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| em 14 anos ago

Avaliação técnica do novo Fiat Uno Way 1.0

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Alterar um projeto que foi criado pelo mestre do design Giorgetto Giugiaro não é tarefa fácil para nenhum profissional da área. Afinal, o Fiat Uno foi um projeto revolucionário quando foi lançado há quase duas décadas. Apesar de toda a idade o compacto tem um excelente espaço interno que comparado a modelos de categoria similar. Entretanto, o Centro de Estilo da Fiat em Betim (MG), teve a responsabilidade de recriar o projeto de Giugiario e pode-se dizer que foram felizes com as mudanças. Um dos pontos positivos do modelo como o bom espaço interno foi mantido. Já tive a oportunidade de andar nas versões Attractive 1.4  e na Way 1.0 e realmente o modelo não deixa saudades da geração anterior, digo isto, como ex-proprietário de modelos 1992, 1997, 2001 e 2008. Entretanto, alguns deslizes foram cometidos, como a falta de pneus de uso misto na versão Way 1.0, do teste que você confere abaixo.

Daniel Ribeiro Filho (*)
Especial para o Autos Segredos

FREIOS

Estão bem dimensionados e calibrados com ABS eficiente. O pedal de freio tem boa relação e sensibilidade, suas reações são equilibradas e o freio de estacionamento atuou normal. Apresentaram boa resistência térmica depois do uso mais severo em longa descida sinuosa. POSITIVO

CÂMBIO

É por comando manual, com cinco marchas à frente e tem inibidor de marcha a ré. O trambulador tem rumorosidade de funcionamento razoável, e o curso da alavanca é longo, característica da Fiat. A pega no pomo é aceitável, mas poderia ser mais anatômica. As relações de marchas/diferencial satisfazem numa dirigibilidade usual na cidade e em rodovias, mas as trocas são constantes com carga máxima e ar-condicionado ligado. A embreagem é macia, tem boa progressividade e curso. POSITIVO


MOTOR

A performance é razoável para a cilindrada e peso do veículo, mas com o veículo carregado, ar-condicionado ligado e trafegando numa topografia irregular é apenas aceitável o seu rendimento. As retomadas de velocidade e aceleração são discretas, e o torque máximo para motor de oito válvulas se dá em rotação muito alta (3.850rpm), obrigando o condutor a manter o giro elevado e usar bem o câmbio, para se ter dinâmica satisfatória e segura. POSITIVO

SUSPENSÃO

O conforto de marcha é razoável, mas merecia melhor acerto para um hatch leve com motor de baixa potência, pois o nível das transferências das imperfeições do solo para dentro incomoda sobre piso irregular usual, mesmo sendo equipado com pneus da série 65. A estabilidade é muito boa, com ótima velocidade e precisão em curvas de raios variados, com inclinação aceitável da carroceria. POSITIVO


ILUMINAÇÃO

Os faróis com refletor único apresentaram eficiência normal no baixo e no alto. Há auxilio de faróis de neblina embutidos no para-choque, mas não tem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. Porém é fácil a alteração do facho por meio de chaveta atrás do corpo dos faróis. Há luz de cortesia somente no porta-luvas e na zona do teto tem uma lanterna simples junto ao retrovisor, com resultado razoável em iluminação. O quadro de instrumentos tem fácil leitura noturna. POSITIVO

LIMPADOR DO PARA-BRISA

São seis jatos os esguichos no para-brisa, que quando acionados ativam automaticamente o sistema de varredura, feitas por palhetas de boa qualidade que limpam uma boa área. No vidro traseiro, o sistema é também eficiente, com esguicho único de cima para baixo com boa vazão. O reservatório d’água tem fácil identificação e manuseio. POSITIVO

ESTEPE/MACACO

O estepe fica no porta-malas e o pneu é igual aos de uso. A operação de troca é normal. POSITIVO

VEDAÇÃO

Boa contra água e poeira. POSITIVO

ACABAMENTO DA CARROCERIA

A qualidade do acabamento final da pintura é boa, com tonalidade homogênea da tinta, ausência de escorrimentos e impurezas. As quatro portas apresentam pontos de desnivelamento entre si e a carroceria, principalmente nas zonas arredondadas, além de folga fixa diferenciada entre os dois lados. O capô tem boa montagem, mas a tampa traseira está descentralizada e desalinhada. Os apliques envolventes dos para-lamas, para-choques e frisos protetores das portas têm boa montagem. O campo de visão dos retrovisores é ótimo. REGULAR

VÃO DO MOTOR

Há isolante acústico somente em parte do painel de fogo, com resultado em insonorização aceitável. A sistematização dos vários componentes está bem feita, tem um aspecto organizado e os itens de verificação permanente são de fácil identificação e manuseio. O condensador do ar-condicionado apresenta vários pontos com as aletas de ventilação amassadas. O ângulo de abertura do capô é muito bom. REGULAR

ALTURA DO SOLO É a mesma das versões normais e ao contrário do Mille Way. Não tem de série chapa em aço para toda a zona inferior do motopropulsor, sendo o ponto mais baixo em relação ao solo a abraçadeira da tubulação de descarga primária na sua curvatura logo depois do catalisador. Não ocorreram interferências com o solo no nosso percurso misto de provas. REGULAR

CLIMATIZAÇÃO

São quatro as velocidades da caixa de ar, com cinco opções de direcionamento do fluxo de ar climatizado. É por comando manual, e os comandos são fáceis de operar, mas no veículo testado o comando de acionamento do ar-condicionado apresenta folga axial. Os quatro difusores de ar do painel têm formato circular, giram 360 graus e apresentaram boa vazão e angulação das aletas direcionais. O sistema é eficiente, com baixo tempo para climatizar todo o habitáculo, e está bem vedado. REGULAR

DIREÇÃO

Os pneus homologados para esta versão Way, que sugere uso misto (asfalto/terra) mais constante, não são de uso misto. A coluna de direção tem ajuste angular em altura. O diâmetro de giro com 9,8 metros é muito bom, e a velocidade do efeito/retorno agrada. As suas reações são boas com ótima leveza e conforto (assistência hidráulica) no uso urbano, e segura, boa sensibilidade e firmeza em rodovias. REGULAR

ALARME

A chave de ignição é codificada, mas os símbolos de travar e destravar as portas estão invertidos, em função da extremidade da chave no uso e pega usuais, e eventualmente ocorre acionamento involuntário da função travar/destravar no manuseio, ao ligar/desligar o motor. O veículo testado estava dotado de proteção perimétrica das partes móveis, e volumétrica dentro do habitáculo. A porta do condutor tem função de abertura e fechamento por um toque, mas não tem sistema antiesmagamento. REGULAR

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS

O habitáculo não é silencioso quando se trafega sobre piso de terra, asfalto ruim e paralelepípedo. O efeito aerodinâmico é notório e crescente a partir de 100km/h, chegando a incomodar em alta velocidade, em que se tem acréscimo do atrito do ar com as barras longitudinais no teto, mesmo com o seu recobrimento aerodinâmico. NEGATIVO

VOLUME DO PORTA-MALAS

O declarado é de 280 litros e o encontrado foi 250 litros com o banco traseiro na posição normal e mantendo o triângulo de segurança dentro do vão de carga.

(*) O autor do texto é engenheiro formado pela PUC Minas. Para contatos danielribeirofilho@hotmail.com. (veja aqui o perfil profissional do Daniel)

Fotos Marlos Ney Vidal/Autos Segredos

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Marlos Ney Vidal

Marlos Ney Vidal, jornalista profissional e repórter-fotográfico que atua no setor automotivo desde 2003. Já foi colaborador das principais publicações do Brasil. Em 2009 criou o site Autos Segredos.