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História da Ford no Brasil – Parte 2

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Primeira a ter uma linha de montagem no país, marca produziu diferentes veículos, se destacou pelo pioneirismo e agora volta a ser uma mera importadora

Por Fernando Miragaya

Autos Segredos traz uma breve história da Ford no Brasil em meio ao triste anúncio de que a marca estadunidense fechou suas fábricas por aqui. Desde épocas de glórias, holding com a Volkswagen, acertos e erros e muitos carros emblemáticos em mais de 70 anos, até o triste encerramento de um ciclo, que agora torna a Ford uma importadora de veículos no país.

LEIA A PARTE 1 DA HISTÓRIA DA FORD NO BRASIL

Confira a Parte 2 do nosso texto sobre a história da Ford no Brasil

New wave

Em 1980 ainda deu tempo de a Ford lançar o Corcel II a álcool. Neste caso, a montadora ficou longe de qualquer pioneirismo no que diz respeito a veículos movidos pelo combustível vegetal, isso porque a Fiat lançou o 147 Cachacinha dois anos antes. Porém, a marca se valeu dos problemas de fazer esses carros darem a partida em locais ou dias frios que as rivais enfrentavam.

Com isso, o Corcel II a etanol trazia como inovação justamente o afogador para auxiliar na partida a frio, que se tornaria popular nos demais carros da década. E adivinha quem estrelou a campanha do sedan que bebia álcool? Um jovem piloto chamado Ayrton Senna que acabara de ser campeão da Fórmula Ford na Europa.

Além do combustível vegetal, a década de 1980 foi agitada para a marca. Em 1981, a plataforma do Corcel II deu origem ao Del Rey, o sedan mais requintado da Ford então, com acabamento interno até hoje referência no mercado. Foi o primeiro modelo brasileiro a ter vidros e travas elétricos de série e trazia  bancos de veludo além do indefectível relógio digital no teto.

Del Rey
Foto | Ford/Divulgação

Um ano depois a estrutura do Corcel daria mais uma cria. E que cria. A Pampa foi uma das picapes compactas mais legais do mercado brasileiro. E também foi a primeira da categoria a ter uma versão com tração 4×4.

Mas foi em 1983 que a Ford deu um passo certeiro em sua linha de produtos. O lançamento do Escort marcava o primeiro projeto global da marca fabricado no Brasil. Tinha design com apelo bastante moderno, versões duas e quatro portas e logo ganhou uma variante esportiva que se tornou sinônimo de desejo da juventude da época: a XR3, mas uma vez com campanha estrelada por Senna.

O piloto brasileiro, já na F1, também emprestaria o rosto para as propagandas de uma versão ainda mais cobiçada do Escort, em 1985. Foi o ano da apresentação da variante XR3 conversível.

Autolatina

A holding entre Ford e Volkswagen foi uma espécie de divisor de águas para as marcas, especialmente para a norte-americana. Anunciada em 1987, a Autolatina previa o compartilhamento de plataformas. A linha de médios (Ford Versailles e Royale e VW Santana e Quantum) usavam (riam) base alemã. Na compacta (Escort, Verona, Apollo, Logus e Pointer), arquitetura Ford. 

O compartilhamento se dava também nos conjuntos mecânicos: os motores AP (1.6, 1.8 e 2.0, da Volks) e AE (1.0 e 1.6, da Ford). O primeiro filho desse casamento foi o Verona, em 1989, sedã de duas portas que daria origem ao Apollo, este com o emblema da Volkswagen. 

Os anos 1990 provaram como a logística do compartilhamento de plataformas conferia a agilidade – e seria essencial para a indústria nas décadas seguintes. Em 1991, a Ford lançou o Versailles e o Royalle da base do Santana, para substituir a linha Del Rey. Um ano depois, era apresentada a segunda geração do Escort.

Ao mesmo tempo, a abertura das importações de automóveis em 1990 forçou uma modernização nas operações e produtos por parte das montadoras locais. Além, é claro, de permitir que as marcas trouxessem suas vitrines tecnológicas e carros de segmento até então inéditos para o mercado nacional. 

A partir de 1993, a Ford volta a importar veículos para o Brasil com o Explorer, o utilitário esportivo famoso nos EUA. Na esteira, vieram o sedã grande Taurus e a picape Ranger, também dos Estados Unidos, e o médio-grande Mondeo, da Bélgica.

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Nessa época, porém, a Autolatina começava a azedar. A marca estadunidense já estava em fase adiantada de desenvolvimento do seu hatch compacto de entrada, o “Gol da Ford”. A parte alemã da parceria começou a chiar do futuro “fogo amigo”, em especial os concessionários da VW. Fato é que em 1994 o término do casamento foi anunciado e a holding chegou ao fim em 1996.

Restou à Ford arrumar a casa e lançar um compacto no mercado com o que tinha lá fora. Com o Chevrolet Corsa moderninho e o VW Gol Bolinha fazendo barulho no mercado, a marca passou a importar o Fiesta da Espanha, aquele quadradinho. 

Paralelamente, a matriz anunciou um um dos maiores programas de investimento da história da Ford no Brasil, de US$ 2,6 bilhões. Aporte necessário devido ao estrago que a Autolatina acabou fazendo no market share da empresa no mercado brasileiro. A Ford, que era a segunda colocada e tinha 21% de participação, saiu da holding em quarto e com 10% de mix.

Ford Fiesta
Foto | Ford/Divulgação

Os produtos surgiram de forma acelerada. Na segunda metade da década de 1990, foram lançados a nova geração do Fiesta, o subcompacto Ka e a picape pequena Courier, todos modelos feitos em São Bernardo do Campo (SP). A renovada Ranger e a linha Focus passaram a ser importadas da Argentina, enquanto a nova F-250 chegou para substituir a F-1000.

Projeto Amazon

No fim dos anos 1990 dizia-se que a Ford cobrava resultados positivos da filial e que pensava, inclusive, em encerrar a produção de automóveis por aqui caso a empresa não operasse no azul. Eis que surge a salvação da marca, mas uma grande sacada de mercado que inspiraria um segmento que será mandatório no futuro.

O Projeto Amazon era ousado. Previa a construção de uma fábrica em Camaçari (BA) para produzir a nova geração do Fiesta (2002), mas também um produto visionário. Com base em pesquisas de mercado, a empresa se deteve nos números que apontavam que 95% dos clientes de utilitários esportivos jamais tinham usado a tração 4×4 ou jogado o seu carro em alguma trilha.

Nasceu, em 2003, o SUV compacto que iria quebrar paradigmas. Com preço abaixo dos R$ 40 mil à época, o EcoSport nada mais era que um Fiesta alto, um jipinho genuinamente urbano para quem não estava nem um pouco afim de levá-lo para a terra ou para a lama. Foi um sucesso estrondoso, o Eco vendeu muito e reinou quase sozinho por mais de uma década. A Ford Brasil, feliz, voltou ao azul…

Ford EcoSport
Foto | Ford/Divulgação

Nos anos que se sucederam a marca fez reestilizações no próprio Eco e na Ranger, e faz uma profunda remodelação no Ka. Lá de fora, chegam os novos Focus da Argentina e o SUV grandalhão e luxuoso Edge, do Canadá. Se valendo do acordo bilateral Brasil-México, o fabricante passa a trazer o Fusion do país latino. Com custo benefício agressivo, desbancou os tradicionais Honda Accord e Toyota Camry no segmento de médio-grandes. E ainda fechou a década como primeiro modelo híbrido do país.

História da Ford no Brasil: a última década

O New Fiesta abriu os anos 2010 para a Ford importado do México, em 2011, para ganhar a cidadania brasileira no ABC paulista dois anos depois. Detalhe que foi o primeiro modelo compacto brasileiro a oferecer sete airbags. Antes disso, o EcoSport ganhou segunda geração, já na expectativa de uma avalanche de SUVs compactos concorrentes que se anuncia no horizonte.

Em 2014, o último grande investimento no Brasil se revelou em forma do Ka. Maior, o modelo deixou de ser subcompacto para ser um compacto global – base do Fiesta – com variantes hatch e sedã, além de um ótimo motor três-cilindros. O New Fiesta ainda receberia o Ecoboost, mas a aplicação de turbo na categoria não iria à frente e ficaria reservado a outros segmentos mais caros.

Ka 100 anos
Foto | Ford/Divulgação

Na segunda metade da década, a Ford começa a desidratar em sua linha de automóveis. Afora reestilizações no Eco, o New Fiesta deixa de ser produzido no Brasil. O Ka até recebe a linha 2019 com nova transmissão automática e motor 1.5. Depois disso, a marca para de importar o Fusion, fecha a fábrica de Sâo Bernardo do Campo e deixa de fabricar o Focus na Argentina. E não esboça qualquer lançamento com produção local. 

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