram o corpo com competência em curvas.
Como dissemos no começo do texto, o Cobalt LTZ traz o essencial em termos de itens de conforto. De série, há todos os equipamentos mais importantes, entre os quais ar-condicionado, travas elétricas das portas e porta-malas, alarme por controle remoto, rádio AM/FM com CD/MP3 Player com Bluetooth, porta USB e entradas auxiliares, computador de bordo, espelhos retrovisores externos com regulagem elétrica e rodas de liga-leve aro 15”. Vai uma ressalva para os vidros elétricos, que estão presentes em todas as portas, mas não têm função um-toque e iluminação.
PACOTE SEM INFLAÇÃO O Cobalt não é expoente em tecnologia ou visual, mas ao apelar para a velha fórmula de entregar bom conteúdo sem abusar do preço, acaba se tornando uma opção válida. A versão top LTZ é tabelada em R$ 48.090, valor competitivo diante da concorrência, sendo que o espaço tanto da cabine quanto do porta-malas pode fazer a diferença para determinados consumidores. Há ainda a configuração LT, que abre mão de faróis de neblina, sistema de som, rodas de liga leve e frisos externos, mas custa menos e parte de R$ 44.390. Lamentável é a ausência dos motores da linha Ecotec, que casariam muito bem com o câmbio a e suspensão. Na pior das hipóteses, o fabricante poderia ao menos realizar um trabalho um pouco mais aprofundado no velho 1.8, de modo a fazê-lo entregar uns 10 cv de potência a mais…
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 7 | 6 |
Consumo(cidade e estrada) | 7 | 6 |
Estabilidade | 8 | 7 |
Freios | 7 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 9 |
Espaço interno | 10 | 10 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 10 | 10 |
Acabamento | 7 | 7 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 6 | 7 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 7 | 8 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 7 |
Relação custo/benefício | 8 | 9 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.796 cm³ de cilindrada, 106cv (g)/108cv (e) de potência máxima a 5.400 rpm, 16,4 kgfm (g)/ 17,1 mkgf (e) de torque máximo a 3.200 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
10s5
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
170 km/h
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio 6×15, pneus 195/65 R15
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,479; largura, 1,735; altura, 1,514; distância entre-eixos, 2,620
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 54 litros; porta malas: 563 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 488 quilos; peso: 1.122 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos