Ao longo de quase 40 anos de história, compacto da Fiat coleciona edições especiais emblemáticas
Por Fernando Miragaya
O Uno está em ritmo de despedida do mercado brasileiro. Uma pena. O hatch, em suas duas gerações, foi um sucesso de vendas e é bastante procurado entre seminovos e usados. Mas o carro perdeu o sentido de ser na linha Fiat e hoje anda meio perdido e espremido entre o Mobi e o Argo. Não deve nem estourar espumante na virada para 2022.
Já como parte das celebrações de adeus ao emblemático modelo da marca italiana, resolvemos selecionar algumas séries legais do Uno ao longo de seus 37 anos de trajetória. Desde a revolucionária primeira geração, lançada em 1984, o carro teve edições limitadas bastante curiosas e emblemáticas.
Séries legais do Fiat Uno
CS Top e CS Export – 1989
O primeiro Uno foi um carro que quebrou paradigmas no segmento automotivo de entrada no Brasil. Com bom coeficiente aerodinâmico, soluções mecânicas interessantes, ergonomia exemplar e aproveitamento absurdo do espaço interno, a “botinha ortopédica” caiu nas graças do mercado, mas só foi experimentar suas primeiras edições especiais cinco anos após o lançamento.
Em 1989, a Fiat colocou à venda duas séries legais do Uno quase simultaneamente. A Top foi criada para celebrar 1 milhão de carros vendidos pela marca italiana no país. A Export, para comemorar também 1 milhão, só que de veículos exportados pela filial brasileira.
As duas eram baseadas nas versões CS, as topos de linha do Uno com motor 1.3. A edição Top recebeu acabamento interno e externo igual ao das versões CSL do Prêmio e da Elba. Já a Export ganhou faixa lateral na cor cinza nas portas e outros dois filetes abaixo dos vidros.
O Uno Export motivou até um dos comerciais mais famosos do segmento automotivo, que marcava a exportação do compacto para a Europa. No filme publicitário, Sebastião Lazaroni, então técnico da Seleção Brasileira, é abordado por um guarda na cidade italiana de Turim.
No diálogo, o treinador tenta argumentar que é brasileiro, assim como o Uno que dirige. O policial rebate em tom irônico: “Prazer, eu sou o papa!”.
Uno Mille Brio – 1991
O Uno ganhou o sobrenome Mille no embalo da nova política de tributação dos veículos adotada no início do governo Collor. Em 1990, o IPI para os carros com motor até 1.0 litro sofreu redução drástica: 20%, em vez dos 40% normais. Um dos primeiros modelos a aderir à nova era dos carros populares foi justamente o hatch da Fiat.
No ano seguinte, o Uno passou por um face-lift e estreou uma nova edição especial, a Brio, que foi a primeira de toda a linha a adotar modificações mecânicas no motor de 994 cm³, que ficou mais “elástico”. Nesta série, a unidade ganhou carburador duplo e novo comando de válvulas, além de ter a taxa de compressão elevada.
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Com as mudanças, a potência subiu de 48 cv para 54 cv, nada mal para um compacto com menos de 800 kg. Por fora, uma das séries legais do Uno trazia colunas com faixas com o nome Brio. Na cabine, volante espumado e revestimento avermelhado nos tecidos das portas e dos bancos.
Uno Itália – 2012
Em novembro de 2012, já em sua segunda geração projetada no – e para o – Brasil, o Uno estreou uma nova série especial. A Fiat resolveu replicar no compacto a edição limitada Itália que já tinha sido adotada na minivan Idea, no hatch Punto e na station wagon Palio Weekend.
A série foi baseada na versão Vivace com quatro portas. No design, se destacava pelas novas rodas de liga leve aro 14’’ com pintura exclusiva, faróis e lanternas escurecidos, spoiler traseiro, maçanetas e capas dos retrovisores na cor do veículo, anéis estéticos no para-choque dianteiro e o nome Uno com o tema Itália.
O símbolo da série também foi aplicado na coluna traseira. O carro foi vendido com cinco opções de cores: prata Bari, preto Vesúvio, vermelho Alpine, branco Bachisa e cinza Scandium.
Dentro, o modelo trazia moldura central do quadro de instrumentos na cor preto brilhante. O Uno Itália recebeu a mais – em relação à Vivace – econômetro e conta-giros. Os bancos dianteiros tinham bordados exclusivos, enquanto os painéis vinham com revestimento parcial de tecido. Detalhes na cor cinza completavam o acabamento interno.
O Uno Itália realçou o custo/benefício na base dos equipamentos. Foi vendido com ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros dianteiros elétricos, faróis de neblina, volante com regulagem de altura, pré-disposição para rádio, desembaçador, lavador e limpador do vidro traseiro, entre outros. O preço na época? R$ 31 430…
Detalhe é que a série especial Itália voltou em 2014, novamente em cima da Vivace e limitada a mil unidades.
Uno Interlagos – 2012
No mesmo ano de 2012, durante o Salão de São Paulo, a Fiat apresentou em seu estande uma das muitas séries legais do Uno e do Palio. A Interlagos foi baseada na versão Sporting e começou a ser vendida dois meses após o evento automotivo – e apenas na cor amarelo que levava o nome do autódromo paulistano.
A edição, obviamente, tinha como objetivo emprestar esportividade aos modelos. As capas dos retrovisores, o spoiler traseiro e outros detalhes da carroceria foram pintados de preto brilhante para contrastar com aquele amarelão. O modelo também ganhou rodas de liga-leve exclusivas.
Dentro, costuras amarelas aparentes no volante revestido de couro e nos bancos de tecido, cromados na moldura do quadro de instrumentos e pedaleiras esportivas. No recheio, o Uno Interlagos era equipado com ar, regulagem de altura do banco do motorista, terceiro apoio de cabeça no banco traseiro, rádio Connect com Bluetooth e entrada USB e porta-objeto móvel.
Uno Xingu – 2013
Se a Interlagos quis emprestar mais esportividade à configuração Sporting, a série Xingu quis colar imagem de robustez à variante aventureira Way da família compacta da Fiat. A edição foi lançada bem no início de 2013, tanto para o Mille (como passou a ser denominada a antiga geração), quanto para o Uno de segunda geração.
A edição especial foi uma homenagem ao filme homônimo de Cao Hamburger, que conta a saga dos indigenistas Villas Boas, e ao Parque Nacional Xingu. Com motor 1.0 e 1.4, a série especial do Uno e do Mille Way recebeu adesivos na carroceria que remetem à reserva.
O Uno Way Xingu foi dotado de ar, direção hidráulica, faróis de neblina, preparação para som, para-brisas degradê, vidros dianteiros e travas elétricos, computador de bordo e banco do motorista com regulagem de altura. O Mille Xingu, por sua vez, ainda agregou desembaçador, limpador e lavador traseiros, retrovisores com comando interno, bancos revestidos parcialmente de veludo e apoios de cabeça no banco traseiro.
Uno College – 2013
Na linha 2014, a Fiat lançou uma das séries legais do Uno, ou melhor, uma das mais controversas. Para tentar atrair o público jovem e descolado, a marca italiana criou esta edição limitada com detalhes visuais que remetiam a material escolar, isso mesmo.
Para criar a College, a montadora buscou inspiração em mochilas e estojos. Isso explica o adesivo que simula um zíper nas laterais. As rodas eram pintadas de branco e o carro foi oferecido em apenas duas cores: branco Banchisa e na azul Vitality.
O visual era contrastado pelo acabamento vermelho nas capas dos espelhos, nos anéis quadrangulares da grade frontal e nas maçanetas. Completavam o estilo (que beirava a extravagância) as barras no teto herdadas das versões Way e as lanternas e faróis com lentes escurecidas.
Na cabine, bancos com revestimento azul e vermelho e os porta-objetos na parte de trás dos encostos imitavam bolsos. A cor vermelha foi replicada em detalhes do volante (revestido de couro) e nas molduras das saídas de ar do painel. Já as maçanetas internas eram azuis e a moldura do painel, cinza.
Baseado na versão Vivace, o Uno College saiu de fábrica com ar-condicionado, direção hidráulica, faróis de neblina, vidros e travas elétricos, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, volante com regulagem de altura, pré-disposição para rádio, cintos dianteiros com regulagem de altura, conta-giros, econômetro, espelho no para-sol do motorista, porta-óculos e tapetes exclusivos.
Grazie Mille – 2013
Em 2014 a legislação passou a exigir que os carros vendidos no Brasil tivessem airbag duplo e freios com ABS de série. A Fiat optou por encerrar a produção do Mille – a colocação dos itens deixaria o modelo pouco competitivo -, encerrando uma história de quase 30 anos de sucesso. Pelo menos, foi uma despedida em grande estilo.
A Grazie Mille é uma das séries mais legais, e mais desejadas, do Fiat Uno. Limitada a 2 mil unidades numeradas, foi comercializada em uma nova cor verde Saquarema (além do prata Bari) e com acabamento interno mais caprichado, com direito a tecido bordado, símbolo da edição especial nas pedaleiras, carpetes no assoalho e teto com revestimento preto.
Por fora, o Grazie Mille tinha faróis escurecidos, rodas de liga-leve com aros de 13” e tons exclusivos, ponteira do escapamento esportiva, adesivos com o nome da série e frisos laterais. O batismo do carro foi outra grande sacada: significa “muito obrigado” em italiano e ainda faz um trocadilho com o nome do Mille.
Uno Rua – 2014
Para desovar o estoque antes da remodelação que viria na linha 2015, e aproveitar a Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014, a Fiat aproveitou para criar a edição limitada em 2 mil unidades. Com o nome Rua, foi baseada no Uno Vivace 1.0 quatro portas e, segundo a marca, também celebrou os 12 anos de liderança da empresa no mercado nacional.
Em um tom amarelo bem chamativo, a série trazia adesivos com o nome Rua nas portas dianteiras, bandeiras do Brasil nas colunas traseiras, anéis da grade frontal e o nome Uno com as cores do nosso país e spoiler no tom da carroceria. Completavam o visual rodas de liga-leve aro 14”, faróis e lanternas escurecidos e maçanetas na cor do veículo.
No habitáculo, o volante e os assentos receberam pespontos amarelos. Já os bancos tinham o forro central em tecido azul e com o nome da série bordado. O mesmo tom azulado aparecia nos cintos de segurança e nas molduras dos comandos do ar-condicionado.
O nome da série especial pegava carona não só na mobilização pelo Mundial de futebol, mas principalmente nas últimas campanhas da marca italiana: “Vem para a Rua”, de 2013, e “Festa na Rua”, daquele mesmo ano.
Só que o período foi marcado pelas manifestações de rua que se iniciaram com protestos contra o aumento nas passagens, em 2013, e culminaram com movimentos até contra a Copa. Muita gente associou a campanha e o Uno Rua a tais movimentos.
Uno Rio 450 – 2015
A Fiat aproveitou a celebração pelos 450 anos de fundação da Cidade Maravilhosa, em 2015, para criar mais uma das séries legais do Uno. A edição usava como base a configuração aventureira Way com motor 1.0 e trazia o símbolo das comemorações do aniversário do Rio de Janeiro em diferentes partes do carro.
O emblema Rio 450 apareceu nesta edição do Uno em forma de adesivo na tampa traseira e nas laterais da carroceria, e em bordados estilosos nos bancos dianteiros. Os quadradinhos da grade, marca registrada desta segunda geração do compacto, adotaram um tom mais escurecido, assim como as capas dos retrovisores.
Além das rodas de liga-leve com assinatura Way, o Uno Rio 450 acompanhou os equipamentos da versão aventureira. Ar-condicionado, direção hidráulica, travas elétricas com fechamento automático a 20 km/h, computador de bordo, alerta de limite de velocidade, banco traseiro rebatível, desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro, porta-luvas iluminado e preparação para som.
Uno Blue Edition – 2015
Uma das séries legais do Fiat Uno, e derradeira, é a Blue Edition. Foi mais uma edição para agregar imagem arrojada às versões Sporting do compacto – e também do Palio. A proposta já ficava evidente na carroceria.
Vendida em três opções de cores (prata, preto e branco), o modelo ostentava faixas laterais e sobre o capô: aém de uma barra grossa preta, compunham o visual frisos mais finos escurecidos e na cor azul. O tom que dá nome à edição também figurava no trio de anéis da grade dianteira.
Já as carcaças dos espelhos e as colunas centrais foram pintadas de cinza. Na coluna traseira, o símbolo da série especial. Além disso, as rodas de liga-leve com nichos quadrados parecidos com os da grade frontal ganharam pintura exclusiva.
O azul também foi colocado na base de um dos raios do volante, em detalhes do painel de instrumentos e nas costuras aparentes dos bancos. O Uno Sporting Blue Edition ainda ganhou maçanetas internas pintadas de preto Onix, sistema de com entrada USB e comandos no volante, retrovisores e vidros traseiros elétricos e chave tipo canivete com telecomando das portas.
