Monovolume adere à fórmula de oferecer espaço sem onerar demais o bolso. Pacote de equipamentos é honesto, mas seria desejável mais cuidado com alguns detalhes internos
Se o motor da Spin apresenta poucas evoluções tecnológicas, o câmbio automático deu um verdadeiro salto evolutivo. Atual, o componente tem seis marchas, melhor que o da Zafira (que só tinha quatro velocidades) e o da Meriva (de cinco velocidades, do tipo automatizado, com uma só embreagem). Essa transmissão equipa todos os novos veículos da Chevrolet, inclusive o Cruze e o Sonic, que já foram avaliados pelo Autos Segredos. Na ocasião em que os dois modelos passaram por nosso crivo, receberam elogios pelas relações corretas, mas foram criticados pela programação que não “entende” muito bem as vontades do motorista. Com o monovolume, ocorre exatamente o mesmo. Não é raro que a caixa faça reduções desnecessárias ou eleve demais as rotações em momentos nos quais não se está exigindo tanto desempenho assim. Por outro lado, sobretudo em retomadas de velocidade, às vezes ocorre alguma hesitação na manobra conhecida como kick-down, que consiste em pisar subitamente no acelerador até que o pedal chegue ao fim do curso. O problema talvez esteja no fato de o câmbio ter apenas uma programação de funcionamento, que tem de dar conta de todas as vontades do condutor. Se houvesse função Sport, provavelmente os inconvenientes citados desapareceriam, pois o conjunto de transmissão trabalharia com duas programações, sendo uma destinada às situações normais e a outra voltada para o desempenho.
A suspensão é independente na dianteira, do tipo McPherson, e semi-independente da traseira, por eixo de torção. A esquema é tradicional, mas a calibragem agradou, permitindo bom controle direcional em curvas. Como em todo monovolume, a estabilidade é um pouco prejudicada pela altura da carroceria, mais elevada que em automóveis convencionais, mas de qualquer modo a Spin transmite bastante segurança em trechos sinuosos. Em contrapartida, quando se trafega em pisos irregulares, há transmissão de algumas imperfeições do solo para o habitáculo, mas sem grande comprometimento ao conforto dos ocupantes. A direção, com assistência hidráulica, também se mostrou eficiente. Bastante progressiva, entrega maciez em manobras e firmeza em altas velocidades.
O acabamento interno repete o mesmíssimo padrão do Cobalt: correto, sem ser luxuoso. O plástico do painel e das forrações das portas é rígido, mas não chega a ser áspero ao toque. Alguns encaixes são imprecisos, mas por outro lado, mas não há rebarbas aparentes. As peças mesclam cores escuras e claras, o que ajuda a arejar o habitáculo. Os bancos combinam tecido aveludado e tear, ambos agradáveis. Os dianteiros e o intermediário são bastante anatômicos e confortáveis, mas o último é quase plano, para ocupar menos espaço e facilitar a operação de rebatimento.
O porta-malas consegue acomodar os pertences de toda a família. Com a terceira fileira em posição normal, a capacidade é de apenas 162 litros, mas ao rebatê-la o número cresce para 553 litros. Trata-se de um valor expressivo, mas nota-se que o resultado poderia ser ainda melhor se a Chevrolet tivesse desenvolvido um sistema mais eficiente para dobrar o banco, que ocupa muito espaço quando está fora de uso. Como efeito de comparação, as versões de cinco lugares da Spin acomodam 710 litros de carga. Nesse aspecto, as antecessoras eram mais práticas: a Zafira dispunha do engenhoso sistema Flex7, que embutia os assentos e encostos extras no assoalho, enquanto a Meriva disponibilizou, no início de carreira no Brasil, o não menos interessante sistema Flex Space, que fazia mais ou menos a mesma coisa, porém com a segunda fila.
O pacote de equipamentos de série da Spin traz todo o essencial. Há ar-condicionado, travas elétricas das portas e porta-malas, alarme por controle remoto, rádio AM/FM com CD/MP3 Player com Bluetooth, porta USB e entradas auxiliares, computador de bordo, espelhos retrovisores externos com regulagem elétrica, rodas de alumínio aro 15” e sensores de estacionamento traseiros. A Chevrolet poderia ter disponibilizado alguns mimos a mais, como descansa braço entre os bancos dianteiros, sistema um-toque para abrir e fechar as janelas e iluminação nos para-sóis. A propósito: porta-malas e porta-luvas contam com luz de cortesia.
FILHA DA REFORMULAÇÃO Entre os fabricantes automotivos com sede no Brasil, a Chevrolet foi a única a nacionalizar dois monovolumes, há pouco mais de 10 anos. Ao invés de multiplicar o número de modelos, outras empresas preferiram investir em versões distintas de um único produto. Com a reformulação que a marca da gravata promoveu recentemente, optou-se por fazer como a concorrência e enxugar a linha de minivans, por meio de um projeto desenvolvido pela subsidiária local. Assim, nasceu a Spin, com a proposta de espaçosa e oferecer bom custo-benefício. Não há dúvida quanto ao cumprimento de tal objetivo, afinal, o segmento de veículos para sete ocupantes é pequeno no país e o preço da versão LTZ, única da gama a oferecer o banco extra, é tabelado em R$ 53.190, valor bastante competitivo pois inclui uma lista interessante de equipamentos. Os lugares do fundão são apertados, mas tal característica é regra na faixa de preço em questão. A questão é que, como foi dito no início do texto, a tarefa de substituir dois carros de uma só vez é bem difícil. O proprietário de uma Meriva provavelmente ficará satisfeito a bordo de uma Spin. Porém, o dono de uma Zafira deverá sentir o maior despojamento. Para esse público, atualmente desguarnecido de opções, o preço mais baixo em relação à antecessora pode não ser um fator determinante para a compra.
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 7 | 6 |
Consumo(cidade e estrada) | 6 | 6 |
Estabilidade | 7 | 7 |
Freios | 7 | 8 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 9 |
Espaço interno | 10 | 9 |
Porta-malas(espaço, acessibilidade e versatilidade) | 10 | 9 |
Acabamento | 7 | 6 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 6 | 7 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 7 | 8 |
Conjunto mecânico(acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 6 |
Relação custo/benefício | 8 | 7 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.796 cm³ de cilindrada, 106cv (g)/108cv (e) de potência máxima a 5.400 rpm, 16,4 kgfm (g)/ 17,1 mkgf (e) de torque máximo a 3.200 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático de seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
12,0 (g)/11,9 (e)
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
167 km/h (g)/168 (g)
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio 6×15, pneus 195/65 R15
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,360; largura, 1,735; altura, 1,664; distância entre-eixos, 2,620
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 53 litros; porta malas: de 162 a 553 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 495 quilos; peso: 1.255 quilos
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos