Logo na saída de Belo Horizonte, um susto: quatro carros que trafegavam logo à nossa frente envolveram-se num engavetamento. Apesar de não contarem com auxílio do ABS, os freios do Renault Clio mostraram bom dimensionamento e agiram com eficiência, evitando por pouco que nós também fizéssemos parte do acidente. Já chegando ao destino, o breque novamente foi colocado à prova, dessa vez por uma Kombi que seguia adiante e deu uma freada brusca ao se deparar com um quebra-molas sem sinalização. Duas situações de risco em um único dia, que felizmente não tiveram consequências mais graves.
Quando o assunto é desempenho, a situação fica mais favorável ao Clio. É claro que o propulsor 1.0 de 77/80 cv de potência a 5.750 rpm e 10.1/10,5 kgfm de torque a 4.250 rpm tem fôlego limitado, mas ainda assim o modelo demonstra mais disposição em subidas e ultrapassagens que outros veículos de cilindrada semelhante. O mérito vai, em grande parte, para a carroceria leve, de apenas 913 kg. O veículo foi abastecido com gasolina e etanol, mas não apresentou diferenças perceptíveis de comportamento com os dois combustíveis. A suspensão consegue filtrar as imperfeições do asfalto sem deixar o veículo solto demais em curvas, mas a direção hidráulica merecia um acerto melhor, pois é pouco progressiva e mostra-se exageradamente leve em alta velocidade.
Mesmo depois de passarmos várias horas sentados no habitáculo do Clio, não sentimos dores ou incômodos no corpo, pois os bancos são bem anatômicos na região da coluna. Os assentos poderiam ter abas mais generosa para as coxas, pois a região oposta do joelho fica sem apoio, o que gera cansaço. O que compromete a ergonomia é o volante, que além de ter aro muito fino, dificultando a pega, revela uma curiosa (e incômoda) particularidade: apesar de estar centralizada em relação ao tórax do motorista, a peça é um pouco torta, formando uma diagonal, e não uma paralela, com o painel. O resultado é que o condutor dirige com o braço esquerdo levemente mais esticado que o direito.
Outros aspectos do Renault Clio serão abordados em breve, na avaliação completa que o Autos Segredos chama de “Ao Volante”. Continue acompanhando o teste com o hatch francês.
Fotos: Alexandre Soares e Marlos Ney Vidal/Autos Segredos