Teste: VW Polo Track é pelado, mas faz gol de placa

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Sucessor do Gol tem muitos itens de conforto suprimidos, mas usa arquitetura moderna e segura. Desempenho é modesto, mas direção e suspensão se destacam. Leia o teste 

Por Paulo Eduardo

Suceder um dos carros de maior sucesso no país não é tarefa fácil. O VW Polo Track 1.0 com o motor tricilíndrico aspirado e com muitos itens de conforto e de conveniência suprimidos é o encarregado da tarefa.

O sucessor leva vantagem de ser montado na arquitetura MQB (matriz modular transversal, traduzido do alemão), que é a mais moderna do grupo VW para motores de combustão interna.

Além da ótima estrutura, o Polo Track mantém dos controles de tração, de estabilidade e o bloqueio eletrônico do diferencial, assistente de partida em aclive, além dos airbags laterais dianteiros. O duplo frontal é obrigatório por lei assim como os freios ABS.

Para honrar o Gol, o Polo teve algumas alterações mecânicas, segundo André Drigo, gerente de engenharia da Volkswagen. A suspensão foi recalibrada e amortecedores são específicos do Polo Track. Têm nova carga que privilegia conforto e dinâmica (estabilidade). As molas não tiveram alteração.

Entretanto, a altura da suspensão permanece inalterada. A altura do solo está maior em relação ao Polo 1.0 mpi pela adoção de peças plásticas diferentes na parte inferior. Passou de 15,3 centímetros para 16,6 cm o vão livre em relação ao solo. 

O para-choque dianteiro é novo e com isso o ângulo de ataque aumentou: de 16,3 graus para 17,2 graus na dianteira. O de saída passou de 27,3 graus para 28,8 graus.

Outra modificação foi adoção do cubo de roda de quatro furos diante dos cinco furos das demais versões do Polo. Segundo André Drigo, a referência do cubo é do modelo up! com alterações. O do up! é referência, mas o cubo, segundo ele, não é o do Gol.

Isso foi possível pelo peso menor (1.054 quilos) diante dos 1.070 kg do Polo mpi. Assim, o fabricante economiza quatro parafusos por carro. Ao multiplicar o número de unidades vendidas pelos quatro parafusos se tem ideia da economia.

A simplicidade prevalece no interior com material duro no painel central e nos forros de porta. Há um aplique texturizado na parte central do painel e nos forros de portas dianteiros. Regulagem dos retrovisores externos é manual. Vidros traseiros têm acionamento manual. 

O quadro de instrumentos é completo e inclui conta-giros. Não há sistema multimídia. O cabeamento não permite. O rádio é o único opcional e inclui volante multifuncional e computador de bordo.

O encosto do banco traseiro rebate totalmente, inviabilizando levar passageiro e bagagem. O porta-malas tem comando interno para abertura, mas requer força, e também na chave. Tem bom aproveitamento (300 litros) e pega central de fechamento, que é adequada a destro e a canhoto.

É preciso abaixar um pouco para acessar o banco traseiro. Muito bom o espaço interno e também para pernas no banco traseiro para um hatch compacto que tem 2,56 metros de distância entre-eixos, um dos determinantes do espaço no habitáculo, e superior à de alguns SUVs.

O rodar é confortável sobre piso irregular com pouca transferência das imperfeições para os ocupantes. O carro mantém o ótimo comportamento dinâmico. Contorna curvas sem susto e comportamento previsível.

Colaboram no rodar mais macio os pneus de perfil mais alto (65) na medida 185/65 aro 15. O controle eletrônico do diferencial ajuda muito ao diminuir a força das rodas internas nas curvas e passando-a para as externas.

A direção está menos direta, mas mantém a ótima calibragem em baixa e em alta. É um dos destaques do carro juntamente com a suspensão. Diâmetro de giro pequeno (10,6 metros) facilita manobra em espaço reduzido.

Volante tem boa pega e é rugoso para evitar deslize das mãos. A coluna de direção é fixa. Não regula nem altura nem distância. Comandos do volante têm luz assim como os do rádio, facilitando visualização noturna. Os dos vidros não têm luz.

O motor 1.0 aspirado de três cilindros proporciona desempenho modesto. As relações peso/potência são altas: 13,68 kg/cv (gasolina) e 12,54 kg/cv (etanol). A retomada (ultrapassagem) é mais lenta que sair da inércia e atingir 100 km/h.

O desempenho cai com ar-condicionado ligado, mas se usar bem o câmbio é possível tirar proveito. As relações são curtas, principalmente a primeira e a segunda marcha para o carro arrancar em subida com a prestimosa ajuda do assistente de partida em rampa.

O motor gira a 3.200 rpm a 100 km/h em quinta marcha e a 4.000 a 120 km/h. O consumo de gasolina na cidade registrado no computador de bordo variou entre 9 km/l e 10 km/l na cidade e foi de 13 km/l na estrada.

A sensação é a de que os freios exigem mais espaço até a parada total do veículo em simulação de emergência. Porém, André Drigo garante que o objetivo é ficar abaixo de 40 metros do espaço de frenagem a partir de 100 km/h até a imobilização total do carro. 

Os engates do câmbio MQ200 continuam precisos, mas sem a maciez de outrora, principalmente da primeira para a segunda e vice-versa. Estão mais secos. Isso foi percebido na avaliação do Polo 170 TSI também com câmbio manual.

Incomoda esbarrar o braço no encosto do banco ao engatar a segunda e a quarta. O pedal da embreagem um pouco afastado força a musculatura da perna. A maioria dos comandos está bem posicionada, exceto os dos vidros dianteiros um pouco recuados, contrariando a ergonomia.

Os retrovisores externos esbarram na carcaça e limitam um pouco o campo de visão. Os limpadores de para-brisa são eficientes, mas os lavadores nem tanto. Os faróis com luzes de halogênio têm bom alcance no facho baixo, mas sem o poder de iluminação do LED.

O VW Polo Track tem preço sugerido de R$ 81.370. A pintura metálica custa R$ 1.650. O único opcional é o Rádio Media Plus, que inclui alto-falantes, antena, indicador multifunções, entrada USB (tipo C) e volante multifuncional. Preço: R$ 920. A garantia é de três anos sem limite de quilometragem.

Ficha técnica Polo Track

Motor
De três cilindros em linha, transversal, 999 cm³ de cilindrada, flex, de 84 cv (etanol) e 77 cv (gasolina) de potências máximas a 6.450 rpm e torques máximos de 10,3 kgfm (e) a 3.000 rpm e de 9,6 kgfm (g) a 4.000 rpm

Transmissão
Tração dianteira e câmbio manual de cinco marchas

Direção
Tipo pinhão e cremalheira com assistência eletromecânica; diâmetro de giro, 10,6 metros

Freios
Disco ventilado na dianteira, e tambor na traseira

Suspensão
Dianteira, independente, do tipo McPherson, barra estabilizadora; traseira, eixo de torção; altura do solo, 16,6 cm

Rodas/pneus
5,5×15”de liga leve/185/65R15

Peso
1.054 kg

Carga útil (passageiros + bagagem)
395 kg

Dimensões (metro)
Comprimento, 4,079; largura, 1,751; altura, 1,471; distância entre-eixos, 2,566

Capacidades (litro)
Porta-malas, 300; tanque, 52 

Desempenho
Velocidades máxima, 169 km/h (e), 166 km/h (g); aceleração até 100 km/h, 13,4 segundos (e) e 13,8 segundos (g)

Consumo (km/l)
Cidade, 9,3 (e)/13,5 (g); estrada, 10,5 (e)/15 (g)

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