Especial para o Autos Segredos
A indústria automobilística chegou a tal nível de evolução que, nos últimos anos, tem criado equipamentos para poupar mínimos esforços do motorista. Chaves presenciais dispensam o mero toque de um botão para travar e destravar o carro, freios-de-mão elétricos evitam o simples movimento de levantar e abaixar uma alavanca e sensores crepusculares e de chuva suprimem o fácil manuseio de comandos no painel. Por isso, é até curioso que a moda do visual off-road tenha adicionado uma operação a mais na hora de abrir e fechar o porta-malas de alguns veículos, entre os quais a Spin Activ, avaliada pelo Autos Segredos: antes de puxar a tampa, é preciso destravar e mover o estepe, e depois de fechá-la, recolocá-lo na posição e travá-lo (Idea Adventure e CrossFox têm adotam solução semelhante). Que os leitores me perdoem, mas é um saco ter de fazer isso todas as vezes em que é preciso acessar o compartimento. Porém, ainda que, aos poucos, a moda do sobressalente pendurado na traseira venha perdendo força (todos os SUVs lançados neste ano dispõem dele), é inegável que esse artigo ainda agrada a boa parte dos consumidores, que veem nele uma espécie sinônimo de fora de estrada. Foi pensando neles que a Chevrolet desenvolveu a versão aventureira de seu monovolume, que cujo apelo muito mais visual do que funcional (algo que acontece com a grande maioria dos veículos com proposta semelhante, diga-se) é voltado para conquistar um consumidor mais emocional que racional.
Espaço é item primordial em qualquer monovolume. Nesse quesito, a Spin vai bem. A versão Activ só é disponibilizada com cinco lugares (o terceiro banco, com capacidade para dois passageiros extras, é exclusivo da LTZ), mas em compensação, todos eles contam com acomodações confortáveis: mesmo com lotação máxima, não haverá aperto. Lamentável é a inexistência de cinto de três pontos e encosto de cabeça no centro do banco traseiro, e tampouco há ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas. São ausências que se tornam ainda mais crítico em um veículo de proposta familiar. Já o porta-malas, apesar da citada dificuldade de acesso, devido ao estepe externo, é gigantesco, com 710 litros de capacidade. Por fim, ainda há 32 porta-objetos no habitáculo, segundo a Chevrolet.
Alguns monovolumes são associados a uma condução monótona, sem diversão. Nesse ponto, a Spin até surpreende, entregando boa estabilidade (para um veículo com centro de gravidade elevado, é claro). Ela não inclina demais em curvas e apresenta subesterçamento apenas após abusos. Isso tem explicação: é que a Chevrolet mexeu pouco na suspensão, que sequer foi elevada em relação às demais configurações. O trabalho da engenharia, basicamente, resumiu-se a endurecer um pouco o conjunto traseiro, para compensar o peso extra do estepe (olha ele aí de novo) fixado na extremidade da carroceria. Apesar disso, a Activ é 8 mm mais alta que as versões convencionais, em decorrência unicamente da adoção de pneus de uso misto, com ombros maiores. Em vias pavimentadas, mesmo em más condições, ela revelou um rodar confortável, sem grande transmissão das imperfeições do piso para o habitáculo. Mas nos trechos de terra aos quais foi submetido, a história foi diferente, com pouca filtragem das irregularidades. Ademais, a suspensão chega ao batente com facilidade em valetas e depressões. Porém, verdade seja dita, ela saiu do percurso ilesa de esbarrões contra o solo. A direção também agrada. Apesar de contar com um sistema de assistência hidráulico (e não elétrico, mais evoluído), há boa progressividade, e o acerto é bastante direto. Os freios, com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, apresentaram resultados corretos, mas não chegaram a se destacar.
O motor ultrapassado se faz lembrar também na hora de encher o tanque. O consumo da Spin Activ ficou na casa dos 8,3 km/l na cidade e dos 11,5 km/l na estrada, com gasolina no tanque. O resultado não chega a ser trágico, mas é fato que outros modelos com cilindrada semelhante obtêm números mais positivos. Além das despesas, há ainda a desvantagem da autonomia limitada a 575 km. Como já é habitual, o Autos Segredos lembra que o consumo de combustível está relacionado a diferentes fatores, como as condições do tráfego, as características das vias, o relevo e o estilo de direção do motorista.
A lista de equipamentos da Spin Activ é ampla. Entre os itens destinados ao conforto, há ar condicionado manual, vidros, travas e retrovisores elétricos, chave tipo canivete com controle, sistema Multímidia MyLink, com tela sensível ao toque, rádio AM/FM, entradas USB e aux-in, função Audio Streaming e conexão bluetooth, computador de bordo, volante multifuncional revestido em couro, sensores de estacionamento traseiros e controlador da velocidade de cruzeiro. Por outro lado, o pacote de itens de segurança é muito reduzido: restringe-se, a grosso modo, aos obrigatórios airbags frontais e freios ABS. O preço sugerido para o monovolume da Chevrolet é de R$ 67.250. Com transmissão automática (como a unidade avaliada), o valor sobe para R$ 71.390.
NOTAS
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho (acelerações e retomadas) | 7 | 7 |
Consumo (cidade e estrada) | 6 | 7 |
Estabilidade | 7 | 7 |
Freios | 7 | 7 |
Posição de dirigir/ergonomia | 8 | 8 |
Espaço interno | 10 | 10 |
Porta-malas | 9 | 10 |
Acabamento | 7 | 6 |
Itens de segurança (de série e opcionais) | 6 | 7 |
Itens de conveniência (de série e opcionais) | 7 | 7 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 7 | 6 |
Relação custo/benefício | 7 | 6 |
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, gasolina/etanol, 1.796 cm³ de cilindrada, 106cv (g)/108cv (e) de potência máxima a 5.400 rpm, 16,4 kgfm (g)/ 17,1 mkgf (e) de torque máximo a 3.200 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio automático de seis marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h (dado de fábrica)
12,5 (g)/12,4 (e)
VELOCIDADE MÁXIMA (dado de fábrica)
165 km/h (g/e)
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, McPherson; traseira, semi-independente, eixo de torção
RODAS E PNEUS
Rodas em liga de alumínio 6,5×16, pneus 205/60 R16
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,424; largura, 1,735; altura, 1,672; distância entre-eixos, 2,620
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 53 litros; porta malas: 710 litros; carga útil (passageiros e bagagem): 450 quilos; peso: 1.325 quilos
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Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos